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Pornografia

Luciano R. M.

vira-latas
Para mim seus poemas de amor
têm cheiro de carne podre
e mais parecem piadas sobre a morte:
palavras e cenários de séculos atrás,
com rimas que já deveriam ter sido comidas pela terra.
E ainda os ressuscitam. E ainda insistem
em chamar isso de poesia
através de sei lá que ritual
tirado do Necronomicon.
A necrofilia não me satisfaz.
Por isso abandonei a literatura
e me dedico integralmente
à pornografia,
tanto do corpo quanto
da alma.
 
Interessante um poema "anti romantismo" ^^



Desculpe mas acho que não concordo com a frase do teu nick..creio que o homem só é uma ilha quando ele quer ser.
 
keyllah disse:
Interessante um poema "anti romantismo" ^^

Sim... Não vou dizer que poemas de amor não sejam bons, mas eles são tão constantes que as vezes me irrito.

keyllah disse:
Desculpe mas acho que não concordo com a frase do teu nick..creio que o homem só é uma ilha quando ele quer ser.

É uma frase tirada de um livro do J. M. Coetzee, 'Juventude'. E eu concordo com ela ao passo que considero que a comunicação perfeita entre as pessoas é impossível: só chega até nós o que realmente queremos e nunca conseguimos transmitir exatamente o que queremos, nesse sentido, somos ilhas, e nossa comunicação depende do mar de espaço vazio que nos separa.
 
"Para mim seus poemas de amor/têm cheiro de carne podre/e mais parecem piadas sobre a morte:" Gostei muito desses versos. Realmente uma poesia que "prende". Parabéns. Gostei da originalidade.
 
Originalidade não lhe falta...

Talvez seja isso mesmo, precisamos nos expor pornograficamente para sair da mesmice dos versos feitos, das rimas prontas, da monotonia...
 
Desculpe, mas ainda vou bater na mesma tecla. Não creio que o homem seja uma ilha, acho que é a comunicação com o outro que me falta, saber como falar com o outro, é obvio que terá pessoas diferentes de você, mas as mais semelhantes é sim possivel ter uma comunicação transparente, a qual você expõe o mais intimo de si. Por muito tempo eu fui uma ilha, mas aprendi muito com a ciencia da psicologia a colocar pra fora os meus sentimentos.Acho que pessoas que se acham "ilhadas" no sentido abstrato da palavra, se quiser desbravar mares terá que se conhecer primeiro e isso refletir nos seus relacionamentos. As pessoas não fazem a menor idéia do que pensamos se não dissermos, ou senão deixarmos conhecer.
 
keyllah disse:
Desculpe, mas ainda vou bater na mesma tecla. Não creio que o homem seja uma ilha, acho que é a comunicação com o outro que me falta, saber como falar com o outro, é obvio que terá pessoas diferentes de você, mas as mais semelhantes é sim possivel ter uma comunicação transparente, a qual você expõe o mais intimo de si. Por muito tempo eu fui uma ilha, mas aprendi muito com a ciencia da psicologia a colocar pra fora os meus sentimentos.Acho que pessoas que se acham "ilhadas" no sentido abstrato da palavra, se quiser desbravar mares terá que se conhecer primeiro e isso refletir nos seus relacionamentos. As pessoas não fazem a menor idéia do que pensamos se não dissermos, ou senão deixarmos conhecer.

Mas eu vejo as falhas na comunicação não no não saber como falar, mas no não saber o que falar. E no que entender. Por mais transparentes que sejamos, ninguém sabe exatamente como dizer o que quer, e nem sabe entender exatamente o que o outro quer.
 
Luciano isso é uma poesia e como arte-poderia ser uma foto,uma tela-muita gente fica questionando. Pra quê eu não sei.
Saudação literária de Jackson Franco.
 
Essas são as poesias do Luciano, não tem como esperar nada sutil de sua parte, e isso é o mais legal, são poesias que fogem a tudo que é escrito. Parabéns.
 
Teu poema sofre de arrimia
e quebrá-lo em linhas não o torna mais poesia que se destas minhas, coladas bem juntinhas, poema se enxergaria por pobre cabecinha contente com prosa e apatia. ;)

Arrimia faz mal
e pode ser mortal
mas com verve tal
como a com que nos brindou
já sinto sem sal
minha fonte vital.
... a ti talvez fatal.
 
Umav Ozatroz disse:
Teu poema sofre de arrimia
e quebrá-lo em linhas não o torna mais poesia que se destas minhas, coladas bem juntinhas, poema se enxergaria por pobre cabecinha contente com prosa e apatia. ;)

Arrimia faz mal
e pode ser mortal
mas com verve tal
como a com que nos brindou
já sinto sem sal
minha fonte vital.
... a ti talvez fatal.

Todos os meus poemas sofrem de arrimia, nesse caso. Mas não acho que isso seja mal, muito pelo contrário. Poucos poetas contemporâneos (se é que algum) podem usar rimas sem soarem como se fossem uma versão kitsch e anacrônica dos poetas do século XIX. :)
 
Eu diria que Robert Frost foi um deles mesmo no século XX de tanto atonalismo modernista. E praticamente todo "letrista" de canções faz poemas rimados: métrica e padrões soam naturalmente musicais.

Mesmo Drummond se viu a escrever rimas: pelo menos seus poemas eróticos. Talvez estivesse tentando pegar algumas moçoilas de jeito com algo mais kitsh... :)

Não vejo o porquê da referência ao século XIX: rimas e métrica existem desde Homero.
 
Umav Ozatroz disse:
Eu diria que Robert Frost foi um deles mesmo no século XX de tanto atonalismo modernista. E praticamente todo "letrista" de canções faz poemas rimados: métrica e padrões soam naturalmente musicais.

Mesmo Drummond se viu a escrever rimas: pelo menos seus poemas eróticos. Talvez estivesse tentando pegar algumas moçoilas de jeito com algo mais kitsh... :)

Não vejo o porquê da referência ao século XIX: rimas e métrica existem desde Homero.

Não nego que soem naturalmente musicais- e é justamente isso que me perturba. Assim como essa noção de 'poesia para pegar moçoilas' ou o que quer que seja.
Não acho que eu seja um grande poeta, escrevo pra tirar uma pira. Mas eu faço isso seguindo minhas convicções sobre o que é melhor, levando em consideração minhas influências e meu tempo.
E a referência ao século XIX é justamente por ser, ao meu ver, quando a normatização da literatura- e da arte em geral- dão seus últimos suspiros. Ainda persistem, mas de modo mais tênue- foi-se o tempo em que o bom quadro imitava a realidade, e foi-se o tempo que a rima e métrica perfeitas definiam poesia.
 

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