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"Por que os 48 quadros por segundo podem revolucionar o Cinema"

Outro artigo sobre o assunto postado no cinema em cena, com uma visão menos entusiasta:

48 fps: uma boa ideia?

por João Papa
especial para o Cinema em Cena

Importante deixar claro algumas coisas para ser ético com o leitor, já no começo do texto, e não correr o risco de enganar ninguém. Apesar de jovem, não sou necessariamente de vanguarda no que diz respeito a avanços tecnológicos, cinema digital e invencionices. Tampouco me empolgo quando surgem possibilidades de “mais uma revolução no cinema”. Não sou contra, vejam bem, mas minha primeira reação em geral terá um tom de dúvida, no mínimo. Como se não bastasse, não acredito que Peter Jackson esteja entre os grandes diretores da atualidade. Nem acho, porém, que James Cameron faça parte desse time, e mesmo assim é indubitavelmente um dos maiores contribuidores para avanços tecnólogicos que o cinema já viu.

Abri meu texto assim por um motivo importante. Nas próximas linhas tentarei demonstrar porque, na minha opinião, fazer filmes a 48fps é um erro. E por se tratar de um assunto muitas vezes técnico demais, acho importante deixar claro que apesar de técnico se trata de algo extremamente subjetivo em diversos pontos. O vídeo do Pablo, ao contrário de boa parte do material disponível na internet sobre o tema, não informa dados errados nem conceitua a questão toda erroneamente (com duas exceções, na minha opinião). Nossos pontos de vista são divergentes, sim, mas não necessariamente um está certo e o outro errado. Nesses momentos de “repensar” o cinema o que mais precisamos é de debate mesmo.

Gosto muito mais do livro O Hobbit do que gosto de O Senhor dos Anéis. Torço muito mesmo para que eu esteja errado. Torço para que a imagem seja maravilhosa e que eu me apaixone. Infelizmente acho que estou certo, mas como estamos tratando de supor como será uma imagem que ainda não vimos, posso estar errado. Mas vamos ao que interessa.

Fazer um filme, qualquer filme, é difícil. As decisões que um diretor precisa tomar são tantas, e tão difíceis e tão constantes que sempre me surpreendo com o fato de que, quando terminamos, queremos mais um. E rápido.

Só durante a pré-produção há que se debater sobre locação, elenco, equipe, crono, paleta, tamanho do cenário, modelo da cadeira, roteiro, ritmo, “como eu faço a cena da batida de carro?”, etc., etc., etc. E por mais que boa parte do processo tenha profissionais cuidando exclusivamente daquilo, todas as decisões acabam passando pelo diretor. E se não deixam na mão dele a decisão, deixam o problema: “lembra que você tinha pedido 300 figurantes, um helicóptero e 8 câmeras nessa cena? Então, o orçamento só permite 12 figurantes, uma escada e a câmera do seu celular, OK?” Apesar da aparência de glamour da profissão, bom diretor de cinema não dorme, come mal, se estressa e praticamente perde direito a ter uma vida durante o processo de produção.

O que muitos fazem para fugir disso é tão óbvio que chega a doer: não se mexe, não se pensa e não se debate aquilo que todo mundo já sabe fazer. Quando Peter Jackson anunciou que faria O Hobbit em 48fps estereoscópico (ou seja, com duas câmeras, para se obter o efeito 3D) confesso que minha surpresa se deu mais pelo fato de fazerem isso nesse filme do que pelo artifício técnico em si. Por que um diretor fazendo um filme monstruosamente grande como O Hobbit ia querer mudar a regra? Só pra ter dor de cabeça a mais?

Se há uma grande diferença prática entre Hollywood e o resto do mundo é a quantidade de testes que o dinheiro que eles tem permite. Não é incomum por lá gastarem nos testes o dobro de negativo que gastamos fazendo o filme inteiro aqui no Brasil. Por isso, quando se anuncia que O Hobbit está sendo filmado com duas câmeras Red a 48fps e shutter a 270˚, podemos ter a certeza de que essa combinação foi testada e posta a prova inúmeras vezes.

Isso dá a sensação de que os caras sabem o que estão fazendo, não é? Pois é. Mas estamos falando da mesma indústria que criou filmes como A Bússola Dourada, As Loucas aventuras de James West e, pior ainda: Star Wars: Episódio I. Testar não garante qualidade. Ser o George Lucas ou o Barry Sonnenfeld não garante que vai ficar bom.

Os 48 frames por segundo entraram na roda da discussão e todos os outros fatores complementares que alteram a sensação final estão sendo deixados de lado em todas as discussões que vi até agora. Uma câmera de cinema permite diversas configurações diferentes: pode-se optar por uma reduzida quantidade de boas lentes, por diferentes velocidades de frame rate, por diferentes ISO’s, por diferentes aberturas de diafragma e, também, por diferentes ângulos de shutter.

O que nos importa para a discussão são apenas a quantidade de frames por segundo (obviamente), a abertura do shutter e o ISO.

Os frames por segundo já foram explicados (muitíssimo bem) pelo Pablo. Acho importante dar uma breve explicação do que é um shutter e do que é o ISO. Para a imagem ser impressa na película a 24 frames por segundo a câmera precisa ser capaz de, literalmente, tirar vinte e quatro fotos por segundo. O conceito parece banal, mas não é. Enquanto a câmera estiver exibindo a imagem o negativo precisa estar parado (ou muito perto disso). Caso contrário tudo que fosse filmado estaria borrado da mesma maneira que as fotos ficam quando as tiramos em movimento. Isso significa que a câmera precisa ser capaz de avançar um quadro, parar o negativo, abrir o espaço que fica entre a lente e o negativo, permitindo assim que a luz entre, fechar esse espaço e mover novamente o negativo para repetir a etapa. Tudo isso rápido o suficiente para que em um segundo sejam tiradas vinte e quatro fotos. A parte da câmera que abre e fecha esse espaço entre a lente e o negativo é o tal do shutter.

Nas câmeras de cinema, ao contrário do que acontece nas fotográficas comuns, o shutter é circular. Imagine um círculo cortado ao meio. De um dos lados há um espelho, do outro, ocupando 180˚ de abertura, não há nada. Esse círculo fica em constante movimento, girando sem parar. Quando o negativo está se movendo e, portanto, não sendo exposto, o espelho está ocupando o espaço entre a lente e a película, rebatendo a imagem para o viewfinder do fotógrafo (isso mesmo, tudo o que o fotógrafo vê é exatamente o que não está no filme). Quando o negativo está parado, o espaço vazio está lá, deixando a imagem passar.

Vamos imaginar, agora, que ao invés de o fotógrafo deixar todos os 180˚ abertos para passagem de luz ele resolva diminuir essa abertura para apenas 90˚. Na prática, o que acontece é que o negativo fica metade do tempo que ficaria normalmente sendo exposto para a imagem. Se o que está sendo filmado é, por exemplo, alguém correndo, a imagem terá muito mais blur quando exposta na câmera configurada com o shutter a 180˚ do que na que está a 90˚. É o que acontece, por exemplo, na cena inicial de O Resgate do Soldado Ryan. Por que aquela cena de batalha é tão crua? Por que conseguimos ver tudo tão bem mesmo com a câmera na mão, enlouquecida? A cena inicial inteira foi filmada com o shutter a 90˚, permitindo aquela sensação e efeito vistos ali. Há de se deixar claro, porém, que para o resto do filme Spielberg e seu fotógrafo voltaram para os “mais convencionais” 180˚.

O motivo? Simples: apesar de a ideia de um filme com menos blur parecer boa, ela não é. Há uma disparidade engraçada entre o que é a boa imagem do cinema e o que se espera dela. Suponha que um amigo seu vá ao cinema e volte te dizendo algo parecido com isso:

“Assisti a um filme incrível! A imagem era um treco que eu nunca tinha visto! Dava pra ver tudo! A definição era maravilhosa, tudo estava o tempo inteiro em foco e não tinha nenhuma parte escura demais, sabe? Dava pra ver o lugar todo!”

Pode parecer que de fato estamos falando de um filme com um visual incrível, mas na verdade essa é a descrição perfeita de como é a imagem do Caldeirão do Huck em uma TV Full HD. Cinema, por mais incrível que possa parecer, é o oposto disso. Desfoque no fundo é algo buscado com frequência, assim como algum blur, zonas de escuro que criam contraste e, inclusive, falta de definição. Não há nada com menos definição do que a película cinematográfica, que basicamente é um quadro do Monet melhorado: milhões de minúsculos grãos de prata sensibilizados que, com a devida distância, trazem a mais bela imagem fotográfica.

Já que falei desses tais grãos de prata, vamos agora à explicação do que é ISO (se houver dúvida, ISO e ASA para todos os efeitos são exatamente a mesma coisa). A película cinematográfica é composta, como acabei de dizer, por milhões de minúsculos grãos de prata (há quem diga que a série “Vision”, da Kodak, também possui grãos de ouro, mas divago). Prata, como se sabe, é um metal fotossensível, que oxida e muda de cor com o tempo. Na película, esses grãos mudam de cor imediatamente assim que são expostos a qualquer luz. E, sendo o mais banal possível, é assim que as imagens fotográficas ficam “impressas” na película. Uma reação puramente química. Nem toda película, porém, é igual. Algumas são mais sensíveis e outras menos sensíveis. Ou seja: para alguns tipos de negativo é necessário mais luz para se obter o mesmo resultado que se consegue com muito menos luz em outro. O que faz essa diferença é o tal ISO. Quanto maior o ISO maior o tamanho do grão do filme e, portanto, maior a sensibilidade. Usar um ISO maior significa ser capaz de filmar em condições mais adversas, com menos luz e, em geral, se obtém um look mais “sujo”, granulado (vide, de novo, O Resgate do Soldado Ryan).

Não parei de falar de película, mas, lá no começo do texto, disse que O Hobbit ia ser filmado com uma câmera digital. O que significam o shutter em uma câmera que não tem shutter e o ISO em uma câmera que não tem grãos de prata?

A primeira câmera de cinema digital profissional a ser usada em larga escala foi, sem dúvida alguma, a RED One. Quando o cinema digital começou a tomar espaço uma das dúvidas mais frequentes era: “O que diferencia uma câmera de cinema digital de uma câmera de video muito boa?”

A resposta não é simples, mas nos ajuda nesse debate. Assim como no vídeo, trata-se de uma câmera com um sensor que lê e processa uma imagem digitalmente, mas as diferenças são grandes. As que nos importam, porém, são apenas duas: as câmeras de cinema digital permitem configurações diferentes de ISO e permitem que você mude o ângulo do shutter. No caso da Red Epic, usada para as filmagens de O Hobbit, essas duas mudanças são simulações digitais. Isso permite que, por exemplo, o shutter fique aberto em até 360˚ graus.

Então vamos lá: O Hobbit está sendo filmado com duas câmeras simultâneas rodando a 48 frames por segundo cada uma, com uma abertura de shutter divulgada de 270˚. O ISO não foi divulgado, mas sabemos que é um ISO relativamente baixo já que grãos ou ruído são extremamente maléficos para o 3D.

Baseando-nos apenas nas informações que temos é possível supôr que O Hobbit terá uma imagem com uma nitidez incomum para um filme, com pouco ou nenhum blur nos movimentos, e será em 3D.

O 3D entra aqui como mais um fator técnico. Pouca gente sabe fazer 3D direito, mas há duas regras importantes sobre ele que hoje em dia são bem conhecidas. Uma delas é que não se pode trabalhar com muito desfoque. Ou seja, do primeiro plano até o último a diferença de foco tem que ser pequena. Isso permite que o seu cérebro faça o foco, evitando dores de cabeça. A outra delas é que quão mais claro for o filme, melhor. O óculos em si já tira muita luminosidade da imagem e se a cena for escura demais podem vir, de novo, as infames dores de cabeça.

Quando vamos a lojas que vendem televisões não é incomum assistir nelas a imagens de balões sobrevoando cidades, desertos. Tudo está em altíssima resolução (diferente de definição, veja bem). Tudo está em foco, o movimento é tão nítido que o blur é inexistente. Se você me perguntar como eu acho que será assistir a O Hobbit projetado a 48 fps, te direi que acho que será uma experiência parecida com a de assistir a esses vídeos demonstrativos de televisões.

Imagino que se os filmes tivessem sempre sido assim, esse talvez fosse nosso padrão estético. Mas filmes não são assim. Filmes historicamente possuem grão, desfoque, blur. E se cenas como a panorâmica no filme do Woddy Allen Para Roma com Amor incomodam, devo dizer que é possível resolver aquele problema com os nossos 24 frames por segundo. Demora mais, e é preciso um pouco mais de luz, mas é solucionável com o simples fechamento do ângulo do shutter. Acredito, inclusive, que a cena foi feita daquela maneira propositalmente por uma decisão (equivocada ou não) estética. Mas isso é outra história.

Meu ponto é que os 48 frames por segundo são, ao meu ver, prejudiciais para o cinema. Adotá-los como padrão significa recomeçar a escrever os livros de cinematografia, repensar toda a arte da fotografia de cinema e, o que é pior, afastar as gerações futuras de cinéfilos dos filmes antigos, filmados a 24. A estética é outra. Pior ou melhor, não importa. É outra. Já estamos acostumados a ouvir que filmes em preto e branco são chatos. Não nos acostumemos a ouvir que filmes a 24fps são piores. Avanços técnicos são bons e devem ser encorajados, mesmo que deixem tudo tão melhor que todo o resto fique pior. Mas não consigo assinar embaixo de um avanço técnico que se propõe a repensar a estética em favor da técnica. Somos, como cineastas, criadores de imagens, contadores de histórias, não engenheiros. Me traga um avanço técnico que não interfira nas nossas aspirações estéticas e estarei feliz.

Cenas do filme foram projetadas a algumas seletas plateias. A resposta é quase unânime: não é bom. Peter Jackson se defendeu dizendo que as análises são muito prematuras, que é preciso assistir ao filme inteiro para se acostumar com o visual e que as plateias amadoras sequer vão perceber.

Peter Jackson não assistiu ao filme inteiro para decidir filmar assim, assistiu, sim, a testes muito menos conclusivos do que o que foi mostrado. Sou da opinião que podemos nos acostumar com qualquer coisa caso sejamos expostos tempo suficiente a elas. Isso nem de longe significa que seja bom.

E, por último, me sinto ofendido pessoalmente pela afirmação de que as plateias amadoras não perceberão. No processo de fazer um filme, inúmeras decisões são tomadas na busca pela excelência. Muitas delas custam muito dinheiro e provavelmente o amador não perceberia a diferença na maior parte das vezes. Mas fazemos, porque nos importa e porque queremos dar ao público o que há de melhor, não apenas aquilo que não vai incomodar. Como cineasta tenho medo dessa afirmação vinda da boca de alguém nessa posição. Peter, cinema é nossa arte, não só nosso negócio. Vamos tratá-lo com respeito.

Parte 2 – os custos

Acho importante também contestar alguns pontos com relação aos custos e a facilidade de se filmar e projetar a 48fps hoje em dia.

Dentre tudo que o Pablo disse, lá no começo coloquei que discordava de duas das afirmações. A primeira é que como não estamos mais filmando com película é viável financeiramente filmar com o dobro de quadros por segundo. Isso não é verdade, infelizmente. Filmar com mais quadros significa expôr cada quadro pela metade do tempo. Isso significa que mais potência de refletores, e mais geradores são necessários, já que é preciso mais luz para sensibilizar o sensor por menos tempo. Para filmar em 3D se usa um espelho na frente das câmeras, que divide a imagem na distância correta para cada uma delas. Esse espelho diminui a quantidade de luz que atinge a lente e, portanto, se precisa de ainda mais potência nos refletores, e ainda mais geradores. Como se não bastasse, lembram que comentei que para o 3D se usa pouco desfoque? A melhor maneira de garantir que a imagem não ficará completamente fora de foco com a distância é fechando o diafragma da lente, ou seja: diminuindo ainda mais a quantidade de luz que atinge o sensor. Adicione aí ainda mais potência nos refletores e uma conta de luz ainda mais alta. Se lembram do ISO? Ele poderia ser aumentado, simplesmente, não? Infelizmente, não é possível. Não só O Hobbit não terá um look granulado, como é possível ver pelos trailers, como o grão atrapalha consideravelmente o efeito 3D. Coloque na conta de luz um ISO baixo e pouco sensível e provavelmente estaremos falando de um custo mais alto só em luz do que seria gasto com película.

Não bastasse isso, filmar a 48 quadros com duas câmeras significa, literalmente, quatro vezes mais memória que precisa ser armazenada, organizada e administrada do que em comparação a um filme com uma câmera rodando a 24 quadros. Parece besteira, mas estamos falando de provavelmente mais de um terabyte (1.000 gigabytes) por dia.

A segunda afirmação com a qual discordo se refere aos projetores. Um projetor é como um computador: precisa de capacidade de processamento. No caso de projetores de cinema essa capacidade não é pequena. Imagine agora um projetor feito para projetar uma imagem em altíssima resolução a 24 quadros por segundo tendo que projetar a mesma imagem a 48 quadros. E a 96 quadros por segundo?

Quando assistimos a um filme 3D no cinema projetado corretamente o projetor vai exibir na tela todos os 48 quadros de uma câmera, que serão captados apenas pelo seu olho esquerdo, e todos os 48 quadros da outra câmera, que serão captados apenas pelo seu olho direito. São os chamados “frames-per-eye” (frames por olho). Todos os projetores de cinema mais recentes são capazes de fazer isso, mas um projetor de cinema digital é um equipamento extremamente caro, grande e complexo (pesam mais de 100 quilos com facilidade). Até todas as salas terem trocado seus equipamentos pelos mais novos vai demorar. Diga-se, apenas nove cinemas no Brasil, até esse momento, serão capazes de exibir O Hobbit da maneira “correta”.

Pensando além, quando o filme sair dos cinemas, quantas pessoas serão capazes de assistir a O Hobbit a 48fps em 3D? É preciso ser um engenheiro da Sony para saber se um disco Blu-ray suporta isso, mas se o problema fosse só esse, seria fácil. Suponha que seja, sim, possível colocar mais informação com um framerate maior em um disco Blu-ray. Suponha ainda que a sua televisão seja espetacular e que por alguma razão os engenheiros dela previram antes de pensar em fabricá-la que você iria querer assistir a algo em 3D a 48 fps com 2k de resolução (o que é mais do que o Full HD) e a projetaram com essa capacidade. Mesmo nesse caso, que é o melhor dos possíveis cenários, você ainda não seria capaz de assistir ao filme já que os cabos HDMI não suportam muito mais informação do que a existente em um filme em 3D a 24 fps.

Ou seja: se tudo der certo, teremos problemas.

João Papa é diretor de cinema e fotógrafo especializado na direção de filmes comerciais. Ele pode ser contactado em sua conta no Twitter.
 
Eu assisti em 48 fps e gostei muito. Dá para notar algumas diferenças na qualidade, mas não são tantas assim. Ao menos parece que eu deixei passar alguns detalhes desse novo sistema de vídeo.

Já o 3D é mais pelo nome mesmo. Pouca coisa em 3D.
 
Eu assisti em 48 fps e gostei muito. Dá para notar algumas diferenças na qualidade, mas não são tantas assim. Ao menos parece que eu deixei passar alguns detalhes desse novo sistema de vídeo.

Já o 3D é mais pelo nome mesmo. Pouca coisa em 3D.


Qual cinema vc assistiu?
 
Re: "Por que os 48 quadros por segundo podem revolucionar o Cinema"

Sou leigo no assunto, mas digo: assisti em 3D e 48 fps e simplesmente adorei a experiência!
 
Também vi O Hobbit em 48fps e não me empolguei muito. No início estranhei bastante e não parecia que eu via um filme (me lembrei das 1ªs críticas que diziam que parecia novela em alta definição). Mas antes da metade do filme já havia me acostumado e nada mais me estranhava, mas também não me empolgava. Mas daquilo que me causou estranheza, inicialmente, foi notar que a maquiagem não deu conta do recado em alguns momentos e que os movimentos realmente pareciam mais rápidos, especialmente, e de forma mais gritante, em sequências rápidas, como a estranha corrida de trenó do Radagast. Pretendo rever o filme em 24fps (gostaria de ter feito o contrário, mas não deu), então posso acabar mudando de opinião, mas por enquanto o 48fps não me encantou e me parece passável.
 
Qual cinema vc assistiu?
Assisti em São Paulo: Anália Franco.

Também vi O Hobbit em 48fps e não me empolguei muito. No início estranhei bastante e não parecia que eu via um filme (me lembrei das 1ªs críticas que diziam que parecia novela em alta definição). Mas antes da metade do filme já havia me acostumado e nada mais me estranhava, mas também não me empolgava. Mas daquilo que me causou estranheza, inicialmente, foi notar que a maquiagem não deu conta do recado em alguns momentos e que os movimentos realmente pareciam mais rápidos, especialmente, e de forma mais gritante, em sequências rápidas, como a estranha corrida de trenó do Radagast. Pretendo rever o filme em 24fps (gostaria de ter feito o contrário, mas não deu), então posso acabar mudando de opinião, mas por enquanto o 48fps não me encantou e me parece passável.
Senti o mesmo. Fui com grande expectativa para conferir esse novos quadros e acabou saindo mais do mesmo. Se acostuma rápido e a sensação passa rapidamente.
 
Dúvida, o IMAX é equivalente ao X D do cinemark ou são coisas diferentes?

São concorrentes e são formatos diferentes (as cópias que vão para as salas IMAX não poderiam ser exibidas nas salas do Cinemark e vice-versa). Não sei dizer qual é o melhor pois ainda não vi nenhum filme em sala Cinemark [noparse]XD[/noparse].

Por outro lado, se existissem por aqui salas com IMAX 70mm, não hesitaria em proclamá-las superiores (mesmo porque salas desse tipo no exterior são realmente gigantescas). Como no Brasil são todas IMAX digital, acho que a diferença com as salas [noparse]XD[/noparse] deve ser menor. Eu só conheço a sala IMAX do Bourbon Shopping, que é muito boa, mas cujo tamanho da tela não é exatamente de cair o queixo (é um pouco maior do que a tela do Central Plaza 10, por exemplo). O que me impressionou mesmo naquele IMAX foi o som, quando vi Avatar.

Eis um vídeo com o Pablo Villaça e o filho falando sobre a experiência de ver O Hobbit em 48 fps:

 
Última edição por um moderador:
As salas XD do cinemark tem um áudio melhor, mas pouca diferença em relação a tela, não chega perto do IMAX do Bourbon.
 
Eu assisti em UltraAVX. E pelo que eu estava lendo, o 3D nessa tecnologia eh melhor e nao te deixa tonto igual o resto.

Alguma informacao a respeito disso? Se o HRF em IMAX sai melhor que em UltraAVX ou vice versa?4
 
Última edição:
O Pablo respondeu ao artigo do João Papa:
Fonte:A revolução dos 48 fps: uma boa ideia?
Quando gravei meu videocast com a explicação sobre os 48fps (assista aqui), a fisiologia por trás da tecnologia e as implicações artísticas de tudo isso, comentei que podemos estar diante de uma nova revolução no Cinema - exatamente como ocorreu com a chegada do som, das cores, do aumento da razão de aspecto e do Real3D. Não creio, porém, que O Hobbit representará esta revolução. Não por não acreditar em Peter Jackson, mas por ser o primeiro filme a tentar explorar a tecnologia - e se o 3D continua a engatinhar em termos de linguagem (mesmo depois de tantos anos na estrada), não duvido que a linguagem 48fps levará ainda mais tempo para ser desenvolvida satisfatoriamente.

Isto, claro, se primeiro passar pelo crivo do público, já que exigirá uma adaptação infinitamente maior que a cor ou o 3D.

Foi conversando sobre isso com meu querido amigo João Papa, um dos jovens mais talentosos e inteligentes que conheço, que percebi a resistência ao 48fps de maneira mais óbvia. E fiquei surpreso, confesso, já que João é um diretor extremamente competente, além de profundo conhecedor de cinematografia - assim, eu não poderia simplesmente descartar suas opiniões como algo originado por desconhecimento (e sua pouca idade também impede que classifiquemos sua posição como resistência de alguém da velha guarda). Além disso, ele esclarece no texto abaixo algumas questões orçamentárias relacionadas à implementação do 3D que vão bem além do que discuto no vídeo e expõem a complexidade da discussão também neste aspecto.

É um texto didático, mas jamais confuso - e não só é um prazer ter esta colaboração de João no site, mas também algo que considero um verdadeiro serviço aos cinéfilos que frequentam o Cinema em Cena. O site nasceu há 15 anos com o propósito não de servir como guia de consumo ou reduzir o Cinema a frases de efeito, mas para informar aqueles que amam esta Arte tão bela - e como estamos vivendo um momento de profundas transformações tecnológicas, artigos como o do João são imprescindíveis para que possamos manter uma discussão embasada que fuja apenas de "achismos" ou recomendações de "assista ao filme em 48fps só depois" sem que isto tenha surgido de conhecimento sobre o assunto.

Um grande abraço e bons filmes (em 24fps ou 48fps, já que o frame rate não fará um filme ruim melhorar)!


E uma visão para animações.
Fonte:A revolução dos 48 fps: como ficam as animações?



Vou tentar assistir amanhã em HFR e 3D.
E talvez tente em IMAX HFR 3D semana que vem no NYCC. Essa semana os shoppings estão muito atolados e eu não tenho saco pra ir no Barrashopping.



São concorrentes e são formatos diferentes (as cópias que vão para as salas IMAX não poderiam ser exibidas nas salas do Cinemark e vice-versa). Não sei dizer qual é o melhor pois ainda não vi nenhum filme em sala Cinemark [noparse]XD[/noparse].

Por outro lado, se existissem por aqui salas com IMAX 70mm, não hesitaria em proclamá-las superiores (mesmo porque salas desse tipo no exterior são realmente gigantescas). Como no Brasil são todas IMAX digital, acho que a diferença com as salas [noparse]XD[/noparse] deve ser menor. Eu só conheço a sala IMAX do Bourbon Shopping, que é muito boa, mas cujo tamanho da tela não é exatamente de cair o queixo (é um pouco maior do que a tela do Central Plaza 10, por exemplo). O que me impressionou mesmo naquele IMAX foi o som, quando vi Avatar.

Eis um vídeo com o Pablo Villaça e o filho falando sobre a experiência de ver O Hobbit em 48 fps:

Ele desenvolveu um pouco mais num videocast:
Só na primeira meia hora
E tem a crítica:
O Hobbit: Uma Jornada Inesperada
Sobre 48 fps disse:
E os 48fps?

Discuti em um videocast recente a inovação tecnológica representada pelo High Frame Rate e manifestei curiosidade e até mesmo empolgação com relação à técnica. Pois bem: após assistir a O Hobbit, sinto que, de fato, o potencial representado pela nova tecnologia é inquestionável. Por outro lado, temo que ainda estejamos longe de vê-lo realizado.

Contando com uma resolução bastante maior que as projeções habituais em 24fps, o HFR inicialmente impressiona pelo grau dos detalhes de suas imagens – e, por um destes acasos (leia-se: desorganização do Cinemark do BH Shopping), acabei assistindo aos 20 primeiros minutos de O Hobbit duas vezes, uma em cada frame rate, o que me permitiu comparar com facilidade as diferenças. Assim, se o 3D visto na versão tradicional era prejudicado por todos os problemas típicos (pouca luz, fotografia difusa, pasteurização dos visuais), a experiência em 48fps surge absolutamente mais eficaz, recuperando as cores da fotografia mesmo no 3D e permitindo que percebamos até mesmo os poros dos atores e fiapos soltos em sua roupa (mas também a artificialidade da maquiagem, em alguns casos).

Mas não é só: associado à resolução maior, o hiper-realismo proporcionado pelos 48fps cria uma impressão fortíssima de estarmos realmente testemunhando aqueles eventos – especialmente nos planos mais abertos e iluminados (leia-se: externas diurnas), quando, então, a Terra-média surgia como uma paisagem que poderíamos estar vendo através de um portal aberto na sala de cinema (e suponho que, neste aspecto, André Bazin teria um orgasmo ao ver seu conceito de “janela aberta para o mundo” ganhando vida graças ao HFR).

Dito isso, o realismo e a resolução acabam empalidecendo diante de um problema gigantesco: a impressão de velocidade acelerada criada pelo frame rate maior que, em alguns instantes, parece remeter aos instantes nos quais vídeos digitais travam momentaneamente apenas para em seguida dispararem numa corrida rumo ao áudio que se adiantou. Além de exigir uma readequação absurda por parte do espectador, este artefato de técnica traz consequências graves para um diretor que obviamente decidiu empregar os 48fps pela novidade que representavam, mas que não se preocupou em pensar em como utilizá-los – e, assim, o que vemos em O Hobbit é uma linguagem tradicional dos 24fps, com o timing e ritmo de montagem típicos do velho frame rate. E isto é o mais grave, já que certos planos surgem breves demais, mal permitindo que o espectador registre sua passagem, ao passo que outros aceleram a ação a ponto de fazer com que a intenção original do ator se perca (e como meu filho Luca observou em nosso videocast, se em 24fps percebemos Bilbo hesitando antes de iniciar seu relato, na versão em 48fps o hobbit abre o caderno e agarra a pena sem qualquer vacilo, como se mal pudesse esperar para narrar suas aventuras passadas).

Assim, não posso dizer que testemunhei, em O Hobbit, uma linguagem nova; apenas uma tecnologia inédita empregada com uma mentalidade tradicional. Para que possamos avaliar o potencial real do HFR, será necessário que um cineasta com maior grau de conhecimento e inteligência decida experimentá-lo.

Scorsese e Wim Wenders, neste momento, são nossas maiores esperanças.
 
Última edição por um moderador:
Po. Os 48 quadros fazem diferença mesmo.
Não achei ruim na questão da imagem, mas realmente em muitas horas parece que o filme está em modo acelerado.
Mas os planos abertos são lindos demais. Putz grila.


Vou tentar ainda assistir em IMAX, pra ver se fica melhor ainda.
 
O Hobbit só será lançado em 48 fps EM 3D, não haverá 48 fps em 2D, em nenhuma parte do mundo (serão 5 formatos: 2D, 3D, IMAX 3D, HFR 3D e HFR IMAX 3D).

Onde tá tendo HFR IMAX 3D aqui no Brasil? Dei uma procurada mas não achei em nenhum lugar...
 

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