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Sauron era ciente do bem e do mal?

eu acho que ele sabia exatamente o que estava fazendo, ele queria dominar o mundo e fazendo o mal foi a melhor maneira que ele encontrou para procurar alcançar seu objetivo.
 
Dificil falar sobre o bem e o mal, o certo e o errado o justo e o injusto. No entanto, eu diria que Sauron, ao menos, não era ciente do bem como Gandalf o entendia. O motivo é simples. Caso Sauron entendesse o bem como o Mago Branco entendia, seguiria o bem e não o mal. As pessoas não veem as coisas da mesma maneira. Assim, o azul que eu vejo não é o mesmo que o que vocês veem. Isso se torna ainda mais discutível quando nos referimos a essência das coisas. A essência do bem, por exemplo.

Agora, falando especificamente do bem e de Sauron dentro de Senhor dos Anéis, eu diria que Sauron não conhecia bem algum. Por quê? Porque ele, simplesmente, esqueceu. Assim como Frodo se esqueceu do Condado e das belezas de lá quando estava tomado pelas trevas, Sauron se esqueceu de todo o bem pelo mesmo motivo.
 
Última edição:
Ah, o Livre Arbítrio: sempre presente em todo e qualquer lugar criado por Tolkien.

Que Sauron tenha sido 'moldado', acredito que sim. Mas todo tempo teve nas mãos as escolhas de seus atos, não agindo em momento algum sem consciência, por intuito.
 
Um preceito bíblico que eu acho que se encaixa bem na obra de Tolkien é o de "resistir ao mal". E o Poder parece, muitas vezes, ser quase que um sinônimo de mal. Ou melhor, está, quase sempre, associado ao mal, porque, em busca (e em posse!) do poder, faz-se coisas inimagináveis. Na obra de Tolkien, isso está expresso no próprio nome da personificação do mal: Melkor "aquele que se ergue em poder".

Ninguém é incorruptível. Todos estamos sujeitos a nos deixarmos envolver por alguma coisa que possa manchar nossa conduta, etc. E, por que seria diferente com Sauron? Tem aquela história de "quer saber como um homem realmente é? Dê poder a ele". Não é o que Sauron faz com as pessoas por meio do Um Anel? Concede-lhes a sensação de que têm poder, entretanto, é o Um que tem poder sobre as pessoas, é ele que as corrompe. Algumas pessoas, como Frodo, têm uma resistência maior, mas, como sabemos, até ele caiu em tentação.

Todos somos influenciáveis. Todos podemos, em alguns momentos, termos atitudes "más". Mas o que conta é como agimos diante disso. Se persistimos com essas atitudes, estamos legitimando o mal. Sauron teve a oportunidade de escolher: escolheu o mal. Teve chance para "repensar", mas continuou a escolher o mal. Ele sabia o que tinha escolhido. Não foi enganado, não.
 
Última edição por um moderador:
Agora, falando especificamente do bem e de Sauron dentro de Senhor dos Anéis, eu diria que Sauron não conhecia bem algum. Por quê? Porque ele, simplesmente, esqueceu. Assim como Frodo se esqueceu do Condado e das belezas de lá quando estava tomado pelas trevas, Sauron se esqueceu de todo o bem pelo mesmo motivo.
Isso é relativismo, um mal dos dias modernos, algo que Tolkien desprezava como o despreza Bento XVI, eu e umas poucas pessoas. Na obra do professor, bem é bem, mal é mal, não há espaço para 'diferentes formas de se ver', porque a moral é objetiva, nela não cabe valorações subjetivas nem relativizações de valor.
Ah, o Livre Arbítrio: sempre presente em todo e qualquer lugar criado por Tolkien.

Que Sauron tenha sido 'moldado', acredito que sim. Mas todo tempo teve nas mãos as escolhas de seus atos, não agindo em momento algum sem consciência, por intuito.
Bom ler Francisco Suarez, filósofo e teólogo jesuíta do século XVI que tratou da questão de como se relacionam as aparentemente contraditórias liberdade humana e a graça santificante que o salva por beneplácito de Deus.
 
Pelo que sei, Sauron foi um "rebelde de segunda hora", passando para o lado de Melkor (a quem considerava mais eficiente e objetivo do que os outros valar) já em Valinor. Sauron foi primeiro espião e, depois de descoberto, tornou-se o segundo em comando do vala rebelde.

Apesar de suas motivações iniciais poderem ser consideradas "boas" (ele ansiava por ordem e paz em Arda), ele logo as deixou de lado, abraçando o mal como um fim em si mesmo. Se ele se iludia, achando que fazia o mal para que o "bem", um dia, pudesse reinar, não sabemos.

Sauron era um maia (talvez o mais poderoso deles) e portanto dotado de livre arbítrio. Assim sendo, ele sabia muito bem o que fazia.

E quanto ao relativismo, digo o seguinte: pode-se fazer o bem por mero pragmatismo, como se pode fazer o mal com o coração repleto de amor.
 
E quanto ao relativismo, digo o seguinte: pode-se fazer o bem por mero pragmatismo, como se pode fazer o mal com o coração repleto de amor.
O que, na teologia católica, é fazer o mal nos dois casos. Um ato moral precisa ter um fim bom em si mesmo, e ser realizado por meios bons e com intenção pura.
 
O que, na teologia católica, é fazer o mal nos dois casos. Um ato moral precisa ter um fim bom em si mesmo, e ser realizado por meios bons e com intenção pura.

Não sou católico, embora tenha sido criado neste ramo do Cristianismo, e eis uma das coisas que mais gosto na obra de Tolkien: o fato do mal ter brotado do bem (Celebrimbor e cia só queriam preservar o que há de belo no mundo) e o bem ter brotado do mal (o sacrifício involuntário de Gollum).

PS: Como disse em outro tópico, vejo a obra de Tolkien com olhos de fã de ficção e deixo a religião, qualquer que seja ela, fora de minhas análises.
 
PS: Como disse em outro tópico, vejo a obra de Tolkien com olhos de fã de ficção e deixo a religião, qualquer que seja ela, fora de minhas análises.
Então sua análise será pobre, porque a teologia católica inspirou profundamente toda a obra de Tolkien, desde suas fundações. Não precisa ser católico ou conhecedor de teologia também, é algo que se apreende com facilidade. Você falou de bem surgindo do mal, certo? Então, é como o Lúcifer, mais poderoso dos anjos se voltando contra o Criador, assim como Melkor contra Eru. E esse é só um dos paralelismos.

Na obra, como na teologia, bem é participação no Bem Supremo, que é Deus e mal, ausência de bem. Não se tratam de princípios metafísicos complementares, intercambiáveis, nem de mera interpretação, meros conceitos morais. Bem e mal são em Tolkien o mesmo que são em Santo Agostinho. Assim como é agostiniana sua noção de livre-arbítrio.
 
Então sua análise será pobre, porque a teologia católica inspirou profundamente toda a obra de Tolkien, desde suas fundações. Não precisa ser católico ou conhecedor de teologia também, é algo que se apreende com facilidade. Você falou de bem surgindo do mal, certo? Então, é como o Lúcifer, mais poderoso dos anjos se voltando contra o Criador, assim como Melkor contra Eru. E esse é só um dos paralelismos.

Na obra, como na teologia, bem é participação no Bem Supremo, que é Deus e mal, ausência de bem. Não se tratam de princípios metafísicos complementares, intercambiáveis, nem de mera interpretação, meros conceitos morais. Bem e mal são em Tolkien o mesmo que são em Santo Agostinho. Assim como é agostiniana sua noção de livre-arbítrio.

Aí é uma questão de gosto, e, como sabemos, gosto não se discute.
 
Você já ouviu falar de independência de pensamento, análise e crítica?

Parece-me que não...

Não estou proibindo você de pensar o que quiser. Estou apenas indicando que a visão do professor em sua teologia (sim, porque se o mundo havia sido criado e possuía uma certa ordem, havia uma racionalização por trás desse mundo) era a teologia católica. Você pode ter opiniões diferentes da minhas em vários pontos, mas isso é inegável, essa importância do catolicismo, basta ler as Cartas.
 
Não estou proibindo você de pensar o que quiser. Estou apenas indicando que a visão do professor em sua teologia (sim, porque se o mundo havia sido criado e possuía uma certa ordem, havia uma racionalização por trás desse mundo) era a teologia católica. Você pode ter opiniões diferentes da minhas em vários pontos, mas isso é inegável, essa importância do catolicismo, basta ler as Cartas.

Sim, sempre vi a presença da teologia cristã nas obras de Tolkien, o que nunca me desagradou, diga-se de passagem, mas ela, para mim, é apenas um detalhe e não a razão de ser da obra toda, Tolkien é (era) dono dos direitos autorais da obra mas não é dono das minhas opiniões e gostos.
 
Ele não é dono, é o pai. Ele criou um mundo com essa teologia ou doutrina em mente. Agora existem diversos níveis de interpretação da obra, diversas formas de se dialogar com o texto e, ao ler, estamos sempre entendendo de acordo com nossa própria idiossincrasia, não como o autor pensava. Li em algum lugar que a partir do momento que uma obra é publicada, ela deixa de ser propriedade do autor, como um pai. Ele criou seus filhos mas chega um momento em suas vidas que eles abandonam a casa paterna e seguem seus próprios caminhos. Mas ainda fica a questão de certos pontos-chaves da obra serem incompreensíveis, estruturalmente, se você se alienar da visão católica dele, como ocorre com o livre-arbítrio, por exemplo.
 
Ele não é dono, é o pai. Ele criou um mundo com essa teologia ou doutrina em mente. Agora existem diversos níveis de interpretação da obra, diversas formas de se dialogar com o texto e, ao ler, estamos sempre entendendo de acordo com nossa própria idiossincrasia, não como o autor pensava. Li em algum lugar que a partir do momento que uma obra é publicada, ela deixa de ser propriedade do autor, como um pai. Ele criou seus filhos mas chega um momento em suas vidas que eles abandonam a casa paterna e seguem seus próprios caminhos. Mas ainda fica a questão de certos pontos-chaves da obra serem incompreensíveis, estruturalmente, se você se alienar da visão católica dele, como ocorre com o livre-arbítrio, por exemplo.

Exatamente, e os citados "pontos-chaves" não me são incompreensíveis, e como "filho" pertenço aos livres pensadores, que ele, o "pai", talvez desgostasse mais do que do que desgostaria do rebeldes (os cultores de Melkor/Sauron que encontramos nos fóruns da vida), o que seria pleno direito dele, só para constar.
 
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Sim, tinha pleno conhecimento do bem e do mal, e como se trata de um personagem de ficção, o que vale é o que o seu criador disse sobre ele, ou seja, Sauron escolheu, de livre e espontânea vontade, fazer o mal.

Se ele fosse um ser real, teríamos de ouvir todas as partes antes de proferir um julgamento sobre as escolhas que ele fez.

Já pintar Eru como um tirano egocêntrico, Melkor como o criativo incompreendido e Sauron com seu fiel amigo e segundo em comando pertence ao reino das fan fictions. E aí todos são livres para escrever as suas. Só não deixem que o Christopher Tolkien tome conhecimento delas.

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Já pintar Eru como um tirano egocêntrico, Melkor como o criativo incompreendido e Sauron com seu fiel amigo e segundo em comando pertence ao reino das fan fictions. E aí todos são livres para escrever as suas. Só não deixem que o Christopher Tolkien tome conhecimento delas.

Mas Melkor não era mau, ele só foi mal compreendido.
 
Melkor era mau, o que ocorre é que ele escolheu esconder coisas de si mesmo como consta no Silmarillion. Em Aman, por um tempo ele se envergonhou do lado maldoso e procurava não agir de forma cruel, mas a maldade havia sido determinada por vontade própria antes de entrar no mundo.

Se ele não fingisse ele não teria êxito e as pessoas descobririam com facilidade o que desejava pois ele demonstraria a maldade na forma visível de seu lado negro.

A primeira vez que fingiu para si mesmo foi fora dos círculos do mundo. Ele sabia que Manwe era o instrumento principal da vontade de Eru, o que significa que Manwe tinha não apenas muita coisa mas também coisas essenciais que ele não possuía.

Movido por inveja Melkor era como dizem alguns de Lúcifer, um dos grandes músicos celestes, hábil na linguagem (que poucos conseguiam pegá-lo no erro), tão hábil que o fingimento podia ser quase perfeito.

No rastro da imitação por meio de falsificações do bem em prol da maldade veio Sauron que procurou imitar a beleza ao assumir a forma de Annatar, mas então ele usava a beleza como isca e a beleza não possuía conteúdo. E podia usar qualquer qualidade como isca, piedade como isca, inteligência como isca, de modo que todas qualidades deviam trabalhar contra elas mesmas, escravizadas como se escravizavam as pessoas. E por fim vinha o pior, quando as qualidades se distorciam a tal ponto que pareciam ser coisas ruins.
 
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Pintei Melkor com cores de moleque hiper dotado e altamente mimado em outro tópico. E, para mim, ele não passa disto, de um moleque que não levou os necessários puxões de orelha quando isto se fazia necessário.

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