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Romantismo

Lucas_Deschain

Biblionauta
[size=medium][align=center]Romantismo[/align][/size]

[align=justify]Olá, percebi que vários membros do fórum comentam sobre escolas literárias mas parecem não se sentir a vontade em taxar as obras literárias como pertencentes ao Romantismo ou Realismo ou qualquer outro movimento literário. De cara digo que essas afirmações vazias de sentido como compreender uma obra como sendo "romântica e pronto" também me incomodam muito. Quero propôr uma discussão mais solta, desregrada, que procure explorar os sentidos do Romantismo e suas obras, mas sempre conhecendo que pertencer a essa ou aquela escola literária não dá conta de abarcar toda a riqueza de uma obra literária. E aí, o que você sabem sobre Romantismo, autores românticos, características do movimento, contexto histórico...[/align]
 
[align=justify]Ninguém se interessa pelo Romantismo? Putz, é a escola literária que mais gosto. Gosto muito da maneira rebuscado com que os autores procuram escrever, na minha cabeça sempre pensava que os autores românticos estão ao lado dos parnasianos na questão de revisão de texto, eles parecem querer tirar o máximo de eloquência e beleza daquilo sobre o que escrevem. O resultado é, na minha singela opinião, fantástico![/align]
 
Sei que foi a escola literária que mais rendeu telenovelas de época. :lol:

Reconheço o valor das obras românticas, mais prefiro bem mais as do Realismo. Personagens idealizados, sentimentalismo extremo e finais felizes não são muito a minha praia.
 
Emily Brontë criou um romance mais destruidor e amargo, embora menos escandaloso, do que Eça de Queiroz com o Primo Basílio, por exemplo. Romantismo não é apenas folhetim novelesco, é um engando, provavelmente por causa do nome, ou porque para a TV só é possivel adaptar o enredo, sendo incapazes de passar os recursos que só um livro ou uma peça possuem.

Vicor Hugo é o meu grande autor dessa geração, isso porque só li Os Trabalhadores do Mar.

Obrigar a multidão a examinar-te é reconhece a tua força. Um galé sobre um estrado, com uma coleira de ferro ao pescoço, é o déspota de todos os olhares que ele obriga a voltarem-se para si. (...) Que mais belo triunfo do que esse de ficar no centro de convergência para a atenção geral?

Gilliat era uma espécie de Jó do Oceano.
Mas um Jó que lutava, um Jó que combatia e afrontava, um Jó que conquistava, e se tais palavras não são demasiadas grandes para um pobre marinheiro pescador de caranguejos e de lagostas, um Jó Prometeu.

Que livro! Quando eu tiver um monde de dinheiro sobrando compro Os Miseráveis.
 
O problema com os românticos é que, ou são muito rebuscados e o leitor médio não entende nada, ou tem aquela camada novelesca à Julio Dinis, que já era baixo nivel para época.
 
[align=justify]A segunda geração romântica, chamada também de Mal do Século ou Ultra-Romântica, é a minha predileta dentro das obras consideradas românticas, embora não conheça uma série de autores dessa escola literária.
Aquela angústia, aquela plangência com que eles expressavam o sofrimento que sentiam, aliado ao belíssimo uso da linguagem, evocando ao mesmo tempo o lírico, o macabro e o mórbido...é muito bom.[/align]
 
Eu adoro os livros da época do romantismo, a beleza e a morbidez das obras. Acho que esse é o movimento que mais gosto e mal vejo a hora de estudá-lo na faculdade!! :lendo2:
 
Lucas_Deschain disse:
E Byron? E Álvares de Azevedo? E Goethe? Todos românticos...


"Oh! make her a grave where the sun-beams rest,
When they promise a glorious morrow!
They'll shine o'er sleep, like a smile from the West,
From her own lov'd island of sorrow."
TH. MOORE


Belissimo não??? Citação do início do poema "virgem morta" do Alvares.

como dizem por aí: "Já bebi muito das fontes literárias do romantismo".Simplesmente amo a geração do mal do século.É um lirismo sem igual.
Passei quase um ano lendo a lira dos vinte anos para fazer minha monografia sobre a imagem da mulher na obra do Alvares de Azevedo.A imagem crepuscular, ora terror, ora suspense, as paixões pelas virgens sonhadas, a dupla e tripla adjetivação dentre outras caracteristicas do movimento marcaram muito a minha vida.


Se quiser discutir mais a respeito só mandar MP :sim:
 
[align=justify]Dupla e tripla adjetivação...nunca tinha pensado nisso, mas realmente é uma característica típica da estética romântica, e o engraçado é que costumo usar dupla adjetivação em praticamente tudo o que escrevo. Referência inconsciente? XD [/align]
 
aaahhhXD inconsciente realmente não sei.., mas sei que os ultra romanticos são mestres nisso.

Já postou aqui no meia teus poemas??

Aliás vc cursa letras? ou é só amante da literatura?
 
[align=justify]Uma coisa que me chamava (e ainda chama) a atenção com relação não só ao Romantismo como também outros movimentos literários, é a forma como eles se relacionam com a realidade histórica vivenciada.
No caso do Romantismo, é possível apontar a Revolução Industrial e o pós-Revolução Francesa, que certamente são processos que imprimiram marcas na produção literária de seu tempo. Por exemplo, as lamentações lamuriosas dos poetas românticos, o sentimento de descrença com relação ao que virá, e, conseqüentemente, o sofrimento e a plangência de estarem em meio a esse turbilhão de mudanças e transformações que fogem a seu controle e que estavam gerando desdobramentos nada graciosos, como multidões de trabalhadores comp péssimas condições de vida, aglomeração urbana, diminuição da qualidade de vida, miséria etc. Há também a questão que envolve a Revolução Francesa, que gerou tantas esperanças e acabou se mostrando a força das tradições na conservação de determinados grupos no poder que, aos olhos de alguns, poderiam parecer um retrocesso.
Tudo isso influenciou o imaginário romântico. Não é possível generalizar, pois há românticos que viram na nova organização da sociedade e do modo de vida e de produção melhorias, e que, através de sua literatura, acabaram por vangloriar os processos de industrialização, por exemplo, que estavam ocorrendo.
A riqueza que é possível entrever na relação entre Literatura e História me fascina e me intriga.[/align]
 
Absolutamente a literatura e a história estão intimamente ligadas, indissociável isso.

O capitalismo estava influenciando o mundo ainda. A construção dos grandes centros muitos escritores se dirigindo para estudar em SP e RJ.

Apesar da influência sofrida por outros países o Brasil conseguiu obter uma identidade própria a partir do movimento romântico na terceira geração é muito representado esse lado patriotico. Bem interessante mesmo adoro XD
 
keyllah disse:
Apesar da influência sofrida por outros países o Brasil conseguiu obter uma identidade própria a partir do movimento romântico na terceira geração é muito representado esse lado patriotico. Bem interessante mesmo adoro XD

A fase patriótica é a primeira. A terceira fase romântica só existiu no Brasil e em nenhum outro lugar. Também podemos chamar de pré-Realismo essa terceira fase romântica, já que é bem mais pé-no-chão que as outras duas.

O Romantismo produziu muita merda, isso é fato. Assim como produziu também muita coisa boa. Com as minhas duas frases anteriores, o Romantismo tem uma característica inerente a ele que é a produção exacerbada de obras, visto que, durante o mesmo tempo, houve uma "democratização" da sociedade.

Um golpe forte do qual a Arte, provavelmente, nunca se recuperará: a grana passou a ditar o que deve ser produzido, escritor passou a ser uma profissão e o mecenato se invertia: enquanto que antes alguém sustentava um artista para que produzisse, no Romantismo o artista produzia para que alguém comprasse.

É fácil galera confundir o Romantismo com os folhetins burgueses que tanto são reproduzidos por aí. Porém, mais forte que isso, a marca do romântico é o trágico, a morte, o sofrimento. Alguns estudiosos sustentam (e com uma boa base para tal) que ainda não saímos do Romantismo, afinal, se parar para pensar bem, a maioria das obras de hoje de todo o mundo artístico ainda é romântica.
 
A terceira fase romântica só existiu no Brasil e em nenhum outro lugar. Também podemos chamar de pré-Realismo essa terceira fase romântica, já que é bem mais pé-no-chão que as outras duas.


Vicor Hugo, com seu livro Os Miseráveis, e Balzac, e Stendhal são todos românticos mais engajados com a realidade social. Mesmo Balzac, que já deve ter feito de tudo um pouco dentro da Comédia Humana, se detinha nas características romanticas de terceira fase, com um pé já dentro do realismo.
 
Pescaldo disse:
É fácil galera confundir o Romantismo com os folhetins burgueses que tanto são reproduzidos por aí. Porém, mais forte que isso, a marca do romântico é o trágico, a morte, o sofrimento. Alguns estudiosos sustentam (e com uma boa base para tal) que ainda não saímos do Romantismo, afinal, se parar para pensar bem, a maioria das obras de hoje de todo o mundo artístico ainda é romântica.

[align=justify]Não sei se estou errado, mas, independentemente da qualidade, folhetins são considerados literatura romântica, não é? (não estou sendo sarcástico, antes que pensem que estou querendo polemizar, é que realmente fiquei em dúvida agora)
Quanto a temática trágica, a morte, o sofrimento, a angústia, a desilusão, tanto amorosa quanto "social" e até mesmo "filosófica", concordo contigo Pescaldo, pois esse, pelo menos a meu ver, é o cerne da literatura romântica, é o principal diferencial dela em relação às outras. E creio que isso é decorrente, em grande parte, por conta da situação histórica que esses escritores vivenciavam, conforme eu havia postado anteriormente.[/align]
 
Lucas_Deschain disse:
[align=justify]Não sei se estou errado, mas, independentemente da qualidade, folhetins são considerados literatura romântica, não é? (não estou sendo sarcástico, antes que pensem que estou querendo polemizar, é que realmente fiquei em dúvida agora)
Quanto a temática trágica, a morte, o sofrimento, a angústia, a desilusão, tanto amorosa quanto "social" e até mesmo "filosófica", concordo contigo Pescaldo, pois esse, pelo menos a meu ver, é o cerne da literatura romântica, é o principal diferencial dela em relação às outras. E creio que isso é decorrente, em grande parte, por conta da situação histórica que esses escritores vivenciavam, conforme eu havia postado anteriormente.[/align]

Expressei-me mal. Eu quis dizer que costumam limitar a principal herança do romantismo o romance folhetinesco, um erro bastante comum.

-Arnie- disse:
Vicor Hugo, com seu livro Os Miseráveis, e Balzac, e Stendhal são todos românticos mais engajados com a realidade social. Mesmo Balzac, que já deve ter feito de tudo um pouco dentro da Comédia Humana, se detinha nas características romanticas de terceira fase, com um pé já dentro do realismo.

Sim, mas formalmente falando, a terceira fase é algo exclusivo ao Brasil. Obviamente que outros autores pegam elementos de aqui e acolá e nunca são limitados pela sua escola literária (Camões que o diga).
 
Pescaldo disse:
Expressei-me mal. Eu quis dizer que costumam limitar a principal herança do romantismo o romance folhetinesco, um erro bastante comum.

[align=justify]Ah, tá. Realmente é um erro que acontece muito. Nas próprias aulas de Literatura que tive na escola. Apesar da professora não restringir o movimento romântico a folhetins, a apostila dava um peso grande nessa produção, talvez supervalorizando-a em detrimento das outras. O que senti falta ao estudar Romantismo na colégio foi justamente aprofundar-se nas obras e autores românticos internacionais, ficamos quase só em Literatura Brasileira.[/align]
 

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