Re: Pq filmes brasileiros são ruins.
É isso que nossos jovens chamam de cinema transgressor
É, o Edgar Navarro (aka diretor do filme) é jovem mesmo. Nasceu em 1949 (aka completa 57 anos em 12 de outubro). etc. Filme muito bem recibido, por sinal. Assistirei amanhã.
Eu dei uma lida por alto no tópico e tal hoje, e as pessoas precisam também enxergar o lado bom do cinema brasileiro.
Tipo, sabe o KARIM AINOUZ? Ele não parece brasileiro com esse nome, apesar de ser. Ele fez, tipo, dois filmes geniais - MADAME SATÃ e O CÉU DE SUELY. O cara tem muito mais sensibilidade e talento para fazer um filme, digamos, "de arte" (péssima expressão, etc, mas as pessoas gostam, então), do que muita gente de fora do Brasil e o do mundo (sim, ETs). Ele não se perde em planos vazios, sem sentido, onde coloca a personagem pra escovar os dentes à toa, por exemplo. Dêem uma conferida no primeiro e em O CÉU DEE SUELY quando estreiar, 17 de novembro.
Não vou nem falar de CINEMA, ASPIRINAS E URUBUS.
A Première Brasil do Festival do Rio está com filmes interessantes. Tipo, 1972 é o tipo de filme que se deve bater palma para. Não que ele seja tão bom assim, mas a vontade de se fazer um filme desse tipo é louvável aqui no Brasil. O filme tem seus defeitos? Tem, claro. Mas o José Emilio Rondeau abriu um espaço para um filme que fala da vida de adolescentes (que não são da Globo), vivem durante a ditadura (e não tem clichês tipo "meu filho foi pego!" ou "NOSSA, um cavalo a cada 10 minutos!", mas usa esses detalhes para construir a história). Um filme bastante simpático, cool, com rebeldia, garoto-que-quer-ter-uma-banda-nos-anos-70 e garota-futura-jornalista-cultural, etc. Tem problemas narrativos e simplicidade na direção, mas é de se aplaudir.
Tem o Ricardo Elias, que fez DE PASSAGEM e agora o elogiadíssimo OS 12 TRABALHOS; Cao Hamburguer (O ANO EM QUE MEUS PAIS SAÍRAM DE FÉRIAS), Sérgio Machado (CIDADE BAIXA); Beto Brant (CRIME DELICADO); Tata Amaral, fez ATRAVÉS DA JANELA e lança o bom ANTONIA. Mas esse tem o problema de interferência da Globo, mas a longo prazo. Enquanto o filme estava sendo editado, resolveram fazer uma série sobre o filme (tipo Carandiru). O filme peca por ser apenas uma pequena introdução sobre a vida de quatro mulheres da periferia de São Paulo que tentam a sorte na música, e parece que no final vai entrar o "Continua terça-feira depois de Páginas da Vida", mas a Tata Amaral é talentosíssima e cheia de paixão ao filmar.
Os documentários, em alta atualmente. Evaldo Mocarzel (À MARGEM DA IMAGEM, DO LUTO À LUTA, À MARGEM DO CONCRETO), João Jardim (PRO DIA NASCER FELIZ), José Padilha (ÔNIBUS 174), Eduardo "Deus" Coutinho (O FIM E O PRINCÍPIO, EDIFÍCIO MASTER, etc), Paulo Sacramento (O PRISIONEIRO DA GRADE DE FERRO), Vicente Ferraz (SOY CUBA: O MAMUTE SIBERIANO), por aí vai.
pug disse:
Filmes brasileiros são ruins pq os caras falam em português. Não há como achar interpretações em português minimamente convincentes, as conversas são todas forçadas.
(Não pelo idioma em si, mas por ser o meu nativo)
Cadê o sotaque (mineiro, gaúcho, paulista) da galera desses filmes? Pq eles não falam tudo errado como 90% da população brasileira? E etc.
Eu diria que, atualmente, isso é o que mais afasta brasileiros do cinema nacional, principalmente o jovens. Às vezes incomoda demais talvez esse modo forçado de falar (mas tipo, Carlos Reichenbach lida muito bem com isso), mas tente ver um filme que não seja ZUZU ANGEL, por exemplo, porque com certeza a Patrícia Pilar falará assim. Agora, vê se a Hermila Guedes (O CÉU DE SUELY) fala forçado ou ela é realmente uma nordestina? Etc. Não adianta julgar que o cinema brasileiro é RUIM E PONTO pelo
mainstream global.