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Quantas palavras por dia?

Na sua opinião, quantas palavras por dia um aspirante a escritor deveria se forçar a escrever, como uma boa prática?

Outra, vc acha que deveria escrever vários contos ao mesmo tempo como dizem alguns professores de escrita criativa ou deve se focar exclusivamente em um até terminá-lo, de forma mais refinada possível?

E... como vc trabalha com descrições de locais e psicológicas de personagens? Pode citar referências de livros ou técnicas?
 
Olha, tem um livro que veio parar na minha estante há uns meses que se chama "O Fim da Aventura", de Graham Greene. Comprei num sebo (pra variar, né... e por $0,50, pra variar de novo) só porque tinha uma recomendação do Faulkner, porque nunca vi esse tal de Greene mais gordo. No livro, o protagonista é um escritor, e há uns highlights da profissão esparramados pelo texto. O escritor-personagem diz que se força a escrever 500 palavras por dia pra ter um romance por ano. Não parece mau...
 
acho q o importante ñ tá na qtd d palavras por dia e sim na regularidade. uma frase, 1 parágrafo, uma página ou 10, ñ importa, oq importa é q vc escreva.
 
Na sua opinião, quantas palavras por dia um aspirante a escritor deveria se forçar a escrever, como uma boa prática?

Eu vario entre opostos, às vezes chego a escrever até 1500-2000 palavras por dia e às vezes passo dias sem tocar num texto ou então escrevendo uma frase por dia. Não tem muito a ver com inspiração, mas com a dedicação de trabalhar o texto. Eu acho que quando você se dedica a X palavras por dia o resultado é melhor.

Outra, vc acha que deveria escrever vários contos ao mesmo tempo como dizem alguns professores de escrita criativa ou deve se focar exclusivamente em um até terminá-lo, de forma mais refinada possível?

Pra mim, funciona melhor escrever um conto de cada vez. Assim eu consigo terminar um texto de acordo com o que eu me propus no início, mesmo que você só trabalhe nele esporadicamente. Já tentei escrever mais de um conto ao mesmo tempo e acabo ficando com vários rascunhos inacabados.

E... como vc trabalha com descrições de locais e psicológicas de personagens? Pode citar referências de livros ou técnicas?

Não conheço nenhum livro que entre na parte mais técnica da escrita. Até gostaria de saber.
 
Outra, vc acha que deveria escrever vários contos ao mesmo tempo como dizem alguns professores de escrita criativa ou deve se focar exclusivamente em um até terminá-lo, de forma mais refinada possível?

O Bolaño diz pra escrever nove, dez contos ao mesmo tempo. Eu não tenho essa capacidade nem sonhando, sou amadora com força e com gosto, me custa mt ter paciência pra amadurecer um texto. Daí escrevo um por vez, mas tenho uns quantos que querem crescer e continuar a história, mas, sei lá, não rolou ainda.

E... como vc trabalha com descrições de locais e psicológicas de personagens? Pode citar referências de livros ou técnicas?
Pois é, acho que ainda não criaram nenhum tópico específico sobre construção de personagem... É um assunto interessante. Falando por alto, acho que o mais bacana é vc ler muito, muito mesmo, livros com descrições e com a construção de personagens do jeito q vc mais gosta. Familiarizar-se com bons exemplos é um começo. Transgredir os exemplos vem logo depois. hihihi

Mas, pronto. Eu sou amadora, não vai na minha onda porque de profissional eu só tenho o pitaco. XD
 
Acho que mais importante do que quanto tu escreve por dia é que tu seja capaz de trabalhar o teu texto (escrever, ler, reler, pensar, estruturar) com regularidade e com disciplina. E com entusiasmo. Eu *gostaria* de ser um escritor, mas eu sei que já de início me faltam dezenas de qualidades que um escritor precisa ter (entre elas essa capacidade de trabalhar o texto). Eu penso razoavelmente sobre o que eu escrevo, mas eu não trabalho nem estruturo o texto; quando eu escrevo, eu escrevo algo que saia de jorro (pelo menos um trecho que saia de jorro, nos contos mais longos são vários trechos que saem de jorro colados).

Quanto às descrições, procura ver como os teus autores preferidos fazem e tenta ver porque eles usam tal e tal técnica e não outra e se isso efetivamente funciona. Começa copiando estilos (não é vergonha) e vai pensando em como aquilo se encaixa no que tu escreve. Além da tua *voz* de escritor, tu tem que trabalhar a tua *visão* de escritor, pra decidir em que, entre a infinitude de detalhes possíveis, tu vai prestar atenção e tu vai levar o teu leitor a prestar atenção e *por que* tu vai prestar atenção/levar teu leitor... nisso, especificamente, como isso se junta organicamente no teu texto e que tipo de reações isso causa em ti como leitor e se é isso que tu quer que o teu leitor sinta. Tem aquela anedota do Tchekhov que eu não lembro com clareza, mas que fala de não descrever como a lua está brilhando, mas narrar o reflexo dela em um caco de vidro. Isso é útil pra te fazer pensar nas várias formas de passar a descrição pro teu leitor. Mas tu tem que ir além disso. Não basta encontrar formas alternativas de entregar pro teu leitor a mesma imagem. Pras descrições psicológicas, tu tem que conhecer os teus personagens, mas acho bom evitar descrições psicológicas padrão triste-feliz-irritado, de simplesmente abrir um corte no teu personagem e descrever sentimentos aleatórios. Duas narrações que envolvem fatores psicológicos que eu acho muito significativa são estas (ambas do David Foster Wallace, a primeira do Infinite Jest e a segunda do The Pale King (se tu perceber bem, ele não ataca diretamente questões psicológicas - e nisso o segundo trecho é bem ilustrativo -, ele mais joga informações que te levam a compreender os personagens)):

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"Mario havia se apaixonado pelos primeiros programas da Madame Psychosis porque ele sentia como se estivesse ouvindo uma pessoa triste ler em voz alta cartas amareladas que ela tinha tirado de uma caixa de sapatos em uma tarde chuvosa, coisas sobre decepções e pessoas que você ama morrendo e angústia estadunidense, coisas que eram reais. Era cada vez mais difícil encontrar arte válida que fosse sobre coisas que fossem reais dessa forma. Quanto mais velho Mario ficava, mais confuso ele ficava sobre o fato de que todo mundo na E.T.A. mais velho que o Kent Blott achava que coisas realmente reais eram desconfortáveis e ficavam sem graça. É como se tivesse alguma regra de que coisas reais só podiam ser mencionadas se todo mundo rolasse os olhos ou risse de uma forma que não era feliz. A pior coisa que aconteceu hoje foi no almoço quando Michael Pemulis contou a Mario que teve uma ideia para um serviço telefônico de Disque-Oração para ateus em que o ateu disca o número e a linha só toca e toca e ninguém atende. Foi uma piada e uma boa, e Mario entendeu; o que foi desagradável foi que Mario foi o único na mesa grande cujo riso foi um riso feliz; todos os outros meio que olharam para baixo como se estivessem rindo de alguém com deficiência."

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"A propósito, eu acredito mesmo que consciência é diferente de pensamento. Eu sou parecido com a maioria das outras pessoas, eu acredito, em que eu não penso meus assuntos mais importantes em largos blocos intencionais em que eu me sento ininterrupto em uma cadeira e sei previamente sobre o que eu vou pensar – como, por exemplo, “eu vou pensar sobre a vida e meu lugar nela e no que é verdadeiramente importante para mim, para que eu então possa formular objetivos concretos, focados, e planos para a minha carreira adulta” – e então sento lá e fico pensando a respeito até chegar a uma conclusão. Não funciona assim. Por mim, eu tendo a pensar meus pensamentos mais importantes em maneiras incidentais, acidentais, quase devaneios. Fazendo um sanduíche, tomando banho, sentado em uma cadeira de ferro forjado na praça de alimentação do shopping Lakehurst esperando por alguém que está atrasado, viajando no trem da CTA* e olhando ao mesmo tempo o cenário passando e o meu próprio reflexo pálido que o sobrepõe na janela – e de repente você percebe que está pensando sobre coisas que acabam sendo importantes. É quase o oposto da consciência, se você pensar a respeito. Eu acho que essa experiência de pensamentos acidentais é comum, se não talvez universal, embora não seja algo que você possa de alguma forma realmente falar sobre com alguém porque acaba sendo tão abstrato e difícil de explicar. Enquanto que em uma investida intencional de grande pensamento concentrado, quando você senta com uma intenção consciente de confrontar questões importantes como “eu estou feliz atualmente?” ou “com o que eu definitivamente me importo e no que eu acredito?” ou – particularmente se algum tipo de figura de autoridade tiver acabado de esmagar os seus sapatos – “eu sou essencialmente um tipo de pessoa que vale a pena e contribui ou uma pessoa à deriva, indiferente, nihilista?”, então as perguntas frequentemente terminam não respondidas mas mais como espancadas até a morte, tão atacadas de todos os ângulos e objeções e complicações de cada ângulo que elas acabam ainda mais abstratas e fundamentalmente mais sem sentido do que quando você começou.

* Chicago Transit Authority, eu acho."


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Outra coisa importante é lembrar que tu tá narrando um contínuo, que tu deve partir do princípio que as frações de realidade que tu tá narrando existem mesmo quando não estão sendo narradas, tu tem que ser capaz de passar essa sensação pro leitor. Eu lembro que a minha maior frustração ao ler o Areia nos dentes, do Xerxenesky, foi a sensação de que Mavrak não existia continuamente, que quando o autor dava atenção a ela, dois pares de personagens apareciam pra encenar a ação em frente a uma tela de chroma key e que quando o autor deixava de narrar, os personagens se recolhiam até o próximo ato, ou ainda que a ação só acontecia com os personagens que participavam dela, não existia nada *vivendo* arredor, e isso acabou com a leitura pra mim. Até discuti com um amigo, que dizia que isso podia ter sido proposital, porque o escritor-do-livro-dentro-do-livro era um principiante, e eu lembro de dizer que se alguém escreve um livro-escrito-por-um-escritor-ruim, então esse livro não merece ser lido.
 
Bom uma vez li um livro muito interessante do Isaac Asimov chamado, No mundo da Ficcção Científica. Bom o livro falavra sobre ficção cientifica em geral, mas havia uma parte bastante interessante sobre as tecnicas que ele usava para escrever. Na verdade eram mais conselhos do que tecnicas, porque ele começa logo dizendo que não existe uma fórmula mágica para se seguir e virar um escritor. Outro ponto interessante é que ele diz que para se ser um bom escreitor, tem-se que ser primeiramente um bom leitor. O conselho é leia o máximo possível, para que você consiga ter um senso critico decente do que os outros e você mesmo escreve. O por último, pratique.
O livro não é um guia, tipo guia de compras de roupas...mas é legal para quem quer se tornar escritor, e quer a opnião de alguem altamente reconhecido.
 
Outra coisa importante é lembrar que tu tá narrando um contínuo, que tu deve partir do princípio que as frações de realidade que tu tá narrando existem mesmo quando não estão sendo narradas, tu tem que ser capaz de passar essa sensação pro leitor. Eu lembro que a minha maior frustração ao ler o Areia nos dentes, do Xerxenesky, foi a sensação de que Mavrak não existia continuamente, que quando o autor dava atenção a ela, dois pares de personagens apareciam pra encenar a ação em frente a uma tela de chroma key e que quando o autor deixava de narrar, os personagens se recolhiam até o próximo ato, ou ainda que a ação só acontecia com os personagens que participavam dela, não existia nada *vivendo* arredor, e isso acabou com a leitura pra mim. Até discuti com um amigo, que dizia que isso podia ter sido proposital, porque o escritor-do-livro-dentro-do-livro era um principiante, e eu lembro de dizer que se alguém escreve um livro-escrito-por-um-escritor-ruim, então esse livro não merece ser lido.

Achei muito enriquecedor (enquanto escritor) esse seu comentário... Será que você poderia desenvolver mais didaticamente, se não for pedir muito, a parte sobre sua sensação da "farsa" de realidade da tal personagem?

Tudo bem, eu sei que escrever sobre sensações pode ser ingrato e bastante irreal, mas será que você poderia tentar? :pipoca:
 
Rahmati: é difícil explicar, porque é mais uma sensação do que uma análise. Mas a questão é que, tendo uma situação, existe uma infinidade de detalhes aos quais tu pode ou não dar atenção. Por exemplo, se tu narra uma cena em um apartamento, tu pode simplesmente roteirizar o que está acontecendo, tu pode narrar em primeira pessoa, tu pode dizer que lá fora se ouve uma sirene e dizer que isso faz um personagem lembrar de algo, tu pode simplesmente fazer um personagem lembrar de algo, tu pode citar acontecimentos externos àquele apartamento, pode citar acontecimentos anteriores, pode criar relações, etc. Nada disso é compulsório, tu pode escolher de que forma narrar e a que coisas tu quer dar atenção. Escolher dar atenção a coisas que melhorem o teu texto e que passem pro leitor uma sensação mais próxima àquela que tu quer passar é uma boa qualidade de um escritor. No caso do Areia, pra mim as coisas aconteceram muito linearezinhas e muito limitadinhas, era basicamente só a ação presente e "às vistas" que era narrada, além de um par de reminiscências aqui e ali, mas que de forma alguma conseguiram me transmitir algo de *real* (não "realista") naquela narrativa.
 
a impressão q tive foi q o xerxenesky se preocupou + em mostrar oq sabe sobre estilo e técnicas dq com a estória em si.
 
Concordo que não depende de quantidade, mas sim de frequência. E outra é legal criar seu estilo, experimentar e ver qual se encaixa melhor com você.
 
Ah, se estipular uma quantidade por dia ajudar na regularidade, então especifique e escreva...

A minha maior dificuldade é exatamente esta, regularidade. Reviso meus textos e sempre tenho a impressão que nunca ficarão bons, mas me falta a regularidade da escrita diária...

E mudando os bugalhos, surgiram muitos temas curiosos para serem discutidos como construção de personagem, enredo. Bora abrir os tópicos especificos galera...
 
Existem muitos livros sobre técnicas de escrita, principalmente em inglês. O problema é que uma coisa é o que funciona para o aspirante a escritor brasileiro e o "como deveria ser" de alguns professores que só discutem e inventam teorias. Eu quero saber o que funciona pra vc. Quero opinião.

Manu M. Obrigado. Então o que vc acha de reescrever trechos de Dostoiévski?


JLM, Uma frase é suficiente? Devo ir para o Twitter se quiser escrever um romance? :P


Wilson, mas será que esses rascunhos inacabados não são um poço de ideias para novos contos?


Rodrigo Lattuada, eu passo pelo mesmo que vc, a escrita de jorros... Tiro ideias até de bula de remédio às vezes, em outras nada acontece.

Em relação às descrições de locais, por exemplo, se eu quiser descrever o interior de uma catedral em detalhes, essas palavras específicas, onde eu posso encontrar? Existe algum dicionário de catedrais? Ou devo ir em uma e sair perguntando o que é cada coisa que há lá?
Quanto à descrição psicológica, entendo como sendo tudo que diz respeito a sensações e sentimentos, qualidades e defeitos. Diferente da física que basta vc visualizar.

Aqui tem um exercício interessante: http://cvc.instituto-camoes.pt/temas/dfisicapsicologica/dfisicapsicologica.html

Esses dias por acaso me deparei com um livro da Agatha Christie, se não me engano o título era Os Elefantes não Esquecem, em que praticamente por todo o primeiro capítulo, ela ficou falando de chapéus femininos. Achei um saco! Aquilo me desestimulou completamente a continuar o livro e então larguei. Não fazia parte do contexto, era pura encheção de linguíça! Teve um outro, se não me engano, Os Crimes ABC onde ela começa fazendo uma exaustiva descrição da água da chuva na grama. Sem contar que durante todo o livro, omitiu várias provas do leitor, chegando no final de forma que apenas o grande Hercule Poirot pôde destrinchar o crime. Odeio esse tipo de livro que não deixa pistas para o leitor descobrir por si o mistério.

Claro que citei exceções, me refiro a descrever locais e personagens com coisas que tenham sentido no contexto do conto ou livro. Imagina se tu fores descrever a vida de um padre e seu trabalho em uma igreja, mesmo que envolva um drama com outras pessoas, tu vai ter que em algum momento falar da igreja em detalhes. Pode ser qualquer coisa, um castelo por dentro, uma árvore, uma oficina mecânica, um supermercado, como funciona uma máquina de costura, uma determinada roupa de um cavaleiro da Idade Média...


Tayana, qual as suas sugestões para as minhas perguntas? Quantas palavras? Tu já tentou algo assim? Como... por uma semana, todos os dias, escrever mil palavras por dia. Já tentou?


Palazo, eu tenho problemas com regularidade, por isso estou pedindo a opinião de vcs. Quanto aos seus textos, o melhor é oferecer a outros e pedir que eles os critiquem pra vc.


Será que criar um blog aqui no Meia Palavra e escrever x palavras por dia, ajuda? Deve ajudar; Mas e quando vc está sem inspiração? Porque às vezes a inspiração é só um trecho, uma imagem de um(a) personagem, uma frase solta no meio do nada. E não vai adiante.
 
Manu M. Obrigado. Então o que vc acha de reescrever trechos de Dostoiévski?
Uai, um exercício criativo du bão seria imaginar como Guimarães Rosa reescreveria Dostoiévsky. Se algum neurônio me sobrasse, depois desse exercício eu me autodeclararia profissional e ainda exigiria indicação pro Nobel. :rofl:

Em relação às descrições de locais, por exemplo, se eu quiser descrever o interior de uma catedral em detalhes, essas palavras específicas, onde eu posso encontrar? Existe algum dicionário de catedrais? Ou devo ir em uma e sair perguntando o que é cada coisa que há lá?
Voltando àquele livro desconhecido "O Fim da Aventura": (é um triângulo amoroso, o narrador-personagem que é escritor, a mulher e o marido dela). O escritor conheceu a mulher porque estava fazendo uma pesquisa para seu romance. Um dos personagens que ele queria incluir no livro era um funcionário público, e o escritor se aproximou dela pra saber quais eram os hábitos do marido, desde rotina no trabalho até manias, enfim, ele foi fazer pesquisa de campo. É bem válido. (E deve ser super legal fazer isso)

Quanto à descrição psicológica, entendo como sendo tudo que diz respeito a sensações e sentimentos, qualidades e defeitos. Diferente da física que basta vc visualizar.
Mas tem a maneira de contar, que faz toda a diferença, né? Olha o que o Tchekov e o Cabral de Melo Neto dizem (Desculpa eu linkar pra tópicos que postei aqui antes, mas é que os acho realmente dignos de serem relembrados.)

Hmm... Não me leve a mal, tá bem? Mas achei meio infantilzinho...rs

Eh pah, descrição tem hora, lugar e propósito, né? O Machadão escreveu um conto sobre a agulha e o novelo e nem por isso ficou dissertando sobre linhas sintéticas, de algodão, de seda, fios duplos, a droga que é enfiar a linha no buraco da agulha quando o fio é partido sem ajuda de tesoura, os tipos de agulha e nhenhenhe. Sei que elogio em boca própria é vitupério, mas tem uma descrição que fico toda contentezinha por ter feito. XD É o começo desse conto, quase tudo é descritivo, mas só entrou o essencial pra dar clima do conto e do sentimento dos personagens. Acho que ficou bonzinho. E achei bacana também (embora pudesse ter feito melhor) lá pro fim haver uma retomada da descrição e re-significação de alguns objetos e isso ser a causa de um ponto de virada na ação do personagem. Pronto, cabô.

Aliás, uma coisa que me dei conta quando escrevi meu último conto. POr vezes é bom ter descrições dos gestos dos personagens entremeadas entre as falas. Isso ajuda o leitor a dar uma pausa, ou silêncios, aos personagens, sem precisar dizer que "Carol ficou muda, esperando". Quer dizer, eu imagino q sim, pra mim teve esse efeito, rs.

Será que criar um blog aqui no Meia Palavra e escrever x palavras por dia, ajuda? Deve ajudar; Mas e quando vc está sem inspiração? Porque às vezes a inspiração é só um trecho, uma imagem de um(a) personagem, uma frase solta no meio do nada. E não vai adiante.
Deve ajudar, sim, viu? Se vc animar, animo também. Agora vou ter tempo pra isso. Minha prof de literatura dizia que inspiração não existe, é só firula. Bora fazer um 500 Project? XD

Peraí: putz grila, falo mais que lavadeira, hein? Credo...
 
Deve ajudar, sim, viu? Se vc animar, animo também. Agora vou ter tempo pra isso. Minha prof de literatura dizia que inspiração não existe, é só firula. Bora fazer um 500 Project? XD

Certo, faremos uma dupla de dois então. E deixaremos a tampa da panela aberta... :sim:
Quem mais se interessa? Ou é cada um por si, aqui por estas bandas?
 
Rodrigo Lattuada, eu passo pelo mesmo que vc, a escrita de jorros... Tiro ideias até de bula de remédio às vezes, em outras nada acontece.

Em relação às descrições de locais, por exemplo, se eu quiser descrever o interior de uma catedral em detalhes, essas palavras específicas, onde eu posso encontrar? Existe algum dicionário de catedrais? Ou devo ir em uma e sair perguntando o que é cada coisa que há lá?
Quanto à descrição psicológica, entendo como sendo tudo que diz respeito a sensações e sentimentos, qualidades e defeitos. Diferente da física que basta vc visualizar.

Cara, tu tem que pesquisar. A pesquisa parece meio subvalorizada aqui no BR, né? Geralmente o pessoal pesquisa sobre o tema principal e o resto escreve como vier. Eu também faço isso, é cultural, e tem muito a ver com a marginalidade da literatura por aqui. Fazer isso já é fazer muito mais do que quase todo mundo. Mas se tu quer escrever sobre uma catedral, tu deveria *ter* que pesquisar a respeito. Não sei se existe um dicionário de catedrais, mas quando tu tá escrevendo sobre algo que tu não conhece, o melhor é procurar conhecer e *depois* escrever a respeito. Tu precisa de subsídios pra construir o teu texto, de informações, de palavras. Tu não vai conseguir pesquisar a fundo tudo o que tu quiser colocar no texto, mas tu tem que ver se o que tu sabe a respeito te permite escrever sobre. Se tu consegue visualizar em palavras uma catedral, então acho que tu tá bem. Se tu consegue visualizar a imagem de uma catedral mas não consegue transformar essa imagem em palavras, então te faltam instrumentos. Obviamente eu tô partindo do princípio de que tu tá escrevendo pra *outra pessoa* ler. Existe uma relação de respeito aí, um comprometimento, uma necessidade de escrever mais pra essa outra pessoa (mesmo que não identificada) do que pra ti, porque tu conhece os teus mecanismos internos, mas essa outra pessoa só vai ter acesso ao teu texto. Quando tu tá escrevendo tu tá sendo o sujeito ativo de uma relação com um possível leitor. Eu sei que esse é um terreno poroso, e eu não tô decretando que um escritor precisa necessariamente pesquisar exaustivamente sobre o que quer que queira escrever pra manter uma fidedignidade de informações, muitas vezes é possível escrever de forma intuitiva e conseguir um texto fantástico, mas acho que aí também tem a ver com alguma forma bem particular de *sentir* o texto.

Deve ajudar, sim, viu? Se vc animar, animo também. Agora vou ter tempo pra isso. Minha prof de literatura dizia que inspiração não existe, é só firula. Bora fazer um 500 Project? XD

Quanto à inspiração, não sei, viu. Eu sei que o que eu escrevo em um momento eu não seria capaz de escrever em outro. Talvez isso tenha a ver com a minha falta de empenho, mas descartar a inspiração é descartar aqueles momentos de epifania, quando um texto inteiro se monta na tua cabeça e que, se tu não tentar botar no papel naquela hora, acaba se perdendo.

Quanto ao projeto: apoio, mas provavelmente acabaria não participando.

Hm... um "centro de criação literária" pra se discutir processo criativo, eu acharia bacaníssimo.
 
Descrição exige sempre pesquisa, seja por relatos de outros, pesquisa bibliográfica ou de campo mesmo. Afinal é muito mais fácil falar do que conhecemos e já vivenciamos, não? O modo como a descrição será feita é que tem maior valor, como nos casos que o próprio Voltaire citou.

Sobre inspiração, devemos escrever com ou sem a presença dela. Os atos de reler e reescrever são mais mais importantes para criar o hábito, daí é só aproveitar o momento de inspiração e exercê-lo.

Certo, faremos uma dupla de dois então. E deixaremos a tampa da panela aberta... :sim:
Quem mais se interessa? Ou é cada um por si, aqui por estas bandas?

To dentro. Mas qual seria o fundamental do tal 500 project?

Hm... um "centro de criação literária" pra se discutir processo criativo, eu acharia bacaníssimo.

Isso podemos fazer aqui mesmo, em um tópico apropriado. Pq vc não cria o tópico?
 
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Existem muitos livros sobre técnicas de escrita, principalmente em inglês. O problema é que uma coisa é o que funciona para o aspirante a escritor brasileiro e o "como deveria ser" de alguns professores que só discutem e inventam teorias. Eu quero saber o que funciona pra vc. Quero opinião.

eu devo ter na minha biblioteca uns 30 livros d técnicas d escrita, brasileiros, estrangeiros traduzidos ou ñ e até portugueses. depois q vc lê uns 5 deles, passa a ver q todos dizem a mesma coisa, porém uns dizem d 1 modo q vc entende melhor ou se empolga +.

JLM, Uma frase é suficiente? Devo ir para o Twitter se quiser escrever um romance? :P

uai, tem dias q escrevo apenas 1 aforismo legal. e como dá trabalho pensar nas melhores palavras para produzi-lo! e sim, já existem projetos d escrita d livros usando o twitter, seja coletiva ou individualmente.

Em relação às descrições de locais, por exemplo, se eu quiser descrever o interior de uma catedral em detalhes, essas palavras específicas, onde eu posso encontrar? Existe algum dicionário de catedrais? Ou devo ir em uma e sair perguntando o que é cada coisa que há lá?

pesquisa é a parte da transpiração na escrita. dizem q é 99% eqto o restante é a inspiração. ñ sou tão radical assim, mas acho q o exemplo serve para mensurar a importância. com relação às descrições, já viu o livro budapeste do chico? ele descreve a cidade sem nunca ter pisado lá antes. depois ele pisou sim. comofas? eu, certa vez, descrevi um lugar em 1 texto vendo 1 vídeo amador q filmaram d lá junto com informações geográficas q tirei da internet. agora, tem vezes q vc precisa aliar imaginação, principalmente se vai descrever algo q ñ existe + como os jardins suspensos da babilônia ou a atlântida. mesmo assim, dá pra fazer um bom trabalho, como comprova o eco em o nome da rosa. outro livro q li e ficou claro a pesquisa feita pelo autor foi lemniscata: o enigma do rio, d brasileiro pedro drummond, bem semelhante ao estilo dan brown.
 

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