Re: Primeira mulher a receber transplante de útero está grávida.
Siker disse:
Sem argumentos para sustentar uma ideia não tem como formar uma opinião.
O argumento depende do que seja considerado definição de "desejo de ser mãe ou pai".
E é isso que eu pergunto: ser mãe ou pai implica em passar os genes adiante? Ou criar uma criança, dar-lhe nome, educação, afeto?
Para alguns, é um conjunto das duas coisas. Para mim, é a segunda opção, primordialmente.
É tão fácil gerar (eu disse gerar, não criar) um filho, que qualquer ser vivo faz. A brincadeira do Fëanor lá em cima sobre o assunto ilustra bem o que é isso: coelhos geram filhos a torto e a direito. Virus e bactérias então...
é o que mais fazem.
E nem por isso virus e bactérias sabem o que é "o amor mais puro e lindo do mundo". Até porque diversos mamíferos têm crias e nem por isso as amam sempre - há as mães que devoram seus filhotes, ou simplesmente os abandonam à própria sorte.
Há um livro chamado "O mito do amor materno", de Elizabeth Badinter, demonstrando que o amor materno é construído, e que não ocorre apenas porque a mulher gesta. Ele ocorre com o tempo. Pode parecer cruel uma mãe não amar a seu filho, e eu pessoalmente creio que se uma mãe tem um filho, ela deve fazer de tudo para amá-lo. Mas o que quero dizer aqui é que nem sempre isso acontece, mesmo na espécie humana.
E se isto ocorre, se o amor é construído e não adquirido tão-somente na concepção ou gestação, um filho adotado pode ser tão amado quando um filho que veio do ventre. Pois o que importaria seria a criação, a educação, o vínculo entre os pais, e não tão-somente passar os genes adiante.
Quem passa os genes adiante tão-somente é genitor. Está longe de ser pai ou mãe. Já quem cria é pai ou mãe, independente de ter passado os genes pra criança.
Logo, a meu ver, os genes seriam algo irrelevante no processo de maternidade/paternidade. Gastar um dinheiro absurdo com isso, às vezes se submeter a partos ou gestações de risco, tão-somente para "dar à luz", isso para mim é irrelevante em comparação a criar um filho, que é um trabalho muito mais significante e longo do que gestar e dar à luz.
Tanto é assim que muitas pessoas geram filhos e abandonam, vendem pra tráfico, etc. Isso pra mim não é pai e mãe, isso é genitor!
Isso sem contar que a fertilização in vitro pode gerar gestação múltipla e muitas vezes é necessário matar alguns dos fetos para que a mãe não geste 4 ou 5 crianças. Num país que se diz contra o aborto, isso é bem, bem relativo... pois é como se "valesse tudo" só praquele casal ser pai e mãe.
Não condeno de maneira alguma quem quer gerar seus filhos, mas quem não pode e mesmo assim "força uma barra", sendo incapaz de amar a uma criança que não tem seus genes... parece, de forma implícita, demonstrar que só é capaz de amar o que tem um "pedaço de si"; o que não tem, não é capaz de "ser filho".
Agora, uma coisa q me surpreende, e isso não é só nesse tpc, é em qualquer lugar... é que quase ngm questiona o amor materno como sendo o "mais puro e lindo do mundo". Já virou um lugar-comum tão bem aceito, que ngm precisa argumentar pra provar que ele é "o mais puro e lindo de todos", quando há milhares de exemplos na natureza, inclusive na humana, que comprovam que em vários casos o amor materno pode sim ser muito lindo, mas em outros ele praticamente inexiste. É relativo e não universal, portanto.
Agora², argumentar aqui fica difícil pq o "clima" neste tópico, e qualquer pessoa sensata que ler a página 1 vai perceber isso, é basicamente de "trolling" e "vamo lá pegar um pra Cristo". Parece mais com uma "queima às bruxas" em praça pública pra desopilar o fígado, do que uma discussão onde se discorda de maneira impessoal. Mãs... já que apareceram alguns, como o Siker, e a Indily após o pedido de desculpas, que parecem dispostos a argumentar de forma legal, continuarei a tentar fazê-lo - ignorando os trollers, obviamente.