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Professora tenta suicídio duas vezes após agressões de alunos

Professora tenta suicídio duas vezes após agressões de alunos

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Ricardo Senra e Renata Mendonça
Da BBC Brasil, em São Paulo

25/08/201410h13 > Atualizada 25/08/201413h17

  • BBC Brasil

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    A professora Liz*, que diz ter sido atacada diversas vezes por alunos, pediu para não se identificar por medo de represálias
"Dou aula de porta aberta por medo do que os alunos possam fazer. Não dá para ficar sozinha com eles", diz Liz*, professora de inglês de dois colégios públicos da periferia de São Paulo.

Em 15 anos de aulas tumultuadas e sucessivas agressões (de ameaças de morte a empurrões e tapas na frente da turma), a professora chegou a tentar suicídio duas vezes – primeiro por ingestão de álcool de cozinha, depois por overdose de remédios.

"Me sentia feliz quando comecei a dar aulas. Hoje, só sinto peso, tristeza e dor", diz.

A violência contra professores foi destacada por internautas em consulta nas redes sociais promovida pelo #salasocial, o projeto da BBC Brasil que usa as redes para obter conteúdo original e promover uma maior interação com o público.

Em posts no Facebook e no Twitter, leitores disseram que a educação deveria merecer mais atenção por parte dos candidatos a cargos públicos.

Segundo o psiquiatra Lenine da Costa Ribeiro, que há 25 anos faz sessões de terapia coletiva com educadores no Instituto de Assistência Médica ao Servidor Público Estadual, o trauma após agressões é o principal motivo de licenças médicas, pânico e depressão entre professores. "Mais do que salários baixos ou falta de estrutura", ressalta.

O problema, de acordo com especialistas consultados pela BBC Brasil, seria resultado da desvalorização contínua do professor, do descompasso entre escolas e expectativas dos alunos e de episódios de violência familiar e nas comunidades.


Lápis afiado


A primeira tentativa de suicídio aconteceu assim que Liz descobriu que estava grávida. "Quando vi que teria um filho, fiquei desesperada. Eu não queria gerar mais um aluno", diz a professora, que bebeu álcool de cozinha e foi socorrida pela mãe.

A segunda aconteceu em abril do ano passado, após agressões consecutivas envolvendo alunos da primeira série de uma escola municipal e do terceiro ano do ensino médio de um colégio estadual, ambos na zona sul de São Paulo.

"Começou com um menino com histórico de violência familiar. Ele atacava os colegas e batia a própria cabeça na parede. Um dia, para chamar minha atenção, ele apontou um lápis bem apontadinho e rasgou o rosto de uma 'aluna especial' que sentava na minha frente", relata.

Ela conta que o rosto da aluna, que tem dificuldades motoras e intelectuais, ficou coberto de sangue. "Violência gera violência", diz Liz, ao assumir ter agredido, ela mesma, o menino de 6 anos que machucou a colega com o lápis.

"Empurrei ele com força para fora da sala. Depois fiquei destruída", conta. Na semana seguinte, diz Liz, um aluno de 16 anos a "atacou" após tentar mexer em sua bolsa.

"Ele disse que a escola era pública e que, portanto, a bolsa também era dele. Eu tentei tirar a bolsa, disse que era minha e então ele pulou em cima de mim na frente de todos", relata.

O adolescente foi suspenso por seis dias e voltou à escola. O mesmo não aconteceu com Liz, que pediu licença médica e se afastou por um ano. "Não me matei. Mas não estou convencida a continuar vivendo", diz.


Quadro negro e giz


A professora de inglês diz que a gota d'água para buscar ajuda de um psiquiatra foi quando percebeu que estava se tornando "muito severa" com a própria filha, de 6 anos. "Ali eu vi que estava perdendo a vontade de viver", diz. "A violência na escola é física, mas também é moral e institucional. Isso acaba com a gente", afirma.

A educadora diz que, nas duas oportunidades, não procurou a polícia por "saber que nada seria feito e que os policiais considerariam sua demanda pequena perto das outras".

Para a educadora, o modelo atual das escolas estaria ultrapassado, o que tornaria a situação mais difícil. "Na sala de aula, eu dou aula para as paredes. E se o aluno vai mal, a culpa é nossa. Essa culpa não é minha, eu trabalho com quadro negro e giz. Enquanto isso, os alunos estão com celular, tocando a tela", observa.

Em tratamento contínuo, ela diz que está, aos poucos, se afastando do ensino na rede pública. "Dou aulas particulares também. E estes alunos eu vejo crescendo, progredindo", diz.

Abandonar a escola, diz a professora, seria o caminho para resgatar sua autoestima. "A alegria do professor é ver o progresso do aluno. É gostoso ver o aluno crescer. A classe toda tirar 10 é o maior prazer do mundo, vê-los entrando na faculdade é a nossa alegria", diz. "Mas não é isso o que acontece".

*A pedido da professora, o nome real foi mantido em sigilo.

Fonte

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Isso é tão triste de tantas maneiras...

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Chocante mesmo. Você pode ter a melhor escola pública do mundo, mas se os alunos tiverem problemas sérios em casa como violência ou pais desinteressados, a situação fica difícil. Será que o problema é especialmente do "modelo de ensino"? Será que um ambiente doméstico caótico e negativo não seria condição suficiente para detonar qualquer melhora na qualidade da educação?
 
:( Situação "punk".

Para ilustrar teve notícia recente sobre jovens na polêmica da comemoração da festa de libertação da Coréia em relação ao Japão. Durante a festa oficial a imprensa havia noticiado sobre crianças com armas de plástico coloridas executando com água grupos de pessoas vestidas de soldados japoneses. O detalhe, que escapava no texto, é que as Coréias continuam em estado literal de guerra, prontas a lançarem bombas atômicas uma na outra, no que um monte de gente se mobilizava para falar de armas de plástico enquanto o contexto já passou da hora dessa notícia de ideologia e vem de 60 anos num país de prontidão contínua e real e não de uma simples propaganda de guerra quebrando o politicamente correto através de armas de plástico e ditadura velada como a mídia evocava.

Então o que acontece quando decidem fazer escolas mais desenhadas para a imagem e não para o conteúdo? O que acontece quando passou da hora e ninguém se moveu pra mudar? Bem, nesses casos a natureza se move como um terremoto. No começo a felicidade de pessoas simples como essa professora se vai e as pessoas não desejam mais terem filhos. Com o tempo pode haver acúmulo de massa crítica de pessoas insensíveis e ignorantes e então a decisão das pessoas começa a ser manipulada pelo alto valor que as mesquinharias adquiriram. A guerra, mesmo que entre apenas duas pessoas, é um prognóstico quase certo nesse cenário.

Em reinações cruéis (todo menino quer ser rei como na música) quando alguém estimula o suicídio do cidadão ele não avisa no jornal, nem espera ninguém, ele apenas se torna silenciosamente numa máquina de matar, não admitindo e não assumindo publicamente que será oficialmente a favor de que as pessoas tirem a própria vida exercendo influência invisível. O professor apenas sente a leve pressão férrea de uma tragédia que se insinua as vezes no aluno, as vezes na escola, as vezes no governo... Políticos que creem no trabalho político como palhaçada roubam o poder da mão da educação.

Uma coisa que lembro da terapia holística é que ensinam que uma das observações que se nota no comportamento das pessoas agressivas, extremamente cheias de negatividade é a blindagem quase completa em relação ao estímulo positivo oferecido pelas pessoas que se preocupam com ela. Por exemplo, como fazer para ensinar uma pessoa a assumir responsabilidades quando todo o contexto que abriria os canais de contato pra ela estão fechados? Quanto tempo levaria para abrir a pessoa? Nesse caso não se tem muita opção ou se muda o contexto ou vira guerra civil armada.
 
Chocante mesmo. Você pode ter a melhor escola pública do mundo, mas se os alunos tiverem problemas sérios em casa como violência ou pais desinteressados, a situação fica difícil. Será que o problema é especialmente do "modelo de ensino"? Será que um ambiente doméstico caótico e negativo não seria condição suficiente para detonar qualquer melhora na qualidade da educação?

Olha, não necessariamente. Às vezes, é a criança ou o adolescente que realmente não quer nada. Eu cresci ouvindo e vendo os casos da minha mãe, professora do município do RJ há 40 anos. E é de arrepiar os cabelos o que crianças com pais gente boa e trabalhadora conseguem fazer por prazer e necessidade de atenção (carência é uma coisa, necessidade e vontade de chamar a atenção são outros 500). E mesmo quem tinha a família toda desestruturada e vivia em zonas de alta periculosidade como favelas e locais dominados por milícias brabas não necessariamente se tornava um agressor.
Eu percebo que nem sempre a família da criança ou do adolescente tem culpa ou é negligente. Eles estão sendo incentivados a verem o professor como um palhaço. Sim, um palhaço. Eles podem fazer e acontecer que o professor não tem nem o direito de se defender. Minha mãe já foi chamada de puta por aluno na minha frente. E ela foi obrigada a chamar a diretora, quase explodindo de raiva, porque não podia nem responder. E o desgraçado ainda teve a pachorra de me desafiar, zombando do porquê eu não ia la bater nele (se encostar um dedo em mim, eu falo pra minha mãe que a professora mandou você bater porque ela não pode e ela vai ser expulsa). E a diretora fez o que? Nada. Mandou ele ser mais respeitoso, que a professora não merecia aquilo, que ela tava fazendo o trabalho dela e blablabla. Minha mãe teve a sorte de se ver vingada porque ela contou pra mãe do moleque, e a mulher cobriu ele de porrada ali na nossa frente e ainda disse pra minha mãe que ia garantir que ele não tornasse a fazer algo do tipo.
 
olha, eu não sei muito da situação das cidades maiores, mas aqui o que acontece mesmo são esses casos de familia desestruturada, pais que não dão atenção ao que os filhos fazem, deixam fazer "gato e sapato" e ainda culpam o professor quando o aluno vai mal, quem tem filho em idade escolar muitas vezes presencia e vê pais de crianças fazendo esse tipo de coisa, na minha opinião, educação e respeito é coisa que se ensina em casa, a minha mãe me ensinou e eu repasso pra minha filha, eu dou toda a condição pra ela tirar o melhor proveito possível da escola dela, mas ela também tem consciência de que se ela for mal ou aprontar por lá, eu vou me entender com ela depois
mas, como eu disse, isso é o que acontece aqui, não creio que a situação no RJ ou SP possa ser comparada a da minha cidade
 

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