Outras três pessoas foram indiciadas. Cerca de R$ 1 milhão pago pelo Corinthians a Rede Social Media Design Ltda foram para UJ Football Talent Intermediação Ltda. Empresa é braço do PCC no futebol, apontou delação de Vinicius Gritzbach. UJ Football afirma que 'não é investigada por envolvimento com o crime organizado'.
A Polícia Civil de São Paulo indiciou nesta quinta-feira (22) o presidente do Corinthians, Augusto Melo, e mais três pessoas pelos crimes de furto, lavagem de dinheiro e associação criminosa no inquérito que apura irregularidades no contrato entre o clube e a casa de apostas Vai de Bet.
Na semana passada, relatórios da Polícia Civil de São Paulo apontam que parte da comissão paga pela casa de apostas "Vai de Bet", em um contrato de patrocínio com o Corinthians, foi repassada para a empresa UJ Football Talent Intermediação Ltda. Segundo a investigação, essa empresa é considerada um dos braços do Primeiro Comando da Capital (PCC) no mercado do futebol.
A UJ Football Talent é ligada a Danilo Lima de Oliveira, o "Tripa", integrante do PCC, segundo delação premiada que o empresário Vinicius Gritzbach deu ao Ministério Público (MP). A defesa dele nega envolvimento de Danilo com o crime organizado (veja mais abaixo).
Os relatórios foram divulgados primeiramente pelo jornal "O Estado de S. Paulo". Em nota, a A UJ Football Talent afirmou que "não possui qualquer ligação com organizações criminosas e não é investigada por envolvimento com o crime organizado". (leia mais abaixo)
Além de Augusto, os indiciados são o ex-diretor administrativo do clube, Marcelo Mariano; o antigo superintendente de marketing corintiano, Sérgio Moura; e Alex Cassundé, dono da empresa responsável pela intermediação do contrato com a VaideBet.
Segundo a polícia, a investigação demonstrou que Alex Fernando André, vulgo Alex Cassundé, sócio da Rede Social Media Design foi incluído para possibilitar que recursos financeiros do clube fossem ilegalmente desviados.
A inclusão de Cassundé no contrato, segundo a polícia, se deu graças "à atuação orquestrada e criminosa de Augusto Pereira de Melo, Marcelo Mariano dos Santos e Sérgio Lara Muzel de Moura, dirigentes corintianos que agiram em conluio - e meticulosamente - para afastar do negócio aqueles que realmente contribuíram para a sua existência."
Os indícios apontam ainda que Cassundé não intermediou nada, o que era de conhecimento de Augusto Melo, como dos demais dirigentes, os quais ainda assim, concorreram "dolosamente para que ele, de maneira indevida, figurasse, através de sua empresa, no correlato contrato milionário firmado com a empresa de apostas."
O g1 tenta contato com os indiciados.
Gritzbach foi assassinado a tiros em novembro do ano passado, na saída do Aeroporto Internacional de São Paulo, em Guarulhos. O empresário também havia acusado Tripa de participar do seu sequestro e de estar armado e ameaçar esquartejá-lo.
De acordo com a delação, em janeiro de 2022 Gritzbach foi levado por criminosos ligados ao PCC para um tribunal do crime no Tatuapé, Zona Leste de São Paulo.
Os bandidos suspeitavam que o empresário havia mandado matar em 2021"Cara Preta" e Antonio Corona Neto, o "Sem Sangue", dois membros do PCC. Além disso, cobraram Gritzbach para revelar o paradeiro de R$ 100 milhões que pertenceriam a "Cara Preta". (veja mais abaixo).
Segundo Gritzbach delatou ao MP, "Tripa" é um agente de jogadores de futebol da série A do Campeonato Brasileiro e também cuida da carreira de atletas que jogam no futebol europeu.
Após quase um ano de investigações, o Departamento de Polícia de Proteção à Cidadania (DPPC) da Polícia Civil produziu um relatório preliminar, ao qual a TV Globo teve acesso, concluindo que R$ 1.074.150,00 dos R$ 1,4 milhão pagos pelo Corinthians na intermediação do contrato com a Vai de Bet foram transferidos para pelo menos quatro diferentes empresas, até chegar, por fim, à UJ Football, de Danilo Lima.
O organograma feito pelo delegado Tiago Fernando Correia, responsável pelo caso, detalha o caminho do dinheiro que saiu dos cofres do Corinthians (veja abaixo).
Segundo a delegacia, o Corinthians “foi vítima de um complexo esquema de lavagem de dinheiro que lesou os cofres do clube”.
“Parece-nos nítido, destarte, que aqueles que deram causa ao desvio de dinheiro dos cofres do Sport Club Corinthians Paulista se utilizaram das tradicionais estratégias de lavagem de dinheiro para, não só introduzir os valores no sistema financeiro e distanciar o capital ilícito da sua origem, visando, assim, evitar uma associação direta com a infração antecedente”, informa trecho do relatório policial.
Em nota emitida na manhã desta quinta-feira (15), o Corinthians disse que "é vítima das circunstâncias investigadas e reforça que não possui controle sobre o que terceiros fazem com valores recebidos em decorrência de contratos firmados".
Veja a nota do Clube enviada na semana passada:
"O Sport Club Corinthians Paulista informa que, até o momento, não há qualquer demonstração de autoria relacionada aos fatos mencionados. O presidente do Clube reafirma seu total apoio às investigações em andamento, bem como a todas as iniciativas que visem apurar eventuais envolvimentos do crime organizado no futebol brasileiro.
O Corinthians destaca que é vítima das circunstâncias investigadas e reforça que não possui controle sobre o que terceiros fazem com valores recebidos em decorrência de contratos firmados. O Clube cumpre rigorosamente todas as suas obrigações legais e contratuais, prezando pela transparência e integridade em suas operações.
O Corinthians reitera seu compromisso com a transparência, a responsabilidade e a justiça no esporte, apoiando todas as medidas necessárias para garantir a lisura das competições e combater práticas ilícitas no futebol".
O contrato de intermediação de patrocínio da empresa Vai de Bet com o Corinthians está no centro do processo de impeachment enfrentado pelo atual presidente do clube, Augusto Mello, pelo Conselho Deliberativo.
O Corinthians ficou de receber R$ 360 milhões pelo patrocínio total da Vai de Bet, fechado em janeiro deste ano. A quantia equivale a três anos de patrocínio.
Mas, na hora de fechar o contrato, o clube havia acertado também uma comissão de 7% do contrato – cerca de R$ 25 milhões – para uma empresa intermediária do negócio, a Rede Social Media Design Ltda.
A Rede Social pertence a Alex Fernando André, o Alex Cassundé, que fez parte da equipe de comunicação de Augusto Melo durante a campanha eleitoral que elegeu o novo presidente do Corinthians, em 2023.
O pagamento da comissão seria feito em parcelas de R$ 700 mil, segundo o UOL, e duas delas já haviam sido pagas pelo clube alvinegro, totalizando R$ 1,4 milhão.
Porém, três dias depois dos dois pagamentos de R$ 700 mil, a Rede Social fez uma transferência transferências pix de quase R$ 1 milhão para a Neoway Soluções Integradas em Serviços Ltda que tem uma sócia laranja chamada Edna Oliveira dos Santos, uma empregada doméstica que vive em Peruíbe, no litoral sul paulista. Ela disse à reportagem que não sabia que era sócia da empresa.
Segundo relatório da polícia, a Neoway é uma empresa fantasma. Além dela, outras três empresas que fazem parte do grupo criminoso também seriam de fachada: a ACJ Platform, a Thabs Soluções Integradas e a Carvalho Distribuidora.
Através delas o dinheiro chegou até a empresa de Danilo. Diante da suspeita, a Polícia Civil abriu uma investigação sobre o esquema, que gerou a rescisão do contrato entre Corinthians e Vai de Bet, além do processo de impeachment de Augusto Melo no clube.
Mello enfrenta outros três processos de impeachment no clube, que não tiveram desfecho e estão em discussão dentro do Conselho Deliberativo do clube. A votação está marcada para 26 de maio.
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g1.globo.com
A Polícia Civil de São Paulo indiciou nesta quinta-feira (22) o presidente do Corinthians, Augusto Melo, e mais três pessoas pelos crimes de furto, lavagem de dinheiro e associação criminosa no inquérito que apura irregularidades no contrato entre o clube e a casa de apostas Vai de Bet.
Na semana passada, relatórios da Polícia Civil de São Paulo apontam que parte da comissão paga pela casa de apostas "Vai de Bet", em um contrato de patrocínio com o Corinthians, foi repassada para a empresa UJ Football Talent Intermediação Ltda. Segundo a investigação, essa empresa é considerada um dos braços do Primeiro Comando da Capital (PCC) no mercado do futebol.
A UJ Football Talent é ligada a Danilo Lima de Oliveira, o "Tripa", integrante do PCC, segundo delação premiada que o empresário Vinicius Gritzbach deu ao Ministério Público (MP). A defesa dele nega envolvimento de Danilo com o crime organizado (veja mais abaixo).
Os relatórios foram divulgados primeiramente pelo jornal "O Estado de S. Paulo". Em nota, a A UJ Football Talent afirmou que "não possui qualquer ligação com organizações criminosas e não é investigada por envolvimento com o crime organizado". (leia mais abaixo)
Além de Augusto, os indiciados são o ex-diretor administrativo do clube, Marcelo Mariano; o antigo superintendente de marketing corintiano, Sérgio Moura; e Alex Cassundé, dono da empresa responsável pela intermediação do contrato com a VaideBet.
Segundo a polícia, a investigação demonstrou que Alex Fernando André, vulgo Alex Cassundé, sócio da Rede Social Media Design foi incluído para possibilitar que recursos financeiros do clube fossem ilegalmente desviados.
A inclusão de Cassundé no contrato, segundo a polícia, se deu graças "à atuação orquestrada e criminosa de Augusto Pereira de Melo, Marcelo Mariano dos Santos e Sérgio Lara Muzel de Moura, dirigentes corintianos que agiram em conluio - e meticulosamente - para afastar do negócio aqueles que realmente contribuíram para a sua existência."
Os indícios apontam ainda que Cassundé não intermediou nada, o que era de conhecimento de Augusto Melo, como dos demais dirigentes, os quais ainda assim, concorreram "dolosamente para que ele, de maneira indevida, figurasse, através de sua empresa, no correlato contrato milionário firmado com a empresa de apostas."
O g1 tenta contato com os indiciados.
Delação
Gritzbach foi assassinado a tiros em novembro do ano passado, na saída do Aeroporto Internacional de São Paulo, em Guarulhos. O empresário também havia acusado Tripa de participar do seu sequestro e de estar armado e ameaçar esquartejá-lo.
De acordo com a delação, em janeiro de 2022 Gritzbach foi levado por criminosos ligados ao PCC para um tribunal do crime no Tatuapé, Zona Leste de São Paulo.
Os bandidos suspeitavam que o empresário havia mandado matar em 2021"Cara Preta" e Antonio Corona Neto, o "Sem Sangue", dois membros do PCC. Além disso, cobraram Gritzbach para revelar o paradeiro de R$ 100 milhões que pertenceriam a "Cara Preta". (veja mais abaixo).
Segundo Gritzbach delatou ao MP, "Tripa" é um agente de jogadores de futebol da série A do Campeonato Brasileiro e também cuida da carreira de atletas que jogam no futebol europeu.
Após quase um ano de investigações, o Departamento de Polícia de Proteção à Cidadania (DPPC) da Polícia Civil produziu um relatório preliminar, ao qual a TV Globo teve acesso, concluindo que R$ 1.074.150,00 dos R$ 1,4 milhão pagos pelo Corinthians na intermediação do contrato com a Vai de Bet foram transferidos para pelo menos quatro diferentes empresas, até chegar, por fim, à UJ Football, de Danilo Lima.
O organograma feito pelo delegado Tiago Fernando Correia, responsável pelo caso, detalha o caminho do dinheiro que saiu dos cofres do Corinthians (veja abaixo).

Segundo a delegacia, o Corinthians “foi vítima de um complexo esquema de lavagem de dinheiro que lesou os cofres do clube”.
“Parece-nos nítido, destarte, que aqueles que deram causa ao desvio de dinheiro dos cofres do Sport Club Corinthians Paulista se utilizaram das tradicionais estratégias de lavagem de dinheiro para, não só introduzir os valores no sistema financeiro e distanciar o capital ilícito da sua origem, visando, assim, evitar uma associação direta com a infração antecedente”, informa trecho do relatório policial.
Em nota emitida na manhã desta quinta-feira (15), o Corinthians disse que "é vítima das circunstâncias investigadas e reforça que não possui controle sobre o que terceiros fazem com valores recebidos em decorrência de contratos firmados".
Veja a nota do Clube enviada na semana passada:
"O Sport Club Corinthians Paulista informa que, até o momento, não há qualquer demonstração de autoria relacionada aos fatos mencionados. O presidente do Clube reafirma seu total apoio às investigações em andamento, bem como a todas as iniciativas que visem apurar eventuais envolvimentos do crime organizado no futebol brasileiro.
O Corinthians destaca que é vítima das circunstâncias investigadas e reforça que não possui controle sobre o que terceiros fazem com valores recebidos em decorrência de contratos firmados. O Clube cumpre rigorosamente todas as suas obrigações legais e contratuais, prezando pela transparência e integridade em suas operações.
O Corinthians reitera seu compromisso com a transparência, a responsabilidade e a justiça no esporte, apoiando todas as medidas necessárias para garantir a lisura das competições e combater práticas ilícitas no futebol".
Contrato de R$ 360 milhões
O contrato de intermediação de patrocínio da empresa Vai de Bet com o Corinthians está no centro do processo de impeachment enfrentado pelo atual presidente do clube, Augusto Mello, pelo Conselho Deliberativo.
O Corinthians ficou de receber R$ 360 milhões pelo patrocínio total da Vai de Bet, fechado em janeiro deste ano. A quantia equivale a três anos de patrocínio.
Mas, na hora de fechar o contrato, o clube havia acertado também uma comissão de 7% do contrato – cerca de R$ 25 milhões – para uma empresa intermediária do negócio, a Rede Social Media Design Ltda.
A Rede Social pertence a Alex Fernando André, o Alex Cassundé, que fez parte da equipe de comunicação de Augusto Melo durante a campanha eleitoral que elegeu o novo presidente do Corinthians, em 2023.
O pagamento da comissão seria feito em parcelas de R$ 700 mil, segundo o UOL, e duas delas já haviam sido pagas pelo clube alvinegro, totalizando R$ 1,4 milhão.
Porém, três dias depois dos dois pagamentos de R$ 700 mil, a Rede Social fez uma transferência transferências pix de quase R$ 1 milhão para a Neoway Soluções Integradas em Serviços Ltda que tem uma sócia laranja chamada Edna Oliveira dos Santos, uma empregada doméstica que vive em Peruíbe, no litoral sul paulista. Ela disse à reportagem que não sabia que era sócia da empresa.
Segundo relatório da polícia, a Neoway é uma empresa fantasma. Além dela, outras três empresas que fazem parte do grupo criminoso também seriam de fachada: a ACJ Platform, a Thabs Soluções Integradas e a Carvalho Distribuidora.
Através delas o dinheiro chegou até a empresa de Danilo. Diante da suspeita, a Polícia Civil abriu uma investigação sobre o esquema, que gerou a rescisão do contrato entre Corinthians e Vai de Bet, além do processo de impeachment de Augusto Melo no clube.
Mello enfrenta outros três processos de impeachment no clube, que não tiveram desfecho e estão em discussão dentro do Conselho Deliberativo do clube. A votação está marcada para 26 de maio.
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Polícia indicia presidente do Corinthians por furto, lavagem de dinheiro e associação criminosa em contrato com Vai de Bet
Outras três pessoas foram indiciadas. Cerca de R$ 1 milhão pago pelo Corinthians a Rede Social Media Design Ltda foram para UJ Football Talent Intermediação Ltda. Empresa é braço do PCC no futebol, apontou delação de Vinicius Gritzbach. UJ Football afirma que 'não é investigada por envolvimento...
