Vi
A Sociedade do Anel no cinema umas 5 vezes. Comprei o DVD com a "versão do cinema" em pré-venda (fiz o mesmo para os 2 filmes seguintes) e o DVD estendido depois que perdi a esperança de vê-lo lançado por aqui (em meados de abril de 2002 - já para os outros 2 filmes, comprei-os logo após o lançamento).
Vi
Uma Jornada Inesperada em 3D 48fps uma vez no cinema.
Lembro que dei nota 6 para o filme e é basicamente como ainda me sinto em relação a ele: é agradável, divertido, tem seus momentos, mas não sinto muita vontade de revisitá-lo (pretendo fazê-lo quando sair a versão estendida). PJ cometia seus excessos, percebo agora com mais clareza, ao relembrar O Senhor dos Anéis, mas ainda eram em nível aceitável. De King Kong para cá, ele definitivamente tem perdido a mão (não só ele,
muitos blockbusters têm exagerado no fator "vamos mostrar MAIS").
Um exemplo: desde que a ouvi no trailer, eu adoro "Song of the Lonely Mountain", mas no filme a canção é longa demais para uma cena que pouco faz além de estabelecer um clima. Comparem com Pippin cantando "The Edge of Night" em
O Retorno do Rei ou Théoden recitando "Where now the horse and the rider?" em
As Duas Torres. Em ambos os casos, apenas parte dos versos é utilizada, mas mesmo assim as sequências conseguem incorporar muito mais informações: o canto de Pippin é entrecortado com planos de Faramir tentanto retomar Osgiliath e de Denethor almoçando indiferente; Théoden recita os versos enquanto o povo se prepara para a guerra, e a imensidão do exército de orcs só realça o desespero da situação. Vejam bem, não acho a cena dos anões cantando ruim, mas ela é esticada em demasia.
Vemos cenas e cenas que poderiam ser reduzidas ou, por vezes, eliminadas (gigantes de pedra, Radagast e o trenó). Sequências de ação que se tornam quase monótonas e cujo visual lembra demais videogames (não basta haver uma sequência assim, dentro da montanha com os goblins, PJ engata outra logo em seguida - "Out of the frying pan, and into the fire"
). Tempo que poderia ter sido gasto criando personalidades distintas para todos os anões ou mais cenas com Bilbo - na verdade, qualquer desenvolvimento dos personagens que justificasse as quase três horas de projeção.
Por fim, as referências a Senhor dos Anéis, em particular as semelhanças com Sociedade do Anel, ao invés de me fazerem feliz, frequentemente causaram uma incômoda sensação de déjà vu. Ao mesmo tempo, diferente de Sociedade do Anel, esta primeira parte de O Hobbit sofre com uma estrutura dramática muito frouxa (pior que a de Harry Potter e as Relíquias da Morte I, por exemplo). A trama ficou tão diluída, pela decisão tardia de se dividir o material em três partes, que Bilbo acabou virando coadjuvante de luxo nesse primeiro filme, e aquele final parece apenas uma maneira artificial e desgastada de fornecer algum clímax dramático para o filme.