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Qualquer leitura

Dharma K

Usuário
Eu ouvi uma entrevista com um autor brasileiro (não lembro o nome dele, só sei que foi na Rede Senac de TV) e a certa altura ele começou a falar do Paulo Coelho, de certa maneira defendendo-o com o argumento de que deveria ser dada a devida importância a esses autores "populares" pois eles, na opinião do autor entrevistado, serviriam como uma "ponte" pra outros tipos de autores e obras melhores, mais sofisticados.
Ele chegou até a mencionar o Stephen King como um autor q supostamente serve de "ponte" pra que o leitor mais tarde descubra Edgar Poe e Lovecraft, por exemplo.

Ao fazer uma critica bem rabugenta à escritora JK Rowland, o crítico literário Harold Bloom negou totalmente essa idéia:" você acha mesmo que uma criança q lê Harry Potter hoje, vá partir mais tarde pra outros autores e obras mais inteligentes? Eu acho q não". Foi mais ou menos o q ele disse.

Eu não sei responder a isso.
Eu leio" Harry Potter" e "Fronteiras do Universo" como leio gibi da Monica, é muito divertido.
Descobri Stephen King muito tempo depois de Poe e Lovecraft.
E as pessoas que conheço q são vidradas em Stephen King ou q não perdem um livro do Paulo Coelho, eu não consigo imagina-las lendo (e gostando) de Poe e William Blake, por exemplo.
Mas também às vezes acho q sou meio chata e esnobe, que estou menosprezando a inteligência dessas pessoas.
Afinal, eu nunca tentei oferecer um livro ou dar uma dica desse tipo pra elas.
E aí?
Ler livros tidos como "menores", "populares" é um caminho, pode ser um
primeiro passo para as obras literárias, para os clássicos?
Alguém tem opinião sobre isso?
 
"Meus livros são o equivalente literário de um bigmac com fritas" - Stepehn King.

Pra mim não existe esse negócio de "ponte". Claro que se um cara nunca leu nada na vida e de cara pegar um James Joyce ele não vai entender nada e vai acabar desistindo. Mas aí entra o lance da linguagem.

Um livro de linguagem simples e direta pode servir de estímulo para um livro de linguagem mais complexa. Mas não é porque o livro tem uma linguagem simples que ele precisa ser bobo e vazio, como Harry Potter.

Não concordo em valorizar Harry Potter ou Paulo Coelho porque eles podem ser "estímulos". Isso pra mim é estúpido. Na minha concepção existem tipos de leitura. Às vezes eu quero algo mas leve, às vezes eu quero algo intelectualmente desafiador.

No meu mundo não existem níveis. Na minha época não existia Harry Potter, e eu não precisei de nada do gênero pra me interessar por leituras mais sérias. Quando comecei a ler livros, ao mesmo tempo em que eu lia Monteiro Lobato e achava divertido, eu li A Metamorfose e A Revolução dos Bichos, e entendi as metáforas e alegorias que esses livros passam com uma linguagem simples.

Então, na minha opinião, a coisa é assim: livros que possuem uma linguagem simples e acessível podem ser considerados "pontes" para obras que possuem um texto mais complexo. Mas livros vazios em conteúdo nunca serão "pontes" para livros mais inteligentes.
 
Acho que depende da pessoa. Se ela tiver interesse, vai querer ler coisas de boa qualidade, mesmo que por alguma circunstância (nem tanto por gosto, mas apenas por circunstâncias) ela comece por livros mais simples. Mas concordo que isso não é desculpa para que os livros não tenham toda a qualidade que deveriam. Nem acredito que está no livro transformar uma pessoa de um completo avesso à leitura numa pessoa que goste de ler (ou vice-versa).
 
uma coisa eu digo: é sempre bom começar por um livro mais fácil, pelo menos em boas partes dos casos, exceto algumas exceções. Pois se a pessoa pegar um livro de Machado de Assis logo de cara, pode achar o livro chato e muito cansativo, em boa parte por causa da linguagem mais avançada e pode fazer uma associação em que ler livro sempre é chato...
 
Alex deLarge disse:
uma coisa eu digo: é sempre bom começar por um livro mais fácil, pelo menos em boas partes dos casos, exceto algumas exceções. Pois se a pessoa pegar um livro de Machado de Assis logo de cara, pode achar o livro chato e muito cansativo, em boa parte por causa da linguagem mais avançada e pode fazer uma associação em que ler livro sempre é chato...

Quando você faz exercícios físicos você só melhora seu condicionamento se você forçar um pouco. Não adianta nada levantar dois pesinhos e nem suar, que não serve pra nada. Mesma coisa com leitura, se você não se forçar, não tentar, pelo menos um pouco, os autores mais "difíceis" nunca vai lê-los, por mais que leia dezoito bilhões de Harry Poter ou Paulo Coelho.

Ninguém nasce entendendo um escritor mais denso, nem é necessário nenhum dom especial ou poder mutante. É questão de esforço e estudo mesmo. Assim como ninguém aprende Cálculo Diferencial na escola e sim na universidade, depois de trilhar no mínimo 11 anos de estudos anteriores é a mesma coisa com literatura, alguns autores exigem uma certa vivência e uma certa experiência como leitor oara serem entendidos. E da mesma forma como só fazendo continha de mais e menos você nunca vai aprender Cálculo, só lendo livrinhos fáceis você não vai chegar aos mais complexos.
 
Posso dizer por experiencia própria que quando se lê algo facil, você se sente tentado a ler coisas que seja um pouco mais. Sei que eu tenho pouca idade pra dizer isso mas, eu comecei a gostar de ler com livro chamado "Quem quer ficar com Felipe" sobre um garoto abandonado....É um livro facil mas isso me motivou a ler depois Jorge Amado, depois Stephen King, depois Tolkien e foi indo numa escala de degrau a degrau....E essa semana eu comecei a ler Guerra e Paz de Tolstoi, e nao sei se pra voces isso eh um nivel alto ou medio ou baixo de leitura mas pra mim eh um avanco.............
 
Quando você faz exercícios físicos você só melhora seu condicionamento se você forçar um pouco. Não adianta nada levantar dois pesinhos e nem suar, que não serve pra nada. Mesma coisa com leitura, se você não se forçar, não tentar, pelo menos um pouco, os autores mais "difíceis" nunca vai lê-los, por mais que leia dezoito bilhões de Harry Poter ou Paulo Coelho.

e quando vc faz exercícios físicos vc começa com pouco peso e depois vai aumentando... pelo menos comigo é assim.
 
Hmm... acho que entendo mais ou menos o que o Bloom quis dizer com aquela colocação sobre quem lê Harry Potter não vai procurar algo mais denso. Dá uma olhada nisso aqui:

Trecho da entrevista de Harold Bloom para a Época (nº246, 03/02/03):

Época: Existe solução para incentivar a leitura entre os jovens?

Bloom: Não vejo diferença entre literatura adulta e infantil. Existe, sim, uma diferença essencial entre boa e má literatura. A solução está na boa literatura, em todas as idades. A primeira idéia da coletânea que organizei* era criar um compêndio de boa leitura, que se intitularia "O Leitor Solitário". Aos poucos, me dei conta que estava fazendo um livro para jovens, com poemas e histórias simples, sem prejuízo da qualidade. Percebi então que poetas como John Keats e John Donne poderiam servir para alimentar a imaginação da juventude, assim como contos de C.K. Chesterton e Robert Louis Stevenson.

Época: Mas por que existe essa separação entre literatura para pequenos e grandes?

Bloom: Diferenciar livros para crianças e para adultos foi útil na divisão do mercado do século passado, mas hoje encobre um fato grave: o de que a estupidez está acabando com a cultura literária. As crianças de hoje não são mais burras que as de antigamente. O problema está em vencer modismos e chamar atenção para bons exemplos literários. Talvez a queda dos índices de leitura se deva aos maus exemplos que os pais estão dando aos filhos.

* Contos e Poemas para Crianças Extremamente Inteligentes, Ed. Objetiva.

Em suma, ler é um hábito. E como tal, pode vir cheio de bons e maus vícios.
Você aos 30 anos gostar de ler Harry Potter é diferente. Faz isso por prazer. Você já foi educada, já passou por todos os estágios que poderiam formar teu gosto pela Literatura. Mas uma criança que só engole esse tipo de livro, passando longe de Clarice Lispector ou Stanislaw Ponte Preta por acreditar que o vocabulário é complexo demais, nunca vai torná-lo rico o suficiente para compreender textos mais densos.

PS. É por isso que pago um pau para o Harold Bloom 8-)
 
PS. É por isso que pago um pau para o Harold Bloom

Ele é muito bom...
Mas eu gosto de Harry Potter na sua categoria: um lixo perto de SdA e Kafka. Mas é bom para uma criança, ou para quem é burro e não consegue sequer interpretar um livro de Machado de Assis.
 
Green Arrow disse:
PS. É por isso que pago um pau para o Harold Bloom

Ele é muito bom...
Mas eu gosto de Harry Potter na sua categoria: um lixo perto de SdA e Kafka. Mas é bom para uma criança, ou para quem é burro e não consegue sequer interpretar um livro de Machado de Assis.

Negativo, é bom para quem busca apenas diversão.
Não dá para chamar de burra uma pessoa que lê por prazer :wink:
 
Acredito que uma obra deve ser valorizada por ela mesmo, em suas qualidades artísticas, não por uma possivel qualidade didática, ou uma preparação para obras mais complexas e/ou de qualidade. Jovens de 12 anos, por exemplo, poderiam estar lendo contos de Machado de Assis ou peças de Shakespeare sem grandes problemas. Não quero dizer que é errado ler Harry Potter ou os suspenses de Stephen King, mas digo que isso mostra como essa "evolução" de autores simples para outros mais complexos não é uma concepção correta.

Desde que tenho uns 10 anos eu leio livros (quase) tão complexos como os que leio hoje, e os entendia razoavelmente bem.

O problema é, como fazer uma criança, um pré adolescente ler uma obra densa e complexa, e gostar dela? Não falo apenas de entende-la, mas de sentir prazer na leitura, afinal, esse é um ponto fundamental, sem ele tudo perde o propósito.
 
O gostar vem por si, do próprio ler, o mais dificil é convencer a geração "Malhação" a pegar em um livro.
 
Eu sei que a formação e certas circunstancias específicas da breve vida de uma criança, mais o acesso a bons livros pode fazer com que ela adquira o gosto pela boa literatura. Mas eu gosto de pensar que é possivel imprimir essa qualidade em qualquer tipo de pessoa. Não sei se é possivel, no entanto.
 
Bom, nem todo mundo entende Cáclculo Diferencial e memso muitos que entendem abominam. É meio assim com Literatura também
 
Acho que esse exemplo foi muito exagerado Deriel. Embora aconteça isso na literatura, pessoas não entenderem e por isso não gostarem de uma obra, é diferente de calculo. É arte, algo que intrinsecamente esta ligado a expressão emocional da pessoa que criou e possivelmente de quem vai ler, é cosntruido com senso estético.

O problema é convencer a pessoa que vale a pena pegar um livro de qualidade e tentar entende-lo. Muitas pessoas vão pensar que isso é simplesmente uma nerdice e tem coisas melhores para fazer. Ate tem, mas por que se prender unicamente a um lazer?

Bem, eu estudei calculo quando cursei Geologia, entendi (na época), mas não gostei :mrgreen:
 
Hum, eu acho que é mais justo comparar o gosto pela literatura com o gosto pela música, ambos são formas de arte :mrgreen:

E sobre convencer uma pessoa de que vale a pena ler livro de qualidade, o próprio Bloom já dá a dica: é de pequeno que se ganha o hábito.
 
V disse:
"(...)Um livro de linguagem simples e direta pode servir de estímulo para um livro de linguagem mais complexa. Mas não é porque o livro tem uma linguagem simples que ele precisa ser bobo e vazio, (...)
Sei...simplicidade e não simplismo.

V disse:
"(...) se um cara nunca leu nada na vida e de cara pegar um James Joyce ele não vai entender nada (...)
Eu nunca entendi James Joyce... :oops:

Swanhild disse:
"(...)Acho que depende da pessoa. Se ela tiver interesse, vai querer ler coisas de boa qualidade, mesmo que por alguma circunstância (...) ela comece por livros mais simples.(...)
No caso de um criança ela precisaria também de alguém para orienta-la ou pelo menos q deixasse disponível esse tipo de literatura de boa qualidade pra ela, ou então ela só vai ir atrás do q está na moda... :wink:


~·*Ana Lovejoy*·~ disse:
"De HBloom:(...)Não vejo diferença entre literatura adulta e infantil. Existe, sim, uma diferença essencial entre boa e má literatura.(...)
Alguém uma vez falou que qdo criança gostava de Monteiro Lobato porque parecia "um livro de verdade" e não um livrinho pra criança. Fiquei muito contente de ouvir isso porq era exatamente o q eu sentia qdo criança. O "livro de verdade" era a "boa literatura" de q o HBloom fala... nossa, eu sou sortuda! :grinlove:

~·*Ana Lovejoy*·~ disse:
"De HBloom:(...)mas hoje encobre um fato grave: o de que a estupidez está acabando com a cultura literária. (...)
De HBloom: Talvez a queda dos índices de leitura se deva aos maus exemplos que os pais estão dando aos filhos.
Harold Bloom é um mala, mas (infelizmente) sabe o que está falando... :osigh:

~·*Ana Lovejoy*·~ disse:
(...)Mas uma criança que só engole esse tipo de livro, passando longe de Clarice Lispector ou Stanislaw Ponte Preta por acreditar que o vocabulário é complexo demais, nunca vai torná-lo rico o suficiente para compreender textos mais densos.(...)
É, e ela nunca vai descobrir isso se continuar a pautar seu gosto literário, musical, cinematográfico, etc. pelo "que está na moda", e este "estar na moda", na maioria das vezes, traz uma carga forte da estupidez de q fala o glorioso Harold Bloom. Isso é triste...:osigh:
 
olha... eu acho HP um lixo.... acho mesmo.... no entanto eu acredito q isso ajuda as crianças a se familiarizarem com os livros... afinal ter contato com uma coisa q depende apenas de vc para ir poara frente ja nao eh uma coisa tao corriqueira hoje quando foi na epoca q a maioria de nos eram crianças.... no entanto eu achop q a fala esta nos pais q deixam a criança estagnar em HP ao inves de proseguir para coisas melhores..... como SD .... uma ex minha lia HP e Annie Rice (foi por causa dela q eu li essas merd*s ) tanto eu reclamei q ela ja esta lendo POE ..... en acho q eh assim q as coisas funcionam... eu comecei lendo robson suiço livro q eu adoro ate hoje... e esse era um liivro facil e agradavel.... eu nao conseguiria ler um dostoievsk ... mais ou menos como demiam de hesse q vc pode ler como eu li com 12 anos... e no entanto um lobo da estepe vc so entende depois de velho.....

abraços Dwarf
 

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