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Pena de Morte

Com relação à pena de morte:

  • Sou contra

    Votos: 56 62,2%
  • Sou a favor

    Votos: 34 37,8%

  • Total de votantes
    90
O que vem a ser "instinto da inteligência dos sobreviventes"?

Então, nessa eu realmente me expressei mal. Estava querendo dizer que quem acha justo condenar os outros a morte julga que esta é uma decisão sábia, mas para mim, esta pessoa está apenas seguindo um instinto de defesa para permanecer viva ou proteger os seus, e não o instinto de inteligência, que pode garantir mais fácil a própria sobreviviencia do que sair pagando tudo na mesma moeda.
Viajei?Rs
Espero que tenha dado pra entender
 
Não quis dizer que o tópico é inútil, já que serve pra cada um expressar a sua opinião, mas que é absurdo...porque apesar de rolar sempre uma discussão sobre o assunto as pessoas nunca entram em consenso. Não que o consenso seja necessário, "toda unanimidade é burra" e não quero convencer ninguém do meu ponto de vista, mas já que assuntos polêmicos atraem curiosidades gosto de dar minha opinião.

Então da próxima vez se exprese melhor.


Sobre o que falei da falta de educação, não citei a palavra dinheiro, ou que pobres são mau educados. Procure no dicionário o significado da palavra, talvez fique mais fácil discutir.

Educação

do Lat. educatione

s. f.,
acto ou efeito de educar;
aperfeiçoamento das faculdades humanas;
polidez;
cortesia;
instrução;
ensino.



Você realmente não citou a palara "dinheiro", mas para bom entendedor meia palavra basta. Quem, segundo o senso comum, tem menos oportunidades de receber "a mesma educação do que a gente"? Analisando essa frase do seu post percebe-se que você se põe em um patamar mais elevado que os criminosos. Mais ou menos assim "pobrezinhos, eles não tiveram as mesmas chances que eu e por isso viraram bandidos, etc." Se você fala de "oportunidades" está falando de dinheiro, pois é óbvio que o dinheiro gera mais oportunidades. E para que eu não seja mal interpretada: não estou falando que quem tem um poder aquisitivo maior é melhor do que ninguém. Estou constatando que essa pessoa tem mais oportunidades.


Já que falou de pobres, não é todo pobre que rouba ou que mata.

:roll: E não foi exatamente isso que eu disse desde o início do debate?


Aqueles que tem uma boa educação em casa, e carregam sua honra limpa, dificilmente vao se envolver com coisa errada ou sair atirando nos outros.

Eu diria aqueles que têm boa índole, independente de classe social. :wink:


mas em condições de necessidade de sobrevivência, comer por exemplo, eles podem ser capazes de matar outra pessoa para garantir o seu lado ou da sua familia.

Quem tem fome rouba comida. Se não tem dinheiro para comer como irá comprar uma arma para roubar alguém e matar?

Aproveitando - Tonho ou Maglor, vocês poderiam por favor me tirar uma dúvida, pois eu vi isso muito rapidamente em Med Legal. Foi dito que roubar comida quando se está morrendo de fome e sem condições de comprar não é considerado crime. É verdade?

Uma "Suzane" da vida também deve ter tido seus motivos pra matar, por mais que pareçam absurdos pra gente.

Mandar matar os pais para ficar com a herança é um motivo. Só não é justo na minha opinião.


E condenar ela a morte não vai fazer com que a sociedade melhore.

Eu acho que melhora sim. Além do mais impede que ela mande matar o irmão daqui alguns anos para ficar com a herança dele.


Você disse que é a favor da pena de morte pra evitar que uma pessoa mate outras ou cometa outros crimes. Quem disse que porque você atirou em alguem uma vez ou cometeu um crime você vai fazer isso de novo?

Eu estou na dúvida. Não sei se foi o francês que foi morto na Dutra por um assassino foragido que foi libertado por "indulto de Natal" ou se foi o bispo.


os testes psicológicos?

Quem falou em testes psicológicos?


Quem disse que alguém que nunca matou não é capaz de matar alguém na rua?

Ninguém. Isso é impossível de prever.


Você disse que o fato de a cadeia ser uma "universidade do crime" não é nenhuma novidade, mas que não tem o que fazer com os bandidos, a não ser prender ou "matar", como defende.
pois bem, existe uma cadeia no Brasil que deveria ser usada como exemplo. Nela os condenados tem aulas, plantam e criam sua comida, fazem todos os objetos que usam, inclusive roupas. Com certeza, um cidadão que sai duma cadeia dessa consegue rrumar um emprego, por pior que seja, se afastar da criminalidade e recomeçar uma vida. Mais uma vez, não é porque ele cometeu um crime que ele vai cometer de novo. A impunidade talvez seja um incentivo ao crime sim, concordo com você, mas se você punir de maneiras corretas e educativas não, você esta dando uma chance a mais para a pessoa e para a sociedade.

O problema é que você coloca no mesmo patamar assassinos como Fernandinho Beira Mar, Escadinha, Marcola e o ladrão de galinhas. Alguns têm recuperação e outros não. Como julgar? Acho que através do tipo decrime cometido, se foi hediondo ou não, etc.


Desculpem a indignação do primeiro tópico, este é apenas o meu ponto de vista.

Desculpado.
 
Você realmente não citou a palara "dinheiro", mas para bom entendedor meia palavra basta. Quem, segundo o senso comum, tem menos oportunidades de receber "a mesma educação do que a gente"? Analisando essa frase do seu post percebe-se que você se põe em um patamar mais elevado que os criminosos.

Eu acho que o que quis dizer por educação foi o que você entendeu por índole. Existem pessoas com boa índole, pobres ou ricas. E acho que não me coloquei acima dos criminosos, mas quis dizer, como vc citou tbm, que "a gente" tem mais oportunidade de construir uma índole melhor.


Quem tem fome rouba comida. Se não tem dinheiro para comer como irá comprar uma arma para roubar alguém e matar?

Foi um exemplo, mas eu pelo menos não sei como é passar uma semana sem comer absolutamente nada, por simples falta do que comer. Deve ser um pouco perturbador, você saber que nasceu na merda e ta todo fudido cheio de dores e etc enquanto pessoas desfilam de carro com ar condicionado na sua frente. Pra quem ta nessa situaçao é difícil recusar uma 'oportunidade" de ter uma condição melhor. Nem se essa oportunidade for matar, roubar, entrar pro tráfico. Não que só estas pessoas entram pro crime e matam. Mas com uma sociedade que tem esses valores, e 'induz" parte da população à marginalidade, não acho que uma pena de morte seja justa. Na verdade sou contra a pena de morte em qqr situação, mas num país como o Brasil é mais improvavel ainda que funcione.


Eu acho que melhora sim. Além do mais impede que ela mande matar o irmão daqui alguns anos para ficar com a herança dele.

Você disse que era improvavel saber se uma pessoa qualquer que nunca cometeu um crime poderia vir a comete-lo. pra mim o caso é o mesmo, não é porque já cometeu um que irá cometer outro, assim como não é porque você experimentou um picolé de manga que vai voltar a compra-lo. A experiência pode ter sido ruim.

Eu estou na dúvida. Não sei se foi o francês que foi morto na Dutra por um assassino foragido que foi libertado por "indulto de Natal" ou se foi o bispo.

Não sei qum foi, mas você não pode pegar um exemplo e tomar ele como verdadeiro para a população inteira.

O problema é que você coloca no mesmo patamar assassinos como Fernandinho Beira Mar, Escadinha, Marcola e o ladrão de galinhas. Alguns têm recuperação e outros não. Como julgar? Acho que através do tipo decrime cometido, se foi hediondo ou não, etc.

Pra mim o patamar é diferente. Uns foram impelidos a cometer o crime pelas condições em que vivem e outros por ganância, raiva, ou algum outro sentimento que eles não conseguiram controlar. A recuperação pode ser mais longa pra um e mais curta pra outro, mas todo mundo pode mudar seu pensamento, personalidade, idéias e índole. Agora, é claro que entendo seu pensamento: se a sociedade não tem condições de satisfazer a todos, vão surgir criminosos. Se ela não tem condição de recuperar esses criminosos...é mais fácil mata-los? Eu acho que falta um pouco de força de vontade pra mudar muita coisa sim. Agora que a pena de morte é o caminho mais fácil e óbvio pode ser que sim...mas pra mim não é o certo.
 
PRISÕES, CRIME ORGANIZADO E EXÉRCITO DE ESFARRAPADOS
-Marcelo Freixo - professor de História e pesquisador do Justiça Global.
Fonte: http://www.marcelofreixo.pro.br/index.php?option=com_content&task=view&id=13&Itemid=27


O sistema penitenciário do Rio de Janeiro abriga mais de 27 mil presos condenados duplamente. Sentenciados a cumprirem as penas determinadas pela justiça em condições absolutamente precárias, são novamente condenados à criminalização permanente diante do funcionamento de um sistema penal que promove nas prisões o espaço da consolidação da exclusão e não a punição ou a “ressocialização”.


O Brasil vem apresentando um forte crescimento da população carcerária desde a década de noventa. Segundo dados do Departamento Penitenciário Nacional (Depen), entre 1995 e 2003 a população de encarcerados no Brasil cresceu 93%. Este crescimento vem se tornando estrutural e se consolidando como um dos mais graves e desafiadores problemas da atualidade. Em dezembro de 2004, o Brasil contava com 336.358 presos. Em dezembro de 2005 este número subiu para 361.402. A grande maioria cumpre pena em regime fechado. Neste sentido, São Paulo vive um drama incomparável. Nas prisões paulistas concentram-se mais de 138 mil presos. O Rio de Janeiro é o segundo estado que mais encarcera no Brasil. Em dezembro de 2005 registramos 23.054 presos no sistema penal e 4.755 nas delegacias de polícia.


A realidade dos presos do Rio de Janeiro apresenta uma peculiaridade em relação aos demais estados. No Brasil, mais da metade dos presos é condenada por roubo ou furto, enquanto no Rio de Janeiro a maior concentração das condenações é por tráfico de entorpecentes. Este contexto gera a necessidade de uma análise específica sobre a relação das prisões com a ação do que chamam de “crime organizado” nas favelas do estado.


A cidade do Rio de Janeiro possui mais de 650 favelas, onde vivem mais de um milhão de pessoas. Em praticamente todas as comunidades existe o tráfico de entorpecentes. Exceção feita para algumas favelas na Zona Oeste, onde o domínio é feito por grupos de policiais que controlam a segurança, o transporte alternativo, a distribuição do gás e outros serviços. Por mais que menos de 1% dos moradores esteja envolvido com o tráfico, é no combate a este comércio de drogas que podemos ver focada toda a política de segurança do governo estadual. Seria este tráfico o grande crime organizado do Rio de Janeiro?


O comércio de entorpecentes é uma das atividades econômicas mais complexas e lucrativas do mundo capitalista atual. É uma “empresa” concentradora de renda, altamente lucrativa, que explora mão de obra barata e, portanto, totalmente adaptada ao mundo neoliberal. Outra característica curiosa é a forte alienação do trabalho que produz: seus “funcionários” não possuem a menor idéia do montante do lucro da empresa. Esta mão de obra é formada por jovens, cada vez mais jovens, arruinados afetivamente, esvaziados de reconhecimento e visibilidade e sem qualquer perspectiva de um futuro breve.


Excluída de forma complexa e profunda, esta juventude enxerga na arma, na facção e no poder local todo sentido de vida e reconhecimento necessário. Recentemente observei, dentro de uma favela da Zona Norte do Rio de Janeiro, um jovem de aproximadamente 15 anos, alugando uma arma do tráfico para passear pela favela e, possivelmente, desfrutar dos olhares mais atenciosos das meninas da mesma idade. Fica evidente que, por um lado, o desemprego, a desigualdade social e a péssima distribuição de renda e, por outro, o imaginário simbólico e coletivo, a exclusão geográfica e cultural produzem, da mesma forma, um mapa complexo e desafiador da violência.


Quando entramos nas favelas observamos armas, drogas e miséria afetiva e material. O que chamamos de crime organizado é exatamente onde existe o menor grau de organização. Os que chamamos de grandes traficantes são pessoas que, na maioria das vezes, nunca saíram da favela e possuem um baixíssimo nível escolar. O enorme grau de violência e inconseqüência, que caracteriza a ação destes garotos, confunde-se com criminalidade e organização. A linha entre a vida e a morte é tênue, sutil, quase imperceptível. Seriam grandes criminosos por serem muito violentos. Esta lógica é falsa e acaba sustentando toda política de segurança e penitenciária do Estado.


As favelas do Rio de Janeiro são vitimadas duplamente. De um lado o tráfico cada vez mais opressor e violento, e de outro a ação discriminatória do Estado que só comparece nos morros com a polícia. Nestes lugares não existe Estado! A favela da Maré possui mais de 130 mil moradores e só existem duas escolas públicas de ensino médio. Hospitais, creches, transportes e todos os setores básicos são precários. Junto com a desigualdade de direitos, observamos a criminalização da pobreza. A obstrução generalizada do princípio da legalidade opera dentro das favelas como um motor do poder local do tráfico. Não existe poder paralelo e sim absoluto, pois a ausência do poder do Estado e de um padrão de legalidade faz com que qualquer questão seja resolvida dentro da lógica local.


O Rio de Janeiro possui a polícia mais violenta do mundo. O grau de letalidade da polícia carioca supera todas as polícias dos Estados Unidos somadas. Nos últimos sete anos, as mortes provocadas pelas ações policiais cresceram 298,3%. Hoje são mais de três pessoas por dia mortas pela polícia. O perfil das vítimas é conhecido: jovens do sexo masculino, pretos, pobres, moradores de favelas e periferias e de baixíssima escolaridade. Os dados citados referentes a letalidade policial são oficiais e definem apenas aqueles registrados com o título de autos de resistência - pessoas que foram mortas supostamente em conflito com a polícia.


Estudo do professor Ignácio Cano demonstrou que 67% dos casos de auto de resistência a vítima apresentava tiros na nuca e disparados a curta distância. Os laudos não deixaram dúvidas que por trás destes registros existe mascarada a prática da execução sumária. Esta realidade atinge diretamente os jovens pobres das favelas e provoca a perversa inversão do ônus da prova, pois se um jovem com estas características é morto pela polícia e registrado como auto de resistência, cabe a família provar que seu filho era inocente.


Outra prática que consolida a criminalização da pobreza é o mandado de busca genérico ou coletivo. Contrariando a lei brasileira, estes não especificam endereços ou pessoas, mas abrangem toda a comunidade. Este é o momento onde todos os moradores são criminalizados pela polícia e pelo judiciário. Evidentemente estes mandados são exclusivos para as favelas, consolidando assim o etiquetamento penal dos setores mais pobres da sociedade. É verdade que a polícia sempre invadiu as casas das favelas sem qualquer necessidade de mandado judicial. O que assistimos, então, é a adequação da justiça à ação opressora da polícia sobre os guetos. É a legitimação da ação ilegal e truculenta da polícia.


Em um dos mandados genéricos expedidos no Rio de Janeiro no ano de 2002, um juiz fluminense justifica a medida da seguinte maneira: “Destarte, este grito de socorro e justiça promovido pelo povo deve ser atendido com urgência e rigor, não só pelos policiais honestos, mas também, e principalmente, pelo Poder Judiciáro, que ciente e consciente das dificuldades investigatórias dos incorruptíveis policiais e da fragilidade dos cidadãos que se aventuram em ‘denunciar’ o lixo genético que lhes amedronta, cala e mata, não pode simplesmente encastelar-se de forma alienada para discutir meras filigranas jurídicas.”


Os setores pobres e favelados do Rio de Janeiro se tornaram a nova classe perigosa. Durante o regime militar, o discurso da segurança pública se voltava para a ameaça comunista, subversiva. No decorrer da década de noventa verificamos um forte processo de criminalização dos setores que sobraram da sociedade de mercado. Durante o fim da década de oitenta e início da década de noventa, o Brasil consolidou um capitalismo neoliberal, não produtivo, onde a busca do lucro se faz na esfera da especulação financeira e não no setor produtivo da economia. Este modelo se faz com um Estado forte em sua capacidade de romper o poder dos sindicatos e no controle do dinheiro, mas parco em gastos sociais e intervenção econômica. A estabilidade monetária passa a ser o eixo central da economia. Daí a necessidade de disciplina orçamentária, contenção de gastos públicos e restauração da taxa “natural” de desemprego. A redução de impostos mais altos e sobre a renda, assim como a alta lucratividade dos Bancos, fez da desigualdade social um importante dinamizador de nossa economia.


O atual governo federal mantendo o modelo econômico do governo anterior, gastou com juros e serviços da dívida pública R$ 717 bilhões, valor que seria suficiente para assentar 4 milhões de famílias rurais, duplicar os recursos em educação e saúde e garantir habitação para 15 milhões de famílias sem teto. Segundo o economista Márcio Porchmam, no Brasil de hoje as 20 mil famílias que vivem de rendas ganham R$ 2.685,00 por dia, mas os 8 milhões de pobres do programa Bolsa-família recebem R$ 0,48 por dia. Este abismo faz o Brasil estar sempre entre os países mais desiguais do mundo. A exclusão social se torna estrutural diante da construção do Estado Mínimo. São mais de 50 milhões de brasileiros vivendo abaixo da linha da pobreza.


A desigualdade é acompanhada de forte imobilidade social sistêmica, onde parte da população se torna uma massa inimpregável de subcidadãos. Para todo Estado Mínimo existe a necessidade de um Estado Máximo de controle social e repressão sobre as populações pobres e excluídas. De um lado a mão do mercado e da desqualificação e desregulamentação do trabalho, do outro a mão penal e policial da repressão. Segundo Zigmund Bauman, “a pobreza não é mais um exército de reserva de mão de obra, tornou-se uma pobreza sem destino, precisando ser isolada, neutralizada destituída de poder.”


É neste contexto que precisamos debater o sistema penitenciário atual e sua complexidade. A quase totalidade de nossos presos são representantes deste setor completamente excluído economicamente, culturalmente e socialmente. O sistema penitenciário é sempre um reflexo da sociedade que o produz, um espelho das nossas contradições. A falta de política para o sistema penitenciário e a ausência de gestão são sintomas desta exclusão mais profunda. Para a opinião pública e para boa parte dos governantes, uma prisão segura é aquela em que não ocorrem fugas nem rebeliões. O que acontece dentro dos muros pouco importa. Investir na capacitação dos profissionais de segurança e técnicos, em trabalho para os detentos, em escolas dentro das prisões ou na classificação dos presos conforme determina a lei, não são prioridades. Não são vistas como medidas que contribuam com a segurança da unidades penal. O crescimento da população carcerária brasileira é acompanhada do mais absoluto caos administrativo.


Em todo o Brasil convivemos com um enorme abismo entre o que é real e o que é legal. Porém é no sistema penitenciário que esta distância se torna mais dramática. A Lei de Execução Penal é uma de nossas leis mais avançadas, apesar de ter sido elaborada em 1984 e evidentemente necessitar de complementações. A LEP é sem dúvida a lei mais descumprida de nossa legislação. 70% dos estados da federação separam os presos pela facção criminosa, a média nacional de presos estudando é de 17%, apenas 16% dos estados possuem patronato, só 20% contam com escola de formação penitenciária e em 70% não existe plano de cargos e salários para os funcionários da secretaria responsável. Sendo assim, as prisões vão se consolidando como instrumento de solidificação da exclusão, executando a pena de morte social.


É dentro desta perspectiva que devemos analisar o crescimento e fortalecimento das facções criminosas dentro e fora das prisões. As facções representam o elo entre as favelas e as prisões. Dentro das favelas, diante da ausência do Estado, estes grupos exercem o poder local com grande violência e tensão permanente. A maioria esmagadora de seus membros são jovens que nunca conheceram uma realidade diferente das favelas, poucas vezes saíram da comunidade. A linguagem hegemônica desde muito cedo é a da violência. A breve vida se resume na venda da droga, no exercício do poder local, nos romances locais, nos confrontos e acordos com a polícia e nas guerras permanentes com as facções rivais. A inserção destes jovens nos grupos criminosos muitas vezes representam não somente a possibilidade de uma vida mais viável economicamente, mas também, e não menos importante, a viabilidade de se sentir reconhecido, valorizado e dotado de significado. Dentro das prisões estas facções são fortalecidas e continuam mantendo o controle absoluto sobre as comunidades. Dando ordens de quem vai viver e quem vai morrer, qual comunidade será invadida e quem responde pelos negócios locais.


No Rio de Janeiro, quando uma pessoa é detida e chega à delegacia, os funcionários perguntam a qual facção ela pertence, de forma a poder classificá-la em uma das celas da unidade. Quando o preso afirma não pertencer a nenhuma facção, o funcionário pergunta onde ele mora visando com isto identificar em qual facção sua vida pode estar mais “segura”. Para muitos presos, é na prisão que se inicia a vida dentro de uma facção. Hoje, todas as prisões do Rio de Janeiro estão ligadas a uma das três facções existentes no estado. Tal realidade faz com que o sistema penitenciário e a direção das unidades tenham que adequar as regras legais com as regras das facções. Quando um detento ganha a concessão de um benefício, como o regime semi aberto, sua transferência para uma unidade compatível com o novo regime depende das vagas oferecidas nas prisões da facção a qual pertence o preso. Se a vaga disponível for em um presídio de outra facção, o preso continua no regime fechado e a vaga continua aberta. É evidente que não se pode misturar presos de fações rivais, porém não criar alternativa para a correta classificação dos presos conforme o crime que cometeu e seu grau de periculosidade, faz com que o Estado seja um importante instrumento da organização deste exército de esfarrapados. Dos trinta presos que morreram na casa de custódia de Benfica em 2004, no mais sangrento conflito entre facções dentro das prisões, pelo menos 17 tinham sido detidos por crimes leves. A maioria eram moradores de rua, presos por furto ou roubo de pequeno valor. Não possuíam qualquer vínculo com facções até o momento de suas prisões.


O tráfico de drogas e de armas continuam sendo de enorme lucratividade, o discurso da segurança pública continua focado na guerra contra o crime organizado nas favelas e os jovens pobres e negros continuam sendo mortos e presos em escala assustadora. O atual quadro além de desumano com os setores mais pobres da sociedade é também de total ineficiência das políticas penitenciárias e de segurança.


A sociedade de mercado não comporta conceitos como democracia, liberdade, garantias legais, penais e processuais. As instituições não suportam nem mesmo um choque de legalidade. Todos os valores e conceitos são substituídos pela segurança. A luta pelos direitos humanos busca garantir o cumprimento da lei para todos, garantir que por serem humanos devem ter a garantia dos direitos básicos. O preconceito ao termo “direitos humanos” vem do fato de que a opinião pública não reconhece humanidade numa parcela da sociedade e, conseqüentemente, não considera a possibilidade dos seus direitos. A despersonificação e a invisibilidade destes segmentos contribuem para a construção do medo e da intolerância. Enquanto não vencermos esta luta política pedagógica, vamos continuar ampliando a crise do sistema penal e chamando de crime organizado apenas os atos criminosos dos setores esfarrapados.
 
Não posso dizer que sou contra nem a favor. Até porque o que acontece na sociedade hoje é apenas uma transmissão do público para o que pode vir a se tornar privado....
Simplificando: hoje sou contra a pena de morte porque tudo o que pode acontecer não se aplica a mim. Ninguém vai matar alguém que amo quando penso na pena de morte.... isso é pensar no público: tornar qualquer fato inaplicável a você!!!
Mas quando alguém vem e mata a sua mãe, por exemplo, seu primeiro pensamento (não seja hipócrita!) é matar o desgraçado que fez isso... dessa forma você é a favor da morte do criminoso: pois isso passou de algo inaplicável para algo que envolve a sua realidade agora....
Passo agora outra questão a vocês:
Como nós devemos pensar as leis hoje em dia? Numa esfera em que nada daquilo poderá acontecer-lhe, ou pensando na possibilidade de se tornar privado???

Boa Sorte!
 
Pelo amor de deus, sem duvida eu sou A FAVOR.
porque a populaçao tem que sofrer por cause de alguns filhos da ****
a segurança no brasil tambem é uma droga.
FOGUEIRA NELES!
 
Totalmente contra. Como diz uma frase de um episódio de Star Trek: "um homem morto não pode aprender nada". No meu entender a função das penas a que pessoas que cometeram crimes são submetidas é de ensinar e reabilitá-las para serem reintegradas na sociedade, não de torturá-las e depois se livrar delas. Além do mais não tem lógica nenhuma punir alguém por algo que ela fez fazendo o mesmo com ela. Spock teria um piripaque com isso.

Star Trek Spock GIF
 
(...) Além do mais não tem lógica nenhuma punir alguém por algo que ela fez fazendo o mesmo com ela. Spock teria um piripaque com isso.
Ainda mais porque ele escapou dela por pouco em Talos IV.
Vamos lá... o problemático processo de Nuremberg. Nada de forca para os nazistas?
 
Não se pode ficar abrindo exceções para esse ou aquele caso, quando se tem um principio sobre algo. Pra mim pena de morte nunca.
 
Totalmente contra. Como diz uma frase de um episódio de Star Trek: "um homem morto não pode aprender nada". No meu entender a função das penas a que pessoas que cometeram crimes são submetidas é de ensinar e reabilitá-las para serem reintegradas na sociedade, não de torturá-las e depois se livrar delas. Além do mais não tem lógica nenhuma punir alguém por algo que ela fez fazendo o mesmo com ela. Spock teria um piripaque com isso.

Star Trek Spock GIF
Os Vulcanos não, mas sei que os Romulanos aplicavam penas de morte.
 
Sim, com certeza, e justamente devido a essa mentalidade e comportamento violentos foram convidados a se retirar de Vulcano.
 

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