Azagthoth
Usuário
Tinha ouvido, por alto, e não curtido “The Hope Six Demolition Project”. Até então, o último álbum lançado por PJ Harvey, em 2016. Achei meio world music e “evoluído demais”.
Sou órfão do início de carreira blues sujo da moça. Nem comprei.
***
Em 2018, trouxe de viagem “The Hollow Of the Hand”, co-escrito com um jornalista tb inglês, Seamus Murphy. Legal, letras de músicas e poesias feitas em viagem jornalística dos dois em áreas de conflito pelos cafundós do mundo.
Mas não tinha ligado uma obra a outra.
***
Anteontem, fuçando na “xêpa do Now”, me deparo com o documentário híbrido “A Dog Called Money” (de 2019), que nunca tinha ouvido falar e junta ambas as coisas. Polly Jean era multimídia e eu não soube.
Mistura imagens documentais dela no Afeganistão, no Paquistão, no Kosovo, na fronteira entre Macedônia e Grécia (onde flagrou um empurra-empurra de refugiados da primeira à segunda) e na parte pobre e negra de Washington D.C., nos EUA. Interagindo musicalmente e pouco fazendo juízos. Apenas registrando.
Temática geral: pobreza, abandono, religião consolando/manipulando e os EUA cagando em tudo. O que inclui imagens de tropas estadunidenses ostensivamente armadas pelas ruas (os afegãos nem estranham) e dum drone-dirigível pairando q enviaria relatórios diários de Cabul ao Pentágono.
Ao mesmo tempo, e intercalado, é um documentário sobre a composição e gravação do disco citado, acessível ao público (que assistia do lado de fora dum estúdio construído pra essa mesma voyeur finalidade, em Londres), com direito a requintes de PJ e sua banda + produtor (todos homens) incorporando – ops! – cânticos rituais afegãos e côro gospel estadunidense às músicas inspiradas no rolê.
Recomendo demais. Ainda q incialmente pareça demasiado eurocêntrico – palavra da ordem do dia – ou predatório à Paul Simon indo tocar com o Olodum pra repaginar a carreira. Não vi desse modo, mas é q sou fã e tvz esteja passando pano.
***
De todo modo, um tapa na cara pra quem “ora pela Ucrânia” bovina e binariamente em correntes de WhatsApp e simplesmente – como aqueles jornalistas europeus racistas compilados (alguém aqui ñ viu?) – caga e anda pra Sudão, Armênia, Afeganistão, América Latina, Palestina e Oriente Médio. Submundo (“países em desenvolvimento” de ânus é nome de pomba) com guerras a toda hora, q ninguém liga.
Cereja do bolo? Isentão comentando num dos sons lá no YouTube q PJ Harvey “devia parar de fazer músicas políticas”. Tá certo. Alguém teve a manha de perguntar “e por quê?”.
Pra esse ser responder algo como “ñ é todo fã dela q curte essas paradas”. Aham. Pau no cu de quem “só curte som pelo som” e q considera bom gosto só o próprio gosto.
Sou órfão do início de carreira blues sujo da moça. Nem comprei.
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Em 2018, trouxe de viagem “The Hollow Of the Hand”, co-escrito com um jornalista tb inglês, Seamus Murphy. Legal, letras de músicas e poesias feitas em viagem jornalística dos dois em áreas de conflito pelos cafundós do mundo.
Mas não tinha ligado uma obra a outra.
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Anteontem, fuçando na “xêpa do Now”, me deparo com o documentário híbrido “A Dog Called Money” (de 2019), que nunca tinha ouvido falar e junta ambas as coisas. Polly Jean era multimídia e eu não soube.
Mistura imagens documentais dela no Afeganistão, no Paquistão, no Kosovo, na fronteira entre Macedônia e Grécia (onde flagrou um empurra-empurra de refugiados da primeira à segunda) e na parte pobre e negra de Washington D.C., nos EUA. Interagindo musicalmente e pouco fazendo juízos. Apenas registrando.
Temática geral: pobreza, abandono, religião consolando/manipulando e os EUA cagando em tudo. O que inclui imagens de tropas estadunidenses ostensivamente armadas pelas ruas (os afegãos nem estranham) e dum drone-dirigível pairando q enviaria relatórios diários de Cabul ao Pentágono.
Ao mesmo tempo, e intercalado, é um documentário sobre a composição e gravação do disco citado, acessível ao público (que assistia do lado de fora dum estúdio construído pra essa mesma voyeur finalidade, em Londres), com direito a requintes de PJ e sua banda + produtor (todos homens) incorporando – ops! – cânticos rituais afegãos e côro gospel estadunidense às músicas inspiradas no rolê.
Recomendo demais. Ainda q incialmente pareça demasiado eurocêntrico – palavra da ordem do dia – ou predatório à Paul Simon indo tocar com o Olodum pra repaginar a carreira. Não vi desse modo, mas é q sou fã e tvz esteja passando pano.
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De todo modo, um tapa na cara pra quem “ora pela Ucrânia” bovina e binariamente em correntes de WhatsApp e simplesmente – como aqueles jornalistas europeus racistas compilados (alguém aqui ñ viu?) – caga e anda pra Sudão, Armênia, Afeganistão, América Latina, Palestina e Oriente Médio. Submundo (“países em desenvolvimento” de ânus é nome de pomba) com guerras a toda hora, q ninguém liga.
Cereja do bolo? Isentão comentando num dos sons lá no YouTube q PJ Harvey “devia parar de fazer músicas políticas”. Tá certo. Alguém teve a manha de perguntar “e por quê?”.
Pra esse ser responder algo como “ñ é todo fã dela q curte essas paradas”. Aham. Pau no cu de quem “só curte som pelo som” e q considera bom gosto só o próprio gosto.