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Qual o melhor Romance de Machado de Assis?

Qual o melhor Romance de Machado de Assis?

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certeza que brás cubas fazia arminha com a mão se estivesse vivo nos dias de hoje.

Sem pensar duas vezes. E participaria das manifestações em prol do governo, dizendo que ama seu país. :lol:

Embora Dom Casmurro me fascine, Memórias Póstumas sempre foi o meu preferido porque, bem, é o meu livro preferido. Meu amor pela literatura se confunde com o meu amor por Machado que se confunde com o meu amor por Memórias Póstumas de Brás Cubas. (Sim, o culpado por eu ter feito Letras e, por conseguinte, morrer de fome, é o Machado de Assis hahaha).

Eu fiquei muito apaixonada pela ironia machadiana, mesmo sem, no primeiro momento, entender muito bem do que ele estava falando. Em um de seus poemas, João Cabral de Melo Neto (meu poeta preferido) refere-se à morna espera de que se apodreça em poema, prévia exalação da alma defunta, ou seja, seu poema é resultado de um processo de apodrecimento, é, portanto, um objeto em decomposição. Essa é a dinâmica de Memórias Póstumas, no qual Machado compõe o seu romance a partir de uma sociedade em decomposição, representada pelo corpo de Brás, que se deteriora na medida em que o romance é construído. E a construção do romance é vacilante, ziguezagueante, como o andar do bêbado, como o andar de uma sociedade que está embrigada pelo seu próprio ego e seus privilégios.

(Aliás, o nome Brás vem do latim "blasius", gago, balbuciante; e "Cubas" retoma elucubrações. Temos, então, elucubrações balbuciantes de um morto sobre uma sociedade que também está morta).

E o leitor, verme, vai roendo as frias e fragmentadas carnes do Brás-Brasil, e saboreando cada ironia, cada troça,

Em "Machado de Assis afro-descendente", Eduardo de Assis faz um recorte de crônicas, contos e romances do Machado mostrando como, sutilmente, ele criticava as vicissitudes da sociedade que, com um torcer de canto de boca, fingia aceitá-lo.

Sobre o "Capítulo XII - Um episódio de 1814", de Memórias Póstumas, ele faz o seguinte comentário:

A cena se passa num banquete em casa de Brás, cujos pais fazem questão de comemorar a primeira queda de Napoleão Bonaparte (20/04/1814). É importante destacar a forma dissimulada como o autor inscreve a menção ao tráfico negreiro: o assunto surge en passant e ocupa poucas linhas dentre os "interesses pequenos e particulares" dos convivas. O tópico é tratado pelo narrador de forma homóloga a sua inserção nos ambientes da classe senhorial, ou seja, como algo normal, como um negócio a mais... Dessa forma, tem o leitor uma visão da frieza com que o tráfico era encarado e inserido na conversação familiar, entre as inocentes modinhas e bailados das mulheres. Destaque-se ainda a primeira pessoa do plural empregada pelo narrador: "podíamos contar, só nessa viagem, uns cento e vinte negros, pelo menos". A passagem evidencia o pertencimento e a perspectiva de classe a que está vinculado o personagem.
 

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