Alucard
Um completamente aleatório
Galera da Valinor, olha só que maluco esse texto...
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Educar para o medo
O terrorismo ainda vai provocar a derrocada do Primeiro Mundo. Mas bombas e assassinatos em massa são apenas o pontapé inicial do processo: o verdadeiro fim virá quando os governos dos países mais poderosos passarem a agir com base na idéia – da qual alguns já parecem convencidos – de que a liberdade é, em si, uma coisa perigosa.
Caso em tela: o da escola secundária de Kutztown, Pensilvânia, que acusou 13 estudantes de delinqüência juvenil por “hackear” laptops.
A história começa com a decisão da escola de fornecer 600 laptops Apple a alunos. Para garantir que o uso das máquinas fosse realmente educacional – em outras palavras, evitar acesso a salas de bate-papo, pornografia e outros destinos politicamente incorretos – os laptops receberam uma configuração especial que, além de criar bloqueios, permitia que o administrador do sistema monitorasse o que os estudantes andavam fazendo com os computadores.
Essa configuração, no entanto, poderia ser desativada por uma senha, que os alunos descobriram – e, uma vez de posse dela, passaram a fazer o que se espera que adolescentes façam com um brinquedinho desses nas mãos.
Agora, alguém poderia se perguntar como os garotos descobriram a senha. Haveria algum perigoso hacker/criador de vírus/pirata de DVDs entre eles? Nada. Ela estava grudada num adesivo, no fundo dos laptops. Era só olhar.
De posse da senha, a garotada reconfigurou os laptops e passou a entrar em chats, baixar músicas da internet e “pelo menos um deles viu pornografia”, segundo a mídia internacional. O horror, o horror.
Depois de muita confusão e de uma tentativa da escola de trocar as senhas (a garotada, agora mais experiente nos meandros da informática, logo descobriu as novas), treze alunos foram formalmente acusados pela escola de delinqüência, e respondem a processo na Justiça.
Em reação ao que muitos viram como uma tentativa da escola de encobrir a própria incompetência – vamos lá, um bando de garotos passou por cima de todas as medidas de segurança inventadas pelos especialistas adultos! – surgiu um website, chamado Cutusabreak.org (“cut us a break” é uma expressão que pode ser traduzida como “dá um tempo”, “dá um desconto”, etc.), argumentando que a escola teria todo o direito de advertir, suspender ou reprovar os espertinhos, mas que pôr a polícia na jogada já é um pouco demais. Afinal, ao mesmo tempo em que tem a função de ensinar o respeito a regras e impor limites, a escola também deveria estimular a iniciativa e a criatividade. É um equilíbrio difícil, mas é também por isso que educar é uma profissão especializada, não um hobby.
O que me traz ao mais recente livro do biólogo britânico, Richard Dawkins, O Capelão do Diabo. Nele há um ensaio sobre o educador britânico Frederick William Sanderson (1857-1922). Sanderson estimulava de tal forma a criatividade dos estudantes que, quando as oficinas e laboratórios do internato que dirigia passaram a ser trancados fora do horário de aula, os alunos inventaram e produziram chaves-mestras. Em plena Era Vitoriana, nenhum dos estudantes foi parar na polícia por causa disso.
Mais do que grandes primeiros-ministros, são professores como Sanderson que erguem impérios. Mais do que grandes terroristas, são paranóias como a de Kutztown que os derrubam.
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