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"Raízes do Brasil" (Sergio Buarque de Holanda)

Paulo

Cabeça de Teia
Provavelmente o maior clássico das ciências sociais brasileiras. Parece uma boa pedida para inaugurar esse sub-fórum e, não por acaso, reúne aquela característica comuns às grandes obras (e aos grandes autores): não se limita à uma área da conhecimento. Raízes do Brasil é um clássico para a história, sociologia ou antropologia? Acredito que seja um clássico para as ciências sociais como um todo.

Vou colar aqui uns trechos de uma resenha que escrevi sobre o livro.

Ao longo dos sete capítulos de Raízes do Brasil, Buarque de Holanda expõe conceitos e aspectos da mentalidade e cultura tanto ibérica quanto brasileira, que ao final do livro integram-se para construir um fiel retrato do Brasil de 1936 e, surpreendentemente, de hoje também. A opção do autor, à princípio, parece ser por uma linha narrativa sincrônica, mas percebe-se que o diacrônismo também tem papel importante no livro. Ou seja, ao mesmo tempo em que Buarque faz opções por temas, como “Trabalho e Aventura” ou “A Herança Rural”, não abandona por mais do que instantes sua linha cronológica, iniciada no “descobrimento” e que caminha até meados do século XIX.

Adquire destaque na construção do livro a opção do autor por buscar em um medievo tardio ibérico algumas das raízes do país em formação.

Sérgio Buarque de Holanda inicia sua análise das raízes do Brasil através de um viés, em grande parte psicológico, da Europa – principalmente da península ibérica – do século XVI e XVII. Uma justificativa é dada logo no início do capítulo para essa escolha, expressa no trecho “Trazendo de países distantes as nossas formas de convívio, nossas instituições, nossas idéias, e timbrando em manter tudo isso em ambiente muitas vezes desfavorável e hostil, somos ainda hoje uns desterrados em nossas terras” (p. 31). O autor faz opção por um estudo centrado principalmente na relação com o trabalho cultivada por essas sociedades. Ou seja, uma clara concepção do trabalho manual como algo degradante e repulsivo e que obtém argumentos até mesmo religiosos para sustentar esta posição. O principal ponto de Buarque de Holanda neste capítulo é relacionar as estruturas mentais ibéricas com o resultado brasileiro, fruto de vários outros processos, sejam estes de esfacelamento ou fortalecimento.

O argumento mais famoso da obra, com freqüência mal interpretado, é referente ao conceito de homem cordial.

O quinto capítulo, “O Homem Cordial”, possivelmente o mais famoso da obra, aborda características psicológicas do homem brasileiro que parecem presentes ainda hoje. A questão inicial é relativa a oposição Estado e família. O autor destaca que, ao contrário do que o senso comum pensa, o primeiro não é uma extensão do segundo, mas seu ferrenho opositor. No entanto, torna-se complicado no Brasil um predomínio do Estado frente a uma instituição como a família, base da sociedade brasileira.

A questão que dá o título ao capítulo revela como por detrás de uma máscara de homem cordial, o brasileiro tenta adequar-se a determinados ritos, na maioria das vezes tornando-os mais flexíveis. O autor destaca a questão dos nomes e sobrenomes, onde na maioria das vezes o segundo é deixado de lado em nome do personalismo tão característico dos brasileiros. Assim como acontece com a religião, que dá lugar a religiosidade superficial, longe de qualquer extremismo.


Por fim, acredito que a importância da obra, ainda hoje, resida nos seguintes aspectos:

Ler Raízes do Brasil configura-se como apreender um retrato do Brasil e de determinadas estruturas ainda hoje vigentes. Compreender a origem de algumas características que ainda desempenham papel fundamental na personalidade do brasileiro. A profundidade da obra em questões de extrema importância faz pensar se esta não deveria ser leitura indicada fora das universidades. Talvez, desta forma, o abismo que existe entre escola e universidade, flagrante em algumas das questões levantadas por Sérgio Buarque de Holanda diminuísse com maior rapidez. No entanto, merece destaque o caráter inovador da obra, frente a uma História positivista e factual, apresentando ao Brasil a história social, par da Antropologia e da Sociologia.
 
RE: HOLANDA, Sérgio Buarque de - Raízes do Brasil (1936)

Postagem das melhores. Fiquei pensando porque não comentei e como me escapou, até perceber que eu ainda não morava aqui. :gira:
 
RE: HOLANDA, Sérgio Buarque de - Raízes do Brasil (1936)

Morro de vontade de ler esse livro!!!!!! Juro!!!!! Ele está na lista da bibliografia básica para o concurso de diplomatas do Instituto Rio Branco! Wowwwww
 
RE: HOLANDA, Sérgio Buarque de - Raízes do Brasil (1936)

kuinzytao disse:
Postagem das melhores. Fiquei pensando porque não comentei e como me escapou, até perceber que eu ainda não morava aqui. :gira:

Também achei uma ótima postagem e também não morava aqui :lol: na época...

Já tinha ouvido falar do Sérgio Buarque de Holanda, muito bom mesmo, e esse livro, só pelo que já foi apresentado no tópico parece ser muito bom, esse lance do reflexo da sociedade de 1936 na de hoje é muito interessante, além dessa busca de características ibéricas para explicar as brasileiras.
 
RE: HOLANDA, Sérgio Buarque de - Raízes do Brasil (1936)

Eu lembro de ter lido na época que cursei Letras.
O que achei interessante é a maneira que o autor descreve mesmo "as raízes do Brasil"e faz com que o livro seja imprescindível para entender como foi, como é e como está o Brasil hoje.
Até o "jeitinho brasileiro de ser".
 
RE: HOLANDA, Sérgio Buarque de - Raízes do Brasil (1936)

yey... decobri esse livro aqui em casa! eeeeeeeeeeeeeeeeeeee
eeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeee
eeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeee
eeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeee
eeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeee
 
RE: HOLANDA, Sérgio Buarque de - Raízes do Brasil (1936)

Não tenho em casa só resumos e anotações.
 
Resgatando o tópico:

Acabei de ler o pequeno livro A Viagem a Nápoles, e única obra de ficção, do Sérgio Buarque de Holanda, recém-republicado pela Editora Terceiro Nome, e achei fantástico.
Foi escrito e publicado em 1931 (5 anos antes de publicar o supracitado Raízes do Brasil), quando o autor estava imerso nos círculos modernistas tanto no Rio de Janeiro como em Berlim - onde escreveu boa parte do livro. É uma viagem surrealista de bom gosto. Recomendo.
 

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