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Notícias Paulo Coelho, que lança seu 22º romance, diz que "Ulysses" fez mal à literatura

Morfindel Werwulf Rúnarmo

Geofísico entende de terremoto
"Você sabia que eu sou mago?",
pergunta Paulo Coelho, em francês, a um amigo que o visita na Suíça, onde vive.
"Mago das letras!",
responde rindo o interlocutor.

"Está vendo? Fora do Brasil ninguém sabe dessa história",
retruca o escritor em entrevista à Folha, por telefone.

É que o autor brasileiro de maior sucesso internacional, agora lançando "Manuscrito Encontrado em Accra" (Sextante), seu 22º romance, se reinventou.

Aos poucos, a aura mística que atribuía a si e o epíteto de mago foram deixados de lado. Hoje ele veste as roupas da modernidade e do pragmatismo.

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"Paulo Coelho grava comercial para marca de carro em biblioteca de Praga, em 2009​

Consagrado por 140 milhões de livros vendidos em 160 países e traduzido em 73 línguas, Paulo Coelho defende a livre circulação dos seus livros, pirateados ou a preços baixíssimos, e, conectado praticamente o dia inteiro, se tornou um militante digital e suprimiu qualquer tipo de atravessador. É ele quem fala com o seu público.

"O Twitter é o meu bar. Sento no balcão e fico ouvindo as conversas, puxando papo, sentindo o clima",
diz ele, que logo mais deve alcançar 15 milhões de seguidores em redes sociais.

A interlocução facilitada com os leitores o fez se abster de sessões de autógrafos e viagens de divulgação.

"Agora, só aceito ir a lugares curiosos. Semana que vem vou ao Azerbaijão. Chega de hotéis",
se gaba.

Mas não só disso. Segundo ele, ser lido de Nova York a Caruaru (PE) e Ulan Bator, na Mongólia, se deve ao fato de ser um autor moderno, de literatura globalizada, a despeito do que diga a crítica.

"Houve um tempo em que era possível aos críticos destruírem um filme ou um livro e isso tinha reflexo direto no público. Hoje essa relação se horizontalizou, o que vale é o boca a boca",
diz.

Sobre o tal modernismo de sua escrita, Coelho diz não ter a ver com estilo ou experimentações de narrativa.

"Sou moderno porque faço o difícil parecer simples e, assim, me comunico com o mundo inteiro."

CULPA DE JOYCE

Para ele, escritores caíram em desgraça ao perseguirem o reconhecimento pela forma e não pelo conteúdo.

"Os autores hoje querem impressionar seus pares",
opina. E aponta em seguida o culpado:
"Um dos livros que fez esse mal à humanidade foi 'Ulysses' [clássico de James Joyce], que é só estilo. Não tem nada ali. Se você disseca 'Ulysses', dá um tuíte",
provoca.

A acessibilidade pregada por ele dá o tom também em "Manuscrito", o primeiro livro que escreveu desde o susto que tomou em 2011, quando ouviu de seu médico que, por causa de um problema cardiológico, teria apenas 30 dias de vida. "Perdi o chão".

Sobreviveu para contar a história de uma Jerusalém sitiada, prestes a ser tomada por cruzados. Trocando em miúdos, uma reflexão com forte tom religioso sobre a iminência do fim. Sem ligações autobiográficas, garante.

"A única referência que faço no livro ao que passei é quando digo que recebi o manuscrito em questão no dia 30 de novembro, que foi a data da minha cirurgia. De resto, é um livro como qualquer outro meu",
conta ele, que escreve um desses a cada dois anos e sempre de uma vez só.

Entre uma coisa e outra, diz que se dá "ao luxo de ter tempo". Tempo para se informar a respeito de tudo. Do julgamento do mensalão às intrigas sobre os autores brasileiros selecionados pela revista "Granta" (Alfaguara).

Lista sobre a qual ele diz não ter interesse.
"Não faz parte do meu mundo. Gosto de autores como Eduardo Spohr [autor de 'A Batalha do Apocalipse']".

Spohr é uma das estrelas da "Geração Subzero" (Record), coletânea de autores que se julgam negligenciados pela crítica, contraponto à "Granta". É nesse oposto que Coelho se sente à vontade e para quem pretende continuar escrevendo até morrer.
"Depois disso, nada meu será publicado."
Tem medo de que haja disputa por direitos autorais entre herdeiros ou, pior, publiquem obras sem a sua autorização.
"Aconteceu com Nabokov. Isso é um horror."

MANUSCRITO ENCONTRADO EM ACCRA
AUTOR: Paulo Coelho
EDITORA: Sextante
QUANTO: R$ 19,90 (176 págs.)

Fonte
 
Última edição por um moderador:
Poisé, hoje eu estava escrevendo um post defendendo o ponto de vista do Coelho, mas do jeito que ele expôs a opinião ficou difícil. Parece que é meio que querendo a polêmica pela polêmica, e não de fato apontar para essa anomalia que criamos em literatura, de separar a tal da "alta literatura" da literatura de entretenimento e considerar o segundo tipo necessariamente inferior ao primeiro, ou que uma pessoa inteligente deveria se envergonhar por curtir o segundo.
 
Essa matéria do The Guardian resume bem o que eu penso:

http://www.guardian.co.uk/books/boo...lho-attack-ulysses-insults-readers?intcmp=239

"Only someone who had barely glanced at Ulysses would damn it for "pure style". It is an utter come-all-ye, salmagundi, snarl and macédoine of styles (Johann Wolfgang von Goethe famously said he didn't have a style, he had styles, a motto many aspirant writers in search of their elusive "voice" might adopt). Coelho – let's give him the benefit of the doubt – may not be complaining about the glorious polyphony of Ulysses. The exuberant styles might conceal a lack of import. As he says: "There is nothing there." In Joyce's defence, I would say there is love, grief, anger, lust, generosity, small-mindedness, kindness and redemption as well as kidneys, dogs, claret, soap, what-the-butler-saw machines, classical statues, menstrual blood and brogues. But maybe Coelho isn't placing style against content but style against message. Maybe Ulysses can't be summarised into a sentence-long quote such as: "Remember that wherever your heart is, there you will find treasure." Perhaps life is actually a bit less pat than that. Maybe Coelho was confusing Ulysses and the 1981 cartoon Ulysses 31.".
 
eu já acredito que isso aqui resume bem o que eu penso:

Um dos efeitos mais daninhos do abismo de letramento existente na sociedade brasileira entre aquela ínfima minoria que maneja os códigos da cultura erudita e a esmagadora maioria iletrada tem lugar não naquela nem nesta ponta do espectro, mas na fatia comumente chamada em inglês de midbrow, ou seja, o leitor não-especializado, geral, consumidor de revistas e jornais, mas não necessariamente familiarizado com os códigos da cultura erudita (lembrando, pra começar a conversa, que no Brasil é praticamente impossível usar esses conceitos – erudito, de massas, midbrow – sem ser acusado de hierarquizá-los, como se eles fossem categorias morais e não conceitos sociológicos). Em sociedades onde o letramento foi mais universalizado – não falemos dos países do Atlântico Norte, limitemo-nos à Argentina, nação mais comparável à nossa –, o leitor midbrow tende a se relacionar, creio eu, de forma menos angustiada com os códigos, tanto da cultura erudita como da cultura de massas. Em sociedades como a nossa, onde há um abismo de letramento, uma das formas através das quais o leitor midbrow tenta aceder a certa distinção associada com a cultura erudita é no ataque sistemático às formas da cultura de massas. Demonstrar desprezo pelo funk carioca ou pelo tecnobrega constroi, imaginariamente para o leitor midbrow, alguma comunhão com a esfera da cultura erudita da qual ela está, na maior parte do tempo, excluído.

É isso que está em jogo num dos esportes nacionais: atacar, vilipendiar, desprezar e achincalhar Paulo Coelho. Já havia acontecido com Jorge Amado, autor com o qual, apresso-me em ressalvar, Coelho tem pouco em comum. No caso de Paulo Coelho, esse esporte é jogado com muito mais frequência em jornais e revistas – veículos da cultura midbrow por excelência – do que nos espaços da cultura erudita propriamente tal.

Ao contrário da Argentina, o Brasil não possui uma grande tradição de literatura de entretenimento, popular e de consumo massivo. Gêneros como o romance policial e a ficção científica, que construíram poderosas tradições no país vizinho, nunca floresceram no Brasil com vida independente. Isso não quer dizer que boa literatura policial não tenha existido no Brasil. Só significa que nos casos em que isso aconteceu (Rubem Fonseca, por exemplo), seus autores transitavam pelos códigos da cultura erudita e eram consumidos como tal. Coleções de livros massivamente vendidos em bancas de jornal sempre foram casos raros entre nós. Mesmo quando isso aconteceu – como a coleção “Imortais da Literatura Universal”, da Editora Abril, que fez sucesso em bancas durante a ditadura –, não era uma literatura nacional de entretenimento que se vendia.

Paulo Coelho é uma figura solitária nesse espaço. Não há escritor vivo, em nenhuma língua neolatina, que tenha vendido mais livros que Paulo Coelho: são 140 milhões de exemplares, em 73 línguas e pelo menos 160 países. Chegou a lugares que nem Pelé nem Sepultura jamais chegaram. Gente que nunca havia lido um livro, leu Paulo Coelho. Seu escritório recebe centenas de emails diários com testemunhos de como seus livros transformaram a vida de leitores. Ao contrário de outros escritores que vendem milhões, como John Grisham e Dan Brown, Paulo Coelho arrasta milhares de pessoas para onde vai. Coelho fez mais pela formação de um público leitor no Brasil que qualquer uma das tolas campanhas do Ministério da Cultura, como esta última – leia mais, seja mais, duplamente errada, já que “ler mais” não garante a ninguém “ser mais”, e leitores não se formam a partir da missão de “ler mais”, mas de ler aquilo de que gostam. A campanha tem a cara de uma Ministra que visivelmente não lê nada e que, portanto, mantém com a leitura uma relação fetichista — mais, mais, mais.

Como ocorre com 90% dos autores que leio, alguns textos de Paulo Coelho me agradam, outros nem tanto. Gosto muito, por exemplo, de Onze Minutos, que considero um belo livro. Mas, nessa questão, sempre fui caetânico: é muito melhor que se leia qualquer coisa, desde que você goste. A chance de que um livro leve a outro livro é infinitamente maior de que ele leve de volta à não-leitura. E, neste aspecto, Paulo Coelho tem feito um bem imenso à literatura. Para não falar, claro, das suas posições corajosas em questões como a biografia proibida de Roberto Carlos escrita por Paulo César de Araújo ou a defesa do direito de reprodução e circulação de arquivos na internet.

Nesta semana, Paulo Coelho foi atacado de todos os lados por uma entrevista à Folha em que dizia que Ulysses havia feito mal à literatura e que o romance cabia num tuíte. Na verdade, a proposição de que Joyce mata o romance é um dos grandes clichês da crítica literária do último século. Paulo não disse nada absurdo nem original. É a pura verdade que Joyce leva o romance ao seu limite – depois de Ulysses, só há variações sobre o que Joyce fez ou um retorno a formas prejoyceanas. Quanto à boutade de Paulo, de que o romance cabe num tuíte, nada mais verdadeiro. Hamlet, Anna Karenina, Guerra e Paz e Édipo Rei também cabem. Aliás, este joyceano fanático que vos fala já resumiu Ulysses em um parágrafo numa das celebrações do Bloomsday n’O Biscoito Fino e a Massa.

Onde está, portanto, o escândalo? Em lugar nenhum, a não ser na desesperada tentativa de defender um monumento da alta cultura para, com isso, acumular alguns pontinhos na escala da distinção. O problema é que isso é, ironicamente, contraditório com a própria obra joyceana. Joyce não é Proust, que detestava o cheiro de povo. O mundo de Joyce é o da cerveja, dos pilantras, das safadas e dos cornos, das cantorias bêbadas nos becos. Em todas as celebrações anuais do Bloomsday em meus blogues, sempre me bati contra o mito do Joyce “ilegível”. Por vezes difícil, sim, Ulysses é, acima de tudo, um livro divertido e debochado. Na tentativa midbrow de distinção, é melhor agarrar outro monumento. Tente Proust ou Musil. Com Joyce não funciona. Dizer ‘prefiro Joyce a Paulo Coelho’, por exemplo (uma das infinitas bobagens que foram ditas), demonstra total incompreensão de ambos: pilar da obra joyceana é a permeabilidade mas também a irredutibilidade entre cultura popular e cultura erudita. Ao mesmo tempo em que se apropriava de rimas, baladas, canções patrióticas, folclore, slogans e várias outras formas da cultura popular, Joyce sempre insistiu que o valor dessas formas era próprio, irredutível à esfera da cultura erudita à qual pertence sua obra literária.

Em outras palavras, Joyce daria gargalhadas de seus “defensores” contra as heresias do Mago.

http://revistaforum.com.br/idelbera...fesa-dos-monumentos-como-desejo-de-distincao/

Eu não gosto dos livros do Paulo Coelho. Mas não é porque eu não gosto do que ele escreve que vou transformá-lo num Judas literário para ficar descendo a lenha só para pagar de inteligente/erudita.
 
É bem por aí mesmo, eu nunca li Paulo Coelho, mas não é por uma falsa erudição (nem tenho a erudição verdadeira), mas por não ter tido a oportunidade, mas de tanto ouvir críticas negativas eu ainda vou ler algum livro dele, não seria a primeira vez que eu discordaria da crítica geral, e é engraçado ouvir as pessoas falarem mal, muitas nem leem ou leem e não entendem e fazem isso só pra pagar de erudito. Se o próprio Joyce falasse mal, eu me calava, mas quem fala mal não tem o talento que ele tem para escrever livros e vender, se isso vem de um autor que se sente desprestigiado, é mais despeito que qualquer outra coisa.
 
"Nunca li Paulo Coelho. Por nenhuma razão específica, a não ser uma: não sou uma pessoa mística, nunca fui. Portanto, os temas que são caros ao escritor não me atraem, não me atiçam, não me convidam à leitura.

Nunca li “Ulysses” de James Joyce. Por nenhuma razão, apenas não calhou. Não há suficiente tempo na vida para se ler tudo e a gente vai escolhendo o que é mais importante, cada um faz a sua própria lista de prioridades literárias e Ulysses jamais esteve na minha, não até hoje. Mas devo confessar que livros tidos como “difíceis” tampouco são my cup of tea."

Continua no seguinte link.
 
Se ele tivesse soltado a frase em outro tempo, até entraria na provocação. Só que ele soltou a frase no lançamento do livro. Tá comprovado o poder que o mago tem para marquetingui.
 
"Nunca li Paulo Coelho, mas o respeito. Em todos os países para onde fui encontrei leitores dele, pessoas interessantes e inteligentes que apreciavam seus livros – só não eram críticos literários."

Cadê?
Eu nunca conheci nem ouvi falar alguém que lê Paulo Coelho e consegue defendê-lo de forma coerente. Parece quem compra e lê o faz escondido, com vergonha, para não ser acusado de nada.

Aí vimos as duas reações nessa história: A primeira defendendo o Joyce contra o cinismo absurdo das afirmações ofensivamente e cinicamente marketeiras do Paulo Coelho (últimas informações que eu tenho é que as vendas dele tem caído no mundo inteiro). Então temos que respeitar alguém que diz que ""Sou moderno porque faço o difícil parecer simples e, assim, me comunico com o mundo inteiro" e "Ulysses dá um tuíte"?
A segunda reação, é dessas pessoas falando que as primeiras são inerentemente intectualóides inseguros, esnobes, invejosos do dinheiro e fama dos autores best-sellers, blablabla.
Logo se vai chegar em um um círculo completo de quem tem vergonha de ler para quem futuramente terá vergonha de falar que gosta de Ulysses para não ser acusado dessas mesmas coisas acima.
Ler é só mais uma questão de status, o prazer pela literatura que se foda, certo?

E outro que ponto que não posso deixar de discordar é esse: "não importa a mínima que os críticos não considerem seus livros “boa” literatura, o autor best seller recebeu o aval dos leitores para ter uma voz importante, digna de ser ouvida". Eu particularmente não consigo dar a mínima pra alguém cuja maior credencial é vender livros. Não digo que não seja fácil, ou não tenha seus méritos, mas para mim não existe qualquer valor nisso. Mesmo os autores citados como best-sellers, Agatha Christie, Doyle, Chandler, venderam muito, parabéns para eles, mas se eles tem um lugar na literatura e merecem ser lidos, não é pq os mistérios da Christie são excitantes, Sherlock Holmes é um grande personagem e pq a atmosfera do Chandler fascina?
No máximo, autores que vendem muito mas não tem nada a dizer ganham uma nota histórica. Do tipo, esse autor X vendia muito na época dele. Olhem o tipo de coisa que o pessoal da época do autor X comprava!

Outra questao é que o Paulo Coelho tem o direito de ter a opinião dele sobre qualquer coisa, a questão é que ele quer falar o que quiser sem direito a réplicas. Pelos tuítes dele, parece que quem tá defendendo Joyce está ofendendo os leitores dele inerentemente, por algum motivo.
 
O que incomoda quem já leu Ulisses é a afirmação de que o livro é só estilo. O estilo te deixa realmente, na falta de melhor palavra, abestalhado, principalmente na primeira leitura. Mas para mim, pelo menos, o enredo acaba se sobressaindo muito mais. Esse paralelo fantástico entre a jornada de Odisseu, herói quase sobre-humano, favorito de alguns deuses e odiado por outros e a jornada de Leopold Bloom, homem tremendamente comum na agrura de suas batalhas cotidianas, é o que acaba marcando.

Nada contra o PC. Aliás já o li. Mas daqui a 200 anos eu tenho certeza absoluta de qual autor será lembrado e ainda lido.
 
O que incomoda quem já leu Ulisses é a afirmação de que o livro é só estilo. O estilo te deixa realmente, na falta de melhor palavra, abestalhado, principalmente na primeira leitura. Mas para mim, pelo menos, o enredo acaba se sobressaindo muito mais. Esse paralelo fantástico entre a jornada de Odisseu, herói quase sobre-humano, favorito de alguns deuses e odiado por outros e a jornada de Leopold Bloom, homem tremendamente comum na agrura de suas batalhas cotidianas, é o que acaba marcando.

Nada contra o PC. Aliás já o li. Mas daqui a 200 anos eu tenho certeza absoluta de qual autor será lembrado e ainda lido.

ele foi meio infeliz nessa colocação mesmo. mas é coisa típica de quem trabalha só o enredo, achar que vc precisa de muito mais do que um recorte do dia comum de um cara para escrever algo foda. eu penso aqui em mrs. dalloway, por exemplo, que se fosse seguir essa linha de raciocínio tb é "só estilo", afinal, o dia na vida de uma mulher? só que aí você lê os pensamentos da clarissa, os medos do septimus, etc e poooourra, é destruidor, daqueles livros para mexer com você mesmo que não tenha um dragão, perseguição de carro ou algo crime para solucionar.

ou ainda esperando godot. caracas, a peça toda são dois caras esperando pelo tal do godot. e é uma das peças mais geniais do teatro.

enfim, NISSO ele foi meio mané na colocação dele, e NISSO eu senti a vontade de criar a polêmica pela polêmica, como comentei antes. mas ele levanta sim uma discussão pertinente, embora não da melhor maneira, é claro. o que é uma pena. vai ficar todo mundo se doendo pelo ulysses e ninguém vai de fato debater o lugar da literatura de entretenimento.
 
"Um dos livros que fez esse mal à humanidade foi 'Ulysses' [clássico de James Joyce], que é só estilo. Não tem nada ali. Se você disseca 'Ulysses', dá um tuíte"

É lugar comum que aqueles que escrevam também leiam, mas nem sempre que admirem. o comentário tecido por Paulo Coelho é, como costumo dizer, um aborto da mente, um pensamento mal elaborado e que não foi filtrado entre o cérebro e a boca. SeUlysses fez mal a literatura? De certo que não. Onde Joyce penetrou na linguagem, como, quando e onde, até hoje tentam descobrir. Se é possivel resumir seu contéudo a um tuíte? Não. Quannto a Paulo Coelho, sim é possivél: "Ruim".

Grande comentário do meu amigo Léo!
 
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