E dentro dessa lógica como vocês enquadrariam o MST?
Um movimento ideológico que prevê a correção de injustiças históricas (como o “Plante que o João garante”) através de ocupação de propriedade alheia e promoção de atos violentos.
Eles
ainda não explodem prédios, nem degolam adversários, nem promoveram uma caçada a latifundiários, ou estão contestando direitos assegurados pela lei. O último ponto pode ser, talvez, refutado por algum de vocês, mas exigir um pedaço de terra é diferente do que impedir que outra pessoa tenha também.
Desta forma, não creio que o MST se enquadra nesta lei.
Vocês já viram algum terrorista brasileiro?
O DOPS poderia ser considerado uma organização terrorista, caso não fosse institucionalizado na época da Ditadura. Não sei se outro grupo poderia ser considerado “terrorista” na história do Brasil, de acordo com este artigo.
Com relação às motivações desse PL, é óbvio que é só pra deputado se fazer de gostoso. Há dois anos, ainda era moda botar banca de defensor da liberdade.
E em época de pós-modernismo, poderíamos discutir sobre o significado da palavra opressão e como ela é usada e abusada.
Um(a) feminista, por exemplo, pode considerar a criminalização do aborto uma forma de opressão à mulher, o que eu discordo totalmente. As palavras não são neutras, elas se relacionam em discursos que não tem nada de neutros. Existe toda uma história, uma morfologia, um simbolismo que se altera constantemente, pelos mais diversos motivos.
Houaiss disse:
opressão: lat. oppressìo,ónis 'sujeição, violência, força'
Em dois mil anos, o sentido de “opressão” não mudou. A diferença é que, o que antigamente era “a única forma aceitável de agir”, hoje em dia não é mais reconhecido como tal. A opressão tem a ver com limitação do direito de escolha, Paganus: o que mudou é o que a sociedade, como um todo, considera por maioria (representativa ou real) como limites do direito de escolha. Por exemplo, eu namoro com uma mulher que é totalmente contra o aborto e totalmente contra entregar um filho para a adoção; eu sou a favor dos dois. Apesar de nós termos um sistema de crenças muito similar, nós divergimos totalmente quando o assunto é “quando um feto recebe a sua alma” ou “quanta violência espiritual é um aborto para a alma que habita o feto”.
Ela pode
escolher não fazer nenhum dos dois, mas eu com certeza vou defender o direito das outras escolherem o que bem entenderem. Mas o mais importante é que eu não vou obrigá-la a fazer uma escolha que eu sei que ela não aceita: eu escolhi estar com ela, e eu escolhi junto aceitar que, no caso de uma gravidez indesejada, nós teríamos o filho e ficaríamos com ele, não importa nossa situação financeira ou pessoal.