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Se o plebiscito de 1993 (Monarquia x República e Parlamentarismo x Presidencialismo) pudesse ser rep

Se o plebiscito de 1993 pudesse ser repetido HOJE qual seria o sistema de governo que você desejaria


  • Total de votantes
    42
Eu fico indeciso entre os modelos de governo.

Dos supracitados, utopicamente, prefiro claramente o Parlamentarismo. Os arranjos partidários, se persistentes, ficam menos encobertos, o PM escolhido tende a ser mais uma mediana da sociedade naquele momento. Afora o fato de ser muito mais orgânico. Se o governo ruir no meio do mandato, não é necessário pagar para ver, só convocar novas eleições.

Mas aqui no Brasil ela certamente seria estruturada de forma a fazer avançar os interesses das corjas oligárquicas que se mantêm no poder em cada Estado, espacialmente os pequenos. É assustador pensar que alguém do que a gente, sob este presidencialismo, chama de "baixo clero" possa assumir uma pasta de notoriedade na Esplanada. E creiam, isso seria perfeitamente possível com o Parlamentarismo.

Acho que este sistema requer um número de cabeças pensantes que o País hoje é incapaz de fornecer. Ao menos, no sistema presidencialista, ainda que os candidatos estejam (muito) aquém de serem considerados bastiões da limpidez moral e da abnegação pessoal em prol da nação. E o ideal a ser tocado, conforme a opinião popular se transforma, também é capaz de ser alterado, ao contrário de algum modelo monárquico em que o Rei possua algum poder de fato.

A monarquia "conto-de-fadas", parlamentarista, em que o monarca só encarna o ideário nacional, para mim seria perda de tempo. Por mais que os brasileiros algum dia tenham se identificado com os Imperadores, hoje para a maioria são apenas narrativas chatas que são obrigados a aturar 11 ou 12 anos de suas vidas em aulas de História. E se pá tem gente que nem sabe que o Império existiu. Não há porque reconstruir uma estrutura já inexistente.

Felagund disse:
E finalmente, sobre o tema do tópico: Acho que a maioria aqui sabe qual a minha tendencia politica. Eu sou marxista, e como marxista vejo tanto no presidencialismo como no parlamentarismo os mesmo vicios de dominação e reprodução do discurso capitalista. Nenhum sistema representativo pode, de fato, atender as necessidades de uma população trabalhadora. Como o nosso Mercucio disse, as campanhas são financiadas por setores produtivos, e são a esses setores que os políticos representam.

Como o marxismo contém várias subdivisões, geradas do conflito e da conciliação dos escritos de seu próprio pai fundador com as experiências da história, pergunto? Como dar-se-ia, para você, a gestão da sociedade pelos trabalhadores?
 
A monarquia teve sua importância histórica, mas ela não cabe mais numa sociedade humana como a do século XXI em diante. Milhares de pessoas podem ainda gostar dela, mas para bilhões ela é apenas história, fantasia e perda de tempo e (muito) dinheiro para potências falidas e países periféricos (Escandinávia, Oriente Médio).

O Morfs trollou citando Disney, mas o que posso dizer é que monarca, fora dos nossos livros favoritos de fantasia e dos RPGs, e nos países onde existe, só serve para mascarar quem realmente governa, que é o capital. Bom, mas na verdade nisso independe de ser república ou monarquia.

E pagar pau pra Luis XIV? Pfv, amg.
Só citei como exemplo de sua importância. não 'paguei pau'.

Mas em nenhum momento aqui defendei que isso é praticável no Brasil. Nossa identidade imperial sempre foi uma coisa movediça e pálida, hoje então, seria um circo pior do que Brasília já é.
 
Dando uma olhada na enquete notei que muita gente votou na opção república parlamentarista.

Pra quem votou nessa opção aproveito e pergunto: existe algum país em especial que faz você ter optado por essa opção?
 
Dando uma olhada na enquete notei que muita gente votou na opção república parlamentarista.

Pra quem votou nessa opção aproveito e pergunto: existe algum país em especial que faz você ter optado por essa opção?

Acho que, para quem escolheu tal opção, o arquétipo deve ser a Alemanha. Assim imagino...
 
O problema principal que vejo na monarquia é a transmissão hereditária de poder. Como já falei no diário, não faz sentido supor que uma pessoa que seja "treinada" para governar, irá executar um bom governo. não é como se a humanidade já tivesse conseguido desenvolver um "manual técnico de como governar", pois normalmente são as decisões éticas que diferenciam um bom governador de um mau governador - independente do conhecimento técnico que ele detenha (que, na verdade, serve mais para auxiliá-lo com uma visão mais clara dos processos e necessidades da sociedade, coisa que ele por si só não necessita, se possuir um conselho competente e confiável). na verdade, as habilidades técnicas do governante só servem para aumentar a intensidade das suas intenções.

sabendo que não existe técnica para enfiar ética na cabeça de uma pessoa, como garantir que determinada linhagem será ética? simples, vc n garante. e pq então, nós, povo, sem termos ao menos essa premissa básica, delegariamos poder para uma casta aristocrática?

o problema em si não está na centralização de poder, mas sim aonde ele é centralizado. você tem famílias que assumem como valor máximo a superioridade delas em todos os aspectos em relação aos demais humanos. é possível justificar isso, também? quem concede o poder é a sociedade, a casta aristocrática somente é dominante pois a sociedade permite, e não o contrário. temos aí a revolução francesa para provar isto. se eles são "superiores", é unicamente pq nós dizemos que eles são superiores.

a justificativa da monarquia é uma linhagem hereditária de pessoas com valores morais distorcidos (aristocracia é composta por humanos superiores) que supõe que conseguirá produzir governantes mais éticos? acho que até meu priminho de 10 anos consegue montar um modelo melhor :lol:

existe sim a vantagem da monarquia, que é a uniformidade do poder, e a uniformidade de ações. por um lado, na democracia brasileira, temos uma constante dialética entre poderes e interesses, que parece que não nos levará a lugar algum. por outro lado, uma única direção de poder, com um único sentido (oferecida pela monarquia), quebraria essa nossa inércia (nem que ela aponte para o fundo do poço :lol:).

ao invés nos prendermos a modelos falidos destronados pela história, pq não desejarmos que eventualmente algum filósofo / teórico político apresentará um modelo uniforme baseado em meritocracia? veja só amigos, se é para pensar em realidades ideais, desconsiderando o ponto apontado por mercúcio (acertei dessa vez :lol:) e felagund (ou seja: esse tipo de ruptura não é atingida por plebiscito), que tal pensarmos em soluções de verdade? o problema sempre esteve na delegação de poder para os grupos errados. defender a monarquia é assinar um atestado de que não aprendemos isso com a história.

no mais, fúria dando aulas de como manter um tópico ativo com bom conteúdo.
 
Última edição:
Eu não consigo ver a manutenção de um monarca, eleito por Deus? Não para mim, Superior aos outros? Novamente não. Amon falou muitíssimo bem. Isso de centralização de poder é bom desde quando? Se é para centralizar poder porquê não voltamos para a ditadura?
 
Mas peraí, por que a ideia da aristocracia ser superior aos demais homens é absurda?

Vocês falam como se todos os homens pudessem ser bons governantes desde que se limitem a obedecer certos princípios éticos.

treinando o nietzschianismo
 
O problema principal que vejo na monarquia é a transmissão hereditária de poder. Como já falei no diário, não faz sentido supor que uma pessoa que seja "treinada" para governar, irá executar um bom governo. não é como se a humanidade já tivesse conseguido desenvolver um "manual técnico de como governar", pois normalmente são as decisões éticas que diferenciam um bom governador de um mau governador - independente do conhecimento técnico que ele detenha (que, na verdade, serve mais para auxiliá-lo com uma visão mais clara dos processos e necessidades da sociedade, coisa que ele por si só não necessita, se possuir um conselho competente e confiável). na verdade, as habilidades técnicas do governante só servem para aumentar a intensidade das suas intenções.

sabendo que não existe técnica para enfiar ética na cabeça de uma pessoa, como garantir que determinada linhagem será ética? simples, vc n garante. e pq então, nós, povo, sem termos ao menos essa premissa básica, delegariamos poder para uma casta aristocrática?

o problema em si não está na centralização de poder, mas sim aonde ele é centralizado. você tem famílias que assumem como valor máximo a superioridade delas em todos os aspectos em relação aos demais humanos. é possível justificar isso, também? quem concede o poder é a sociedade, a casta aristocrática somente é dominante pois a sociedade permite, e não o contrário. temos aí a revolução francesa para provar isto. se eles são "superiores", é unicamente pq nós dizemos que eles são superiores.

a justificativa da monarquia é uma linhagem hereditária de pessoas com valores morais distorcidos (aristocracia é composta por humanos superiores) que supõe que conseguirá produzir governantes mais éticos? acho que até meu priminho de 10 anos consegue montar um modelo melhor :lol:

existe sim a vantagem da monarquia, que é a uniformidade do poder, e a uniformidade de ações. por um lado, na democracia brasileira, temos uma constante dialética entre poderes e interesses, que parece que não nos levará a lugar algum. por outro lado, uma única direção de poder, com um único sentido (oferecida pela monarquia), quebraria essa nossa inércia (nem que ela aponte para o fundo do poço :lol:).

ao invés nos prendermos a modelos falidos destronados pela história, pq não desejarmos que eventualmente algum filósofo / teórico político apresentará um modelo uniforme baseado em meritocracia? veja só amigos, se é para pensar em realidades ideais, desconsiderando o ponto apontado por mercúcio (acertei dessa vez :lol:) e felagund (ou seja: esse tipo de ruptura não é atingida por plebiscito), que tal pensarmos em soluções de verdade? o problema sempre esteve na delegação de poder para os grupos errados. defender a monarquia é assinar um atestado de que não aprendemos isso com a história.

no mais, fúria dando aulas de como manter um tópico ativo com bom conteúdo.

:clap:

Acho que pela primeira vez em um post eu cliquei Gostei, Ótimo e LOL! :lol:
 
Então você aceita a ideia de alguém ser melhor que você, não através do mérito, mas apenas por causa da família? Ou da etnia? Ou da condição social?

Mas não falei de família, etnia ou condição social.

Mas existem pessoas melhores do que outras, e não falo de exemplos morais nem de qualificações técnicas. Falo de habilidade para governar. Lembra do Príncipe? Pois é...

Se for uma aristocracia formada por esse tipo de indivíduo, qual o problema? Porque indivíduos inferiores no mando, na habilidade de governar, deveriam ter as mesmas condições de governar um país que um incompetente? E pra organizar isso, por que não ir além e dividir a sociedade em capazes e incapazes? Já somos classificados o tempo todo e de diversas formas, nenhum discurso politicamente correto de dignidade igual muda isso. Só os melhores sobrevivem.

Por que não reproduzir isso para a política? Uma classe privilegiada de pessoas capazes de governar, de grande sensibilidade artística e psicológica, cultura filosófica, formação moral, coragem. E dentre esse grupo privilegiado que se escolha um líder forte o suficiente para engrandecer o país, fortalecê-lo, armá-lo, enfim, governá-lo.

Não sei se concordo com isso 100%, mans, é um exercício mental interessante. Se um sistema de castas não se determinar por idiossincrasias religiosas e ideológicas, mas por habilidade no governo, por que a democracia é preferível?

Por que um Tiririca deveria ter a mesma elegibilidade de um Roosevelt? Isso não faz sentido.
 
Mas existem pessoas melhores do que outras, e não falo de exemplos morais nem de qualificações técnicas. Falo de habilidade para governar. Lembra do Príncipe? Pois é...

Nisso eu só concordo no que todo mundo é melhor em alguma coisa do que outra. Mas não em tudo.

Por que não reproduzir isso para a política? Uma classe privilegiada de pessoas capazes de governar, de grande sensibilidade artística e psicológica, cultura filosófica, formação moral, coragem. E dentre esse grupo privilegiado que se escolha um líder forte o suficiente para engrandecer o país, fortalecê-lo, armá-lo, enfim, governá-lo.

O problema é: quem julga quem tem mais capacidade para fazer parte dessa elite, na África do Sul os africâneres achavam que eles tinham mais capacidade para governar o país, os negros não puderam opinar.

por que a democracia é preferível?

Democracia não é perfeita, mas é a menos pior, a mais justa pelo menos.

Por que um Tiririca deveria ter a mesma elegibilidade de um Roosevelt? Isso não faz sentido.

Por isso que há eleições, se o povo é burro o bastante para preferir alguém, que aparenta, ser menos capacitado, ninguém tem o direito de reivindicar supremacia sobre a vontade da maioria, a menos que a questão seja de manutenção de direitos da minoria, não é como disse o Henry Kissinger (ex-secretário e diplomata americano) sobre, tenho quase certeza, os italianos quando eles queriam eleger um socialista: "temos que protegê-los deles mesmos. " Não é assim que funciona.
 
Nisso eu só concordo no que todo mundo é melhor em alguma coisa do que outra. Mas não em tudo.
A 'coisa' em questão é importantíssima: o governo da nação.


O problema é: quem julga quem tem mais capacidade para fazer parte dessa elite
Por isso falei em aristocracia. Se a sociedade já é dividida em segmentos melhores, de melhor elegibilidade ao mando, segue que os indivíduos das melhores 'castas' ou famílias (e isso nada tem a ver com genética, mas pelo simples fato da divisão ocorrer aristocraticamente) serão eleitos.

Democracia não é perfeita, mas é a menos pior, a mais justa pelo menos.
Tenho minhas dúvidas, como o Amon e eu já discutimos. Tentei parecer otimista ali, mas eu compartilho desse medo dele. Não vejo como as opiniões das pessoas devam ter peso igual, independentemente de seu valor intelectual e moral.

Por isso que há eleições, se o povo é burro o bastante para preferir alguém, que aparenta, ser menos capacitado, ninguém tem o direito de reivindicar supremacia sobre a vontade da maioria
Por que não?
Por que alguém com maior habilidade moral e intelectual deveria se submeter a um governante incompetente? Porque uma maioria estúpida assim decretou?
 
Última edição:
Lênin mandou matar crianças inocentes, Stalin fez o mesmo. Getúlio queimou bandeiras estaduais, declarou ilegal o ensino de italiano, alemão e japonês no Brasil (considerando que o imbecil nasceu no Rio Grande do Sul, onde grande parte da população descendia de italianos e alemães, ele fez um dos maiores desserviços da história), Collor deu calote, Lula encobriu falcatruas e mentia não saber de nada e por aí vai.
Catarina foi uma das responsáveis pela contínua modernização russa até a monarquia czarista entrar na lama antes de serem assassinados.

Ninguém é santo, como eu disse antes.
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Mas pera lá, tirando o Stalin ai, muitas das decisões politicas foram feitas por uma necessidade do momento que forçou medidas tão drásticas.
Quando voce diz que Lenin "matou" crianças inocentes, penso que está se referindo aos filhos do Nicolau II.
O que acontece nesse caso é que o PC Soviético agiu na forma mais maquiavélica* possível. Seguiu o exemplo do julgamento do Luis XVI por Robspierre. Os czares e seus filhos eram o crime da monarquia em si, não era possível manter um estado revolucionário sobre a sombra dos filhos do Nicolau crescendo em alguma nação vizinha, eles poderiam um dia tentar conquistar o trono tirado deles por meio da invasão estrangeira (no maior estilo Daenerys Targaryen). Matar as crianças foi cruel, mas naquele momento o PC decidiu ser o mais estratégico. E a ordem em si partiu do Trotsky.

*Quando digo maquiavélico, não leve como "malvado", mas sim pelo fato dessa estratégia de se livrar dos herdeiros do poder estar descrita n'O Principe.

O Getúlio flertou com Itália e Alemanha por anos, precisava afirmar que tinha realmente escolhido seu lado. Proibir o Alemão e o Japones foi apenas uma forma de afirmar isso. Quanto a queima das bandeiras foi para reduzir esse provincianismo brasileiro (especialmente nos estado do sul/sudeste) e centralizar as decisões politicas dentro do executivo federal, reduzindo a autonomia dos estados. Mas também foi simbólico a queima das bandeiras.

Eu não sei se entendi bem o que você colocou nesse trecho, Felagund. Na verdade as monarquias feudais eram muito mais digamos "frágeis" e fragmentadas, do que os estados modernos que temos se consolidando nos séculos XVI e XVII. Não há parâmetro para comparação, numa nova situação em que se começa, entre outras coisas, a constituir um aparato fiscal centralizado e que as grandes monarquias européias estabelecem domínios ultramarinos, que significam um aumento de receitas da Coroa. A não ser que estejamos chamando a França do século XVIII de feudal, por exemplo. Embora historiadores marxistas como Vovelle vejam na França pré-revolucionária determinadas conformações das relações de poder que denominam "feudais", não podemos enquadrar a França de Luís XVI num modo de produção como o feudalismo. Embora haja permanências, como as noções de privilégio, elas se inserem num novo contexto e foram ressignificadas. Além do mais, há uma certa confusão entre relações feudais e relações senhoriais, crítica apontada pelo historiador liberal Alfred Coban que tem, a meu ver, relevância. Consideremos que o liberalismo clássico, que alguns dizem ter sua "certidão de nascimento" na Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão de 1789 (não digo certidão de nascimento, mas um marco que encerra uma compilação de teóricos e uma síntese), apresentava pressupostos vagos que permitiram diversas interpretações e apropriações em contextos os mais diversos, que conjugaram monarquia e liberalismo (inclusive para o caso brasileiro falamos em uma monarquia liberal... a Constituição de 1824 era extremamente avançada se a comparamos com alguns casos europeus do período). "O Capital", de Marx, é inclusive um estudo sobre o caso inglês, berço do capitalismo moderno, e uma monarquia. Eu entendo quando você diz que num certo sentido uma monarquia é anti-liberal... e é mesmo. Porque criamos categorias privilegiadas de cidadãos. Apenas atentando para a não absolutização do conceito anyway

Eu me referi a França do século XVIII como feudal sim. Mais pelo fato da nobreza ainda possuir mais lotes de terra do que os burgueses. Mas foi erro de analise minha. O que vc postou está certíssimo.
Mas eu me referia que o melhor momento da monarquia foi no feudalismo pq foi durante esse período que ela nunca foi contestada. Tirando o caso inglês (que é uma contestação antiga) os levantes perigosos de fato foram na regulamentação da burguesia e na formação da Republica moderna. Os burgueses caçaram seus nobres em muito países, e isso se deve ao desenvolvimento da classe burguesa no capitalismo.

Como o marxismo contém várias subdivisões, geradas do conflito e da conciliação dos escritos de seu próprio pai fundador com as experiências da história, pergunto? Como dar-se-ia, para você, a gestão da sociedade pelos trabalhadores?
Isso é complicado...
Um dos problemas de todos os PCs da vida e da Internacional foi querer criar um padrão para todas as revoluções marxistas no mundo. Como se em todos os países as condições revolucionárias fossem as mesmas, e se caso não fossem, era obrigação dos revolucionários a criarem.
É uma visão forma interessante e muito mais conservadora. Vem daquela maxima de que todos os trabalhadores do mundo são iguais. Mas eu não me apoio nessa forma mais ortodoxa, digamos assim, de revolução.

A escola de Frankfurt ajudou o marxismo a se humanizar, trabalhar com condições humanas que foram ignoradas no século XIX, como cultura, psicologia e etc. Acredito que hoje o processo revolucionário marxista precisa ser re-analisado, precisamos entender qual o proletariado que existe hoje, e como a tomada do poder poderia ser feita (pensar em revolução pura e simples hoje, com um país como os EUA lotado de tecnologia e informações secretas é complicado).

Depois de tudo isso superado, acredito que a gestão poderia, em um primeiro nivel, centralizar a produção na mãos de tecnicos, como os ex gerentes, ex administradores, até mesmo os antigos donos dos meios de produção, porém com toda a produção gerada para a demanda REAL da sociedade e das necessidades da população, sem atingir lucros desnecessários.
Com as reformas educacionais, o desenvolvimento da consciência de cidadão e de trabalhador, poderíamos avançar para o estágio da dissolução dessa "tecnocracia" para um sistema mais plural, como eram os idealizados "sovietes" na URSS, que infelizmente foram destruídos pela centralização Stalinista.

No âmbito de governo, bom, isso é simples: O governo só serve para exercer a influencia de uma classe sobre a outra. O poder ta ai para prestigiar uma policia violenta e anti-trabalhadora, financiando empresários, lastreando seus investimentos, garantidos suas fortunas e salvando os seus bancos. Salvo meio duzia de medida popular que dá uma injeção de sobrevida ao trabalhador, a maioria do investimento se destina a classe dominante burguesa.
No primeiro estado, a classe dominante seria proletária, porem a burguesia privada dos meios de produção deixa de ser burguesia, e com isso perde o seu costume sobre o poder. Existe a necessidade da educação em primeiríssimo lugar. É necessário humanizar o ser humano em vários aspectos. Em acabar com esse individualismo mortal que vivemos, em criar um conceito de sociedade comum, conjunta, romper com essas ilusões de superioridade por classe, cor e etc.

A justiça seria, no primeiro momento, delegada ao partido, mas com o caminhar da revolução a população já teria condição de julgar o que ela considerar como crime. (alias, os crimes tenderiam a desabar, já que 99% deles são consequência ou das diferenças sociais ou do buraco gerado na "alma" humana pelas relações humanas empobrecidas que o capitalismo gera).

E, enfim, como tudo isso seria possível sem que o partido ou um grupo se mantivesse no poder, gerando falsas burocracias como na URSS? Bom, na minha concepção, a teoria trabalhada por Trotsky da revolução permanente deveria ser obrigatória de ser seguida. O cidadão comum deverá ser um revolucionário completo, negar toda a tirania e não aceitar que usurpem nem uma virgula de sua liberdade, portanto sempre que necessário, as antigas estruturas revolucionárias deverão cair para surgirem novas, livres de vícios, com pessoas novas que também, posteriormente, deverão ser substituídas, até o momento que a sociedade se auto-regule em nível de qualidade perfeito.

Claro que eu estou sendo completamente simplista aqui, é só um fluxograma, digamos assim, de como para mim se deve trabalhar com a revolução.

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Mas não falei de família, etnia ou condição social.

Mas existem pessoas melhores do que outras, e não falo de exemplos morais nem de qualificações técnicas. Falo de habilidade para governar. Lembra do Príncipe? Pois é...

Se for uma aristocracia formada por esse tipo de indivíduo, qual o problema? Porque indivíduos inferiores no mando, na habilidade de governar, deveriam ter as mesmas condições de governar um país que um incompetente? E pra organizar isso, por que não ir além e dividir a sociedade em capazes e incapazes? Já somos classificados o tempo todo e de diversas formas, nenhum discurso politicamente correto de dignidade igual muda isso. Só os melhores sobrevivem.

Por que não reproduzir isso para a política? Uma classe privilegiada de pessoas capazes de governar, de grande sensibilidade artística e psicológica, cultura filosófica, formação moral, coragem. E dentre esse grupo privilegiado que se escolha um líder forte o suficiente para engrandecer o país, fortalecê-lo, armá-lo, enfim, governá-lo.

Não sei se concordo com isso 100%, mans, é um exercício mental interessante. Se um sistema de castas não se determinar por idiossincrasias religiosas e ideológicas, mas por habilidade no governo, por que a democracia é preferível?

Por que um Tiririca deveria ter a mesma elegibilidade de um Roosevelt? Isso não faz sentido.
Ta lendo muito nietzsche ou republica de Platão? :lol:

Como exercício é bacana mesmo, mas acho muito pouco humanista e altamente relativo. Afinal, o que é um bom governante? Eu considero Lenin o melhor, vc com certeza não concorda.
Tirando que a incapacidade de muitas pessoas governarem ou ao menso terem conbdições de escolher melhor aqueles que governam caí sempre na questão da educação e da cidadania, que são desprezados em países como o nosso.

E eu desprezo a i'deia do nietzsche de seres humanos com "potencia de execução"quanto outro grupo que não tem. Não é a toa que muitos dizem que nietzsche é um dos pais do totalitarismo.
 
Acho que, para quem escolheu tal opção, o arquétipo deve ser a Alemanha. Assim imagino...

A Alemanha é uma referência importante, mas lá a única coisa do seu sistema que eu não aprecio é o fato do chanceler não ter limitação de mandatos que são de 4 anos. O Helmut Kohl por exemplo ficou 16 anos no poder com 4 mandatos.

Eu já tenho uma simpatia pelo sistema adotado na Finlândia que é um parlamento multipartidário. Uma característica desse sistema é que é pouco provável que um único partido ganhe uma maioria absoluta nas eleições parlamentares, significando que o país é invariavelmente governado por um governo de coalização que desfruta da confiança do Parlamento. O governo é usualmente chefiado pelo líder do maior partido parlamentar, que ocupa o cargo de Primeiro Ministro.
 
Última edição:
Os problemas são práticos. :think: Com que critérios seria feita essa divisão? A cargo de quem? Dos mais fortes? Dos mais inteligentes? E quem o faria? Complicado. Acaba tudo retornando ao eugenismo social, e ideologias totalitárias. Difícil. Teoricamente perfeito, mas na prática... :tsc:

Não são tão "práticos" assim não. O problema do julgamento da sabedoria alheia é um dos mais profundos e complicados com que se pode deparar, estando subordinada ao veredito sobre outro desafio ainda mais fundamental: o debate filosófico sobre a "Existência da Verdade". Como um estúpido pode ter certeza de que está sendo governado por alguém mais capaz? E como alguém superior politicamente pode se assegurar de tal? Ou seja, se existe uma "Verdade", algo de fato ideal, é difícil julgar quem se encontra mais próximo dela. As ideias verdadeiras estariam tão longe do cidadão comum que a distinção entre elas e a loucura seria de realização impossível. A mesma coisa do ponto de vista da suposta pessoa "superior": ela pode muito bem não estar compreendendo os posicionamentos e rumos de vida tomados por outrem, e julgando-os como rudes. Se partir do ponto de vista relativista então, daí a coisa ficou séria: se cada um tem uma verdade, ou se é admissível que cada um viva de acordo com a sua, como permitir que alguém supostamente mais avançado num dos pontos de vista em voga governe sobre todos os outros (isso agrupando os indivíduos em "partidos de ideias", deixando de reconhecer a peculiaridade intrínseca do modo de pensar de cada um)?

E o oportunismo? Alguém poderia pegar os "trejeitos" de sábio e promover-se, qualquer que fosse o critério. O sistema seria corruptível da mesma maneira.

É por isso que eu acho que a democracia plural, embora longe de perfeita, é o sistema mais razoável quando se pesa as limitações da natureza humana, e o que leva a minimizar o sofrimento médio dos indivíduos com relação aos problemas provocados pela estrutura sociopolítica. O grau de participatividade desta deve ser bem estudado, maximizando o produto ou alguma relação entre a prolificidade de ideias e o avanço nas conduções da mesma. Uma mesa de debate muito pequena leva ao totalitarismo, uma grande demais à inércia social. É claro, a estratificação em camadas (grupos regionais debatem, enviando o resultado e representantes para camadas mais altas, coisa do tipo) ajuda a maximizar a soma tomada de decisão - qualidade da discussão.

É verdade, a própria diferença, perceptível dentre os próprios seres humanos, já desiguala as relações de poder. É natural que alguns sejam mais líderes que os outros. Alguns são mais incisivos, mais convincentes, mais carismáticos que os outros, e todo mundo sabe que a distribuição do poder não é igual nem entre três amigos que se assentam à mesa do bar. Mas eu prefiro que essa relação fique no campo subjetivo. Há menos tensão e mais harmonia e fluidez social assim.

Isso é complicado...
Um dos problemas de todos os PCs da vida e da Internacional foi querer criar um padrão para todas as revoluções marxistas no mundo. Como se em todos os países as condições revolucionárias fossem as mesmas, e se caso não fossem, era obrigação dos revolucionários a criarem.
É uma visão forma interessante e muito mais conservadora. Vem daquela maxima de que todos os trabalhadores do mundo são iguais. Mas eu não me apoio nessa forma mais ortodoxa, digamos assim, de revolução.

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É, foi grotesco seguir a mesma cartilha e cair no mesmo erro. Qualquer doutrina política escrita, aliás, contém um número finito de premissas. Seres humanos são presumidos por muitos pensadores como infinitos, e pelos demais como de complexidade imensa. Uma sociedade formada por muitos deles, então...

Há que se usar ideias para "modular" os destinos de uma população, mas daí a querer romper com todo o passado, com os incontáveis matizes culturais que ditam a estrutura de uma sociedade, paralelamente ao aparelho político. Parece-me que as melhores experiências com o comunismo, aquelas menos traumáticas, surgiram de Estados que toleraram a inexistência de "degraus" numa reforma cultural. A Cuba socialista manteve toda a heráldica dos governos anteriores, inclusive bandeira, o que já dita um discurso diferente, menos opressivo. Tito coseguia unir os diferentes povos da Iugoslávia, e não cortou todo o contato do país com o Ocidente. Para dar um exemplo o Petkovic, sérvio, declara simpatia pela experiência comunista que seu país viveu. Por fim, a Mongólia obteve um enorme triunfo na educação, aceitando mandar professores que viajavam junto às tribos, ao invés de proibir o nomadismo como os soviéticos fizeram na Ásia Central.

Por outro lado, radicalismo culturais resultaram quase sempre em catástrofes. A Rússia de Stalin, a Romênia de Ceaucescu. Mao e os notáveis "Grande Salto Adiante" e "Revolução Cultural", tendo como consequência não só a carnificina, mas desastres econômico e político. Por fim, o Khmer Vermelho cambojano e seu "Ano Zero", um circo de horrores.

Esse é o perigo, para mim, de se romper a dialética numa sociedade, que corre em muitos outros meios que livros, plenários legislativos, seminários acadêmicos. A estrutura social corre parcialmente em linguagens que não a verbal, também. Até o "revolucionarismo" para mim tem que ser dosado, seja ele socialista ou não. Não que eu não ache que cataclismas como guerras não podem, vez por outra, serem instrumentais para a mudança e a refundação da organização humana. Não concordo é com seu Estado permanente, isso pra mim é a Somália de hoje.

A Alemanha é uma referência importante, mas lá a única coisa do seu sistema que eu não aprecio é o fato do chanceler não ter limitação de mandatos que são de 4 anos. O Helmut Kohl por exemplo ficou 16 anos no poder com 4 mandatos.

Eu já tenho uma simpatia pelo sistema adotado na Finlândia que é um parlamento multipartidário. Uma característica desse sistema é que é pouco provável que um único partido ganhe uma maioria absoluta nas eleições parlamentares, significando que o país é invariavelmente governado por um governo de coalização que desfruta da confiança do Parlamento. O governo é usualmente chefiado pelo líder do maior partido parlamentar, que ocupa o cargo de Primeiro Ministro.

A Finlândia, se não me engano, é semipresidencialista. O presidente tem parte dos poderes, o primeiro-ministro tem outras. Essa estrutura onde há um Executivo mais distinto que nos outros países nórdicos advém possivelmente da forma como se deu a fundação do País, que declarou sua independência durante a Revolução Russa. Uma guerra civil arrasadora entre socialistas e conservadores, seguida de uma 2ª Guerra Mundial também muito destrutiva para o país. A figura do Mannerheim foi essencial para que a Terra dos Mil Lagos seja o que hoje é, conduzindo uma resistência quase heroica contra os russos e a uma aliança bastante cautelosa com a Alemanhah Nazista. Após isso, ainda houve a berlinda da Guerra Fria: a opção óbvia foi manter a neutralidade, dando agrados tanto à URSS quanto ao Ocidente. Algumas liberdades individuais não foram plenas neste período, havia uma certa censura na imprensa quanto a falar mal dos soviéticos. Aquela nação era o "país-tampão" definitivo na Europa naquele momento, tanto que Helsinque virou um centro de encontros diplomáticos àquela e sediou a primeira Olimpíada após a guerra. Era também um ponto de tráfico de informações de espionagem. Para manter esse equilíbrio delicado, o papel do Urho Kekkonen como longevo presidente foi fundamental.

Tenho que ler mais a respeito do funcionamento do sistema nos tempos modernos, com o país tendo amadurecido tanto, saindo de ser uma roça grande aos tempos de sua emancipação dos russos e se tornando um dos grandes exemplos de Estado do bem-estar social. Uma coisa é fato: lá é democracia representativa mesmo, com as limitações que o sistema tem em todos os outros lugares. Não é aquela coisa de ter dois cargos máximos para perpetuar um virtual ditador no poder, como é na Rússia.
 
Última edição:
Seria tão lindo uma sociedade governada por um lider "rei" justo e sábio. E eu também acho que uma sociedade autogovernada, sem a corrupção pelo poder, tão romantico quanto.

Esse tópico está muito bom de ler, fantástico.

Voltando ao tópico, em termos práticos, quando eu olho para o nosso congresso, eu fico arrepiada quando eu penso no parlamentarismo. A separação total dos poderes executivo/legislativo no Brasil causa uma certa tensão que eu acho necessária para que alguns absurdos que hoje em dia são votados não vinguem, e alguns ainda saem.

E queria fazer um comentário a respeito do Senado em que todos os estados tem o mesmo peso. Não tem outra forma porque ele representa a forma federatida de estado. Se um estado qualquer estivesse em desvantagem em participar na criação das leis e locação de recursos então qual seria a vantagem para ele de se manter federado?
 
Bom, eu sou a favor de que o legisltivo tenha apenas uma casa... o que aumenta sua eficácia relativa, repercutindo num maior equilíbrio de poderes. E penso que o Senado poderia sim ser extinto... mas naturalmente a Câmara será readaptada às exigências de um sistema unicameral, incluso a questão da representatividade.
Mas eu ainda acho que nosso problema fundamental não é a forma de governo... e sim essa cultura política do alheamento, da associação intrínseca entre política e corrupção, da fragmentação de bandeiras e da despolitização do voto e da concepção de cidadania.

E concordo com a Pearl. Esse tópico tá muito bacana! :D
 

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