Vela- o Rousoku
Sirius Black
Eu não sou analista social. Não sou formado em história, nem geografia. Não sou sociólogo. Sou apenas um cara que pensou numa idéia meio utópica e gostaria de compartilhar.
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O Brasil já teve presidentes o suficiente pra saber que não dá certo. Pelo menos aqui.
Por quê? Porque com o presidencialismo, o governante fica pouco tempo. É por isso que as pessoas gostam desse sistema: têm medo. Medo que um tirano fique muito tempo. Só que o tiro sempre sai pela culatra: no Brasil, todo mundo quer se dar bem, e o presidente tem a faca e o queijo para encher o bolso, e só 4 anos!. Isso significa que
a) Ele vai ter que sugar os cofres públicos bem rápido, e
b) Se ele conseguir manter o povo distraído por 4 anos ele tá salvo.
Já repararam que nunca se perseguiu um ex-presidente? Quando o mandato acaba, é só correr pro abraço! Os gols estão marcados e o jogo acabou. Claro, nem todo candidato é corrupto, óbvio. Mas fica depois que sofre a pressão lá dentro. É só ver o Lula: você acha que ele estava mal intencionado o tempo todo, ou quando sentou na cadeira, fechou a boca com medo da pressão (incluindo ameaça de morte a familiares, que é o maior praxe da nossa política...)? É fato que é muito mais cômodo ceder a pressão e distrair o povo por 4 anos do que continuar querendo fazer o certo.
Mas essa não é a pior parte. No presidencialismo, o governante está sujeito à aprovação. Mas não de um colegiado, não de um júri experiente. Está sujeito à aprovação de um povo ignóbil, deficiente, ingênuo, desesperado por qualquer sonho. Um povo sedento de campanhas e declarações de amor. E nenhum governante entra sem campanha.
Então... você já viu um aspirante a médico ler livros de medicina antes de passar no vestibular? Ou aspirante a engenheiro ler livros de cálculo...? Com certeza se lêsse, iria muito melhor na faculdade. Mas isso não é intressante para ele antes do vestibular, então a única coisa que ele sabe até então é o que diabos vai cair na prova do vestibular. Ele vive pra isso.
Assim, nossos candidatos a presidente fazem a mesma coisa. Eles se preparam? Claro. Se preparam para ganhar a eleição. São mestres em atrair público; experts em carisma, em fazer campanha. Mas... não é isso que um presidente faz! A preparação para governar é bem menor, quando não é simplesmente inexistente como no caso do Lula. E por quê iríamos querer um presidente que mais sabe fazer campanha do que mandar num país?
Recentemente assisti um filme que mostrava um Rei lidando com seus homens. Existiram muitos "reis" corruptos na história, mas não foram todos. Um verdadeiro Rei é aquele que os homens seguem sem perguntar onde ele está indo. O Rei diz "vamos!" e o povo vai. Simples assim.
Mas e a tirania? Um rei não representaria uma tirania eterna? Ora, é bonitinho dizer "democracia", "direitos iguais". Tenho certeza que a primeira resposta a este texto seria "lutamos pela democracia e esta é uma conquista à base de muito suor. Você é louco de querer jogar isso fora!"
Mas... que democracia? A utópica ou a real? Pois isso é como o socialismo: no papel é lindo. Mas na real ninguém gostou. A democracia, verdadeira, no papel, nos livros, é linda. Perfeita. Pelo menos no Brasil, nunca existiu. E desculpem os adeptos dessa apoligia, mas nunca vai existir. A menos que apareça algum grupo terrorista culhudo o suficiente pra matar todos os políticos que mijarem fora do pinico. Seria criminoso feio vs. criminoso bonito. Mas no Brasil isso significaria ausência de candidatos.
Se a democracia é linda e uma conquista histórica e blablabla... por quê Rei?
O Rei não tira o dele da reta depois de 4 anos. Você até pode enganar o povo por 4 anos (o Lula não conseguiu nem 3), mas não pode enganá-lo para sempre. Se o rei for tirano, passarão 2, 3, 4, 5, 6 anos... em alguma hora o povo perde a cabeça e mata o rei. E põe alguém no lugar. Foi assim em toda a história humana. E o Rei atual sabe disso. Não há nada mais temido por quem está lá em cima que a revolta de milhões e milhões de pessoas. E a família do Rei, também conhecida por Família Real, está toda exposta. Assim, o Rei estará submetido à mesma pressão que nossos presidentes hoje sofrem, só que no sentido contrário: o bom sentido. "Ou faz bem ou o povo te mata."
Mesmo que o rei queira encher os bolsos, ele não precisa sugar a máquina administrativa como um bezerro, porque a oportunidade dele para tal não se limita a 4 anos. Ele tem a vida inteira para ficar bem de vida. Então, caso ele quisesse roubar, roubaria devagar e com cautela. O que atrapalha o país bem menos que o presidencialismo, que parece dizer ao presidente: "pega já!!". Continua não sendo perfeito, mas nunca propûs que fosse.
Mas a maior vantagem ainda não é essa. O candidato a presidente passa a vida aprendendo como ser eleito. Já o príncipe, sabendo que vai governar, passa a vida aprendendo como governar, mesmo. Acompanha o pai nos problemas envolvidos. Ele está, bem de longe, muito mais preparado para as experiências de governo. E iludir o povo está muito mais relacionado a ser eleito do que a manter uma nação de pé. Além disso o povo terá 20, 30 anos para conhecer o caráter do novo príncipe.
Quem já esteve em sociedade ou conselho sabe que quando decisões importantes estão na mão de muita gente, chega um ponto que vira bosta. Talvez não fosse tão importante ser por A ou por B. Às vezes, na prática, tanto faz. Mas metade quer A, metade, B, e não se decide nada q o problema vai pro vinagre por falta de iniciativa. Uma hora alguém tem que assumir. E essa é uma enorme vantagem do Rei: tá realmente na mão dele, é só fazer. Nada de "vou propor o almoço para o conselho e mês que vem a gente mata a fome".
Mas... e se der merda? Digo, e se subir ao trono um tirano? Realmente, aprendemos bastante com o passado. A monarquia da idade média não deve se repetir, ponto.
Mas ela não é a única monarquia possível. Temos um intermediário entre aqueles reinados e a república: monarquia parlamentarista. Funciona porque a Inglaterra não foi pro brejo. Eu acho que o Brasil devia ter abraçado quando teve chance, mas agora já era. Mas nesta forma, o rei é "de isopor": não serve para nada e estar ali ou não não fará a menor diferença. Esse sistema, no caso da Inglaterra, serviu para colocar a democracia sem deixar a família real muito chateada.
Que eu poderia propor, então? Um meio termo entre essas três coisas: república, monarquia convencional e parlamentarista. MAIS HEIN?!?
Seguinte:
1- o Rei não pode ser de isopor. Porque "uma hora alguém tem que assumir". E ao invés de "primeiro ministro", bota o Rei logo nesse cargo. Essa é a parte inspirada nas monarquias convencionais.
2- o Rei não pode estar sozinho, por razões óbvias. Não queremos um imperador. Ele deve ter um conselho, um círculo de algum tipo. Mas ele deve estar acima disso, ou seja, deve ter o poder, direito e dever de dissolver esse conselho caso este o impeça de governar bem - como aconteceu com o senado de FHC (quase todas as leis justas eram recusadas, e a culpa caiu sobre o coitado do "assim não dá, assim não vai"). Assim, um ministério é uma ótima pedida, mas costuma feder mais que o governante, então pode e deve ser reformado. Este sim, e não o cabeça. Esta é a parte inspirada nas monarquias parlamentares.
3- o Rei pode e deve ser deposto pelo povo, sempre e a qualquer tempo em que este se unir para tal. Por assim dizer, o Rei pode sofrer "impeachment". E o Rei deve apontar um discípulo para o suceder, mediante aprovação popular (sem campanha), e não necessariamente um filho, a menos que o povo o aclame. Existe uma lei que está e não pode deixar de estar acima do Rei: a que coloca a decisão popular acima dele. A opinião popular com mais de 60% da população decidirá qualquer coisa contra a vontade do atual Rei. Esta lei o Rei terá que obedecer e não poderá alterar, sob o risco de seu próprio pescoço numa revolta popular. Esta é a parte democrática.
Todo o raciocínio baseado num simples fato: temer o próprio pescoço funciona melhor que temer um fim mais rápido do mandato.
O povo seguiu Getúlio. Ele não era perfeito, tinha sua simpatia pelo nazismo, perseguiu políticos. Mas ele trouxe coisas boas ao país e soube ser seguido. Se Getúlio dissesse "vamos levar baldes d'água para o sertão!" o povo se uniria em caravanas levando recipientes com água das capitais para o sertão. Isso é ridículo, mas o povo brasileiro tem determinação para seguir um líder amado. E o povo brasileiro gosta de amar um líder.
Por isso acho que o que o Brasil precisa não é de um cargo cujo ocupante é sempre trocado e o povo mal se acostuma com o nome. O Brasil precisa é de um homem que seja sempre o mesmo. Um homem que seja sempre lembrado e que ao invés de jogar a bomba na mão do próximo, arque ele mesmo com os problemas. Alguém que se precisar sair o povo diga "Por favor fique!". O Brasil precisa de um líder a ser amado e seguido. O Brasil precisa de um Rei!
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Eu sei que é meio utópico e a formulação é cheia de buracos perigosos. Mas a idéia básica taí. Me divirto compartilhando essa sugestão estranha e espero que não me chamem de idiota.
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O Brasil já teve presidentes o suficiente pra saber que não dá certo. Pelo menos aqui.
Por quê? Porque com o presidencialismo, o governante fica pouco tempo. É por isso que as pessoas gostam desse sistema: têm medo. Medo que um tirano fique muito tempo. Só que o tiro sempre sai pela culatra: no Brasil, todo mundo quer se dar bem, e o presidente tem a faca e o queijo para encher o bolso, e só 4 anos!. Isso significa que
a) Ele vai ter que sugar os cofres públicos bem rápido, e
b) Se ele conseguir manter o povo distraído por 4 anos ele tá salvo.
Já repararam que nunca se perseguiu um ex-presidente? Quando o mandato acaba, é só correr pro abraço! Os gols estão marcados e o jogo acabou. Claro, nem todo candidato é corrupto, óbvio. Mas fica depois que sofre a pressão lá dentro. É só ver o Lula: você acha que ele estava mal intencionado o tempo todo, ou quando sentou na cadeira, fechou a boca com medo da pressão (incluindo ameaça de morte a familiares, que é o maior praxe da nossa política...)? É fato que é muito mais cômodo ceder a pressão e distrair o povo por 4 anos do que continuar querendo fazer o certo.
Mas essa não é a pior parte. No presidencialismo, o governante está sujeito à aprovação. Mas não de um colegiado, não de um júri experiente. Está sujeito à aprovação de um povo ignóbil, deficiente, ingênuo, desesperado por qualquer sonho. Um povo sedento de campanhas e declarações de amor. E nenhum governante entra sem campanha.
Então... você já viu um aspirante a médico ler livros de medicina antes de passar no vestibular? Ou aspirante a engenheiro ler livros de cálculo...? Com certeza se lêsse, iria muito melhor na faculdade. Mas isso não é intressante para ele antes do vestibular, então a única coisa que ele sabe até então é o que diabos vai cair na prova do vestibular. Ele vive pra isso.
Assim, nossos candidatos a presidente fazem a mesma coisa. Eles se preparam? Claro. Se preparam para ganhar a eleição. São mestres em atrair público; experts em carisma, em fazer campanha. Mas... não é isso que um presidente faz! A preparação para governar é bem menor, quando não é simplesmente inexistente como no caso do Lula. E por quê iríamos querer um presidente que mais sabe fazer campanha do que mandar num país?
Recentemente assisti um filme que mostrava um Rei lidando com seus homens. Existiram muitos "reis" corruptos na história, mas não foram todos. Um verdadeiro Rei é aquele que os homens seguem sem perguntar onde ele está indo. O Rei diz "vamos!" e o povo vai. Simples assim.
Mas e a tirania? Um rei não representaria uma tirania eterna? Ora, é bonitinho dizer "democracia", "direitos iguais". Tenho certeza que a primeira resposta a este texto seria "lutamos pela democracia e esta é uma conquista à base de muito suor. Você é louco de querer jogar isso fora!"
Mas... que democracia? A utópica ou a real? Pois isso é como o socialismo: no papel é lindo. Mas na real ninguém gostou. A democracia, verdadeira, no papel, nos livros, é linda. Perfeita. Pelo menos no Brasil, nunca existiu. E desculpem os adeptos dessa apoligia, mas nunca vai existir. A menos que apareça algum grupo terrorista culhudo o suficiente pra matar todos os políticos que mijarem fora do pinico. Seria criminoso feio vs. criminoso bonito. Mas no Brasil isso significaria ausência de candidatos.
Se a democracia é linda e uma conquista histórica e blablabla... por quê Rei?
O Rei não tira o dele da reta depois de 4 anos. Você até pode enganar o povo por 4 anos (o Lula não conseguiu nem 3), mas não pode enganá-lo para sempre. Se o rei for tirano, passarão 2, 3, 4, 5, 6 anos... em alguma hora o povo perde a cabeça e mata o rei. E põe alguém no lugar. Foi assim em toda a história humana. E o Rei atual sabe disso. Não há nada mais temido por quem está lá em cima que a revolta de milhões e milhões de pessoas. E a família do Rei, também conhecida por Família Real, está toda exposta. Assim, o Rei estará submetido à mesma pressão que nossos presidentes hoje sofrem, só que no sentido contrário: o bom sentido. "Ou faz bem ou o povo te mata."
Mesmo que o rei queira encher os bolsos, ele não precisa sugar a máquina administrativa como um bezerro, porque a oportunidade dele para tal não se limita a 4 anos. Ele tem a vida inteira para ficar bem de vida. Então, caso ele quisesse roubar, roubaria devagar e com cautela. O que atrapalha o país bem menos que o presidencialismo, que parece dizer ao presidente: "pega já!!". Continua não sendo perfeito, mas nunca propûs que fosse.
Mas a maior vantagem ainda não é essa. O candidato a presidente passa a vida aprendendo como ser eleito. Já o príncipe, sabendo que vai governar, passa a vida aprendendo como governar, mesmo. Acompanha o pai nos problemas envolvidos. Ele está, bem de longe, muito mais preparado para as experiências de governo. E iludir o povo está muito mais relacionado a ser eleito do que a manter uma nação de pé. Além disso o povo terá 20, 30 anos para conhecer o caráter do novo príncipe.
Quem já esteve em sociedade ou conselho sabe que quando decisões importantes estão na mão de muita gente, chega um ponto que vira bosta. Talvez não fosse tão importante ser por A ou por B. Às vezes, na prática, tanto faz. Mas metade quer A, metade, B, e não se decide nada q o problema vai pro vinagre por falta de iniciativa. Uma hora alguém tem que assumir. E essa é uma enorme vantagem do Rei: tá realmente na mão dele, é só fazer. Nada de "vou propor o almoço para o conselho e mês que vem a gente mata a fome".
Mas... e se der merda? Digo, e se subir ao trono um tirano? Realmente, aprendemos bastante com o passado. A monarquia da idade média não deve se repetir, ponto.
Mas ela não é a única monarquia possível. Temos um intermediário entre aqueles reinados e a república: monarquia parlamentarista. Funciona porque a Inglaterra não foi pro brejo. Eu acho que o Brasil devia ter abraçado quando teve chance, mas agora já era. Mas nesta forma, o rei é "de isopor": não serve para nada e estar ali ou não não fará a menor diferença. Esse sistema, no caso da Inglaterra, serviu para colocar a democracia sem deixar a família real muito chateada.
Que eu poderia propor, então? Um meio termo entre essas três coisas: república, monarquia convencional e parlamentarista. MAIS HEIN?!?
Seguinte:
1- o Rei não pode ser de isopor. Porque "uma hora alguém tem que assumir". E ao invés de "primeiro ministro", bota o Rei logo nesse cargo. Essa é a parte inspirada nas monarquias convencionais.
2- o Rei não pode estar sozinho, por razões óbvias. Não queremos um imperador. Ele deve ter um conselho, um círculo de algum tipo. Mas ele deve estar acima disso, ou seja, deve ter o poder, direito e dever de dissolver esse conselho caso este o impeça de governar bem - como aconteceu com o senado de FHC (quase todas as leis justas eram recusadas, e a culpa caiu sobre o coitado do "assim não dá, assim não vai"). Assim, um ministério é uma ótima pedida, mas costuma feder mais que o governante, então pode e deve ser reformado. Este sim, e não o cabeça. Esta é a parte inspirada nas monarquias parlamentares.
3- o Rei pode e deve ser deposto pelo povo, sempre e a qualquer tempo em que este se unir para tal. Por assim dizer, o Rei pode sofrer "impeachment". E o Rei deve apontar um discípulo para o suceder, mediante aprovação popular (sem campanha), e não necessariamente um filho, a menos que o povo o aclame. Existe uma lei que está e não pode deixar de estar acima do Rei: a que coloca a decisão popular acima dele. A opinião popular com mais de 60% da população decidirá qualquer coisa contra a vontade do atual Rei. Esta lei o Rei terá que obedecer e não poderá alterar, sob o risco de seu próprio pescoço numa revolta popular. Esta é a parte democrática.
Todo o raciocínio baseado num simples fato: temer o próprio pescoço funciona melhor que temer um fim mais rápido do mandato.
O povo seguiu Getúlio. Ele não era perfeito, tinha sua simpatia pelo nazismo, perseguiu políticos. Mas ele trouxe coisas boas ao país e soube ser seguido. Se Getúlio dissesse "vamos levar baldes d'água para o sertão!" o povo se uniria em caravanas levando recipientes com água das capitais para o sertão. Isso é ridículo, mas o povo brasileiro tem determinação para seguir um líder amado. E o povo brasileiro gosta de amar um líder.
Por isso acho que o que o Brasil precisa não é de um cargo cujo ocupante é sempre trocado e o povo mal se acostuma com o nome. O Brasil precisa é de um homem que seja sempre o mesmo. Um homem que seja sempre lembrado e que ao invés de jogar a bomba na mão do próximo, arque ele mesmo com os problemas. Alguém que se precisar sair o povo diga "Por favor fique!". O Brasil precisa de um líder a ser amado e seguido. O Brasil precisa de um Rei!
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Eu sei que é meio utópico e a formulação é cheia de buracos perigosos. Mas a idéia básica taí. Me divirto compartilhando essa sugestão estranha e espero que não me chamem de idiota.