Pode ser o primeiro filho homem após uma série de sete filhas. Em certas regiões da Rússia, dizia-se que quem nascesse no dia 24 de dezembro tornar-se-ia lobisomem; na França e na Alemanha havia a tradição de que, se alguém dormisse ao relento numa noite de Lua Cheia, sofreria a transformação. E há, é claro, a ideia da passagem do fado pela contaminação do sangue: o homem mordido por lobisomem também se torna um, e se alguém se sujar com seu sangue pode ser contaminado. Em algumas narrativas oriundas do interior do Brasil, ainda segundo Cascudo, a metamorfose ocorreria às sextas-feiras, da meianoite às duas horas. Outras histórias dizem que, se quisesse virar um bicho sanguinário, a pessoa precisaria, na noite de quinta para sexta-feira, procurar uma encruzilhada onde os animais tivessem o costume de espojar-se; em seguida, tirar as roupas e esfregar-se no chão de terra como as bestas. E a transformação se faria…
Acreditava-se, na Idade Média, que as pessoas acusadas de ser lobisomens poderiam ser desmascaradas cortando-se sua pele, pois o pelo do lobo apareceria sob a ferida. Há narrativas de lobisomens que devoravam corpos recém-enterrados, e daqueles que, nas noites de Lua Cheia, caçavam as crianças que encontrassem para se alimentar. Outras dão conta de que a metamorfose era obra de feiticeiros malignos em rituais demoníacos. Havia até quem jurasse que pessoas excomungadas pela Igreja Católica se transformariam em lobisomens.