Bem, que os valores cristãos e a formação religiosa de autor influenciaram na obra é claro, é fato. O que eu acho mais interessante é ver certas simbologias e paralelismos na obra com a religião cristã. Claro, o universo sendo criacionista e monoteísta, com Ilúvatar sendo Deus e Melkor o anjo caído é um paralelo claro. Mas se pararmos para pensar, a própria jornada de Frodo, que trava uma batalha não feita de guerra, mas sim de carregar um fardo pesado que lhe é imposto pelas circunstancias do mundo em que vive é um símbolo, um paralelo com a trajetória de Jesus. Um fardo que apenas ele sozinho poderia carregar e ninguém mais. Durante sua jornada Frodo fica esgotado e precisa de ajuda para continuar sua jornada, já não pode carregar o Um. Sam precisa carregá-lo por uma parte da jornada. O mesmo acontece na Bíblia, onde Jesus é forçado a carregar a cruz até o alto de uma montanha (outro paralelo simbólico, representado na obra pela Montanha da Perdição). Durante a jornada as forças de Jesus se esgotam, e os soldados romanos ordenam a um transeunte que ajude Jesus a carregar a cruz (Simão, que até lembra um pouco o nome Sam). A "vitória" de Jesus é marcada pela misericórdia, quando Jesus no seu último instante olha para os céus e diz "Pai, perdoai-vos. Eles não sabem o que fazem". Também a vitória de Frodo se dá atravéz de sua misericórdia, pois é devido à misericórdia de Frodo para com Gollum que a destruição do anel como se deu foi possível. Enfim, são esses simbolismos que mais me chamam a atenção como provas da influência religiosa nas obras de Tolkien, e mais do que isso, a intensão do autor em reforçar esses símbolos e valores como algo bom e digno de divulgação. É como se, de certa forma, Tolkien quisesse espalhar esses conceitos, reforçá-los, divulgá-los.