As mulheres que abortam sabem o risco que estão correndo, então como isso não é uma necessidade e sim uma opção, é problema delas. A lei tem que proteger os fetos. Quanto a embriões sem consciência eu não tenho uma opinião. Mas abortar aos 7, 8 meses (ou até antes, sei lá) é a mesma coisa que matar depois de nascido.
Ok, farsante, você não é o Balbo! Quem te deu a senha do Balbo para postar aqui e difamar o nome dele?!?
Sério, Balbo, me indique onde você leu sobre esse método de abortar uma gravidez em estágio avançado. Nem médico recomendaria uma loucura dessas, heh.
É tão engraçado quanto os cartazes que vi por ai "seja contra o aborto de 9 meses!"
(considerando-s que li isso em uma universidade É HILÁRIO! De chegar às lágrimas...)
Nas minhas aulas de embriologia tivemos vários momentos para refletir sobre isso. Meu professor era muito gente boa e apesar dele ser a favor do aborto fez a gente pensar muito sobre onde se inicia a vida. No momento da fecundação (quando fundem-se os gametas)? No momento da penetração (quando um óvulo permite a entrada do espermatozóide, mas ainda temos dois núcleos com metade dos genes)? No momento em que se forma o tubo neural e há o dobramento do embrião? Quando seu coração bate pela primeira vez? Quando ele nasce e então respira? Diz-se que aqui na Unicamp um professor disse ao aluno que a vida começa quando forma-se o sistema nervoso porque a morte é determinada pelo fim da atividade cerebral, em resposta um aluno disse que para ele a morte é determinada pelo fim da respiração, sendo a vida iniciada na primeira vez que o bebê respira.
Acho isso bem razoável, e bem ponderado de forma a evitar injustiças por conta de clamores ou emoções. Em termos de religião, não há pouco tempo preferia-se queimar um herege para salvar a alma dele. Bem emotiva a racionalização (medo é uma emoção)
Mas deixemos a Inquisição de lado, pois ela cumpriu seu papel (não sei qual, mas tudo tem uma importância até as coisas ruins)
Então emocionalmente falando, eu deixaria de lado emoções na hora de avaliar essas coisas, porque nessa brincadeira, chantagem emocional funciona muito bem, obrigada, em jovens adolescentes que foram estupradas e que se "convenceram" que era pecado e que ela queria ter o tal filho (espero mesmo que continue amando o filho, pois isso foi manchete de cinco anos atrás).
Não digo que devemos nos tornar humanamente sem emoções, mas nem sempre elas são boas ferramentas para julgamentos.
O que me lembra os argumentos dos vegetarianos, que não funcionariam na sociedade oriental, onde é perfeitamente normal uma criança ter um Babe (porquinho) de estimação, mas comer bisteca sem traumas "estou comendo o irmãozinho do Babe!" A filosofia é a seguinte: o que importa é não tornar a morte de outro ser vivo em vão. Seja o ser vivo uma alface ou um cão. Você não pode matar um boi inteiro e jogar fora sua pele ou orelha porque é "nojento", ou devastar toda uma floresta para fazer uma fogueirinha. O que tem de ser enfiado na cabeça é que algo morreu para que EU continue a viver.
Em termos de aborto, é algo também interessante a legalização e aqui cabe a preocupação de muitos em relação à banalização.
Bem, há um sério problema de infertilidade no Japão, pelo que me consta. A desculpa (ou "culpa"*) oficial é porque as mulheres só pensam na carreira e não querem ter filhos. Mas a realidade que meus parentes me contaram é o aborto legalizado mal-feito tornou a grande maioria das mulheres em idade de ter filhos estéreis.
(o diagnostico dos médicos publicos lá, quando você está doente tem 3 alternativas: corpo mole para faltar no serviço, gripe ou apendicite. É surpresa aborto legalizado mal feito?
)
Disse isso uma vez, mas digo de novo: SE houver realmente uma banalização então há consequências. O médico deve ser capaz de avisar a mulher que ela corre sérios riscos, e não apenas a curto prazo, mas a longo prazo. WTF, nem pílula temos dados concretos: temos dados de quantas GERAÇÕES de mulheres? Duas ou três gerações, quando muito?
Certo, certo, eu estou interpretando as coisas de forma errada: todos me lembram que estão preocupados com os bebês e não com a mulher. OK, então a mulher tem de assumir sua responsabilidade e criar a criança.
Bem, parir ela com certeza, irá, mas criar? Não é essa a realidade que vejo, mesmo quando as mulheres juram de pés juntos que não abandonaram seus filhos que ficam pedindo trocado nos faróis. (tanto amor maternal que as move até a FEBEM depois
)
OK, ela pode ser colocada para adoção. Porque privar o bebê/feto da vida, se ele pode vir a descobrir a cura para a AIDS?
E eu concordaria em gênero, número e grau. Mas então EU também sou responsável pela vinda da criança ao mundo: em termos morais, se eu defendo essa criança, então eu me torno sua mãe MORAL. Ou seja, seria MINHA OBRIGAÇÃO dotá-la (ou adotá-la?) de meios para que ela cresça em um ambiente saudável e amoroso.
Mas a realidade é que eu NÃO FAÇO absolutamente nada para que o número considerável de crianças que esperam que um dia um papai ou uma mamãe (não precisa ser os dois, notem) possam ter um final feliz. Na verdade, mesmo que eu fizesse como o japonês do posto de gasolina e tivesse 3 filhos naturais e 47 adotados, não resolver grande coisa (só para os 47 mas não para as outras centenas)
Novamente, apelo para o lado racional: se temos centenas de crianças abandonadas nesses abrigos e orfanatos, sem receber um pingo de afeto, sou realista e não idealista em perceber que há uma chance enorme deles descabarem para a marginalidade? (afinal, só tomaram na cabeça desde que vieram ao mundo! quem pode culpa-los de dar troco?)
Então não posso defender a vinda dessa criança, ainda mais que depois, MUITOS DOS meus pares que porventura a defenderam quando era um monte de células, não querem nem saber do inferno que foi a vida dela quando completar 18 anos abandonada e quiser descontar em alguma família feliz, irão pedir-lhe a pena de morte. Perdão, se bobear, aos 16 anos... ou aos 14, pode diminuir para 12, vixe, teve os irmãos americanos que mataram um bebê aos 8 e 10 anos.
Aí me dizem que estou defendendo um monstro ao invés de defender as crianças. Peraí! Já não estou entendendo mais nada deste mundo. Não faz o menor sentido!!!
Pois atentem que (no calor das emoções) que só não quero que condenem TODAS as crianças pelos atos de UNS monstros. Mas a interpretação que muitos fazem é que eu defendo todos os monstros!
Para esta cientista, estes atos emocionais são irracionais e cruéis, mas passam desapercebidos e até são perdoados com mais facilidade que a frieza de um julgamento sem "sangue correndo para a cabeça".
Mas sobre a frieza da ciência. Uma vez Richard Feymann parou e olhou para um arco-íris, e ao seu lado estava um de seus alunos. Ele voltou-se para o aluno e perguntou: "Nossa, olha! Um arco-iris!"
E ficaram lá olhando. O jovem logo ficou enfastiado. Ao que Feymann sem perceber comentou "porque será que Newton estudou o arco-íris?"
E o jovem (autor do livro que li) começou a viajar na maionese: acho que foi porque podia pensar em decomposição em séries de Fourier, ou o efeito das rodas de uma carruagem quando girando rápido.
E então o brilhante cientista olhou para o aluno com uma careta como se o aluno fosse marciano e disse: "será que ele não quis estudar o arco-íris porque é maravilhosamente lindo?"
* declaração do primeiro ministro anterior do Japão. Não o Koizumi, apesar que não vou com a cara desse sujeito.