Já que tem tópico desse filme aqui, vou copiar de novo o q pus no blog
É engraçado, mas não tão engraçado quanto o próprio filme pensa que é. Se fosse um pouco mais humilde, teríamos um resultado muitíssimo melhor. Duas coisas chatas:
1) As piadas dead-pan devem funcionar melhor quando a situação que as antecede são hilárias por si só. Não basta fazer cara de bunda para fazer a platéia rir; é preciso que o momento mereça esse tipo de reação ‘no comments’. Nesse filme eles simplesmente perdem a linha, até porque um dos protagonistas é um adolescente mudo (ou que prefere se manter calado, enfim). Qualquer hora é hora de mostrar o personagem (que tem os olhos caídos e os cabelos grandões, claro, para ficar mais “engraçado” ainda) com aquela típica expressão apática que julgam ser estupidamente hilária. Não é.
2) O personagem do avô (a história é sobre as desventuras de uma família meio buscapé) carece de uma criatividade humorística (e artística) tão intensa que seus momentos em tela são embaraçosos. Os roteiristas recorreram àquele clássico e caricato personagem-idoso-modernão-que-adora-pornografia-e-sexo. Esse negócio de botar gente velha para falar palavrão, se drogar e etc, convenhamos, já é meio-muito batido. Né?
Outros personagens também têm sua cota caricatural, mas contra isso não tenho grandes problemas, pois desde o começo fica clara a proposta do filme de se assumir como uma comédia nada verossímil e um tanto exagerada. O problema é a utilização do que se tem em mão e a irritante repetição de piadas. Sabe quando um palhaço tenta ser engraçado, mas quanto mais engraçado ele tenta ser, menos engraçado ele é? Pois é.
De resto, é possível dar algumas risadas e até gargalhadas. Não é um filme ruim. É um filme simpático e doce sobre união, superação e, surpreendentemente, realista no sentido de ir de encontro ao conceito de inúmeras comédias familiares que nos dão a falsa esperança de que nossas expectativas, se quisermos, se realizarão. Está nos livros mas também na experiência de vida que as coisas não são bem assim. Mas Little Miss Sunshine não é um filme pessimista; muito pelo contrário. Ele simplesmente aponta para o simples fato de que o fim de um caminho não necessariamente significa fim de viagem, porque sempre há um alternativo. E tal. Falando assim parece meio didático e brega. Mas é isso. É.
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