• Caro Visitante, por que não gastar alguns segundos e criar uma Conta no Fórum Valinor? Desta forma, além de não ver este aviso novamente, poderá participar de nossa comunidade, inserir suas opiniões e sugestões, fazendo parte deste que é um maiores Fóruns de Discussão do Brasil! Aproveite e cadastre-se já!

Notícias Por que pais que não leem desejam tanto ter filhos leitores?

Fúria da cidade

ㅤㅤ ㅤㅤ ㅤㅤ
Rodrigo Casarin
29/01/2019 10h52


"Crianças Lendo", do francês Édouard Vuillard.

No final do ano passado, o Ministério da Cultura e Esporte da Espanha, em parceria com a federação de editores locais, divulgou uma pesquisa apontando que 49,3% dos espanhóis são leitores frequentes, acompanhados de 12,5% de pessoas que leem ocasionalmente. Um outro número seria motivo para comemorar: a quantidade de pessoas que dizem nunca ler caiu de 40,1% para 32,8%. José Guirao, o ministro responsável pela pasta de cultura, no entanto, criticou: disse que ainda é um problema gravíssimo ter um país onde quase um terço dos habitantes nunca lê. Concordo com ele.

Uma reportagem publicada neste domingo pelo El País, contudo, olhou para alguns pormenores da pesquisa. Crianças de 10 anos estão lendo uma hora a menos por semana do que liam em 2017 e o número de adolescentes de 15 anos que se dizem leitoras caiu de 70,4% para 44,7%, uma redução impressionante. O veredito dos especialistas sobre o fenômeno aponta para algo um tanto óbvio: os jovens estão deixando de ler livros para passar mais tempo com o celular na mão, curtindo fotos no Instagram e assistindo a vídeos no Youtube.

Ao indicar uma solução para o problema, uma leitora assídua ouvida pela reportagem enfatizou: "Não podemos exigir nada dos jovens se nós não damos o exemplo. Se queremos que leiam, devem nos ver lendo". O recado é claro: uma pessoa que não lê e que não dá o exemplo da leitura dificilmente conseguirá fazer com que o outro leia. É aí que lembro de um conhecido que há alguns anos resolveu ter filho e agora se desespera com a formação do moleque. O causo é dele, mas a história se repete aos montes por aí. Outro dia, enquanto conversávamos, ele veio com a grande questão:

– Cara, como faço para que meu filho leia mais? Ele está com uns problemas na escola, a professora disse que ele lê muito pouco, em casa mesmo a gente nunca vê ele lendo.
– Você e sua mulher costumam ler? – joguei no ar mesmo sabendo da óbvia resposta.
– Não. Não consigo me concentrar num livro, tô sempre cansado… – blá blá blá.

Para encurtar o papo, o camarada quer que o filho seja um leitor porque sabe que ler é importante, mas ele mesmo não tem a leitura como hábito. Penso desde então: por que pais que não leem desejam tanto ter filhos leitores? Por que dizem se importar com a leitura, ainda que não leiam? A pergunta também pode ser encarada de maneira mais ampla, sem ter filhos na parada: por que tanta gente considera que ler é importante, mas não lê?

Ainda que eu tenha diversas possíveis respostas, é essencial que cada um nessa situação tenha uma discussão consigo e chegue ao próprio um parecer. Agora, para quem deseja ver o filho lendo, o melhor é começar a ler também. Existem alguns caminhos para isso, como sentar a bunda na cadeira e meter a cara num livro ou seguir essas outras sugestões menos diretas. Na reportagem do El País, a assídua leitora fala que todo dia há um momento para a leitura na casa onde vive, antes de todos dormirem.

Seguindo passos semelhantes, uma possibilidade é que os pais reservem um momento do dia para lerem junto com os filhos. Se não quiserem fazer isso diariamente, que guardem uns três dias na semana para tal. Sentem e leiam juntos por, digamos, meia hora. Essa leitura pode até ser dividida entre livros que todos leiam (em voz alta, por exemplo) e livros que atendam ao interesse de cada um, permitindo que apenas compartilhem o momento de silêncio e imersão nas páginas que têm em mãos. Ler não é um hábito que brota do nada, precisa ser plantado e bem cuidado para que exista – e normalmente dê ótimos frutos.

https://paginacinco.blogosfera.uol....e-nao-leem-desejam-tanto-ter-filhos-leitores/

------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
 
O fato de muitas crianças e adolescentes não terem interesse em leitura não tem a ver necessariamente com a falta de interesse dos pais, pois muitas vezes a própria criança ou adolescente não tem interesse nisso, por qualquer motivo que seja (mesmo quando os pais são leitores aficionados). E o contrário também acontece, como por exemplo, eu mesmo sempre gostei de ler desde garoto, mesmo sem ninguém na família que tivesse tal hábito. Mas varia muito de um caso para o outro, não há uma fórmula que se repita em todo lugar com todo mundo e o interesse (ou a falta dele) em ler livros é um assunto complexo que não dá pra reduzir a uma só causa.
 
Em outros tempos, quando a educação de pais para filhos era algo bem mais rígido, havia uma grande imposição para que os filhos seguissem e perpetuassem da mesma maneira vários hábitos.

Mas depois que isso passou, hoje vemos claramente que o hábito de leitura muda e se diversifica entre as gerações.

Eu nunca dependi dos meus pais em relação a interesse, pois isso veio de forma natural e eles sempre me deixaram muito a vontade.

Apenas adquiri algumas influências por eles já terem coleções adquiridas de alguns autores e da mesma forma que eles tinham predileções que não curti. Assim é a democracia e não uma tradição mantida por imposição.

Por isso pra mim, estimular é algo positivo e aceitável, mas quando vira uma imposição se torna nocivo e prejudicial e isso não é garantia que é uma solução ideal.
 
O fato de muitas crianças e adolescentes não terem interesse em leitura não tem a ver necessariamente com a falta de interesse dos pais, pois muitas vezes a própria criança ou adolescente não tem interesse nisso, por qualquer motivo que seja (mesmo quando os pais são leitores aficionados). E o contrário também acontece, como por exemplo, eu mesmo sempre gostei de ler desde garoto, mesmo sem ninguém na família que tivesse tal hábito. Mas varia muito de um caso para o outro, não há uma fórmula que se repita em todo lugar com todo mundo e o interesse (ou a falta dele) em ler livros é um assunto complexo que não dá pra reduzir a uma só causa.
O que você fala é verdade, mas ainda assim, as crianças ainda imitam muito o que os pais fazem.
Assim dizendo, sem ver nenhum tipo de dado, acredito que existe uma probabilidade muito maior de uma criança se tornar uma leitora, casual ou frequente, caso os pais tenham o costume de ler. Outra forma também é a famosa aula de literatura, que é algo que eu mesmo tive muito pouco na escola, o que é uma pena. Uma aula de literatura com diversidade, apresentando vários tipos de livros, é capaz de fazer com que uma pessoa encontra um tipo de livro do seu gosto, além de criar uma rotina de leitura, o que leva ao costume (ou não).
Outra coisa que vale apresentar, é o fato que ler um livro é muito mais trabalhoso, e leva a um tipo de entretenimento bem diferente de um vídeo do youtube por exemplo, estes são curtos, com conteúdo raso e muitas vezes "mastigado" o que diminui o esforço de compreensão, além de ser um entretenimento mais lúdico.
 
Muitas vezes o interesse em leitura começa de uma forma bem simples e espontânea, como por exemplo assistir O Senhor dos Anéis, adorar o filme e ter vontade de ler os livros, e depois procurar livros do mesmo autor, e depois livros do mesmo gênero escritos por autores diferentes, e por aí vai, e na hora que você vê já leu dezenas de livros. Em casos assim não foi ninguém que incentivou a criança ou o adolescente a ler, pois ele mesmo tomou a iniciativa. Em relação ao incentivo vindo especificamente dos pais, como eu disse, varia muito de um caso para o outro, podendo a criança ter o mesmo (des)interesse dos pais ou não. Mas digo isso a partir do meu próprio ponto de vista, já que tenho uma personalidade e interesses muito diferentes da maioria das pessoas da minha família.
 
Mas aí tem que se olhar a regra e não a exceção.
Por exemplo, qual a porcentagem de pessoas com hábitos de leitura terem pais com hábitos de leitura? E qual a porcentagem dos casos o hábito de leitura foi uma coisa espontânea? A quantidade de livrarias e bibliotecas influencia? E os preços de livros? Outras áreas mostram que a tendencia é das crianças seguirem os hábitos de suas famílias, principalmente pais ou irmãos, uma das exceções sé o caso do veganismo que vem crescendo, ou do uso de redes sociais, mas podemos dizer que o primeiro era um conceito muito pouco difundido décadas atrás e o segundo nem existia. E mesmo assim, no caso do veganismo, grande parte da mudança de comportamento já começa num período mais adulto, por volta dos 20 anos.
Eu tendo a acreditar, que a probabilidade de uma criança criar um hábito de leitura, em um ambiente onde outras pessoas compartilham desse hábito, é maior do que a espontaneidade.
 
Eu tive uma certa sorte de que apesar de meus pais não serem leitores, a interatividade tecnológica na minha infância ainda era bem baixa, então nós só podíamos usar o vídeo-game em dias chuvosos, quando não dava pra brincar na rua, e a sorte de ter um monte de livros, atlas, enciclopédias, guias bem coloridos e ilustrados. O mesmo seguiu com os gibis da turma da mônica e os livros da coleção vaga-lume (com ótimas ilustrações diga-se de passagem). Na minha percepção o que falha é a introdução e o como chamar a atenção dos novos leitores. Machado de Assis tem crônicas maravilhosas, Dom Quixote é hilário mas são narrativas muito antigas, o que se tem feito pra alcançar esses novos leitores?
 
Realmente, essas obras são incríveis mas muitas vezes não parecem atraentes para leitores mais novos. Já que você mencionou, lembro que quando eu era garoto li alguma coisa da série Vagalume e também lia muitos gibis.
 
Nossa, a melhor coisa. Lembro até hoje, lendo o escaravelho do diabo, ia até a próxima ilustração por que estava empolgado, e voltava rapidão pra continuar lendo até chegar lá.
 
Eu tive uma certa sorte de que apesar de meus pais não serem leitores, a interatividade tecnológica na minha infância ainda era bem baixa, então nós só podíamos usar o vídeo-game em dias chuvosos, quando não dava pra brincar na rua, e a sorte de ter um monte de livros, atlas, enciclopédias, guias bem coloridos e ilustrados. O mesmo seguiu com os gibis da turma da mônica e os livros da coleção vaga-lume (com ótimas ilustrações diga-se de passagem). Na minha percepção o que falha é a introdução e o como chamar a atenção dos novos leitores. Machado de Assis tem crônicas maravilhosas, Dom Quixote é hilário mas são narrativas muito antigas, o que se tem feito pra alcançar esses novos leitores?
Turma da Monica e Edição vagalume são ótimas lembranças, e ótimos introdutores.
Na minha escola infantil tinha algumas edições da turma da mônica na porta da sala dos professores, lembro-me de passar alguns recreios ali lendo. Vagalume veio um pouco mais tarde, mas li boa parte da coleção.
 
. Na minha percepção o que falha é a introdução e o como chamar a atenção dos novos leitores. Machado de Assis tem crônicas maravilhosas, Dom Quixote é hilário mas são narrativas muito antigas, o que se tem feito pra alcançar esses novos leitores?

No meu caso, desde criança sempre adorei ir ao teatro e o exemplo do Dom Quixote é um típico em que ainda bem jovem li o livro, mas só depois de ter conhecido primeiro a peça teatral na escola, porque a história dele foi muito bem caracterizada e encenada no palco e isso aguçou a vontade de ler essa obra.

O detalhe de livros mais chamativos, entre eles os quadrinhos sem dúvida acho muito importante. Por mais que hajam críticos e odiadores aos montes, mas o fato é que quadrinhos são sim uma excelente forma de trazer e aproximar novos leitores, pois as imagens ilustrativas são ricas e convidativas e com a prática regular da leitura se aprende depois a ler imaginando a história sem precisar totalmente delas. A coleção Vaga-Lume era uma espécie de meio-termo entre os dois por ter algumas ilustrações esporádicas ao longo das páginas e capas bem legais, o que acaba sendo muito válido também.
 
No meu caso, por incrível que pareça, a televisão foi fundamental na minha introdução à literatura.
Muitos filmes, desenhos, séries, faziam referência direta ou indiretamente a obras literárias, desde Tintim, Tartarugas ninjas, Batman (nesse caso, tudo HQ), os filmes toscos do Simbad, o marujo, aquele seriado ruim do Hércules, Chapolin Colorado (com esquetes referenciando desde Shakespeare à Cervantes), Pernalonga e Tom & Jerry (que parodiavam O Médico e o Monstro, Os Três Mosqueteiros, Os contos das Mil e uma Noites), uma porrada de filme dos Trapalhões, as animações da Disney, novela da Globo. Além da biblioteca da minha escola que tinha gibi do Asterix à rodo.

Como fui filho único até meus 16 anos, quando não estava brincando na rua, a minha diversão em casa era a TV.
 
No meu caso, por incrível que pareça, a televisão foi fundamental na minha introdução à literatura.
Muitos filmes, desenhos, séries, faziam referência direta ou indiretamente a obras literárias, desde Tintim, Tartarugas ninjas, Batman (nesse caso, tudo HQ), os filmes toscos do Simbad, o marujo, aquele seriado ruim do Hércules, Chapolin Colorado (com esquetes referenciando desde Shakespeare à Cervantes), Pernalonga e Tom & Jerry (que parodiavam O Médico e o Monstro, Os Três Mosqueteiros, Os contos das Mil e uma Noites), uma porrada de filme dos Trapalhões, as animações da Disney, novela da Globo. Além da biblioteca da minha escola que tinha gibi do Asterix à rodo.

Como fui filho único até meus 16 anos, quando não estava brincando na rua, a minha diversão em casa era a TV.

Uma das coisas mais legais é perceber e aprender desde cedo que existe muitas coisas adaptadas da literatura.
Como o teatro foi algo que entrou e enraizou forte na minha vida, meus pais sempre me contavam desde bem cedo a origem literária de cada espetáculo e dali agucei mais essa percepção com cinema e TV.
 

Valinor 2023

Total arrecadado
R$2.434,79
Termina em:
Back
Topo