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SdA é maniqueísta?

Quando eu postei 'acredtio' quis dizer que acho que isso está presente em SdA. E claro que é difícil dizer: 'ahh, a predestinação está aqui, no livro tal, capítulo tal, página tal'. Eu vejo toda a história como algo prefigurado por Eru. Isso resolveria discussões teológicas e metafísicas inúteis sobre o Bem e o Mal, mas nos colocaria outros inúmeros problemas, como o do caráter de Ilúvatar.

Qual é o sentido da criação, uma vez que tudo estaria determinado?

Um exemplo que me ocorreu agora:

A criação dos anões por Aulë. Foi uma escolha do vala criar esses seres.
Não faz sentido supor que Eru havia estabelecido que o mundo seria governado pelos Primogênitos e Sucessores, já antecipando que Aulë criaria uma terceira raça. Desse ponto de vista, Eru, o Sabichão Criador, demonstraria-se extremamente hipócrita ao repreender o vala, uma vez que tudo havia sido predeterminado por ele próprio.

Desse ponto de vista, não haveria Justiça Divina, uma vez que uns nasciam predestinados a assassinar, a terem vidas miseráveis e amaldiçoadas, enquanto outros teriam vidas confortáveis, longe dos tumultuosos conflitos, etc. Eru criaria seres tendo ciência de que eles praticariam o mal ou o bem. Destarte, a fonte do bem e do mal continuaria sendo Eru, não?
 
É exatamente este o meu ponto de vista, não há como resolver isso satisfatoriamente. E agora que você colocou essa caso do Aulë, não dá msmo pra defender a predestinação. Como classificaria Tolkien? Tomista?

Embora não possa defender a predestinação agostiniana, todo o SdA me parece agostiniano, pelo menos no que se refere a política e teologia. No que me apóio? No Ainulindalë, Melkor não existiria sem Eru. Isso quer dizer que Eru criou o Mal? Não exatamente...

Eu falo aqui de um conceito de Santo Agostinho: o Mal não existe, é o não-Ser, isto é, o pecado que se busca quando se busca o nada. Aqui não se deve confundir o Nada com o Vazio? Mas se eu não considero o Mal um Ser, e sim não-Ser, ele veio do Vazio certamente. Pensando assim, destruo meu post anterior no tópico "O Vazio em Arda".
 
Eu sempre tive uma visão de Tolkien onde não existia livre-arbítrio, e tanto o bem quanto o mal proveriam sim de Eru - possível repreensões por parte Dele seria intervenções no curso na História e não uma repreensão de fato. Acho que tanto essa leitura quanto a mais tradicinal pode-se tirar de O Silmarillion e O Senhor dos Anéis.

Mas, segundo esses trechos coletados por Maglor, fica claro que Tolkien via a obra com livre-arbítrio - embora pareça, particularmente, que ele nunca quis explicitá-lo (ou mesmo implicitá-lo) na obra.
 
É exatamente este o meu ponto de vista, não há como resolver isso satisfatoriamente. E agora que você colocou essa caso do Aulë, não dá msmo pra defender a predestinação. Como classificaria Tolkien? Tomista?

Embora não possa defender a predestinação agostiniana, todo o SdA me parece agostiniano, pelo menos no que se refere a política e teologia. No que me apóio? No Ainulindalë, Melkor não existiria sem Eru. Isso quer dizer que Eru criou o Mal? Não exatamente...

Eu falo aqui de um conceito de Santo Agostinho: o Mal não existe, é o não-Ser, isto é, o pecado que se busca quando se busca o nada. Aqui não se deve confundir o Nada com o Vazio? Mas se eu não considero o Mal um Ser, e sim não-Ser, ele veio do Vazio certamente. Pensando assim, destruo meu post anterior no tópico "O Vazio em Arda".

Não o classificaria como Tomista, porque me falta embasamento para tanto. Caracterizaria o Senhor dos Anéis como resultado do imaginário que permeava as estruturas culturais no contexto em que o autor o escreveu, articulando-se aí com o instrumental intelectual do próprio autor, que por sua vez está intrinsecamente relacionado com a experiência: seja no campo intelectual ou no campo da vivência.
Desse ponto de vista, o pensamento agostiniano possa talvez ter alguma penetração na obra. Pois não é a Igreja hoje e naquele contexto profundamente agostiniana? E como cristão fervoroso, Tolkien talvez tenha deixado esses elementos, ainda que de forma inconsciente, ganharem forma na sua obra.

Sobre a discussão do mal como um não-ser, tenho minhas dúvidas com relação a isso, mas não vou me envolver por não ter lido esse texto de Santo Agostinho.
 
Não o classificaria como Tomista, porque me falta embasamento para tanto. Caracterizaria o Senhor dos Anéis como resultado do imaginário que permeava as estruturas culturais no contexto em que o autor o escreveu, articulando-se aí com o instrumental intelectual do próprio autor, que por sua vez está intrinsecamente relacionado com a experiência: seja no campo intelectual ou no campo da vivência.
Desse ponto de vista, o pensamento agostiniano possa talvez ter alguma penetração na obra. Pois não é a Igreja hoje e naquele contexto profundamente agostiniana? E como cristão fervoroso, Tolkien talvez tenha deixado esses elementos, ainda que de forma inconsciente, ganharem forma na sua obra.

Sobre a discussão do mal como um não-ser, tenho minhas dúvidas com relação a isso, mas não vou me envolver por não ter lido esse texto de Santo Agostinho.

Ninguém foge a essa regra, ter isso em mente é melhor que se ater a discussões bestas sobre autores que influenciaram. A não ser, é claro, quando essas discussões conseguem ser realmente produtivas. Onde iso acontece? Só na Valinor mesmo.
 
Maniqueismo no Legendarium...

Certa vez foi concedido o perdão à Morgoth por Manwë, mas este, desde sua criação, sempre teve suas ações e pensamentos de formas antagônicas aos de Eru e os outros Ainur...

Seria Morgoth a verdadeira personificação do mau?? Existiria realmente o "mau" na mitologia de Tolkien?
 
Re: Maniqueismo no Legendarium...

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Sim, bem e mal são bastante definidos no Universo de Tolkien, e Melkor é a raiz de todo o mal. Muito embora Morgoth não tenha sido criado como um ser maligno, ele optou por se tornar assim, afinal era um ser dotado de livre-arbítrio.

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Última edição:
Re: Maniqueismo no Legendarium...

Esta doi uma das primeiras questões que eu suscitei quando entrei no fórum! =] Caso se interesse: http://forum.valinor.com.br/showthread.php?t=38221 E de lá pra cá (e acredito que antes também), o assunto já foi discutido algumas vezes. Se você der uma procurada, encontrará muitos posts interessantes sobre o assunto.
 

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