Ragnaros.
Usuário
Minha vez de teorizar e devanear
O Silmarillion dis que no princípio havia Eru, o Único. Tal como o Deus cristão/judaico existe uma pergunta irrespondível que é de onde ele surgiu... eu tenho minhas teorias quanto a Deus (meio loucas, isso que da pesquisar muito sobre tudo), mas a questão aqui é Eru, e se ele não fosse o único? A história eh contada pelos elfos que ouviram a partir do contado pelos Valar que viram Eru, mas eles só conheciam aqueles limites e o que fora contado por Eru, pode se dizer q os Ainur foram doutrinados por seu criador a não esperar encontrar nada além dele por ele ser o primordio de tudo. Como o Universo tende sempre a estar em equilibrio em todas as mitologias, podemos imaginar que existe uma essencia yin e uma yang no universo e a partir da mistura dessas essencias surgiu Eru em uma espontaneidade tal como o big bang (ou por um leve desequilibrio dessa essencias, que tecnicamente seria o esperado, como o universo só pode existir por um desequilibrio da materia e da anti-materia, bem como da materia barionica e da materia negra).
Se Eru representa o processo criativo e a luz, então por regra de equilibrio deve haver uma encarnação do processo destrutivo e da escuridão, mas nenhum Ainur tinha ciencia disso por que eles viviam dentro da morada de Eru e só sabia o que foi passado pra eles e o que eles sabia da parte da mente de Eru, exceto Melkor, que vinha de uma outra parte da mente de Eru, a maior e que por isso sentia a necessidade de sair ao vazio procurar algo tanto por instinto quanto por ambição, assim Melkor não só queria achar a Chama Imperecível como também era impelido por sua consciencia a achar o que Eru escondia que era sua contra-parte.
Podemos então dizer que se há uma contraparte de Eru assim como havia uma Niflheim e uma Muspelheim no princípio do mundo Nórdico antes de haver a Yggdrasil, e havia um Caos e um Éros na mitologia grega (sendo o Caos uma força catabólica, que gera por meio da cisão e Éros uma força de junção e união) havia então um ser divino de classe maior que os Ainur que gerou outras criaturas no Vazio, não se pode dizer que essas criaturas eram nefastas, mas elas apenas cumpriam sua parte no universo de gerar a escuridão e equilibrar a luz e as trevas.
Sobre Ungoliant o Silmarillion reza:
Logo a informação de quem era Ungoliant não foi passado para os elfos, e em nenhum lugar é dito que ela é um maiar ou valar, apenas diz que ela desceu do Vazio, e Melkor a encontrou enquanto vagava pelo Vazio e a convenceu a trabalhar para ele. Logo eu chego a conclusão de que ela não é uma Ainur, e sim um outro espírito vindo do Vazio criado pela contraparte de Eru, sendo ela da mesma classe de poder dos Valar mas vinda de outra essencia, sendo ela mesma uma contraparte de Varda, a Inflamadora. Pois se Elbereth Gilthoniel era aquela que criava a luz das estrelas, que gerava a luz, Ungoliant era aquela que devorava a luz, que destruia tudo que brilhava. Mas sendo ela um espirito de vontade própria e de grande poder, ela não era obrigada a servir Melkor, ela então se voltou contra ele por ele não servir mais aos seus propositos. Ungoliant desceu a Arda do Vazio e assumiu a forma fisica de uma terrivel aranha por que ela quis, assim como os Valar assumiram a forma fisica do Eldar por que eles quiseram.
Sendo assim podemos dizer que nem todas as criaturas existentes tinham que estar presentes na música ou serem ecos da mesma, mas podiam ter vindo do Vazio Primordial, geradas por uma outra entidade Onisciente.
Esses Seres Sem Nome que habitam as profundezas da terra, podem ser isso, outras criaturas, não más, nem geradas por Melkor, mas que apenas cumprem o seu proposito, e que vieram a Arda logo no Inicio dela, quando os primeiros Valar vieram, antes da chegada e conhecimento de Sauron à Arda. E elas cumprem seu proposito de destruir o que foi criado, roendo as raizes das montanhas. E por os Ainur terem sidos doutrinados por Eru a acreditar que tudo que existe é criado por ele, eles não sabem da existencia, ou talvez não saiba do proposito e origem desses seres, apenas sabem que existe. Por isso a relutancia de Gandalf em falar sobre eles, porque ele mesmo não os entende, só sabe que eles existem e que são mais antigos que Sauron.
Há neste caso teorias e análises sobre um aspecto de Iluvatar, assim como o Deus judaico-cristão possuírem uma contraparte maligna - um antideus. Trataria-se de uma noção dualista religiosa, ou seja, mais ou menos do que havia no Zoroastrismo/madeismo do século VII a.c: https://pt.wikipedia.org/wiki/Zaratustra
Em sua cosmologia existiam dois espíritos ou princípios antagônicos: os espíritos do Bem (Ahura Mazda, Spenta Mainyu, ou Ormuz) e do Mal (Angra Mainyu ou Arimã). Divindades menores, gênios e espíritos ajudavam Ormuz a governar o mundo e a combater Arimã e a legião do mal. Entre as divindades auxiliares, como consta no Avesta a mais importante era Mithra, um deus benéfico que exercia funções de juiz das almas. No final do século III d.C, a religião de Mithra fundiu-se com cultos solares de procedência oriental, configurando-se no culto do Sol. Há quem faça uma correlação entre o paralelo Deus e Ainur vs Melkor e os inimigos.
Porém, Melkor não seria a entidade antítese de Eru, mas sim o Vazio. Havia versões nos HOME em que O VAZIO percorrido por Melkor antes da Música dos Ainur - seria uma entidade maligna e caótica que cooptou Melkor (o ser mais talentoso e poderoso das hostes divinas) para sua índole maligna, niilista e destrutiva, ou seja, uma divindade anti-Eru corrompeu Melkor e fez ser o que ele seria. Essa ideia do caos corrompendo a divindade mais talentosa está bem explanada no LORE do Warcraft - a história de Sargeras vs os seres caóticos: http://wowwiki.wikia.com/wiki/Sargeras
Sargeras antes:
Sargeras depois:
No âmbito judaico cristão, se há algum aspecto dualista neste sentido, havia uma entidade que é até citada por Eduardo Sphor no Livro "A batalha do Apocalipse" que representava o caos primordial e que combateu Javé e seus arcanjos pelo domínio da existência, ou seja, ordem vs caos. O nome desta entidade é Tehom, citada (para alguns) brevemente/sutilmente no início do Gênesis: https://en.wikipedia.org/wiki/Tehom
E a terra era sem forma e vazia; e havia trevas sobre a face do abismo; e o Espírito de Deus se movia sobre a face das águas.
Gênesis 1:2
Tehom é o termo grego para hebreu para o ABISMO, AS TREVAS, O CAOS INICIAL - o não existir. O silêncio das trevas antes da criação do universo e que na cosmologia bíblica, bem como nas mitologias a fora são representadas por dois aspectos:
1) As águas/oceano de fora: Interessante notar que Tolkien se baseia na bíblia ao retratar o vazio/vácuo fora de Arda como sendo o oceano de fora. Mas porquê isso?
Ulmo, entretanto, vivia só e não tinha morada em Valinor, nem jamais ia até lá, a menos que houvesse alguma reunião importante. Desde o início de Arda, ele habitava o Oceano de Fora e lá reside. De lá, governa o fluxo de todas as águas, as marés, os cursos de todos os rios e o
reabastecimento das nascentes, o gotejar de todos os pingos de orvalho e de chuva em todas as terras sob o céu. Nas profundezas, ele pensa em música majestosa e terrível; e o eco dessa música percorre todas as veias do mundo na dor e na alegria.
E Vingilot atravessou Valinor carregada até o limite extremo do mundo; e ali ela passou pela Porta da Noite e foi alçada aos oceanos do firmamento.
Mas eu me pergunto, como essa correlação metafísica (e metafórica) das "ÁGUAS" elencadas pela Bíblia e que influenciou (aparentemente) a concepção cosmológia do Professor pode se ligar ao significado do vácuo espacial em expansão e infinito? Eu pessoalmente faço um paralelo com simbólico de que as "águas"; o oceano representam o inconsciente, o vazio simbólicos expandidos também num sentido científico/físico - e temos o monstro neste oceano de Dirac:
Gênesis 1:3 E disse Deus: Haja LUZ; e houve LUZ. E viu Deus que era boa a LUZ; e fez Deus separação entre a LUZ e as trevas.
E Deus chamou à LUZ Dia; e às trevas chamou noite. E foi a tarde e a manhã, o dia primeiro. E disse Deus: haja uma EXPANSÃO no MEIO DAS ÁGUAS, e haja separação entre ÁGUAS E ÁGUAS.
E fez Deus a EXPANSÃO, e fez separação entre as ÁGUAS que estavam DEBAIXO da EXPANSÃO e as ÁGUAS QUE ESTAVAM SOBRE A EXPANSÃO; e assim foi.
E chamou Deus à EXPANSÃO CÉUS, e foi a tarde e a manhã, o dia segundo. E disse Deus: ajuntem-se as ÁGUAS DEBAIXO DOS CÉUS num lugar; e apareça a porção seca; e assim foi.
E chamou Deus à porção seca Terra; e ao ajuntamento das águas chamou Mares; e viu Deus que era bom.
IIª Pedro 3:5 Nos diz assim: Eles voluntariamente ignoram isto, que pela Palavra de Deus já desde a antiguidade existiram os CÉUS , e a TERRA, que foi TIRADA DA ÁGUA E NO MEIO DA ÁGUA SUBSISTE.
2) O dragão/serpente: Essas entidades malignas e caóticas na antiguidade eram representadas/simbolizadas como serpentes/dragões derrotados por um campeão/divindade da ordem contra o inimigo do Caos - Zeus vs Typhon. Thor vs jormungandr. Tulkas vs Melkor.
A versão final do Silma é a ausência desta entidade anti-Eru, haja vista que o Vazio primordial na obra tá mais aproximado do conceito Cabalístico do Ein Sof e Ein Aya:
Ein Sof é um conceito Neo-Platônico que atribui uma origem divina a toda a existência criada, em contraste com o Ein (ou Ayn), que é o infinito não coisificado. O "EIN SOF" do silmarillion corresponderia a força criativa de Iluvatar com a Chama Imperecível. Em contra partida, o Ein Ayn da Obra seria o infinito não gerado, representado pelo Vazio não definido, desprovido de existência própria. Neste caso, podemos inferir como o Vazio que Melkor vagou fora das Mansões de Iluvatar; os espaços desprovidos de Estrelas em que Eärendil navegou em Vingilot e o mais enigmático é a saída dos Maiar Corrompidos para regiões fora de Eä/universo:
Agora essas criaturas anteriores a existência de Sauron (que é mais velho do que o universo) podem ser fruto do embate "musical" de Melkor vs Iluvatar na grande canção, ou seja, seriam entidades frutos do vazio coisificado - dado existência sem planejamento inicial nem de Melkor ou Eru, vide que o Silma fala que a canção inicial gerou alguma coisa no "tempo e espaço" do Vazio:
E então as vozes dos Ainur, semelhantes a harpas e alaúdes, a flautas e trombetas, a violas e órgãos,e a inúmeros coros cantando com palavras, começaram a dar forma ao tema de Ilúvatar, criando uma sinfonia magnífica; e surgiu um som de melodias em eterna mutação, entretecidas em harmonia, as quais, superando a audição, alcançaram as profundezas e as alturas; e as moradas de Ilúvatar encheram-se até transbordar; e a música e o eco da música saíram para o Vazio, e este não estava mais vazio.
Para aqueles que se perguntam se Iluvatar convivia com seres potentes e de natureza semelhante a dele, isso lembra um aspecto (para alguns) Gnóstico, sim, isso mesmo Gnóstico: https://pt.wikipedia.org/wiki/Gnosticismo
Iluvatar agiria como um Demiurgo, ou seja, assim como o Demiurgo, Iluvatar arranca/separa um espaço original de sua dimensão/plano de existência e cria/copia um outro plano de criação para suas criações. As criações, ignorantes disto, acham que o Demiurgo é o único e verdadeiro e criador - desconhecendo que este plano de existência é uma cópia/plágio da verdadeira realidade: https://www.reddit.com/r/tolkienfans/comments/2pqd6n/tolkien_and_gnosticism_a_counterargument/ e https://www.reddit.com/r/tolkienfans/comments/2njcls/gnostic_tolkien/
Essas criaturas Lovecraftianas - os seres sem nome seriam entidades que vieram da verdadeira realidade, ou seja, criaturas extraplanares e interdimensionais que foram aprisionadas por Melkor, uma vez que as montanhas onde elas estavam foram erguidas por Morgoth. Vai ver que Melkor tenha cumprido seu sonho de criação - sua versão da Agharta que permeiam as lendas de mundos intra-terrenos: https://pt.wikipedia.org/wiki/Agartha
Última edição: