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Notícias Ruth Rocha comemora 50 anos de carreira: “Harry Potter não é literatura”

O começo de "O cálice de fogo" foi uma das partes das quais eu gostei, mas o quinto livro pra mim foi a pior parte de ler...
 
Eu parei de ler neste nexo oracional: He was a big, beefy man with hardly any neck, although he did have a very large moustache

E qual é o incômodo com essa frase? Para mim parece uma frase mais brincalhona, como se o pouco pescoço e o grande bigode fossem tais que constituíssem quase uma contradição, pois temos muito pouco de um lado e muito 'muito' de outro.
 
O quarto e (principalmente) o quinto foram os livros que mais gostei (e são os que renderam os filmes que menos gosto). Li faz um tempinho já, no ensino médio. Até agora não li o último (nem vi os dois filmes das relíquias da morte ainda) :/
 
É que vocês não leram a entrevista do Zero Hora:

Ela continua batendo forte na fantasia de bruxaria. Ok, ela até tem o direito de não gostar disso, assim como outros também tem o mesmo direito de não gostar do Saci que ela mencionou na mesma entrevista também.

No fundo, penso que o incômodo maior dela e que ela procurou disfarçar o máximo na entrevista, não é gostar de bruxaria e sim pela enorme fama que isso alcançou.
 
Como era?

Eu parei de ler neste nexo oracional: He was a big, beefy man with hardly any neck, although he did have a very large moustache




Brimks. Fui até o fim do vol.1 apesar de ter intuído desde a página 1 que não ia render muito...

não era nem pela escrita da rowling em si, é toda a enrolação da copa de quadribol ou algo que o valha. eu sei que tem gente que deve amar por causa dos detalhes que ela dá para o mundo ~~mágico~~ que criou, mas ai que saco.
 
Tem o ponto que ela dá uma resvalada sobre o folclore nacional x internacional, mas não houve aprofundamento. É um tema importante que sozinho rende uma boa discussão a parte, desde que feito com bom senso de argumentação.
 
não era nem pela escrita da rowling em si, é toda a enrolação da copa de quadribol ou algo que o valha. eu sei que tem gente que deve amar por causa dos detalhes que ela dá para o mundo ~~mágico~~ que criou, mas ai que saco.

E o engraçado é que isso não basta: precisa ter Pottermore, ela precisa dar entrevistas sobre detalhes que ficaram faltando nos livros, etc.
** Posts duplicados combinados **
Tem o ponto que ela dá uma resvalada sobre o folclore nacional x internacional, mas não houve aprofundamento. É um tema importante que sozinho rende uma boa discussão a parte, desde que feito com bom senso de argumentação.

Do jeito que ela respondeu, temos um Aldo Rebelo de saias. :tsc:
 
Do Dumby eu gosto, do Snape eu gosto e da Hermione eu gosto.

De quase todo o resto não. Rs.

Sobre bruxaria, eu acredito em bruxaria, faço bruxarias em casa e mesmo assim (ou por isso mesmo) não curto o mundo mágico da Rowling.

Mundo mágico por mundo mágico, gosto mais do de Tolkien (mesmo esse mundo tendo sido idealizado por um católico praticante) e da Saurita marmoteira. XD
 
Round three! Fight!

Para Ruth Rocha, "Marcelo, Marmelo..." é mais literário que "Harry Potter"

Rodrigo Casarin
Do UOL, em São Paulo

29/04/2015 20h27


A escritora Ruth Rocha, 84 anos, autora de clássicos da literatura infantil brasileira como "Marcelo, Marmelo, Martelo", "O Reizinho Mandão" e "O Menino que Quase Virou Cachorro", causou polêmica ao dizer, em uma entrevista publicada nesta semana pelo site IG, que "'Harry Potter' não é literatura" e que as sagas infato-juvenis com bruxas e vampiros que fazem sucesso hoje são apenas uma moda passageira. Com isso, a autora despertou a ira dos fãs do bruxo criado pela autora britânica J.K. Rowling e interpretado por Daniel Radcliffe no cinema. emoji_objects-128.png

Atacada por internautas, Ruth, que está completando 50 anos de carreira, falou com o UOL sobre a polêmica criada em torno de sua declaração e disse que, para ela, "Marcelo, Marmelo..." possui mais valor literário que os livros do bruxinho de Hogwarts.

"Harry Potter não é literatura, digo isso mesmo. É entretenimento, é best-seller. Mas nunca falei para tirar da livraria", disse a autora, que afirma ter lido o primeiro livro da saga de Rowling. Segundo ela, como exercício de leitura para crianças, "Harry Potter" tem seu valor. "Acho maravilhoso [uma criança] ler o 'Harry Potter', não tenho nada contra."

Questionada sobre qual obra tem mais valor, o seu "Marcelo, Marmelo, Martelo" ou a saga do bruxo, a escritora diz preferir deixar para a crítica avaliar isso, porém dá sua opinião. "A importância é igual, mas eu acho 'Mas eu acho 'Marcelo Marmelo Martelo' mais literário". E explica: "Literatura é arte. Inclui linguagem, sentimento, emoção. Um modo de ver a vida. Uma série de coisas que, quando preenchida, se torna arte".emoji_objects-21.png

Quanto aos ataques que tem sofrido dos fãs de "Harry Potter", Ruth diz que todos têm o direito de falar o que quiserem sobre a sua obra. "Tenho horror a censura. Escrevi o 'Reizinho Mandão' na época da ditadura, justamente por causa disso. Eu digo a minha opinião, eles [fãs de 'Harry Potter'] dizem a deles. Não tem problema. Eles podem falar mal de mim. Hoje todos podem dar opinão, palpites, mesmo sem embasamento nenhum."

Fonte: http://entretenimento.uol.com.br/no...marmelo-e-mais-literario-que-harry-potter.htm
 
Eu digo a minha opinião, eles [fãs de 'Harry Potter'] dizem a deles. Não tem problema. Eles podem falar mal de mim. Hoje todos podem dar opinão, palpites, mesmo sem embasamento nenhum."

Coitada.
Fiquei com pena dela porque parece que entrou nessa meio de laranja. :tsc:
 
Lendo uma reportagem esses dias me deparei com um comentário historicamente interessante sobre como a idéia de literatura ter tido dificuldades para se desenvolver de forma homogênea e harmoniosa favorecendo situações peculiares como essa.

Principalmente nos tempos antigos em que quanto mais se volta mais se verifica que alguns tipos de assuntos gozavam de maior prestígio em relação a outros. Um exemplo seria o que ainda hoje, nos jornais os espaços reservados para política e economia ainda relativo impacto de respeitabilidade quando comparados aos outros espaços de leitura.

Em uma nota se comentava como as histórias de ficção científica sofriam marginalização sendo desconsiderados como literatura por haver a impressão de que eram feitos com objetivo de obter sensacionalismo.

Que é um impasse semelhante ao da linha que separa o humor da agressão. Que por mais que exista um conceito puro as vezes se tornava difícil separar se a intenção original do humorista visava a comédia ou era apenas uma ferramenta ideológica. Como tudo pode sempre ser manipulado (sem garantias de obter também uma verdade pura) conta-se muito com a visão do leitor para ter boa vontade com os livros e as histórias.

Para quem é mais antigo essas coisas aparecem bastante.
 
Lendo uma reportagem esses dias me deparei com um comentário historicamente interessante sobre como a idéia de literatura ter tido dificuldades para se desenvolver de forma homogênea e harmoniosa favorecendo situações peculiares como essa.

Principalmente nos tempos antigos em que quanto mais se volta mais se verifica que alguns tipos de assuntos gozavam de maior prestígio em relação a outros. Um exemplo seria o que ainda hoje, nos jornais os espaços reservados para política e economia ainda relativo impacto de respeitabilidade quando comparados aos outros espaços de leitura.

Em uma nota se comentava como as histórias de ficção científica sofriam marginalização sendo desconsiderados como literatura por haver a impressão de que eram feitos com objetivo de obter sensacionalismo.

Que é um impasse semelhante ao da linha que separa o humor da agressão. Que por mais que exista um conceito puro as vezes se tornava difícil separar se a intenção original do humorista visava a comédia ou era apenas uma ferramenta ideológica. Como tudo pode sempre ser manipulado (sem garantias de obter também uma verdade pura) conta-se muito com a visão do leitor para ter boa vontade com os livros e as histórias.

Para quem é mais antigo essas coisas aparecem bastante.

A coisa não mudou tanto... O Antoine Compagnon, naquele livro "O Demônio da Teoria", analisando o conceito de literatura (que é recente, séc. XVIII pra cá), chega à conclusão que literatura é o que uma sociedade chama de literatura. (No capítulo em que ele fala do valor, ele tem uma subseção que se encaixa bem nesta discussão, intitulada "A maioria dos poemas é ruim mas são poemas"...) O Terry Eagleton, uma decada antes no "Teoria da Literatura: uma introdução", chega à mesma conclusão, mas de forma mais radical pois propõe a dissolução dos estudos literários em prol dos estudos culturais. Ou então, se quisermos puxar o reverse mesmo, aí seria o caso de voltarmos pro Northrop Frye que também dizia que nós não temos nenhum conceito bom e funcional de literatura. Ele chama de poeta a todo escritor, por exemplo, por achar que condiz mais com a realidade.

Conceituar o que é literatura é barra pesada. O conceito de literatura ainda recende a uma concepção aristocrática da atividade. Ainda tem um ranço muito forte da ideia das belas letras, que basicamente podia envolver como literatura o que a aristocracia achasse que era. (E esse caso da Ruth Rocha pra mim nada mais é que isso.) Hoje, definir literatura, pelo menos é o que eu acho, envolveria no mínimo uma redefinição da dinâmica do conceito nas ciências humanas (e teríamos que voltar pelo menos a Popper) e a consideração de um esquema conceitual à maneira de um cometa. Todo conceito humanístico possui e deve lidar com um alto grau de maleabilidade e deve possuir uma lógica de cerne duro, aquilo que nós indubitavelmente chamamos de literatura (pois, embora a literatura mude, ela não muda tanto pois ela também é peça chave no jogo de poder), e uma zona esfumaçada que pode ser surpreendentemente ampla. (Em livro recente, quem fez isso de for a esplêndida foi o Eagleton -- ele mais ou menos mudou a posição dele.) Ainda mais se você acoplar algumas teorias literárias recentes (o que é um pleonasmo pois teoria da literatura É uma invenção recente: séc. XX), por exemplo a da função poética do Roman Jakobson que enxerga poesia num slogan político.
 
Fanboyolices à parte, ela poderia ter falado de qualquer outro autor/título, só teria enfiado o dedo em feridas diferentes.
Eu gosto da D. Ruth e dos livros dela, mas essa crítica ficou realmente estranha.

O ponto é: quais os parâmetros que D. Ruth usa para classificar o que é e o que não é literatura, ou o que é literatura 'boa' e 'ruim'?
 
A coisa não mudou tanto... O Antoine Compagnon, naquele livro "O Demônio da Teoria", analisando o conceito de literatura (que é recente, séc. XVIII pra cá), chega à conclusão que literatura é o que uma sociedade chama de literatura. (No capítulo em que ele fala do valor, ele tem uma subseção que se encaixa bem nesta discussão, intitulada "A maioria dos poemas é ruim mas são poemas"...) O Terry Eagleton, uma decada antes no "Teoria da Literatura: uma introdução", chega à mesma conclusão, mas de forma mais radical pois propõe a dissolução dos estudos literários em prol dos estudos culturais. Ou então, se quisermos puxar o reverse mesmo, aí seria o caso de voltarmos pro Northrop Frye que também dizia que nós não temos nenhum conceito bom e funcional de literatura. Ele chama de poeta a todo escritor, por exemplo, por achar que condiz mais com a realidade.

Conceituar o que é literatura é barra pesada. O conceito de literatura ainda recende a uma concepção aristocrática da atividade. Ainda tem um ranço muito forte da ideia das belas letras, que basicamente podia envolver como literatura o que a aristocracia achasse que era. (E esse caso da Ruth Rocha pra mim nada mais é que isso.) Hoje, definir literatura, pelo menos é o que eu acho, envolveria no mínimo uma redefinição da dinâmica do conceito nas ciências humanas (e teríamos que voltar pelo menos a Popper) e a consideração de um esquema conceitual à maneira de um cometa. Todo conceito humanístico possui e deve lidar com um alto grau de maleabilidade e deve possuir uma lógica de cerne duro, aquilo que nós indubitavelmente chamamos de literatura (pois, embora a literatura mude, ela não muda tanto pois ela também é peça chave no jogo de poder), e uma zona esfumaçada que pode ser surpreendentemente ampla. (Em livro recente, quem fez isso de for a esplêndida foi o Eagleton -- ele mais ou menos mudou a posição dele.) Ainda mais se você acoplar algumas teorias literárias recentes (o que é um pleonasmo pois teoria da literatura É uma invenção recente: séc. XX), por exemplo a da função poética do Roman Jakobson que enxerga poesia num slogan político.

Pensei nisso (inclusive acho que li num post seu de poesia esse tema). Como se a orientação que a Ruth estudou tendesse a cair em desuso. No que é curioso porque se refere ao que a ideia de literatura foi no passado ao invés do que seria o conceito definitivo e atemporal (literatura valendo para presente, passado e futuro).

No século 20, depois do modernismo a "baixa literatura" ou popular ganha mais espaço e começa a orbitar a periferia em termos de qualidade e cria vários níveis do tipo "popular" contrastando um "Shakespeare" com um poema de uma palavra só.
 

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