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"São Bernardo" (Graciliano Ramos)

Artanis Léralondë

Ano de vestibular dA
Eu li São Bernando de Graciliano Ramos, e achei uma leitura diferente, é que começa narrando no passado, depois passa para o presente e algumas vezes ele mistura tudo. Lembra Dom Casmurro que também tem algumas divagações do narrador no meio da história.
Apesar de me perder frequentemente na leitura e consequentemente, retomando a leitura n vezes, achei legal a história =D

Enredo

Paulo Honório, homem dotado de vontade férrea da ambição de se tornar fazendeiro, depois de atingir seu objetivo, propõe-se a escrever um livro, contando a se vida, de guia de cego a senhor da Fazenda São Bernardo,

Movido mais por uma imposição psicológica, Paulo Honório procura uma justificativa para o desmoronamento da sua vida e do seu fracassado casamento com Madalena, que se suicida.

No livro, ao mesmo tempo em que faz o levantamento existencial de uma vida dedicada à construção da Fazenda São Bernardo, Graciliano Ramos desnuda o complexo destrutivo que Paulo Honório representa:

Cinqüenta anos! Quantas horas inúteis! Consumir-se uma pessoa a vida inteira sem saber por quê! Comer e dormir como um porco! Como um pomo! Levantar-se cedo todas as manhãs e sair correndo, procurando comida! E depois guardar comida para os filhos, para os netos, para muitas gerações. Que estupidez! Que porcaria! Não é bom vir o diabo e levar tudo?

Fonte:http://www.passeiweb.com/na_ponta_lingua/livros/analises_completas/s/sao_bernardo

O livro critica de certa forma, como as pessoas agem para conseguir poder,dinheiro,status,etc...Como é o caso do autor-narrador Paulo o qual era um homem simples, porém com o tempo foi correndo atrás de riqueza, comprou São Bernardo e trabalhou toda a sua vida para construir um “império”, digamos assim.Fazendo e passando por cima de pessoas para conseguir conquistar os seus objetivos, assim destruindo o seu caráter.
Chegando ao fim do livro é o mais interessante no meu ponto de vista, pois ele mesmo narra que fez tudo para conseguir dinheiro e estar bem na sociedade, no entanto não se sentia realizado e muito menos feliz. Assim, mostra que dinheiro não traz felicidade...Afinal, ele tinha toda uma riqueza, mas não poderia comprar o que mais queria, a felicidade.

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821.jpg
Graciliano, homem sério ^^

=D
 
RE: ~São Bernardo - Graciliano Ramos ~

Eu sei que em literatura sabendo justificar o que se interpreta quase toda leitura é válida, mas eu gosto da que meu professor da faculdade fazia: ele dizia que era um romance de tese, no qual Ramos queria mostrar o mal causado pelo Capitalismo (Honório) às pessoas. Por outro lado, Madalena seria o Socialismo (o genial é o ponto no qual Honório nunca conseguiu de fato compreender a mulher).

Sério, é um livro muito bom. Mesmo com a comparação ao Dom Casmurro (acho inevitável, já que há toda a idéia de um memorial, incluindo o ciúmes e afins), ainda assim é um destaque na literatura brasileira, ao meu ver. Acho que já comentei por aqui, mas tem vezes que gosto mais de São Bernardo do que de Angústia até (e Angústia rox!)
 
RE: ~São Bernardo - Graciliano Ramos ~

Anica... eu também amei São Bernardo, mais que Angústia!!! Achei um livro muito envolvente.
 
RE: ~São Bernardo - Graciliano Ramos ~

Anica disse:
Eu sei que em literatura sabendo justificar o que se interpreta quase toda leitura é válida, mas eu gosto da que meu professor da faculdade fazia: ele dizia que era um romance de tese, no qual Ramos queria mostrar o mal causado pelo Capitalismo (Honório) às pessoas. Por outro lado, Madalena seria o Socialismo (o genial é o ponto no qual Honório nunca conseguiu de fato compreender a mulher).

Sério, é um livro muito bom. Mesmo com a comparação ao Dom Casmurro (acho inevitável, já que há toda a idéia de um memorial, incluindo o ciúmes e afins), ainda assim é um destaque na literatura brasileira, ao meu ver. Acho que já comentei por aqui, mas tem vezes que gosto mais de São Bernardo do que de Angústia até (e Angústia rox!)

Que legal essa interpretação, bem interessante mesmo!
Eu não li Angustia ainda, mas quando der quero ler =D
 
A Profª Madalena é o brilho do livro!
E realmente o jeito que a narrativa começa é muito interessante!
 
Li faz bastante tempo e lembro de ter gostado, mas nunca entendi o porque de ser tão famoso e clássico como é. Alguém saberia me dizer?
 
Não sabia que São bernardo também tem interpretação polêmica igual a Dom Casmurro.

Acho exagero absurdo isso de capitalismo e socialismo, Honório não se dava bem com ninguem. Aqueles dois capitulos iniciais, onde ele se revolta com todo mundo que tenta ajundar no desenvolvimento do livro, e somento no terceiro capítulo ele consegue contar a história. Essa é a característica fundamental desse herói: ele não sobre transformações. Livro circular. Coisa linda de se ler.

Até o momento Graciliano Ramos é o meu brasileiro favorito, o único que está alí, colado com Machado de Assis.

Lucas_Deschain disse:
Li faz bastante tempo e lembro de ter gostado, mas nunca entendi o porque de ser tão famoso e clássico como é. Alguém saberia me dizer?

releia :rofl:
 
Valeu pelo conselho -Arnie-, acho que já é hora mesmo. Pelo menos posso falar algo com mais propriedade e parar de dar pitaco ao leo. A leitura é bem fluida, né? Terminei em um ou dois dias, pelo que me lembro.
 
Eu sou a mais lerda anta do mudo pra ler, e terminei em um dia. Tá, passei o dia lendo, mas foi um. E, sendo um livro cobrado em vestibular, acha-se facil.
 
Essa interpretação do professor da Anica é bem interessante. Ainda mais por a história se passar em uma fazenda. São Bernardo é uma terra sem lei. Manda quem tem dinheiro. O Honório maltrata os empregados, que não podem se defender de maneira nenhuma (legalmente falando). Explora todos ao seu bel-prazer. Talvez Graciliano queria mostrar como seria o Capitalismo Neoliberal, sem a interferência do Estado, onde reinaria o mais forte ($).

Até o momento, é o meu livro nacional favorito. A história é envolvente, super bem escrito e tem pensamentos muito interessantes. O final é de dar nó na garganta.

Gosto demais da maneira como ele usa as palavras, parece que foi tudo bem trabalhado, escolhido a dedo. A leitura é muito fluida.

"Deve-se escrever da mesma maneira como as lavadeiras lá de Alagoas fazem seu ofício. Elas começam com uma primeira lavada, molham a roupa suja na beira da lagoa ou do riacho, torcem o pano, molham-no novamente, voltam a torcer. Colocam o anil, ensaboam e torcem uma, duas vezes. Depois enxáguam, dão mais uma molhada, agora jogando a água com a mão. Batem o pano na laje ou na pedra limpa, e dão mais uma torcida e mais outra, torcem até não pingar do pano uma só gota. Somente depois de feito tudo isso é que elas dependuram a roupa lavada na corda ou no varal, para secar.
Pois quem se mete a escrever devia fazer a mesma coisa. A palavra não foi feita para enfeitar, brilhar como ouro falso; a palavra foi feita para dizer." (Graciliano Ramos)
 
Comecei a falar sobre São Bernardo no tópico de Angústia e achei melhor vir aqui.


Todo o leitor, se ele não for o Aristóteles, que, dizem, leu tudo que havia no seu tempo, tem fraturas monstruosas na leitura. Sempre tem muita coisa boa que muita gente boa não leu. Graciliano foi a minha. Comecei a resolver este ano.


E me impressionou muito São Bernardo, que pode ser interpretado como a história da propriedade que lhe empresta o nome. O homem que a compra segue seus próprios códigos morais, paga por ela uma ninharia. Vai daí que acho que o que o professor da Anica levantou tem fundamento.

Além da concepção das memórias de Paulo, que a princípio quer compor a obra com seus amigos, mas depois centraliza e decide fazer tudo sozinho, me comoveu muito a luta do escritor Paulo contra a sua inspiração.

À medida que vai narrando sua história, o "capitalista" trava terríveis embates com o pio das corujas. Elas o perturbam e Graciliano dá a entender que elas o chamam a escrever. Ele manda funcionários matá-las, na esperança de afastar de si a força que o leva a "criar". É justamente aqui, na luta do homem com a composição de suas memórias, ainda que abjetas, que está o degrau que leva São Bernardo a um outro nível. O embate do criador contra sua obra é ainda mais poderoso - no meu entender - que o visível capitalismo/socialismo, e coloca a obra num patamar universal.
 

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