Nossa cultura valoriza o que é útil, imediato, transitório. É uma cultura educacional basicamente positivista, que dá grande ênfase à matemática e a seus cálculos aplicados a várias disciplinas. A abordagem humana das mesmas disciplinas é recente, como é recente coisas como acompanhamento pedagógico, psicológico e físico.
PÁRA TUDO...
Verifique o Enem, a Lei de Diretrizes e o que o MEC quer.
Desculpe desfazer sua doce ilusão. Não é a matemática, ou exatas a culpada pelo imediatismo.
E o "positivismo" não é uma filosofia iluminista/iluminoob do século dezoito ou dezenove.
"Interessante brinquedo, sr. Faraday/Franklin, mas não vejo nenhuma utilidade para ele"
Faraday/Franklin: "Também não vejo nenhuma utilidade para bebês. Mas mesmo assim os temos"
Não é a "ciência" (entenda-se exatas) a vilã.
Existe uma piada que circula nos campi a respeito das faculdades de educação no Brasil. Que os pesquisadores ali estão em uma torre de marfim, e nunca mais depois de Piaget nem sequer observam o comportamento lúdico dos próprios filhos, quanto mais das escolas/faculdades/supletivos/etc.
O que é o "aprovação automática", senão o entusiasmo de alguém que tem livre passagem pela Secretarias de Educação, e sem nem ao menos consultar os professores, resolveu que a avaliação deve ser um processo contínuo yaddayadda...
Claro que a classe dos professores é EXTREMAMENTE avessa a mudar suas rotinas. Portanto, a coisa mais idiota é esse negócio "up-down" da educação: um chefão decide adotar uma nova didática, e "capacita" com apostilas e alguns meses de "treinamento", força goela abaixo dos professores a nova ordem.
Fala sério: reciclar os professores é um trabalho de demandaria ANOS e não dois meses, ou uma apostila.
Era muito óbvio que essa política resultaria na distorção do sonho do idealista. Como é que conseguiriam manter a identidade do projeto original, se não explicam para os EXECUTORES detalhadamente tudo que será feito?
E por que falhou? Por que não contou com planejamento, uma estrutura para tornar real uma idéia (cadeira é uma idéia: tente torna-la realidade sem um bom projeto!)
Executor não é o secretário da educação, não é UM pedagogo com Ph.D em alguma porcaria estrangeira. São os milhares de professores, emburrados e nada convencidos que isso vai dar certo.
E essa pessoa é um "cientista puro", que não acha necessário nenhuma aplicação, nenhum método objetivo (ferramenta) para ajudar o professor a avaliar os alunos.
Onde que esse cara seria positivista? A meu ver seria mais um Dom Quixote vestido de "exterminador do futuro" (tinha uma figura do José Serra com metralhadora com esse rótulo na USP)
Se não é nada inteligente responder "porque sim Zequinha" para o aluno questionador e pentelho, porque seria inteligente obrigar (e não convencer) o órgão executor?
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O "positivismo" não é de hoje. Sempre a humanidade só quer saber da utilidade de qualquer conhecimento. É a pergunta mais repetida por todos os 6 bilhões de seres humanos na Terra e todos os que já morreram.
Por isso que comentei "triste, mas o mais triste é que 99% dos usuários aqui vai cometer o mesmo erro".