Senhores,
Uma coisa é Defesa Aérea (vigilância do espaço aéreo, capacidade de identificação, interceptação de possíveis agressores, capacidade de monitoramento das fronteiras aéreas para o combate ao narcotráfico, à biopirataria, enfim, questão de SOBERANIA NACIONAL) isso, meus amigos, o Brasil não tem, por culpa única e exclusiva do contingenciamento histórico de verbas para os militares, que em seus sonhos megalomaníacos forjaram uma Força Aérea nos moldes da USAF (de quem, diga-se de passagem, receberam de graça, ao final da 2ª Guerra, aviões, equipamentos, bases como Recife e Natal) e deu no que deu, com a realiadde atual de aviões canibalizados, esquadrões de vôo desmontados, aviões de caça arrendados para manter o treinamento dos nossos excelentes (são mesmo, sem ironia) pilotos de combate.
Outra coisa é controle de Tráfego Aéreo (atividade de cunho inteiramente diferente, que visa assegurar a eficiente, econômica e, sobretudo, SEGURA operação de aeronaves que transportam bens de consumo, suas tripulações e passageiros nos deslocamentos ao longo do espaço aéreo brasileiro e aqueles assumidos pelo Brasil mediante acordos internacionais), atividade em nada afeta à caserna ou à "filosofia" militar, que exige um alto grau de comprometimento, responsabilidade, espírito de equipe e respeito, sobretudo, à vida humana, tanto no que tange à segurança das vidas confiadas ao sistema quanto ás inúmeras vidas daqueles que podem ser afetados, direta ou indiretamente, por um acidente aéreo.
Para esta segunda atividade, exige-se um grupo cuja formação priorize o profissionalismo, a dedicação, a constante capacitação, o incessante aperfeiçoamento e, acima de tudo, a capaciade de analisar constantemente os procedimentos e regras com as quais trabalha, visando sempre, a todo momento, uma operação que se traduza no trinômio: segurança, rapidez e economicidade.
Hoje, no Brasil (e em alguns poucos países do mundo, todos com volumes de tráfego muuuito menores que o nosso), ainda se tem apenas um profissional fardado executando estes dois serviços. porquê? Somente porque é econômicamente inviável a estes países separarem os sistemas para atender uma aviação de pequena monta.
A pergunta que nós fazemos agora (e para a qual todo controlador já sabe, há muito, a resposta) é a seguinte:
Onde o país quer chegar se admite que, em pleno regime democrático, um dos pontos fulcrais de sua economia fique sob responsabilidade EXCLUSIVA de comandantes militares, cuja formação (tanto gerencial quanto humana)está muito aquém daquela necessária à total compreensão da dimensão deste setor tão importante no mundo moderno que é a aviação comercial?
O resto (que é muito) só tem importância a partir desta premissa, e é a ela que este governo dito democrático, dito trabalhista, dito de esquerda, deve responder.