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Consoles PlayStation 4

P.S.: A conta não fui eu quem fiz. Eu peguei de um site em um dos comentários e postei aqui para terem uma noção. Mas a conta parece estar certinha sim.

Ah sim, tô ligado, falei "conta do Turgon" pela referência, por você ter postado.

Vamos ser realistas - U$400 no USA = R$900,00 (grosso modo)

Impostos de importação de 70% = R$630,00

Total: R$1.530,00

MAIS despesas e lucro do vendedor (fala sério, quem é otário suficiente pra achar que comércio de ponta vive de ar e não paga imposto?). Logística, suporte, embalagem, perda, quebra, extraio, fraudes e afins.

Total Final Justo: R$ 1.999,00 a R$2.199,00
(quem achasse ruim que importasse diretamente e abrisse mão da garantia, suporte, apoio técnico, troca e todas aquelas besteiras que comprador acha que são de graça)

(mais uma edição: por sinal esse deve ser o preço do XBox na ponta, nas "promoções")

Bem por aí, Deriel. O que prova ainda mais que 4000 reais é mais do que abusivo.
 
Achei essa reportagem interessante. Diz bastante sobre o assunto e sobre o que penso do mesmo.

O PlayStation 4, novo videogame da Sony, chegará ao país no dia 29 de novembro ao surpreendente preço de R$ 3.999 - valor mais alto para o aparelho no mundo. Nos Estados Unidos, o aparelho custa US$ 399 (ou R$ 860) e poderá ser comprado a partir do dia 15 de novembro.

Uma simples pesquisa nos sites das companhias aéreas mostra que sai mais barato ir até os Estados Unidos comprar o videogame no dia do lançamento. Passagens de ida e volta, entre São Paulo e Nova York, no dia 15, custam entre US$ 1 mil e US$ 1,3 mil - ou R$ 2,1 mil e R$ 2,8 mil, aproximadamente. Somado ao valor do videogame, a conta fica entre R$ 3.010 e R$ 3.760.

Comprar lá fora tem ainda outra vantagem: o PlayStation 4 trazido na mala está livre de imposto, já que o aparelho entraria na cota de US$ 500 a que os brasileiros têm direito em viagens ao exterior. Não é à toa que muita gente viaja para comprar produtos importados - o gasto em viagens internacionais no último mês de agosto foi recorde.

O preço irritou jogadores e fãs da marca PlayStation: em apenas algumas horas, o post de anúncio no blog da empresa já havia recebido mais de 250 reclamações. Uma petição online para que o produto chegue ao país com um preço justo já colheu mais de 100 mil assinaturas. Em resposta, uma porta-voz da Sony alegou que o valor é alto “pois o console é importado e o preço se baseia nas taxas de importações impostas pelo governo local”.

Segundo levantamento do professor Fernando Zilveti, da Escola de Administração da Fundação Getulio Vargas (FGV), a incidência de impostos sobre o PlayStation 4 seria de 73%, o que inclui sete tarifas diferentes. A carga tributária, segundo ele, é bem similar à dos computadores.

Tomando-se como base o preço cobrado nos Estados Unidos e aplicando-se as tarifas brasileiras, o valor do PlayStation chegaria ao País por R$ 1.490.
Zilveti lembra, entretanto, que a discrepância entre este valor e o preço divulgado pela Sony não é apenas graças à margem de lucro. “Pode ser o custo de distribuição, de importação, do varejista, mas o empresário não diz exatamente o que é”, diz o professor. “Como o consumo está aquecido no Brasil, as empresas conseguem vender seus produtos aqui mesmo cobrando mais caro.”

A notícia também pegou de surpresa especialistas e o mercado de varejo, especialmente após meses de expectativa por um anúncio de preço mais baixo do videogame. Em julho, durante a feira especializada E3, o executivo Jack Tretton, da Sony, disse que a meta da empresa era trazer o PS4 ao Brasil com o mesmo valor cobrado nos EUA.

“Os lojistas reclamaram muito do preço, porque ele fará com que os consumidores deixem o varejo para comprar o PlayStation 4 no mercado cinza. Além disso, os contrabandistas usarão o preço nacional como referência negativa, o que é muito ruim”, conta Moacyr Alves, presidente da ACIGames (Associação Comercial, Industrial e Cultural de Games do Brasil), formada a partir do movimento Jogo Justo, que luta pela redução de impostos no setor.

“O mercado brasileiro tem muito a perder com um possível crescimento do ‘grey market’. Passamos anos sofrendo boicotes e preconceito dos produtores por conta da pirataria e contrabando, e é possível que agora isso volte a acontecer”, diz ele. Para Thiago Moreira, gerente regional de produtos da consultoria Nielsen, o valor proposto pela Sony “está fora da realidade do brasileiro”.

Os dois também comentaram sobre a concorrência com o Xbox One, console da Microsoft que chega ao mercado brasileiro uma semana antes do PlayStation 4. O videogame da empresa de Bill Gates também chega ao Brasil com o rótulo de ‘mais caro do mundo’, mas o preço é menos salgado que o do rival: R$ 2.200 - nos EUA, o mesmo console sai por US$ 499.

Para Moacyr Alves, “o consumidor que estiver em dúvida entre os consoles optará pelo Xbox One. A Sony vai perder muito com isso”. Moreira, da Nielsen, acredita que “quem quiser o PlayStation vai optar pelo mercado cinza. A comparação passa a ser do Xbox One legal com o PlayStation de contrabando, e isso pode trazer uma distorção para esse cenário”.

Especificações

Com capacidade de processamento de 2,75 GHz, memória de 8GB e 500GB de armazenamento, o kit no qual o PlayStation 4 será vendido inclui o console, um controle sem fio, um headset com fone de ouvido e microfone, um cabo HDMI e um cabo USB.

Uma série de jogos já foi confirmada para o novo console, incluindo novas versões das séries FIFA, Call Of Duty, Battlefield, Final Fantasy e Just Dance. Nos EUA, quiosques de demonstração já foram instalados pela Sony em grandes lojas de varejo. Colaborou Mariana Congo. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Fonte: EXAME
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Está mais do que claro que um preço "justo" e ainda com bom lucro da Sony seria algo em torno de R$1.800,00 até R$ 2.000,oo. Acima disso já entra na faixa do Xbox One, que custa 100 dólares mais caro lá fora.

O legal da notícia é que um professor da FGV quem fez as contas dessa vez, ou seja, ele é especialista no assunto e dá mais crédito ainda na reivindicação de todos os fãs de consoles por um preço melhor.

Infelizmente o mercado cinza vai crescer muito novamente aqui no Brasil. Muitas empresas vão perder dinheiro com isso. Quem optar mesmo pelo PlayStation 4 não vai querer pagar o valor que estão pedindo e quem ainda está em dúvida, depois dessa notícia com certeza irá optar pelo XBox One.

Ainda faltam mais de 1 mês para acontecer o lançamento. Seria bom se a Sony repensasse na sua política e apresentasse um novo valor dia 24, já que nesse dia eles tem uma grande apresentação aqui em São Paulo para fazer.
 
Li ontem e fico cada vez mais desapontado com o que a Sony vem trabalhando seus preços no Brasil desde o Play 2 (que demorou décadas para ser lançado oficialmente). Mesmo o Play 3 e o Vita continuam com um preço muito elevado para quem ganha pouco mais que um salário mínimo e tem de pedalar no cartão.

Já achei absurdo o valor do XONE quando anunciaram e agora a Sony vem e bota o preço que ela acha justa para o mercado brasileiro. Vou te contar...
 
Estou olhando aqui a tabela dos jogos do New England Patriots e estou pensando em fazer uma viagem pra Miami, assistir o jogo do dia 15 de dezembro, comprar um PS4 e voltar. Fica menos de 4.000 reais.
 
Estrangeiros comemoram preço do PS4 no Brasil por manter brasileiros longe

YURI GONZAGA DE SÃO PAULO
Folha de São Paulo - Site da reportagem

Enquanto os fãs de videogame brasileiros reclamavam ou faziam piadas sobre os R$ 3.999 que a Sony decidiu pedir pelo PlayStation 4 no país, alguns gamers estrangeiros comemoravam abertamente pela internet.

O Brasil tem atraído má reputação pelo comportamento de alguns jogadores games on-line, como mostrou esta reportagem da Folha, publicada em maio. É uma espécie de vandalismo virtual, já que alguns grupos de brasileiros se unem para atrapalhar os demais, de maneira muitas vezes gratuita.

Por causa disso, o suposto afastamento dos "BRs" da rede PlayStation Network --que seria causado pelo alto preço-- foi celebrado por alguns deles.

"Talvez a Sony só esteja protegendo o resto do mundo dos internautas brasileiros?",escreveu o leitor com apelido Usedtable no site Destructoid.

"Imagine mais 'huehuehue', 'gib monies plz' e (o meu favorito): enviar 'Brasil' como um comentário para tudo, em todos os lugares", continuou, referindo-se às risadas e à "mendicância virtual" dos brasileiros.

"Isso é o que eles ganham por serem tão detestáveis em games on-line", escreveu James Keefe no Facebook.

"Hahaha. Agora eles não podem arruinar mais os games. Droga de coisas BR", disseMichael DeRoo, também no Facebook.

Em resposta, o brasileiro Guilherme Nunes brincou: "Agora vocês sabem por que ficamos pedindo dinheiro o tempo inteiro nos jogos."

"Entre preços altíssimos e bloqueio regional, isso é praticamente tudo o que você pode fazer para impedi-los de acabar com seu jogo", escreveu um internauta denominado Lozzle como comentário no "Kotaku".

"Você já jogou 'League of Legends'? Os brasileiros eram tão terríveis lá que tinha gente comemorando nas ruas quando eles conseguiram seu próprio servidor", disse outro comentarista.

"RUINS. E IRRITANTES"

"Todo jogo que já joguei foi arruinado por brasileiros", escreveu o internauta Xanadu. "Intrigava-me como um grupo de pessoas poderia ser tão ruim nos jogos e tão irritantes ao mesmo tempo. Alguém precisa escrever uma tese acadêmica sobre isso."

"O pior é que eles têm orgulho de, sozinhos, conseguirem arruinar os games", disse SwarmofKoalas, na mesma discussão, antes de Saulo Raoux concordar: "Sou do Brasil e aprovo essa mensagem. Absolutamente odeio jogar com brasileiros."

"Escolheria jogar com brasileiros em detrimento de pessoas que discriminam outros países. Nem todo brasileiro ou russo estraga os games", rebatou um comentarista, de apelido professormistery.

ENTENDA

Nesta quinta-feira (17), a fabricante japonesa surpreendeu ao anunciar um preço mais alto que o esperado para o PS4, seu próximo videogame, que chega ao país no dia 29 de novembro. A grande disparidade entre o preço brasileiro e o americano, este de US$ 399 (cerca de R$ 871) gerou indignação.

Também causou estranheza o fato de o concorrente Xbox One, da Microsoft, custar mais que o PlayStation 4 nos EUA, e a situação se inverter no Brasil --aqui, o console sairá por R$ 2.199.

"Sempre escutamos o consumidor e a comunidade de desenvolvedores. Nosso objetivo é oferecer um console a um preço acessível", disse o presidente-executivo da Sony America, Jack Tretton, em entrevista à "Veja" divulgada em junho.

"O preço no Brasil varia muito em razão dos impostos, mas faremos o mesmo que foi feito com o PS3. Nossa meta é oferecer no Brasil o PlayStation 4 pelo equivalente a US$ 399", disse o executivo.

A Sony diz que, do preço de venda do aparelho, entre 60% e 70% são impostos.

Abaixo, veja o infográfico que tenta explicar o fenômeno "hue".

Colaborou ALEXANDRE ORRICO


Editoria de Arte/Folhapress

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Vamos brincar de montar PC? Tudo na Kabum e no boleto

GeForce GTX760 - R$990,90 (chuta a bunda da placa do PS4 e X1)
Intel Core i5-4570 - R$699,90 (chuta a bunda da placa do PS4 e X1)
HD Seagate SATA III Barracuda 7200 1TB ST1000DM003 - R$288,91
Kingston HyperX Blu 4GB 1600MHz DDR3 (x2) - R$399,80
Fonte (550W) - R$202,22

Total: R$2.581,73

Sim, falta gabinete e alguns acessórios (intera aí pra R$3mil) , mas, por favor, essa config chuta (possivelmente) bunda do PS5 e X2, e nem te SSD nem quad channel de memória (joga aí uns R$3,5mil pelo menos)

Além de não servir só pra jogar.
 
O professor da FGV deixou explícito ali que aqueles 1500 reais da conta não levava em consideração várias coisas, inclusive alguns impostos.
De fato mesmo assim 4000 reais é um abuso, mas não podemos deixar de culpar a nossa taxação astronomica.

O grupo do qual participo vai entrar no mercado com um produto didático. Preço de custo do produto é de em torno de 120 reais. Preço que precisamos vender o produto para não termos prejuizo: 600 reais. Ou seja, 480 reais da quantia total que o cliente pagaria é unicamente de impostos. Valor de imposto é 4 vezes maior que o valor de custo do produto.
E isso sendo produto 100% nacional, não entra nem sequer imposto de importação.
Competitividade mandou lembranças.


Não nos esqueçamos que essas empresas grandes muitas vezes subsidiam o preço final do produto justamente para mantê-los competitivos. A MS fez isso com o primeiro XBox por um tempo, a Sony fez isso quase a vida inteira do PS3.
Não me surpreenderia que a MS esteja subsidiando uma parte do preço do XOne aqui no Brasil já que o mercado brasileiro tem sido um alvo da MS há algum tempo. Diferentemente da Sony que ainda caga e anda pra nós.
 
O videogame, a desigualdade, o fetiche e a teoria que explica o Brasil


O texto sobre o papel da desigualdade social no preço do PS4 obviamente teve uma repercussão muito maior que a esperada. Também foi alvo de elogios e críticas, e por isso considerei pertinente completar as informações do texto anterior e responder a alguns questionamentos.

Basicamente, os críticos ao texto se dividiram em quatro argumentos, que acabam se misturando:

- Pessoas reclamando da imprecisão dos dados tributários levantados.

- Fãs da Sony defendendo a empresa.

- Liberais defendendo o argumento de que no livre mercado isso jamais aconteceria.

- Reclamações referentes à citação do conceito de “fetiche da mercadoria”, de Karl Marx, tanto por parte dos “alérgicos” a ele quanto por parte dos “especialistas” que consideram que o conceito foi mal empregado. (inclusive fizeram um texto bem raivoso sobre)

Em relação aos que reclamaram da imprecisão dos dados levantados, admito meus parcos conhecimentos de Direito Tributário, e desde o princípio não pretendi trabalhar com valores exatos, apenas exemplificar, de forma didática, como o valor de R$ 4 mil é absurdo na comercialização do console.

Felizmente, existem pessoas com maior conhecimento tributário que o meu, e várias delas apareceram na caixa de comentários para dar suas opiniões. Dentre todas as opiniões dadas a respeito da tributação, a mais sensata me pareceu a do Luis Fernando, com o cálculo resumido a seguir:

Custo no exterior: $400 (assumindo isso como PREÇO DE CUSTO – não adianta falar que é subsidiado porque se subsidiam lá, teriam que subsidiar aqui também)
Frete e seguro: $20 (chutando alto para uma gigante como a Sony)
Valor aduaneiro em dólares: $400 + $20 = $420
Cotação do dólar: R$2,1629
Valor aduaneiro em Reais: R$908,42
Imposto de Importação (20%): R$181,68
IPI (50%): R$545,05
PIS (1,65%): R$14,99
COFINS (7,60%): R$69,04
ICMS (18% para SP): R$377,38

Total do produto nacionalizado: R$2.096,56
É um valor maior que os R$ 1700,00 que eu havia sugerido no texto anterior. Mas não torna a margem de lucro da Sony menos absurda. Também não procede a informação de que o IPI de 50% é sobre o preço de venda, por um motivo simples: a legislação tributária diz o contrário. Conferindo os fatos geradores do IPI para pessoas jurídicas, é fácil verificar que nenhum deles pode ser aplicado à operação de venda do produto, e sim ao processo de importação:

1. FATO GERADOR

1.1 São duas as principais hipóteses de ocorrência do fato gerador do IPI:

1.1.1 Na importação: o desembaraço aduaneiro de produtos de procedência estrangeira;

1.1.2 Na operação interna: a saída de produto de estabelecimento industrial, ou equiparado a industrial.

Fonte: http://www.receita.fazenda.gov.br/pessoajuridica/ipi/conceito.htm
Espero que os dados tributários estejam mais precisos agora. E também admito que cometi um ato falho ao dizer que “quem tem 87 vezes mais renda consome 87 vezes mais”. O certo seria “quem tem 87 vezes mais renda tem uma capacidade de consumo 87 vezes maior”. Com a ressalva de que, nesse caso, as pessoas não devem consumir muito menos que isso, em um país com pouca poupança interna como o Brasil.

Em relação aos fãs da Sony que tentaram defender a empresa, o argumento do fetiche da mercadoria cai como uma luva. Esse conceito de fetiche da mercadoria é, explicando de uma forma muito simplificada, a transformação de uma relação comercial em uma relação afetiva. Uma relação, que deveria ser meramente comercial, é encarada pelo sujeito que adquire o produto como uma relação pessoal. E é esse conceito que sustenta a diferenciação pelo consumo e a noção de “exclusividade” com base na aquisição de um produto que a maioria não pode adquirir.

É o conceito de fetiche da mercadoria que explica, por exemplo, a existência de “fãs da Sony” ou “fãs da Apple”. O que é um fã da Sony senão um sujeito que transforma uma relação comercial em uma relação afetiva? E obviamente só é um fã da Sony ou da Apple o sujeito que tem um poder aquisitivo bem maior que a média da sociedade e pode adquirir esses produtos. É por isso que é impossível dissociar a desigualdade social dos preços praticados pela Sony. O Brasil é o único lugar do mundo em que a renda ou a capacidade de endividamento dos “fãs da Sony” em comparação com o restante da sociedade faz com que valha a pena a comercialização de um console ao preço de R$ 4 mil.

Além disso, há um outro fator relevante: a expectativa de queda no preço do console. Quando o potencial de consumo dessa legião de “fãs da Sony” estiver esgotado, a empresa abaixará o preço do PS4 para atingir novos públicos. Lá pra 2017, quando o PS3 não estiver mais disponível (a Sony lançou o console em 11 de novembro de 2006 prevendo uma vida útil de dez anos para o mesmo), o PS4 finalmente atingirá o patamar de preço do PS3 hoje (e a Sony provavelmente estará se preparando para lançar o PS5). É pura estratégia empresarial da empresa, adaptada ao perfil do mercado brasileiro.

Em relação aos liberais que consideram o livre mercado ideal para que não ocorram aberrações do tipo, e tem certa repulsa ao conceito de desigualdade social, lembrem-se: estamos no Brasil, que tem uma história nacional muito peculiar. Se pudéssemos resetar a sociedade, recomeçá-la do zero e garantir que todas as pessoas tivessem boa índole, eu seria o primeiro sujeito a apoiar o livre mercado. No entanto, estamos em uma sociedade com uma história de desigualdade mal resolvida desde a colonização. É óbvio que os impostos também tem efeito nesse preço absurdo. Acabamos de ver, pelos cálculos do Luís Fernando, que um console que deveria entrar no país por cerca de R$ 1000 acaba custando mais de R$ 2 mil. É muita coisa.

Mas como confiar no empresariado brasileiro, que historicamente é um dos mais dependentes do setor público? Um exemplo: dos países do G-20, o Brasil é um dos únicos cinco em que o setor público investe mais em pesquisa científica que o setor privado. E não dá pra dizer que são “os impostos que inibem a pesquisa por parte das empresas”. Existem diversas linhas de financiamento e programas de incentivo ao empreendedorismo no país. E a grande maioria deles é proveniente do setor público. É irrisória a quantidade de investidores privados no setor produtivo no Brasil. E quando eu digo investidores privados, não estou falando do empresário que investe em sua própria planta, e sim no empresário que acredita em uma ideia e investe nela. Ao invés disso, os investidores privados daqui preferem deixar seu dinheiro investido em bancos ou em outros ativos fixos, como imóveis. Quando vão investir em alguma coisa que envolve risco, investem em ações, e não no setor produtivo.

E é nesse ponto que eu queria chegar para mostrar o que esse caso do PS4 de R$ 4 mil diz sobre o Brasil. É comum cairmos na “tentação da explicação única”, mas nesse caso isso é impossível. É nítido que esse preço, no console, envolve uma soma de fatores: a empresa que quer maximizar seus lucros, o governo historicamente protecionista, a desigualdade social sistêmica, vinda desde os tempos da colônia. E é a soma de todos esses fatores que explica o preço extorsivo do videogame.

O Brasil não é explicado pelo livre mercado, e também não é explicado pela intervenção estatal. E isso porque os cenários ideais em ambos os modelos econômicos pressupõem a boa índole dos atores envolvidos. No livre mercado, em tese, a livre concorrência regularia os mercados, produzindo uma sintonia fina entre oferta, demanda, preços, capacidade de consumo, poupança interna e em todos os aspectos da economia. Por outro lado, a intervenção estatal faria com que o montante arrecadado servisse para propiciar serviços públicos de qualidade e toda uma estrutura de bem-estar social, em um modelo comparável ao praticado nos países escandinavos.

Nada disso acontece por aqui. E quem deu a explicação para isso foi o ecologista Garrett Hardin, em uma matéria publicada na revista Science em 1968, intitulada “A Tragédia dos Comuns”. Quando Hardin publicou esse estudo, ele se aplicava especialmente à ecologia e à biologia, mas se tornou abrangente a ponto de explicar questões políticas e sociais.

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Capa da Science, de 2003, perguntando se o mundo
não se transformou em uma grande tragédia dos comuns.​

A “tragédia dos comuns” é uma situação específica, no contexto da Teoria dos Jogos. Na prática, funciona assim: existe um grupo de pessoas que pode agir de maneira a maximizar seus benefícios individuais ou de maneira a maximizar os benefícios do grupo como um todo em um cenário em que não existem resultados totais individuais possíveis, apenas resultados coletivos. Como em um país, por exemplo.

Por exemplo, em uma conta de restaurante. Se, em um grupo de vinte pessoas que pagarão uma única comanda, dezenove pedem um prato de R$ 20 e um pede um prato de R$ 100, a conta total dá R$ 480, com R$ 24 por pessoa e pouco prejuízo geral. No entanto, se dezenove pessoas pedem um prato de R$ 100 e só uma pede um prato de R$ 20, todos terão que pagar R$ 96. Ou seja, se a maioria das pessoas tiver uma postura abusiva, todas acabam pagando por elas.

O Brasil é uma enorme “tragédia dos comuns”. Enquanto os governos historicamente são intervencionistas e fazem uma gestão pouco eficiente dos recursos, favorecendo o clientelismo e o patrimonialismo, os empresários e a classe produtiva tentam maximizar seus lucros de todas as formas possíveis, reinvestindo uma baixa porcentagem de seus lucros na sociedade, e até a população em geral busca levar algum tipo de vantagem, burlando regras sempre que pode. É o conhecidíssimo fator cultural do jeitinho brasileiro, explicado com precisão por diversos autores durante nossa história.

Essa “tragédia dos comuns” é responsável pelo preço exorbitante do PS4, pelo preço absurdo dos carros, pelas taxas bancárias abusivas, pela especulação imobiliária recente nas grandes cidades e até pelos preços exorbitantes que devem ser cobrados durante eventos como a Copa do Mundo de 2014.

E como reverter isso? Da mesma forma que os biólogos usam para reverter as “tragédias dos comuns”: fazendo com que a cooperação valha mais a pena do que a atitude egoísta. Em 2006, o biólogo Martin A. Nowak descreveu as motivações biológicas para a cooperação. Elas podem ser revertidas para a economia e para a sociedade, como ocorreu com a tragédia dos comuns? Certamente? Mas, para isso, o primeiro passo é convencer a sociedade de que vale mais a pena adotar uma postura cooperativa do que buscar apenas os interesses individuais, como sempre fizemos historicamente, seja no governo ou no setor privado.

Enquanto não aprendermos, enquanto país, a sermos mais cooperativos e menos individualistas, continuaremos sendo uma “tragédia dos comuns”. E isso vai se refletir em tudo: do preço dos videogames ao serviço público que os cidadãos recebem.

Aleatório, Eventual & Livre
 
Nota da Sony em resposta, por enquanto:

"Obrigado a todos vocês que compartilharam seus comentários sobre o alto preço do PS4 no Brasil. Nós também estamos frustrados com o preço de $4.000 reais, e em breve vamos poder mostrar as razões. Obrigado pela sua paixão e fiquem ligados para mais informações.
 
Análise feita por um amigo meu:

PS4 por 4mil.jpg

Além de tudo, tem a questão que os jogos pra PC são muito mais baratos, em média. Cansei de ver jogos vendido no Steam por menos de 20 reais e mais de 100 na loja da Sony.

Mais importante do que o livre mercado é a liberdade de escolha. O preço está abusivo? Não compre. Por mais fetichistas que sejam os consumidores da Sony, é meio difícil acreditar em filas quilométrias (Apple style) no Brasil para comprar o PS4K. Liberdade de escolha é poder montar um PC mega foda e muito superior ao console, podendo comprar jogos mais baratos além de tudo.

Eu não sei se entendi muito bem esse texto que o @Quickbeam postou, vou reler ainda.
 
Já ouvi galera comentando que a Sony fez de propósito.
Tentaram e muito negociar impostos mais baratos com o Brasil, e o governo negou, usando de argumento que se baixassem para o PS4 teria que baixar par ao resto (PCs, outros consoles, jogos entre outros). Então soltaram em um preço que fica mais vantajoso o cara sair do Brasil e comprar.
Por exemplo o brasileiro pode ir ate a Argentina ou outro país sul americano em suas férias e trazer um PS4 de lá, ou mesmo ir ate o EUA como já foi mostrado aqui.
Só quem tem a perder é o país, sério. A Sony não deixará de vender o console, e te garanto que vai ter gente arrumando um jeito de compra-lo mais barato (mutreta nunca foi um problema para nós).

Enquanto muitos culpam a Sony eu culpo diretamente nosso governo e seu protecionismo burro. O país não oferece NADA para o cara produzir aqui dentro, e ainda taxa absurdamente o que entra, tornando assim o país extremamente caro, e ainda regaçando um mercado extremamente promissor em terras tupiniquins. O Brasil foi em 2012 o 4º maior mercado de jogos do mundo e agora com essa política protecionista absurda ta mandando essa grana toda lá pra fora ou para o mercado paralelo.
 
Enquanto muitos culpam a Sony eu culpo diretamente nosso governo e seu protecionismo burro. O país não oferece NADA para o cara produzir aqui dentro, e ainda taxa absurdamente o que entra, tornando assim o país extremamente caro, e ainda regaçando um mercado extremamente promissor em terras tupiniquins. O Brasil foi em 2012 o 4º maior mercado de jogos do mundo e agora com essa política protecionista absurda ta mandando essa grana toda lá pra fora ou para o mercado paralelo.
Vale lembrar que a Sony possui uma linha de montagem de PS3 aqui no Brasil.

Eu ouvi algo que faz sentido. A Sony teve prejuízo com a montagem de sua empresa de PS3 por aqui, ou seja, ela precisa vender PS3 e não PS4 aqui no Brasil. Isso explicaria um pouco o alto preço do PS4 em seu lançamento e o preço do PS3 não baixando como aconteceu com o console Xbox 360. Nisso ela manteria o console PS4 com um preço alto por mais uns 2 anos antes de baixar seu preço, "obrigando" as pessoas a deixarem o PS4 de lado e comprarem o PS3. Acontece que daqui uns 2 anos ou 3 anos, a Sony já irá começar a pensar em um PS5, o que deixaria nós brasileiros muito defasados com o resto do mundo.

Isso tudo para mim foi erro de cálculo da própria Sony. Não deveriam ter começado a produção de PS3 aqui no Brasil bem no fim da era de seu console. É como já disseram, a maioria irá por caminhos alternativos para obter esse console e eu serei um deles, infelizmente. Pois eu gostaria muito mesmo de comprar o console por um preço justo aqui no Brasil.
 
@Turgon, juro que não entendi essa declaração da Sony. Em primeiro lugar, quem é que define o preço do PS4K aqui? Em segundo lugar, a mensagem está meio esquizofrênica: Falam que estão surpresos, mas que depois vão explicar. Estão surpresos com o que?

@Ranza - Olha, por mais que eu concorde com argumentos anti-protecionistas, nesse caso esse não parece ser o problema. Até agora não vi nenhum cálculo com impostos que chegasse perto dos 4K. Veja a conta que o @Quickbeam postou:

Custo no exterior: $400 (assumindo isso como PREÇO DE CUSTO – não adianta falar que é subsidiado porque se subsidiam lá, teriam que subsidiar aqui também)
Frete e seguro: $20 (chutando alto para uma gigante como a Sony)
Valor aduaneiro em dólares: $400 + $20 = $420
Cotação do dólar: R$2,1629
Valor aduaneiro em Reais: R$908,42
Imposto de Importação (20%): R$181,68
IPI (50%): R$545,05
PIS (1,65%): R$14,99
COFINS (7,60%): R$69,04
ICMS (18% para SP): R$377,38

Total do produto nacionalizado: R$2.096,56
 
@Turgon, juro que não entendi essa declaração da Sony. Em primeiro lugar, quem é que define o preço do PS4K aqui? Em segundo lugar, a mensagem está meio esquizofrênica: Falam que estão surpresos, mas que depois vão explicar. Estão surpresos com o que?
Mas ninguém está entendendo a Sony mesmo. :lol:

Vamos aguardar a explicação no dia 24, apesar de eu achar que será uma enrolação sobre o produto e suas interatividades do que uma explicação mesmo sobre o preço.
 
Além disso, há um outro fator relevante: a expectativa de queda no preço do console. Quando o potencial de consumo dessa legião de “fãs da Sony” estiver esgotado, a empresa abaixará o preço do PS4 para atingir novos públicos. Lá pra 2017, quando o PS3 não estiver mais disponível (a Sony lançou o console em 11 de novembro de 2006 prevendo uma vida útil de dez anos para o mesmo), o PS4 finalmente atingirá o patamar de preço do PS3 hoje (e a Sony provavelmente estará se preparando para lançar o PS5). É pura estratégia empresarial da empresa, adaptada ao perfil do mercado brasileiro.

Essa é uma estratégia mercadológica bastante comum: skimming price.



Nada disso acontece por aqui. E quem deu a explicação para isso foi o ecologista Garrett Hardin, em uma matéria publicada na revista Science em 1968, intitulada “A Tragédia dos Comuns”. Quando Hardin publicou esse estudo, ele se aplicava especialmente à ecologia e à biologia, mas se tornou abrangente a ponto de explicar questões políticas e sociais.

Ver anexo 53673
Capa da Science, de 2003, perguntando se o mundo
não se transformou em uma grande tragédia dos comuns.​

A “tragédia dos comuns” é uma situação específica, no contexto da Teoria dos Jogos. Na prática, funciona assim: existe um grupo de pessoas que pode agir de maneira a maximizar seus benefícios individuais ou de maneira a maximizar os benefícios do grupo como um todo em um cenário em que não existem resultados totais individuais possíveis, apenas resultados coletivos. Como em um país, por exemplo.

Por exemplo, em uma conta de restaurante. Se, em um grupo de vinte pessoas que pagarão uma única comanda, dezenove pedem um prato de R$ 20 e um pede um prato de R$ 100, a conta total dá R$ 480, com R$ 24 por pessoa e pouco prejuízo geral. No entanto, se dezenove pessoas pedem um prato de R$ 100 e só uma pede um prato de R$ 20, todos terão que pagar R$ 96. Ou seja, se a maioria das pessoas tiver uma postura abusiva, todas acabam pagando por elas.

O Brasil é uma enorme “tragédia dos comuns”. Enquanto os governos historicamente são intervencionistas e fazem uma gestão pouco eficiente dos recursos, favorecendo o clientelismo e o patrimonialismo, os empresários e a classe produtiva tentam maximizar seus lucros de todas as formas possíveis, reinvestindo uma baixa porcentagem de seus lucros na sociedade, e até a população em geral busca levar algum tipo de vantagem, burlando regras sempre que pode. É o conhecidíssimo fator cultural do jeitinho brasileiro, explicado com precisão por diversos autores durante nossa história.

Essa “tragédia dos comuns” é responsável pelo preço exorbitante do PS4, pelo preço absurdo dos carros, pelas taxas bancárias abusivas, pela especulação imobiliária recente nas grandes cidades e até pelos preços exorbitantes que devem ser cobrados durante eventos como a Copa do Mundo de 2014.

E como reverter isso? Da mesma forma que os biólogos usam para reverter as “tragédias dos comuns”: fazendo com que a cooperação valha mais a pena do que a atitude egoísta. Em 2006, o biólogo Martin A. Nowak descreveu as motivações biológicas para a cooperação. Elas podem ser revertidas para a economia e para a sociedade, como ocorreu com a tragédia dos comuns? Certamente? Mas, para isso, o primeiro passo é convencer a sociedade de que vale mais a pena adotar uma postura cooperativa do que buscar apenas os interesses individuais, como sempre fizemos historicamente, seja no governo ou no setor privado.

Enquanto não aprendermos, enquanto país, a sermos mais cooperativos e menos individualistas, continuaremos sendo uma “tragédia dos comuns”. E isso vai se refletir em tudo: do preço dos videogames ao serviço público que os cidadãos recebem.

Aleatório, Eventual & Livre

Eu acho que o uso da Tragédia dos Comuns para explicar essa situação é um pouco exagerado. O autor generaliza o preço do PS4 como parte de um problema social brasileiro, e aí enquadra os problemas sociais como Tragédia dos Comuns. Mas o dilema da Tragédia dos Comuns é um dos tipos de problema de ação coletiva (vide Mancur Olson) que é inerente a qualquer sociedade e, logo, suas explicações podem ser generalizadas para abordar praticamente quaisquer tipos de problemas relacionados à tomada de decisão coletiva. Seria mais prudente, entretanto, enquadrar esses problemas sob a definição mais ampla dos problemas de ação coletiva, e não da Tragédia dos Comuns que, de modo geral, é mais adequada para os recursos de uso comum (água, florestas, ar, etc.).

Mas seguindo a lógica do problema de Tragédia dos Comuns, a solução não passa pelo clichê de "aprender a ser menos individualistas" como o autor coloca. As pessoas são mais ou menos individualistas de acordo com os incentivos presentes na sociedade. E a Elinor Ostrom já mostrou algumas formas de design institucional que geram os incentivos adequados para a superação da Tragédia dos Comuns (inclusive foi o que rendeu a ela o Nobel).
 
Enquanto muitos culpam a Sony eu culpo diretamente nosso governo e seu protecionismo burro. O país não oferece NADA para o cara produzir aqui dentro, e ainda taxa absurdamente o que entra, tornando assim o país extremamente caro, e ainda regaçando um mercado extremamente promissor em terras tupiniquins. O Brasil foi em 2012 o 4º maior mercado de jogos do mundo e agora com essa política protecionista absurda ta mandando essa grana toda lá pra fora ou para o mercado paralelo.

Discordo do argumento protecionista - se a Sony colocou um preço muito acima do valor original mais taxa de importação, então isso é sinal de mau-caratismo na cara dura. Como você mesmo disse, o Brasil é dos maiores mercados de jogos do mundo - jogos caros? E como! Mas é uma fatia da economia que não pode ser ignorada, principalmente pelo Governo - taxar muito acima da expectativa seria um tiro na pé. A Sony fez batota, infelizmente.
 
Mau caratismo pq? É sinal de bad business mesmo. A Sony não é obrigada a seguir nenhuma regra moral para definir o preço.

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Ou então é uma estratégia válida na cabeça da Sony, sei lá. Só que mau caratismo é exagero.
 

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