RESIDENT EVIL 2 (Alexander Witt, 2004) é uma bagunça total, esp. durante o primeiro ato; começa direto na ação, o que seria louvável se algum suspense e/ou identificação fosse criado - não é o caso: personagens são apresentados um atrás do outro e vão sendo sistematicamente exterminados um atrás do outro (não há uma cena onde mais de um "herói" morra) antes que possam demonstrar qualquer traço de personalidade - até os primeiros nomes do elenco têm a espessura de uma folha de papel (a única possível exceção sendo a própria Alice - sim, os poderes serviram pra alguma coisa).
As atuações me lembraram aquela apresentação do primeiro Resident Evil do Playstation (quem já jogou sabe do que eu estou falando), os diálogos são cheios de resmungos genéricos ("Fuck orders!"; "These are our people!"; etc), pessoas agem como completos imbecis o tempo todo - a Jill é esperta o suficiente pra se virar numa situação com vários inimigos, mas é estúpida (ou talvez irresponsável) o suficiente pra mandar uma repórter que nunca segurou uma arma procurar o McGuffin da trama
sozinha em uma
escola, onde certamente a maioria dos zumbis seriam
crianças, nas quais elas certamente não teria sangue-frio de atirar (adivinha o que acontece depois).
Oded Fehr interpretou um árabe em "A Múmia" e agora se chama "Carlos Oliveira" (estrangeiro é tudo igual, afinal), e você sempre pode contar com um
negro para garantir alívio cômico (o desse filme tem duas pistolas douradas, grita "10 points!" ao atropelar um morto-vivo e bate o carro porque ficou olhando tempo demais pra duas zumbis-prostitutas - um toque de classe).
Pra não dizer que
nada prestou, o primeiro confronto Alice x Nemesis foi suficientemente empolgante - a primeira vez que o filme causou uma reação em mim (além das óbvias reações causadas pela Sienna Guillory de microssaia) foi quando o Nemesis analisou a Alice e concluiu que ela representava uma "ameaça moderada" - o monstrengo fica
puto (já que até um esquadrão da STARS é apenas uma "ameaça mínima" pra ele), e isso foi cool. Não que se trate de um antagonista particularmente interessante, visto que em termos visuais ele ficou tão mal feito quanto o resto (o filme tem um dos piores usos de CGI que eu já vi), e a luta final foi uma das cenas mais mal-montadas da história do cinema - não dá pra entender
nada.
Direção e montagem em geral totalmente
medíocre, nenhum estilo ou atmosfera, inteligência da platéia freqüentamente subestimada via flashbacks completamente desnecessários do primeiro filme, etc, etc, etc. O epílogo não foi tão ruim, mostrando a Umbrella como um "Governo Secreto"
à la X-Files, mas é a única hora em que o filme esbarra em um subtexto, e consiste basicamente de umas quatro reviravoltas espremidas em uns cinco minutos, sendo que todo o resto do filme é porrada, tiros e explosões.
O mais triste é ver algumas possíveis boas idéias sendo completamente desperdiçadas - a cena nos portões da cidade, por exemplo, tinha potencial pra ser ultra-tensa, e a parte da irmã do padre poderia até ser aterrorizante, mas a podridão geral da direção não tornou isso possível. Lição que os realizadores aprenderam assistindo Power Rangers: se você esconder a cara dos soldados inimigos, é possível usar os mesmos dublês várias vezes
E desumanizá-los o suficiente para que os heróis os matem sem culpa.
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