Elendil
Equipe Valinor
Pois é, caros usuários, esta é a opinião de um colunista do site Adoro Cinema. Resumidamente, ele diz que Peter Jackson fez a trilogia "para uma casta, uma determinada facção dos espectadores": os jogadores de RPG e games de forma geral, os únicos que gostam e entendem os filmes e os livros de Tolkien. Além de descer a lenha em outras coisas nos filmes. Opinião dele, claro, mas vocês concordam?
Eis o artigo:
Link: http://www.adorocinema.com/colunas/titanic-medieval/
Eis o artigo:
Titanic Medieval
Blockbuster que abre 2002 decepciona quem não joga RPG
por
14/05/2010
Os fãs de RPG que me desculpem: O Senhor dos Anéis é maior decepção dos últimos tempos. Não sei se é o excesso de mídia que se fez em cima da produção que custou 300 milhões de dólares - superando o recordista Titanic - ou realmente a adaptação da trilogia de J.R.R. Tolkien para o cinema não foi feliz em seu resultado final. Sei que a estréia em 10 de dezembro em Londres foi super bem recebida, detonando uma onda de críticas positivas por toda a Europa. Nos Estados Unidos não foi diferente: o filme chegou ao topo das bilheterias batendo recordes de arrecadação e igualmente caindo nas graças das críticas. No Brasil, tudo que li foi positivo. Mas, infelizmente, depois de ficar com o pescoço virado pra cima durante 3 horas (a sala estava lotada, só tinha lugar na terceira fila em um multiplex), eu só tive uma conclusão: muito ruim. Mas não é bem feito? Claro. Não é baseado numa maravilhosa trilogia escrita nos anos 50 e que já vendeu milhões? Sim. Não é uma história de fantasia medieval que coleciona hordas de fãs dos chamados RPGs - Role Playing Games? Óbvio, mas tudo isso não garante uma receita de sucesso. O Senhor dos Anéis, dirigido pelo neozelandês Peter Jackson insiste numa fórmula desgastada, recentemente adotada por filmes como Harry Potter, Tomb Raider e Ameaça Fantasma: a película se transforma num game, igual ao que foi inspirado, mudando apenas as fases e os personagens. Tal qual um videogame, o espectador enfrenta a mesma sistemática continuamente, só mudando de cenário. Os personagens principais são nossos heróis, e eles têm que enfrentar os perigos. Chegam num vale e lutam contra vários inimigos. Aí mais adiante vão para uma floresta onde lá também enfrentam outro tipo de inimigos. Segue o filme e nossos amigos estão numa montanha, onde são obrigados a confrontarem... inimigos. Dali a pouco, todos estão numa gruta e têm de brigar de soco com mais... inimigos. O esquema é repetitivo, e não basta mudar as cores do cenário digital, Mr. Jackson. É preciso mais. Os veteranos dão um show de interpretação: Ian Holm, Ian McKellen e Christopher Lee estão muito bem, mas o resto do elenco deixa a desejar. Elijah Wood, desde que fez De Volta do Futuro 2 em 89 já melhorou muito, mas aqui só deve receber um prêmio de consolação por ficar o maior tempo possível de olhos arregalados. Seu personagem, o principal da história - Frodo, responsável por destruir um anel que comanda o bem e o mal na terra fantástica criada por Tolkien -, passa todo o tempo com medo, levando sustos e ao mesmo destruindo os piores monstros. É inverossímil, irritante, por mais que o escritor tenha criado um herói vulnerável, que não sabia o que ia enfrentar em sua jornada. Não, não quero um Indiana Jones ou um Rambo, apenas alguém menos quebradiço e excessivamente frágil. E Frodo é contraditório, pois em sua insegurança acaba matando todos os seres malignos deste RPG cinematográfico. Frances Walsh, o roteirista que foi o responsável em adaptar os escritos do século passado para o cinema, foi preguiçoso em alguns trechos: alguns personagens descrevem as terras sombrias de Gondor, o lugar certo para destruir o anel, como se estivessem lendo os livros de Tolkien. Cinema serve para mostrar, livro para descrever. Tem que ser muito talentoso para inverter as coisas. O roteiro também aposta - além das numerosas e infindáveis lutas - no humor sutil, o que salva o texto em algumas passagens. Exagera, porém, nos trechos dramáticos, especialmente quando acontece a morte de um dos componentes da Sociedade do Anel - o subtítulo do filme. É um choro sem fim, a cada fim de um dos membros. Lamentoso e mexicano demais. Vamos ao próximo ponto? Os personagens femininos - reforçados na tela, pois nos livros quase não têm importância - continuam sem valor algum. Liv Tyler surge bem e ajuda a iluminar a tela, mas sai sem qualquer impacto. Já Cate Blanchett apresenta o maior desperdício de sua carreira. Quem a viu em Elizabeth chora de tristeza. Melhor assisti-la em Vida Bandida, que deve estar passando na sala ao lado, onde ele mostra muito mais para que investiu em carreira de atriz. O texto machista - ou misógino - de Tolkien acaba levando o filme ao ridículo, quando as amizades entre os personagens masculinos são exacerbadas: os Hobbits, pequenos e engraçadinhos, se abraçam como crianças nervosinhas. Os tais Elfos, considerados seres perfeitamente lindos e próximos do angelical, passam uma atmosfera gay no ar - preconceitos à parte - quando surgem na tela. E a palhaçada se completa quando Frodo e seu amigo Sam se abraçam, no fim do filme, e declaram amizade mútua. No fundo, a trilha vem com uma flautinha que me remeteu imediatamente a... Titanic! Pensei que Celine Dion apareceria para cantar o tema principal do filme (que na verdade é de Enya). Ao contrário de Di Caprio e Kate Winslet, lá estavam Elijah Wood e Sean Astin. Falando em Kate, talvez o diretor Peter Jackson tenha tido saudade de suas temáticas homossexuais, que abordou em Almas Gêmeas (94) - este sim um grande filme, onde duas garotas e uma estranha amizade que as leva para fins trágicos. A misturança que Jackson fez nesse verdadeiro Titanic medieval - pois pra mim o filme afundou - vai se repetir mais duas vezes e com o mesmo diretor e elenco. Decepcionante para mim e todos aqueles que aguardavam uma grande produção que poderiam fazer frente a Harry Potter. Mas eu prefiro o garotinho Daniel Radcliffe e seus amigos bruxinhos. Pelo menos tem meia hora a menos. Quem gosta de RPG e é fissurado nos livros de Tolkien certamente está delirando com a primeira parte da trilogia - produzida pela equipe da Nova Zelândia na íntegra e que será apresentada em partes, com seqüências já programadas para dezembro de 2002 e dezembro de 2003. Mas ninguém é obrigado a isso. Muita gente acha que RPG é sigla de outra coisa, e outros tantos passam longe de obras como as escritas por Tolkien. A obrigação de cineasta, pelo menos nesse tipo de proposta, não é fazer um filme para uma casta, uma determinada facção dos espectadores. Mesmo que calcada em características, personagens, linguagens e símbolos que poucos dominam, o filme deve ser popular e atender o gosto médio da população que vai ao cinema. Ele deve ser explicativo e representativo, e não hermético. O mínimo que se pede é que seja compreensível, convidativo, atraente e até mesmo provocante. O Senhor dos Anéis, por tudo que citei e muito mais vira maçante e cansativo. E continua hermético. Sei que estarei na contramão dos fóruns e das críticas, pois todas elas são elogiosas e unânimes. Aliás, não li ainda a crítica da Veja, que não gosta de nenhum filme. Se for positiva também, estarei sozinho - mas será um evento sem precedentes...
Blockbuster que abre 2002 decepciona quem não joga RPG
por
14/05/2010
Os fãs de RPG que me desculpem: O Senhor dos Anéis é maior decepção dos últimos tempos. Não sei se é o excesso de mídia que se fez em cima da produção que custou 300 milhões de dólares - superando o recordista Titanic - ou realmente a adaptação da trilogia de J.R.R. Tolkien para o cinema não foi feliz em seu resultado final. Sei que a estréia em 10 de dezembro em Londres foi super bem recebida, detonando uma onda de críticas positivas por toda a Europa. Nos Estados Unidos não foi diferente: o filme chegou ao topo das bilheterias batendo recordes de arrecadação e igualmente caindo nas graças das críticas. No Brasil, tudo que li foi positivo. Mas, infelizmente, depois de ficar com o pescoço virado pra cima durante 3 horas (a sala estava lotada, só tinha lugar na terceira fila em um multiplex), eu só tive uma conclusão: muito ruim. Mas não é bem feito? Claro. Não é baseado numa maravilhosa trilogia escrita nos anos 50 e que já vendeu milhões? Sim. Não é uma história de fantasia medieval que coleciona hordas de fãs dos chamados RPGs - Role Playing Games? Óbvio, mas tudo isso não garante uma receita de sucesso. O Senhor dos Anéis, dirigido pelo neozelandês Peter Jackson insiste numa fórmula desgastada, recentemente adotada por filmes como Harry Potter, Tomb Raider e Ameaça Fantasma: a película se transforma num game, igual ao que foi inspirado, mudando apenas as fases e os personagens. Tal qual um videogame, o espectador enfrenta a mesma sistemática continuamente, só mudando de cenário. Os personagens principais são nossos heróis, e eles têm que enfrentar os perigos. Chegam num vale e lutam contra vários inimigos. Aí mais adiante vão para uma floresta onde lá também enfrentam outro tipo de inimigos. Segue o filme e nossos amigos estão numa montanha, onde são obrigados a confrontarem... inimigos. Dali a pouco, todos estão numa gruta e têm de brigar de soco com mais... inimigos. O esquema é repetitivo, e não basta mudar as cores do cenário digital, Mr. Jackson. É preciso mais. Os veteranos dão um show de interpretação: Ian Holm, Ian McKellen e Christopher Lee estão muito bem, mas o resto do elenco deixa a desejar. Elijah Wood, desde que fez De Volta do Futuro 2 em 89 já melhorou muito, mas aqui só deve receber um prêmio de consolação por ficar o maior tempo possível de olhos arregalados. Seu personagem, o principal da história - Frodo, responsável por destruir um anel que comanda o bem e o mal na terra fantástica criada por Tolkien -, passa todo o tempo com medo, levando sustos e ao mesmo destruindo os piores monstros. É inverossímil, irritante, por mais que o escritor tenha criado um herói vulnerável, que não sabia o que ia enfrentar em sua jornada. Não, não quero um Indiana Jones ou um Rambo, apenas alguém menos quebradiço e excessivamente frágil. E Frodo é contraditório, pois em sua insegurança acaba matando todos os seres malignos deste RPG cinematográfico. Frances Walsh, o roteirista que foi o responsável em adaptar os escritos do século passado para o cinema, foi preguiçoso em alguns trechos: alguns personagens descrevem as terras sombrias de Gondor, o lugar certo para destruir o anel, como se estivessem lendo os livros de Tolkien. Cinema serve para mostrar, livro para descrever. Tem que ser muito talentoso para inverter as coisas. O roteiro também aposta - além das numerosas e infindáveis lutas - no humor sutil, o que salva o texto em algumas passagens. Exagera, porém, nos trechos dramáticos, especialmente quando acontece a morte de um dos componentes da Sociedade do Anel - o subtítulo do filme. É um choro sem fim, a cada fim de um dos membros. Lamentoso e mexicano demais. Vamos ao próximo ponto? Os personagens femininos - reforçados na tela, pois nos livros quase não têm importância - continuam sem valor algum. Liv Tyler surge bem e ajuda a iluminar a tela, mas sai sem qualquer impacto. Já Cate Blanchett apresenta o maior desperdício de sua carreira. Quem a viu em Elizabeth chora de tristeza. Melhor assisti-la em Vida Bandida, que deve estar passando na sala ao lado, onde ele mostra muito mais para que investiu em carreira de atriz. O texto machista - ou misógino - de Tolkien acaba levando o filme ao ridículo, quando as amizades entre os personagens masculinos são exacerbadas: os Hobbits, pequenos e engraçadinhos, se abraçam como crianças nervosinhas. Os tais Elfos, considerados seres perfeitamente lindos e próximos do angelical, passam uma atmosfera gay no ar - preconceitos à parte - quando surgem na tela. E a palhaçada se completa quando Frodo e seu amigo Sam se abraçam, no fim do filme, e declaram amizade mútua. No fundo, a trilha vem com uma flautinha que me remeteu imediatamente a... Titanic! Pensei que Celine Dion apareceria para cantar o tema principal do filme (que na verdade é de Enya). Ao contrário de Di Caprio e Kate Winslet, lá estavam Elijah Wood e Sean Astin. Falando em Kate, talvez o diretor Peter Jackson tenha tido saudade de suas temáticas homossexuais, que abordou em Almas Gêmeas (94) - este sim um grande filme, onde duas garotas e uma estranha amizade que as leva para fins trágicos. A misturança que Jackson fez nesse verdadeiro Titanic medieval - pois pra mim o filme afundou - vai se repetir mais duas vezes e com o mesmo diretor e elenco. Decepcionante para mim e todos aqueles que aguardavam uma grande produção que poderiam fazer frente a Harry Potter. Mas eu prefiro o garotinho Daniel Radcliffe e seus amigos bruxinhos. Pelo menos tem meia hora a menos. Quem gosta de RPG e é fissurado nos livros de Tolkien certamente está delirando com a primeira parte da trilogia - produzida pela equipe da Nova Zelândia na íntegra e que será apresentada em partes, com seqüências já programadas para dezembro de 2002 e dezembro de 2003. Mas ninguém é obrigado a isso. Muita gente acha que RPG é sigla de outra coisa, e outros tantos passam longe de obras como as escritas por Tolkien. A obrigação de cineasta, pelo menos nesse tipo de proposta, não é fazer um filme para uma casta, uma determinada facção dos espectadores. Mesmo que calcada em características, personagens, linguagens e símbolos que poucos dominam, o filme deve ser popular e atender o gosto médio da população que vai ao cinema. Ele deve ser explicativo e representativo, e não hermético. O mínimo que se pede é que seja compreensível, convidativo, atraente e até mesmo provocante. O Senhor dos Anéis, por tudo que citei e muito mais vira maçante e cansativo. E continua hermético. Sei que estarei na contramão dos fóruns e das críticas, pois todas elas são elogiosas e unânimes. Aliás, não li ainda a crítica da Veja, que não gosta de nenhum filme. Se for positiva também, estarei sozinho - mas será um evento sem precedentes...
Link: http://www.adorocinema.com/colunas/titanic-medieval/
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