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Porquê a família real de Gondor e Rohan era aceita como tal?

Morfindel Werwulf Rúnarmo

Geofísico entende de terremoto
Usei o procurar, e não me foi retornado nenhum resultado
Qual o motivo para a família real de Gondor e Rohan ser aceita como tal pelo povo? Já que não tinha uma sanção sobrenatural (não era divina), não tomaram o poder da monarquia anterior, não foram eleitos pelo povo etc.

Enfim, qual o motivo para o povo os aceitar como reis?
 
Então, Morfindel...essa é uma questão que me deixa pensativo em relação à obra.
Não sei se o Professor deixou algum relato sobre isso.


Mas creio que seja por consenso mesmo. Mas esse consenso vem desde o despertar e tem haver com o lider das casas que surgiram (não somente aquelas 3). O homem considerado mais sábio devia ter sido escolhido lider, não da maneira "ahh, nós escolhemos você o líder" ..mas por tomar certas dicisões que fizeram com que o povo o seguisse, a partir daí deve ter se tornado tradição seguir esssa família... e aí os registros históricos se embolam e não sabemos mais como começou essa coisa de família real, só sabemos que ela persistiu durante os tempos, formando famílias reais e que tem influência na sociedade.

É certo também que tem um dedo élfico no que diz respeito a influência, pois é dos laços dos meio-elfos que surgiram a família real de Númenor, e que no final iria dar origem ao povo de Gondor. A sabedoria vinda dos elfos tem um peso enorme, então, porque não seguir aqueles que deles descendem?

Quanto a aceitação, é claro que deviam haver disputas, pessoas que batessem de frente com essa hierarquia, mas nem todo governo é limpo e os reis defendem seus reinos e poder. Então, creio que muitos foram silenciados ao longo das Eras.

Essa é a minha visão.
 
Se você estiver se referindo a Gondor da época dos regentes, o povo não estava lá muito contente não.
Quanto a Rohan, acho que só pelo fato de Théoden não ser um tirano, já ajudou muito.
 
Gente, tô exausta e muito sem cabeça pra fazer uma resposta elaboradíssima, mas creio que se procurarmos na ascendência dos reis destes reinos encontraremos os grandes líderes do povo dos Homens.

Por exemplo: o pessoal de Gondor tem ascendência númenoriana, que é um povo oriundo da fusão da Casa de Bëor com a Casa de Hador. Este povo, lá nos primórdios, por serem bastante primitivos, tinham líderes, não reis. Acontece que estes líderes se destacavam e ganhavam a confiança do povo, e seus filhos herdavam o respeito popular e as características de liderança dos seus pais, e por aí vai, até que, de duas uma: ou eles se autoproclamaram reis do seu povo, ou o povo proclamou-os reis.

Os rohirrim são um povo mais primitivo, os middle men, descendentes dos Atanatáni que não atravessaram o Ered Luin (as Montanhas Azuis) e entraram em Beleriand na Primeira Era. Com eles o processo deve ter sido bem parecido. Os líderes e seus filhos lideravam por tanto tempo que aquela família deve ter começado a ser vista como real, e assim o tornaram.
 
A questão da ancestralidade é importante, como já foi notado aqui no tópico. Como eles conseguiram o poder? Foram lideranças surgidas principalmente em época de conflitos, e tornou-se uma "tradição" segui-los.

Pelo menos a família real de Gondor podia sim reivindicar uma espécie de direito divino para governar. O gondorianos descendiam do povo da antiga Númenor, e os Reis de Gondor do primeiro rei da ilha, Elros, apontado diretamente pelos Valar para governar. Natural que seus descendentes reivindicassem o direito de governar também.

A questão é: por que eles se mantiveram no poder? Claro, muitos reis fizeram um bom reinado, mas e os que não fizeram? Por que não foram substuídos.

A resposta é, na minha opinião, uma certa apatia e receio do povo, não só das obras de Tolkien, mas do mundo em geral. Os seres humanos têm medo de mudanças. Por que derrubar um sistema que funciona há tanto tempo? Funcionou até agora, deixa lá. O substituto pode ser muito pior.

O sistema em Gondor e Rohan podia até não ser dos melhores, mas funcionava. E isso é o que importava para o povo.
 
O povo, como ocorre em todas as monarquias, apenas assistiu a contenda entre as famílias reais, que começou com o casamento de Valacar com Vidumavi de Rhovanion, o que foi considerado uma afronta, pois, desde Númenor a miscigenação entre númenoreanos e outros povos era proibida. Eldacar seria o herdeiro de direito, mas os nobres o expulsaram para o Norte e no lugar colocaram Castamir (que bela troca...) e deu no que deu, guerra entre os dúnedain do norte e gondorianos.

Após a morte de Ëanur, a linhagem real extinguiu-se e deu início ao longo período dos Regentes Governantes, sendo Denethor II o 26ºe último a ocupar o trono até a ascensão de Aragorn.
 
Por exemplo: o pessoal de Gondor tem ascendência númenoriana, que é um povo oriundo da fusão da Casa de Bëor com a Casa de Hador.

A terceira casa (a casa de Haleth) também tem uma parcela de sangue participando do sangue real numenoriano através da mãe de Hurin, não? Ou estou enganado?
 
Não está não, a mãe do Húrin é sim da Casa de Hareth, enquanto seu pai é da Casa de Hador, entretanto a Casa de Hareth foi composta por um povo minguante que logo se extinguiu, ou quase isso, enquanto o povo das outras duas cadas crescia em quantidade e poder, então a parte sanguínea da Casa de Hareth pode ser considerada diluída no sangue das outras duas Casas,
 
Assim como os Ainur também estão representados com uma proporção pequena através do sangue de Melian em Luthien.
 
Dei uma passada rápida pelo Silma e em relação a Rohan, a aceitação da realeza dos Senhores de Meduseld remonta a seu primeiro rei, Eorl o Jovem e que foi o primeiro a domar Felaróf, pai de todos os mearas. A própria palavra Rohirrin vem do sindarin; provavelmente os povos que deram origem aos eorlingas teve um prolongado contado com os sindar, ou de Thingol (o que é bastante provável, já que eles adoravam Béma e os mearas vieram através dos noldor) ou do povo de Thranduil.
 
Beleza, só complementando o que o pessoal já disse então e tomando uma visão historiográfica aqui:

Realmente na obra de Tolkien não ocorre divinização do governante como ocorre na nossa própria História, por exemplo, que coloca/colocava o rei/imperador/etc como escolhido de Deus ou mesmo a encarnação do deus na Terra. No entanto, o que ocorre tanto na obra de Tolkien é a quase divinização do herói, em que este alcança um patamar tão superior de qualidades que são admirados como os melhores entres os melhores. E de fato são (numa avaliação restrita à obra). Seria um governo aristocrático no sentido mais primordial do termo: o governo dos melhores. Então heróis, realizadores de grandes feitos, possuidores da sabedoria, da força, da justiça, do poder, de todas as qualidades enfim necessárias ao bom governantes, adquirem naturalmente o seu posto como líderes. Eorl e Elendil nesse caso.

Aí temos outra característica importante na aristocracia e na obra de Tolkien: o poder das linhagens. Numa obra em que a um ser se mede pela sua ascendência, devendo ele corresponder em feitos, em coragem e sabedoria a seus ancestrais, é, portanto, fácil de assumir que esse seja o pensamento dominante entre a população da Terra-Média como um todo. Ou ao menos dos territórios em questão (Rohan e Gondor). Ou seja, ser descendente de Eorl ou Elendil garantiriam o direito ao trono, afinal o sangue dos grandes heróis do passado corre nas veias e sua grandeza é transmitida, garantindo o herdeiro como o mais apto a governar. E mesmo que ocorra casos de corrupção ou decadência da raça, ainda persistirá o respeito à lei das linhagens e o direito que as acompanha naturalmente, funcionando exatamente como um código moral e político, ao meu ver.
 
Beleza, só complementando o que o pessoal já disse então e tomando uma visão historiográfica aqui:

Realmente na obra de Tolkien não ocorre divinização do governante como ocorre na nossa própria História, por exemplo, que coloca/colocava o rei/imperador/etc como escolhido de Deus ou mesmo a encarnação do deus na Terra. No entanto, o que ocorre tanto na obra de Tolkien é a quase divinização do herói, em que este alcança um patamar tão superior de qualidades que são admirados como os melhores entres os melhores. E de fato são (numa avaliação restrita à obra). Seria um governo aristocrático no sentido mais primordial do termo: o governo dos melhores. Então heróis, realizadores de grandes feitos, possuidores da sabedoria, da força, da justiça, do poder, de todas as qualidades enfim necessárias ao bom governantes, adquirem naturalmente o seu posto como líderes. Eorl e Elendil nesse caso.

Aí temos outra característica importante na aristocracia e na obra de Tolkien: o poder das linhagens. Numa obra em que a um ser se mede pela sua ascendência, devendo ele corresponder em feitos, em coragem e sabedoria a seus ancestrais, é, portanto, fácil de assumir que esse seja o pensamento dominante entre a população da Terra-Média como um todo. Ou ao menos dos territórios em questão (Rohan e Gondor). Ou seja, ser descendente de Eorl ou Elendil garantiriam o direito ao trono, afinal o sangue dos grandes heróis do passado corre nas veias e sua grandeza é transmitida, garantindo o herdeiro como o mais apto a governar. E mesmo que ocorra casos de corrupção ou decadência da raça, ainda persistirá o respeito à lei das linhagens e o direito que as acompanha naturalmente, funcionando exatamente como um código moral e político, ao meu ver.

E tal como ocorre em todas as monarquias, ser descendente direto não é 100% garantida a passagem do trono para os filhos do rei. Vide as guerras entre os reinados de Cardolan, Rudhaur e Fornost, ou a Contenda entre as famílias de Gondor. O risoco de traição era grande.
 
Muito interessante essa questão, que envolve a noção de legitimidade do poder constituído.
Pelas narrativas de Tolkien, percebemos que a estabilidade política é generalizada no tempo e no espaço, com algumas exceções elencadas pelo Elring.
Somente o apego à tradição poderia ser elencado como fator de estabilidade de um regime, mesmo quando este enfrenta contextos críticos?
E se avançarmos essa questão, situando-a no âmbito de uma temporalidade histórica (ou, para ser mais preciso, no que o historiador François Hartog chamaria de Regime de Historicidade).
Cada sociedade em uma dada época possui formas próximas de se relacionar com seu passado e futuro, ou, em outras palavras, formas dialéticas de elaborar sua experiência e projetar suas expectativas. Essa relação com passado e futuro orienta a própria ação dos sujeitos num dado presente.
O apego à tradição e a construção da legitimidade sobre esta aponta para um hiper-dimensionamento da experiência passada, apontando para uma idéia de um futuro qualitativamente semelhante ao passado. Algo como a Historia Magistra Vitae, teorizada pelo historiador alemão Koselleck. Ocorre que essa forma de temporalidade pode ser traduzida em um certo fatalismo, cristalizado na valorização dos costumes e da tradição.
Um fator que reforçaria essa idéia de um Regime de Historicidade baseado em um hiper-dimensionamento da experiência passada seria o fato de que a noção de "progresso" parece (ao menos pela minha leitura) estranha às sociedades descritas por Tolkien. :think:
 
Muito interessante essa questão, que envolve a noção de legitimidade do poder constituído.
Pelas narrativas de Tolkien, percebemos que a estabilidade política é generalizada no tempo e no espaço, com algumas exceções elencadas pelo Elring.
Somente o apego à tradição poderia ser elencado como fator de estabilidade de um regime, mesmo quando este enfrenta contextos críticos?
E se avançarmos essa questão, situando-a no âmbito de uma temporalidade histórica (ou, para ser mais preciso, no que o historiador François Hartog chamaria de Regime de Historicidade).
Cada sociedade em uma dada época possui formas próximas de se relacionar com seu passado e futuro, ou, em outras palavras, formas dialéticas de elaborar sua experiência e projetar suas expectativas. Essa relação com passado e futuro orienta a própria ação dos sujeitos num dado presente.
O apego à tradição e a construção da legitimidade sobre esta aponta para um hiper-dimensionamento da experiência passada, apontando para uma idéia de um futuro qualitativamente semelhante ao passado. Algo como a Historia Magistra Vitae, teorizada pelo historiador alemão Koselleck. Ocorre que essa forma de temporalidade pode ser traduzida em um certo fatalismo, cristalizado na valorização dos costumes e da tradição.
Um fator que reforçaria essa idéia de um Regime de Historicidade baseado em um hiper-dimensionamento da experiência passada seria o fato de que a noção de "progresso" parece (ao menos pela minha leitura) estranha às sociedades descritas por Tolkien. :think:
Verdade cara, dá até a impressão pelo menos no senhor do aneis que eles achariam o futuro pior que o passado. Agora sobre a supervalorização da linhagem e a propria menção a homens menores nos senhor dos aneis não seria influencia da teoria racial nas obras do tolkien? Na epoca do tolkien a teoria racial teria bastante força.
 
Verdade cara, dá até a impressão pelo menos no senhor do aneis que eles achariam o futuro pior que o passado. Agora sobre a supervalorização da linhagem e a propria menção a homens menores nos senhor dos aneis não seria influencia da teoria racial nas obras do tolkien? Na epoca do tolkien a teoria racial teria bastante força.

Nas Cartas Tolkien não estava muito confiante nos homens não, ele acreditava que os homens começariam cultos órquicos e tal, passariam a criar sociedades secretas com inspiração dos orcs e de Sauron e tal, e nessa parte de teoria racial, nas Cartas há uma carta (que não foi enviada), da que foi não sabemos o conteúdo onde ele se negou a dar um atestado de Judenfrei, comprovando que era um puro ariano.
 
Pelo que li, obrigada pessoal pelos posts esclarecedores. Com relação á "nomeação" de um rei por exemplo, o rei a ser escolhido poderia ser de qualquer uma das casas? Ou somente os herdeiros de Gondor e descendentes destes?
 
A Pim e mais alguns já disseram tudo aí pra cima.

Mas só pra complementar: Rohan não tinha rei quando foi fundada. Os criadores de cavalos do norte eram apenas liderados por um grande guerreiro, Eörl, que aceitou o pedido de ajuda de Gondor e convenceu seu povo a lutar por uma causa justa contra o mal que atingia Gondor. Em troca, os eörlingas ganharam uma terra só para eles. Isso não é motivo mais que suficiente para que o povo aclamasse Eörl e seus descendentes como reis?

No caso de Gondor, a questão não apenas Elendil ter liderado a fuga de Númenor. Há de se lembrar que não eram todos os moradores e súditos de Gondor que eram descendentes de númenoreanos. Pelo contrário, os dúnedain (tanto do sul quanto do norte) eram a minoria entre o povo de seus reinos.
O principal motivo de Elendil ter sido aclamado rei pelo povo, foi por 1) vir de um país bem mais evoluído e 2) ter sangue élfico correndo em suas veias.

Há de se lembrar, que o poder era medido pela coragem, destreza e força de cada pessoa. Os líderes do passado se destacavam e assumiam tal posto por serem mestres de guerra e transmitirem segurança ao povo. "Vou ficar perto dele, porque ele me defende". Daí para ser rei, é um pulo!
 

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