Reinhard disse:
kuinzytao disse:
Ele defende que o estudo de literatura só será socialmente relevante no Brasil quando ele for feito com base em antropologia, sociologia, psicologia, história, teoria da comunicação e até economia.
Estudos literários na verdade não deveriam se concentrar justamente nessas áreas citadas por ele, pois via de regra esse tipo de abordagem apenas usa o texto literário como muleta para justificar determinada ideologia do "crítico" (vide a "crítica marxista", por exemplo).
Dai-me paciência...
Não só a literatura deveria se expandir por outras áreas como a psicologia, história, etc, como a biologia, a física, a economia, a sociologia deveriam também se livrar do fetiche do objeto específico de estudo...
Os "estudos literários" não deveriam ter medo das outras áreas... a literatura sobrevive a elas...
Concordo que não deve haver uma subordinação do objeto com propósitos de argumentação (tipo, como a "crítica marxista" faz - ainda que não toda ela), mas fecha-la em si por preciosismo (ou por pretenção a ciência) só a torna algo fraco, um bijuteria... Não que ela tenha que ser útil como uma pá, mas com certeza ela é capaz de elucidar muita coisa (ou complicar - o que é quase melhor em tempos de simplificação)...
Deleuze usa a literatura para fundar uma teoria da lógica, destruindo uma anterior; Foucault e Derrida vão mostrar as falhas da psicanálise em Queneau e Artaud; Latour critíca o "desvelamento" eurocentrico da antropologia a partir de autores indianos... Não reconheço nesses casos o uso da literatura como muleta...
Nossos departamentos são traumatizados... eles querem ser reconhecidos como científicos, como áreas de conhecimento específicas... Esse fechamento é uma espécie de mágoa... Afinal, a Matemática, a Física, a Sociologia, etc lidam com números e, afinal, quem vai contrariar os números???
Mas, por maiores esforços que façam, é sempre bom lembrar de Elias Canetti: "A Ciência é a Arte de ignorar"