Maglor
Lacho calad! Drego morn!
Re: REUNI - Prog. de Apoio a Planos de Reestrut. e Expansão das Universidades Federai
Deriel, parece um detalhe, mas é importante: não é uma lei, é um decreto. Decreto é um ato do presidente, administrativo; lei passa pelo Congresso. Um decreto até pode ser democrático, se ele for debatido amplamente antes de ser assinado, mas não foi o caso. Veio de cima para baixo, o Ministério oferecendo uma grana pra quem concordar com o projeto e se comprometer a cumprí-lo.
Eu tenho a impressão de que só não foi implementado de uma vez porque as universidades têm autonomia administrativa (e nem o presidente pode passar por cima). Parece que a idéia era de aumentar bastante o acesso ao ensino superior público (o que é excelente), mas não está sendo feito do jeito correto, que é de fato destinando verbas, com discussão do projeto, debate amplo de como pretendem aumentar tanto as vagas em cinco anos, de como funcionariam os "bacharelados por área", de como na prática a evasão diminuiria tanto etc.
O que você disse é exatamente uma grande parte do problema: o decreto é vago, não diz a que veio. Não estabelece nada concreto, só metas, normas programáticas. O que ele diz é o óbvio, o tipo de coisa que qualquer pessoa deseja, não precisa o Ministério da Educação dizer que a evasão tem que diminuir, que o ensino superior tem que ser incrementado, democratizado, que precisamos de assistência estudantil. Isso todos nós sabemos, falta o "como". O decreto coloca metas boas demais para, assim quase do nada, em cinco anos, tudo ficar bom.
Talvez engenharia não seja o melhor exemplo, Feanari, porque os cursos de engenharia já costumam ter um "ciclo básico" que todos fazem, e depois optam por engenharia química, mecânica, elétrica etc. Mas pelo que eu entendi, a idéia seria de transformar todos os cursos em algo assim. Eu até acho que seria legal, desde que respeite as especificidades de cada curso. Em humanas, quase todos estudam filosofia e sociologia nos primeiros períodos, mas a abordagem de quem estuda Direito não é a mesma de quem estuda Geografia, por exemplo. Três anos de um curso de "humanidades" deve ser demais, mas um ou dois semestres eu acho que pode ser bom.
O problema de vir de cima é que a discussão não pôde ser feita antes. Mas ele é submetido a cada instituição de ensino superior, que pode ou não adotar o Reuni.
Sem sarcasmo, vamos lá. Diz no §1º do art. 1º: "O Programa tem como meta global a elevação gradual da taxa de conclusão média dos cursos de graduação presenciais para noventa por cento".
O objetivo de diminuir a evasão é nobre, e aumentar as vagas também, mas a previsão de orçamento não só é obscura, ela quase certamente é insuficiente. O art. 3º, §1º diz que o aumento de verbas é de até 20%, contingenciado à capacidade do ministério (§3º).
Ou seja, não há nenhuma garantia de que as verbas serão suficientes para a expansão prevista. Hoje em dia a maioria das federais tem uma assistência estudantil insuficiente. A evasão que queremos combater tem como motivo justamente isso: falta de assistência. Não adianta colocar o estudante na universidade se ele não tem como permanecer. Esse limite de vinte por cento seria insuficiente para hoje em dia, sem o Reuni; imagina as universidades de hoje em dia, já precárias, com ainda mais estudantes, e sem a verba necessária.
Além disso, a proporção de até um professor para 18 alunos que o decreto prevê parece boa, mas é ruim também. Posso falar da UFF, que é onde eu conheço os dados: a falta de professores estimada é bem grande, e temos uma proporção de 1/14; se a proporção diminuir ainda mais, com mais estudantes em sala de aula, sem o aumento necessário de docentes, a qualidade do ensino vai ser comprometida sim.
E mais: como as universidades terão que cumprir as metas de expansão a que se comprometerem nos seus projetos, com verbas contingenciadas, fica o questionamento sobre como se pode garantir que os estudantes vão permanecer e serem aprovados nos cursos. Daí que nasce a idéia do "passe qualquer um", como você disse (essa idéia eu acho exagerada, porque os professores não vão aprovar estudantes por decreto, mas não elimina a falha do projeto).
É um aumento orçamentário absoluto, mas não proporcional. Eu até quero acreditar que o governo tenha boas intenções, mas simplesmente não dá pra crer que em cinco anos, com um aumento incerto e insuficiente de verbas, o ensino superior vai se transformar qualitativamente. Ensino superior de qualidade não se constrói assim.
Fica até estranho, porque a gente vê o seguinte: o governo sabe que as verbas de hoje em dia são poucas, que as universidades estão sucateadas; e ele demonstra que tem grana, tanto que oferece por meio desse decreto. Algum dinheiro pra melhorar a estrutura das federais o governo tem (claro que tem), mas só ganha o dinheiro quem aderir ao decreto.
É essa a revolta? Sério? Tão invaidando reitoria por isso? Por favor, voltem a falsificar carteinha estudantis que é melhor.
Eu li a Lei. Não diz nem desdiz nada. Por favor, mais informações além do "aumentar fila de bandejão". Por favor, tentem desfazer a imagem de universitário retardado, que tá dando a parecer.
Alguém, por favor, tem alguma base pra tal revolta contra o REUNI, cuja lei nem diz a que veio?
Deriel, parece um detalhe, mas é importante: não é uma lei, é um decreto. Decreto é um ato do presidente, administrativo; lei passa pelo Congresso. Um decreto até pode ser democrático, se ele for debatido amplamente antes de ser assinado, mas não foi o caso. Veio de cima para baixo, o Ministério oferecendo uma grana pra quem concordar com o projeto e se comprometer a cumprí-lo.
Eu tenho a impressão de que só não foi implementado de uma vez porque as universidades têm autonomia administrativa (e nem o presidente pode passar por cima). Parece que a idéia era de aumentar bastante o acesso ao ensino superior público (o que é excelente), mas não está sendo feito do jeito correto, que é de fato destinando verbas, com discussão do projeto, debate amplo de como pretendem aumentar tanto as vagas em cinco anos, de como funcionariam os "bacharelados por área", de como na prática a evasão diminuiria tanto etc.
O que você disse é exatamente uma grande parte do problema: o decreto é vago, não diz a que veio. Não estabelece nada concreto, só metas, normas programáticas. O que ele diz é o óbvio, o tipo de coisa que qualquer pessoa deseja, não precisa o Ministério da Educação dizer que a evasão tem que diminuir, que o ensino superior tem que ser incrementado, democratizado, que precisamos de assistência estudantil. Isso todos nós sabemos, falta o "como". O decreto coloca metas boas demais para, assim quase do nada, em cinco anos, tudo ficar bom.
ah, mas a USP já é meio assim....
O aluno que quer fazer engenharia em São Paulo presta pra POLI, faz dois anos de matérias gerais para engenheiros e depois, baseando no rendimento, pode escolher que área que quer ^^'
Talvez engenharia não seja o melhor exemplo, Feanari, porque os cursos de engenharia já costumam ter um "ciclo básico" que todos fazem, e depois optam por engenharia química, mecânica, elétrica etc. Mas pelo que eu entendi, a idéia seria de transformar todos os cursos em algo assim. Eu até acho que seria legal, desde que respeite as especificidades de cada curso. Em humanas, quase todos estudam filosofia e sociologia nos primeiros períodos, mas a abordagem de quem estuda Direito não é a mesma de quem estuda Geografia, por exemplo. Três anos de um curso de "humanidades" deve ser demais, mas um ou dois semestres eu acho que pode ser bom.
Mas não adianta muito fazer todo um auê apenas na facul de vocês. O decreto, tosco e nada elucidativo, está assinado. A não ser que algum deputado leve a questão para o plenário e altere o decreto por força da Câmara, não vai adiantar gritar com o reitor. A cajadada tá vindo de cima.
O problema de vir de cima é que a discussão não pôde ser feita antes. Mas ele é submetido a cada instituição de ensino superior, que pode ou não adotar o Reuni.
Agora só falta tu postar por aqui que o REUNI é um projeto que estabelece o "passe todos, passe qualquer um" na Universidade para chegar a um nível elevado de conclusão média. Eu pergunto onde está a base para isso? Tcharam! Não tem nenhuma!
Sem sarcasmo, vamos lá. Diz no §1º do art. 1º: "O Programa tem como meta global a elevação gradual da taxa de conclusão média dos cursos de graduação presenciais para noventa por cento".
O objetivo de diminuir a evasão é nobre, e aumentar as vagas também, mas a previsão de orçamento não só é obscura, ela quase certamente é insuficiente. O art. 3º, §1º diz que o aumento de verbas é de até 20%, contingenciado à capacidade do ministério (§3º).
Ou seja, não há nenhuma garantia de que as verbas serão suficientes para a expansão prevista. Hoje em dia a maioria das federais tem uma assistência estudantil insuficiente. A evasão que queremos combater tem como motivo justamente isso: falta de assistência. Não adianta colocar o estudante na universidade se ele não tem como permanecer. Esse limite de vinte por cento seria insuficiente para hoje em dia, sem o Reuni; imagina as universidades de hoje em dia, já precárias, com ainda mais estudantes, e sem a verba necessária.
Além disso, a proporção de até um professor para 18 alunos que o decreto prevê parece boa, mas é ruim também. Posso falar da UFF, que é onde eu conheço os dados: a falta de professores estimada é bem grande, e temos uma proporção de 1/14; se a proporção diminuir ainda mais, com mais estudantes em sala de aula, sem o aumento necessário de docentes, a qualidade do ensino vai ser comprometida sim.
E mais: como as universidades terão que cumprir as metas de expansão a que se comprometerem nos seus projetos, com verbas contingenciadas, fica o questionamento sobre como se pode garantir que os estudantes vão permanecer e serem aprovados nos cursos. Daí que nasce a idéia do "passe qualquer um", como você disse (essa idéia eu acho exagerada, porque os professores não vão aprovar estudantes por decreto, mas não elimina a falha do projeto).
Lordpas disse:Sinceramente, eu não entendo como algo que não muda nada no orçamento de nenhuma universidade, não é OBRIGATÓRIO, não altera a autonomia de nenhum ente público, é um "plus" orçamentário e tudo o mais pode representar tanto fuzuê.
É um aumento orçamentário absoluto, mas não proporcional. Eu até quero acreditar que o governo tenha boas intenções, mas simplesmente não dá pra crer que em cinco anos, com um aumento incerto e insuficiente de verbas, o ensino superior vai se transformar qualitativamente. Ensino superior de qualidade não se constrói assim.
Fica até estranho, porque a gente vê o seguinte: o governo sabe que as verbas de hoje em dia são poucas, que as universidades estão sucateadas; e ele demonstra que tem grana, tanto que oferece por meio desse decreto. Algum dinheiro pra melhorar a estrutura das federais o governo tem (claro que tem), mas só ganha o dinheiro quem aderir ao decreto.