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[Rodovalho][coração de máquina][M]

Rodovalho

Usuário
Autor: Luís Henrique Rodovalho
Gênero: Emocore
Título: coração de máquina

receba abraços de estátuas de gelo
com sua frieza calculada como ângulos retos
utilizando a precisão das ciências exatas
e a insanidade das idéias fixas.


me receba de braços abertos
e punhos fechados batendo forte no coração duro
herança inevitável de dias piores
de um passado que não passou.


então me abraça forte
e dê partida no meu coração de máquina
mas tome todo cuidado pra ...


não ter noção da própria força
é tê-la toda concentrada na indelicadeza
destruindo tudo a que se agarra
destruindo tudo o que se ama
odiando a si mesmo por não ter jeito
de segurar sem quebrar coisas frágeis
sem conhecer a ternura de um beijo
por não saber sentir


então me abraça forte
e dê partida no meu coração de máquina
mas tome todo cuidado
pra primeira vez não ser a última
quero que saiba,
o coração pulsante que não se sente é apenas um músculo
é o coração de uma máquina


então me abraça forte
mas, por favor, tome todo cuidado
com meu coração de máquina.
 
Rodovalho chutando o pau da barraca! Gostei do poema :D

Lembrou-me o soneto X de Rilke: "The Machine endangers all we have made." (estou sem minhas edições por perto =/)

Sob luz do seu poema, isso parece se dar para com as relações humanas, onde hoje se faz utilizando a precisão das ciências exatas.

Gostei desses versos:

(...)
herança inevitável de dias piores
de um passado que não passou.
(...)
não ter noção da própria força
é tê-la toda concentrada na indelicadeza

Achei que eles demonstram bem o caráter de construção que a máquina implica, como se o ser humano não estivesse acostumado a ser um produto de uma construção exterior a si mesmo (ele já se acostumara com a construção interna, a construção mental).
 
O problema dos robôs é que eles não têm pele. Incapazes de sentir o contato, sem ter a noção da própria força. Um ser vivo de carne e osso perdido numa linha de montagem industrial poderia ser estraçalhado se fosse abraçado por um robô.

Acabei de ler esse soneto do Rilke. Ele temia tanto que as máquinas dominassem o dia a dia do ser humano! Tentou expressar que havia algo mais além desses construtos que dominam ao invés de obedecer. Hoje somos integrados com as máquinas, inclusive socialmente. Meu poema é mais sobre o homem máquina que tenta ter um coração sentimental, ao invés de músculo. Espero que a humanidade não perca aquilo que Rilke via apesar da Revolução Industrial.
 
chip véi

Pane no sistema, alguém me desconfigurou
Aonde estão meus olhos de robô?
Eu não sabia, eu não tinha percebido
Eu sempre achei que era vivo
Parafuso e fluído em lugar de articulação

Até achava que aqui batia um coração
Nada é orgânico, é tudo programado
E eu achando que tinha me libertado
Mas lá vem eles novamente
E eu sei o que vão fazer:
Reinstalar o sistema

Pense, fale, compre, beba
Leia, vote, não se esqueça
Use, seja, ouça, diga
Tenha, more, gaste e viva
 
Esse poema (musica) do Rodovalho me fez recordar "A Máquina do Mundo":D Drummond. jlm lembrou da pitty( mesmo ritmo, melodia, ou foi por causa do comentário acima?) :think:.cada cabeça tem uma sentença:lol:
 
Última edição:
a sacanagem é pura sacanagem da cris. foi livre associação mesmo.
 

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