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"Primeiras Estórias" (Guimarães Rosa)

Artanis Léralondë

Ano de vestibular dA
Este livro eu penei pra ler, é difícil de entender os contos, alguns ...a maioria quero dizer, não entendi bem :doh:
Tem uma linguagem difícil, na Introdução até comenta sobre as liguagens que o Guimarães Rosa usa. Eu vou ler de novo mais tarde =D

Análise da obra

O livro Primeiras estórias faz parte do terceiro tempo do Modernismo brasileiro e foi publicado em 1962. As 21 estórias, portanto, são narrativas preocupadas em tematizar, simbolicamente, os segredos da existência humana.

Trata-se do primeiro conjunto de histórias compactas a seguir a linha do conto tradicional, daí o "Primeiras" do título. O escritos acrescenta, logo após, o termo estória, tomando-o emprestado do inglês, em oposição ao termo História, designando algo mais próximo da invenção, ficção. Na obra há a intenção de apresentar fábulas para as crianças do futuro.

À primeira vista, a leitura de Primeiras Estórias pode, falsamente, parecer difícil e a linguagem soar erudita e ininteligível, mas essa é uma avaliação precipitada. Na verdade, o autor busca recuperar na escrita, a fala das personagens do sertão mineiro; a poesia presente nas imagens, sons e estruturas de uma linguagem que está à margem da norma estabelecida pelos padrões urbanos.

Quanto ao emprego dos tempos verbais, nota-se que, na maior parte das estórias, o relato se faz através de uma mistura do pretérito perfeito com o pretérito imperfeito do indicativo.

A obra aborda as diferentes faces do gênero: a psicológica, a fantástica, a autobiográfica, a anedótica, a satírica, vazadas em diferentes tons: o cômico, o trágico, o patético, o lírico, o sarcástico, o erudito, o popular.

As personagens embora variem muito quanto à faixa etária e experiência de vida, elas se ligam por um aspecto comum: suas reações psicossociais extrapolam o limite da normalidade. São crianças e adolescentes superdotados, santos, bandidos, gurus sertanejos, vampiros e, principalmente, loucos: sete estórias apresentam personagens com este traço.
http://www.passeiweb.com/na_ponta_lingua/livros/resumos_comentarios/a/as_margens_da_alegria_conto




São contos que exigem muita interpretação, olha só a análise desse aqui:
Nenhum, nenhuma (Conto de Primeiras estórias), de Guimarães Rosa

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No conto Nenhum, Nenhuma, a indefinição do espaço se articula com a questão do tempo, na medida em que todas as referências a espaços indefinidos misturam-se à memória perdida que o narrador tenta recuperar; o que ele talvez resuma da seguinte forma: As lembranças são outras distâncias....

A narrativa inicia com o trecho: Dentro da casa-de-fazenda, achada, ao acaso de outras várias e recomeçadas distâncias, passaram-se e passam , na retentiva da gente, irreversos grandes fatos – reflexos, relâmpagos, lampejos – pesados em obscuridade.

A procura pelos fatos da infância que “passaram e passam-se” constitui uma tentativa de descobrir uma verdade misteriosa e inacessível, que se articule e modifique o presente, lançando novas luzes ao futuro.

O narrador do conto narra em primeira pessoa, com a cumplicidade explícita de sua memória, uma das personagens principais dessa história, tentando também compreender os dilemas que envolvem a aproximação da morte.

O narrador rosiano caminha como se estivesse perdido no labirinto de suas lembranças, encontrando as saídas após um árduo e doloroso esforço. Ao longo de sua odisséia, ele enfrenta a tensão entre a memória e o esquecimento, no resgate do passado, que não retorna em sua pureza original, mas é fruto de uma singular seleção dos fatos lembrados.

O narrador faz um enorme esforço de memória, que tanto pode ser entendido com a recuperação de um sonho, ou uma regressão psicanalítica ou até terapia de vidas passadas.

Tudo o que consegue relatar, de forma nebulosa, imprecisa e fragmentada, é que está de visita em uma casa, em que havia um moço e uma moça que se amavam. Havia também uma velha de idade tão avançada que nem havia mais noção de como chegara ali. Essa idéia é o motivo dos dois jovens não poderem ficar juntos, pois a moça precisa cuidar dela.

Desfeito o relacionamento, o menino é levado para sua casa pelo moço. O garoto vê o sofrimento do jovem. É um amor forte. Chegando a sua casa, o pai fala do muro novo que está sendo construído. A mãe está preocupada em ver se a roupa do filho estava em ordem. O garoto, indignado, berra com os pais, dizendo que eles não sabiam nada do amor, preocupados que estavam com questões tão insignificantes. Percebeu que o pai e mãe se suportavam e tinham transformado seu casamento em um desastre confortável.

Do ponto de vista da composição, o conto Nenhum, nenhuma apresenta dois eixos bem distintos: o passado e o presente.

Portanto, relembrando: neste conto, apresenta-se um narrador-personagem que se esforça em relembrar uma experiência de sua infância, mas que não consegue compor integralmente todas as cenas, os detalhes dessa vivência e, por isso, só tem contato com elementos esgarçados de memória, o que cria uma atmosfera de imprecisão e de incertezas, próprias de quem se esforça por recuperar momentos longínquos do passado. Esse esforço determina dois planos na narrativa: o do passado (infância) e o do presente (memória) que são diferenciados inclusive tipograficamente, no texto impresso.

Quando criança, o Menino estivera hospedado por vários dias numa fazenda e vira um casal de namorados ter que se separar porque a moça não podia abandonar uma velhinha que parecia teimar em viver, a despeito de sua velhice e doença. Observando os olhares apaixonados desse casal, o garoto encanta-se com a beleza da moça, sentindo até mesmo raiva e ciúmes do namorado. Aquele amor tão intenso que percebia no jovem casal o fazia pensar que deveria ser perpetuado nas relações e não abrandado pelas tarefas diárias, como parecia ter ocorrido com o amor que outrora unira os seus pais. Todas essas percepções contribuem para que o Menino descubra a diversidade do sentimento amoroso, ampliando pela experiência o seu conhecimento sobre a vida, e promovem aprendizagem, amadurecimento.
http://www.passeiweb.com/na_ponta_lingua/livros/resumos_comentarios/n/nenhum_nenhuma_conto

Se cair um trecho confuso no vestibular, já sei que é do livro Primeiras Estórias hehehe...tomará que caia :pray:

Eu gostei do contonto "A terceira margem do rio":

"Desde o título, o leitor já depara com o insólito da obra rosiana: o que vem a ser a terceira margem do rio? A expressão provoca o entendimento a fim de despertá-lo para o mundo do inconsciente, do abstrato. A terceira margem é aquilo que não se vê, que não se toca, que não se conhece.

O pai, ao ir à procura da terceira margem do rio, busca o desconhecido dentro de si mesmo; o isolamento é a única maneira encontrada para procurar entender os mistérios da alma, o incompreensível da vida. A estranha história do homem que abandona sua família para viver em uma canoa e nunca mais sair dela é o argumento exemplar usado pelo autor para discorrer sobre o medo do desconhecido.

O rio sempre teve destaque na imaginação do autor:

[…] amo os grandes rios, pois são profundos como a alma do homem. Na superfície são muito vivazes e claros, mas nas profundezas são tranqüilos e escuros como os sofrimentos dos homens. Amo ainda mais uma coisa de nossos grandes rios: a eternidade. Sim, rio é uma palavra mágica para conjugar a eternidade.
Guimarães Rosa"


Quem nunca se refugiou num passeio para pensar em seu eu...:lily:

rosaestorias.jpg

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Bah..olha só isso :

"Foi o primeiro dos sete filhos de Florduardo Pinto Rosa ("Fulô") e de D. Francisca Guimarães Rosa ("Chiquitinha").

Autodidata, começou ainda criança a estudar diversos idiomas, iniciando pelo francês quando ainda não tinha 7 anos, como se pode verificar neste trecho de entrevista concedido a uma prima, anos mais tarde:
“ Eu falo: português, alemão, francês, inglês, espanhol, italiano, esperanto, um pouco de russo; leio: sueco, holandês, latim e grego (mas com o dicionário agarrado); entendo alguns dialetos alemães; estudei a gramática: do húngaro, do árabe, do sânscrito, do lituano, do polonês, do tupi, do hebraico, do japonês, do checo, do finlandês, do dinamarquês; bisbilhotei um pouco a respeito de outras. Mas tudo mal. E acho que estudar o espírito e o mecanismo de outras línguas ajuda muito à compreensão mais profunda do idioma nacional. Principalmente, porém, estudando-se por divertimento, gosto e distração."

Está explicado o porquê da linguagem ser tão difícil hehehe...
ele sabe muito!!!
^^
http://pt.wikipedia.org/wiki/Jo%C3%A3o_Guimar%C3%A3es_Rosa
Guimaraes+Rosa.jpg

Guimarães Rosa =D

Esse é um livro realmente transcendental!
:cthulhu:
 
RE: ~Primeiras Estórias - Guimarães Rosa~

Além dos mais famosos ("A Terceira Margem do Rio", "Famigerado", "Sorôco, sua mãe, sua filha", etc) um que me marcou até hoje foi "O Espelho", um conto consciente e inconsciente ao mesmo tempo. É um dos textos mais lúcidos do Rosa.

"Soube-o: os olhos da gente não têm fim. Só eles paravam imutáveis, no centro do segredo."

Leitura obrigatória.
 
RE: ~Primeiras Estórias - Guimarães Rosa~

Esse livro me deixou com muita vontade de ler outras obras do Guimarães, ele era muito
inteligente e eu adorei a capacidade que ele tinha de dar um nó nos nossos cérebros.
Toda vez que um dos contos acabava eu ficava pensando se havia entendido de
verdade, pensava nas possíveis interpretações, tanto que demorei um pouco para terminar.
É um livro genial, daqueles que você até sente saudades quando acaba (:
 
RE: ~Primeiras Estórias - Guimarães Rosa~

Pips disse:
Além dos mais famosos ("A Terceira Margem do Rio", "Famigerado", "Sorôco, sua mãe, sua filha", etc) um que me marcou até hoje foi "O Espelho", um conto consciente e inconsciente ao mesmo tempo. É um dos textos mais lúcidos do Rosa.

"Soube-o: os olhos da gente não têm fim. Só eles paravam imutáveis, no centro do segredo."

Leitura obrigatória.

Eu não estava entendendo o que ele queria passar com aqueles espelhos, depois que entendi a metáfora, onde com seu reflexo no espelho tende ao mesmo tempo se encontrar.
Tem toda razão, é um conto verdadeiro :sim:

Lethaargic disse:
Esse livro me deixou com muita vontade de ler outras obras do Guimarães, ele era muito
inteligente e eu adorei a capacidade que ele tinha de dar um nó nos nossos cérebros.
Toda vez que um dos contos acabava eu ficava pensando se havia entendido de
verdade, pensava nas possíveis interpretações, tanto que demorei um pouco para terminar.
É um livro genial, daqueles que você até sente saudades quando acaba (:

Comigo tb aconteceu isso, ainda quero ler Sertão Veredas ^^
 
RE: ~Primeiras Estórias - Guimarães Rosa~

Pips disse:
Além dos mais famosos ("A Terceira Margem do Rio", "Famigerado", "Sorôco, sua mãe, sua filha", etc) um que me marcou até hoje foi "O Espelho", um conto consciente e inconsciente ao mesmo tempo. É um dos textos mais lúcidos do Rosa.

"Soube-o: os olhos da gente não têm fim. Só eles paravam imutáveis, no centro do segredo."

Leitura obrigatória.

Eu fiz uma redação e citei como exemplo o conto O espelho de Guimarães Rosa, e o meu prof. zerou ela, pois, ele pensou que eu estava falando do conto do espelho do Machadão, e não, do Guimarães XD
Logo, ele escreveu que não era aquele o significado do conto, porém o conto o qual me referia era do Rosa e não do Machado.
Enfim, pelo jeito ele não conhecia este conto de Guimarães e não quis admitir.
Bobagem, porque os professores não são obrigados a conhecer todos os contos, ainda mais quando tem o mesmo título...Mas, o orgulho dele falou mais alto =/
 
RE: ~Primeiras Estórias - Guimarães Rosa~

**Maniaca do Miojo** disse:
Eu fiz uma redação e citei como exemplo o conto O espelho de Guimarães Rosa, e o meu prof. zerou ela, pois, ele pensou que eu estava falando do conto do espelho do Machadão, e não, do Guimarães XD
Logo, ele escreveu que não era aquele o significado do conto, porém o conto o qual me referia era do Rosa e não do Machado.
Enfim, pelo jeito ele não conhecia este conto de Guimarães e não quis admitir.
Bobagem, porque os professores não são obrigados a conhecer todos os contos, ainda mais quando tem o mesmo título...Mas, o orgulho dele falou mais alto =/

Vai até a secretária do Colégio com a sua redação e com o conto na mão. Peça a presença do professor, esclareçam esse mal entendido para você receber uma nota melhor.
 
Uma de minhas decisões literárias deste ano (e que pretendo manter no próximo) foi a de melhorar meus conhecimentos de literatura brasileira.

Li "Boca do Inferno" de Ana Miranda, estou no segundo volume de "Os Sertões" e, pra o Clube da Leitura aqui do fórum (conto "O Espelho") comprei esse livro do Guimarães Rosa.

Leio aos poucos, geralmente nos fins de semana e nunca na rua ou outro lugar que não seja minha casa. E também não leio antes de dormir.

A razão desses cuidados todos é que achei as 'estórias' do Rosa um tanto densas, tipo poema, uma leitura "concentrada" digamos assim, em que cada palavra foi milimetricamente medida e pesada (sei que a gente não pesa em termos de milímetros, mas enfim... :timido: ) de tal maneira que nada ali está "demais", não existe prolixidade em Guimarães Rosa.

É bem curioso fazer essa leitura de G. Rosa paralela à de Euclides da Cunha, em cujo livro as descrições, os adjetivos, as palavras incomuns de seu português correto, pululam o tempo todo em todas as páginas do livro.

E eu amo essa primeira capa que a Maniaca postou:

[attachment=2812]

infelizmente não encontrei essa edição, nem mesmo depois de xeretar exaustivamente em sebos, comprei a segunda mesmo, que é a da publicação atual da Nova Fronteira.
 
Disse em outro tópico que não tinha carga literária suficiente para encarar o Rosa, mas isso não me impediu de apreciar seus contos. A terceira Margem do rio, A menina de lá e Os irmãos Dagobé são meus favoritos. O Espelho me lembrou bastante os contos do Poe. Sou só eu?
 
Comecei ontem, absolutamente fascinante. No entanto, devo admitir que "Nenhum, nenhuma" foi uma leitura bem difícil para mim.
 

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