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Paradigmas no RPG (Sistemas)

Voltando um pouco mais à primeira proposta do tópico, existem alguns paradigmas tão fortes que ninguém nem discute. Um deles é a existência do Mestre (DM, Storyteller, Narrador, ou como seja chamado): será que realmente é necessário que um jogador tenha papel diferenciado dos outros? A existência de um Mestre é um paradigma tão básico, que eu disse lá em cima que é um dos elementos que definem o RPG em si, mas será que realmente não pode existir um RPG sem Mestre?

Meu grupo meio que já fez em um mesmo jogo, uma narrativa alternada, onde todos os jogadores narravam um pouco. Acho que tb já tivemos um Narrador e um "auxiliar de narrador". Foram experiências interesssantes.

Interessante ponto apontado. Poderia existir um RPG sem um narrador? Lembro-me de alguém comentado que tinha um RPG assim, mas não vou lembrar-me especificamente qual.
 
Não, se não me engano, Live tem normalmente um narrador, até onde sei. Pessoalmente nunca fui em um, apenas li sobre.
 
Eu também nunca fui num Live, mas tem um colega meu que participa para caramba, e se eu não me engano tem um narrador sim. Mas foi interessante saber que você já jogou um RPG narrado coletivamente, Arcanjo... Como foi? Deu certo? Como era o esquema, e tinha alguma regra para impedir um jogador de se favorecer demais na narração ou o grupo é que era organizado?
 
Eu já participei de diversos lives de vampiro. Todos não só tem mestre mas mais de um mestre. Eles servem como NPCs (príncipe, primigênie, etc.) e como fiscal pras jogadas.

Ah, e o RPG do Barão de Munchausen não tem DM.
 
No meu grupo era mais por organização mesmo, nenhuma regra específica. Ah, eo RPG que eu havia ouvido falar acho que era esse que o Tio Sky falow!

:]

Uma das coisas que fez o jogo funcionar era a proposta simples de jogo, onde vivíamos nosso dia-a-dia em uma escola de magia. Como não havia necessariamente uma grande história a se seguir, não tínhamos problema nenhum em "trocar de cargo". Já para histórias pré-montadas funciona melhor quando quanto de uns 4 ou 5 participantes onde 2 narradores vão conduzindo a história juntos, revezando na narração. Mas em regras mesmo nunca ouve, era apenas uma organização entre o grupo, nunca parei para formular regras exatas a respeito...

Mas acho a idéia interessante. Vou ver se pratico ela algumas vezes!

:]
 
Já existem RPGs sem DM, com storytelling compartilhado, exatamente como a sua experiência Arcanjo. Se não me engano, além de Munchausen, tem o Universalis. Todos do cenário "Indie".

Aliás, pra quem quer quebra de paradigmas, o cenário "Indie" é a melhor pedida. Depois eu vou fazer uma listona de jogos que quebram o paradigma.
 
Por falar em quebra de paradigmas, conseguí adquirir a ultima edição do Pendragon. Confesso que fiquei surpreso, não esperava que este fosse tão interessante. É um dos melhores casamentos que já vi entre "sistema e cenário", o que faz dele um jogo muito elegante, do ponto de vista do design.

Depois quem sabe eu ponho uma resenha completa dele, mas por hora basta saber que Pendragon se trata de um RPG sobre Lendas Arturianas. Passa-se num período histórico, entre o séc. 5 e 6 dc. mais ou menos no inicio da Idade das Trevas.

O que há de diferente em Pendragon:

1) O jogo é histórico e ultra-focado. Cada jogador é um nobre cavaleiro bretão, do reino de Uther Pendragon, lutando por fama e glória, e pra expulsar os bárbaros saxões de suas terras. Por "Nobre Cavaleiro Bretão" diga-se: não dá pra ser mago, não dá pra ser ladrão, não dá pra ser só um cavaleiro sem terra ou senhor, e não dá pra ser saxão, picto, ou gaélico - tem que ser bretão. Nada dos estereótipos convencionais de RPG aqui.

2) Cada sessão do jogo equivale a 1 ano de história. Ou seja, ao final da aventura, o tempo avança em 1 ano. Daí cada jogador faz uma série de rolagens para determinar o que se sucedeu em suas terras, tanto a nivel economico (colheita, comércio), diplomatico (troca de alianças, etc. ) quanto pessoal (paixões, casamentos, filhos, etc ).

Isso - essa característica de "jogo de tabuleiro" - é que dá ao jogo um caráter épico, no sentido que se vê o desenvolvimento do personagem não só a nível pessoal como é normal nos RPGs tradicionais (skills, atributos, etc.) mas principalmente a nível extra-pessoal (fama, riquezas, posse de terras, exércitos, família, etc.). Dá pra ver seu personagem ficando velho e poderoso (ou não), casando, tendo filhos, etc. Demais!

3) Os atributos de personalidade. Isso é que define cada cavaleiro - suas paixões e crenças. Cada personagem deve escolher uma série de virtudes, que são contra-postas por vícios (ex: Coragem/Covardia, Castidade/Luxúria, etc.) e isso vai sugerir o comportamento do personagem nas mais diversas situações. Caso o jogador queira ir de encontro 'a uma virtude específica, tem que fazer uma rolagem, que representa o esforço interior do mesmo.

Isso reflete os cavaleiros arturianos, que se viam em meio a conflitos por paixões e crenças. Se não me engano Pendragon foi um dos primeiros jogos a criar esse tipo de mecânica (que hoje está se tornando uma tendencia na indústria Indie, com Burning Wheel, Unknown Armies, Riddle of Steel, Dogs in the Vineyard, etc. ).


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Enfim, Pendragon é um jogo muitíssimo interessante, que tem o status de Cult na indútria. Não agrada a todos ( por ser muito focado em sua premissa ), mas praqueles que se interessem por lendas arturianas não ha nada igual na indústria. Só com o livro básico dá pra se fazer de tudo. E como se não bastasse, ainda tem o complemento "The Great Pendragon Campaign" (que ganhou prêmios recentes na indústria) - uma antologia de campanhas e aventuras que cobre aprox. 100 anos, seguindo toda historia de Uther Pendragon, até o nascimento e crescimento de Arthur, e culminando em sua retirada pra Avalon, e a derrota definitiva dos bretões para os saxões.
 
Depois quem sabe eu ponho uma resenha completa dele, mas por hora basta saber que Pendragon se trata de um RPG sobre Lendas Arturianas. Passa-se num período histórico, entre o séc. 5 e 6 dc. mais ou menos no inicio da Idade das Trevas.

Não diga! E por que tem esse nome?
De qualquer forma, eu não tenho certeza do que pensar. Ao mesmo tempo, essa premissa é bem interessante, com esse sistema de mudança na sua propriedade e tal, mas eu acho que um ano é tempo demais para uma única sessão. Ou são sessões muito longas, ou os acontecimentos e diálogos não tem o detalhamento a que eu estou acostumado. E também, com todo esse esquema de honra, coragem e tal, eu tenho um pouco de medo de que fique perto demais daquelas histórias mais insossas do Rei Arthur, na qual você tem dezenas de "cavaleiros perfeitos" (cada um descrito individualmente como o melhor de todos).
 
E também, com todo esse esquema de honra, coragem e tal, eu tenho um pouco de medo de que fique perto demais daquelas histórias mais insossas do Rei Arthur, na qual você tem dezenas de "cavaleiros perfeitos" (cada um descrito individualmente como o melhor de todos).
Concordo, o ruim das cronicas arturianas é isso, os caras são fodásticos dependendo da preferencia do autor. Lancelot foi criado para insultar os ingleses, onde um frances traçou a rainha do maior rei de todos os tempos (que era ingles). Depois ele (Lancelot) foi escrachado pelo autor seguinte como sendo um Bufão Covarde.

Toda essa zona me faz afirmar: a adpatação mais fiel é a do Monthy Phyton em busca do cálice sagrado (Ni!).

Mas se o mestre tiver controle isso nao acontecerá na mesa de jogo e é facilmente contornavel, mesmo se as regras forem tendenciosas a esse ponto (SE forem, só vi o jogo de vista no EIRPG).



NI!!!!!!!
 
Concordo, o ruim das cronicas arturianas é isso, os caras são fodásticos dependendo da preferencia do autor. Lancelot foi criado para insultar os ingleses, onde um frances traçou a rainha do maior rei de todos os tempos (que era ingles). Depois ele (Lancelot) foi escrachado pelo autor seguinte como sendo um Bufão Covarde.

Toda essa zona me faz afirmar: a adpatação mais fiel é a do Monthy Phyton em busca do cálice sagrado (Ni!).

Mas se o mestre tiver controle isso nao acontecerá na mesa de jogo e é facilmente contornavel, mesmo se as regras forem tendenciosas a esse ponto (SE forem, só vi o jogo de vista no EIRPG).



NI!!!!!!!

Segundo Bernard Cornwell, Lancelot era um bufão covarde que traçou a mulher do rei inglês.

Crônica de Arthur é muito bom.

Mas é importante lembrar que nessa época (sec V a VI) o modelo feudal ainda estava se desenvolvendo. Toda a tradição de vassalagem e título bem hieraquisados (um duque está acima de um marquês que está acima de um conde etc) só é valido pra Alta Idade Média (sec XI em diante mais ou menos).

Na Baixa Idade Média a Europa ainda vivia basicamente dos resquícios do fim do Império Romano. Mas de qualquer forma, é uma época fascinante. Recomento a todos o Crônicas de Artur pra uma visão histórica da coisa sem o tédio dos livros de história. Mas tem que lembrar que ainda é ficção.
 
Taí uma fraze marcante. Gostei.

XDXDXDXDXDXDXDXDXDXDXDXD


O caráter de Lancelot não altera os chifres de Arthur.

Issu dá uma boa assinatura!


XDXDXDXDXDXDXDXDXDXDXDXD
 
É exatamente o que eu pensei, se não estaria mais para A Morte de Artur (livro de Sir Thomas Mallory, do século XV se não me engano) do que para as Crônicas de Arthur (de Bernard Cornwell, e que são infinitamente melhores, mais realistas, mais interessantes, etc). Agora, que "Monty Python e o Cálice Sagrado" é a melhor versão da história, disso não há dúvidas.
It!
 
Elda: você acha que se Pendragon não estivesse mais pra Cornwell que Malory, eu teria comprado? Eu nunca fui fã de historinhas de Rei Artur. Foi Bernard Cornwell que abriu minha cabeça. E a semelhança de Pendragon 'as cronicas é justamente o que despertou meu interesse.

Galera, depois que terminar de ler o livro, posto uma resenha e vejo se consigo tirar as dúvidas do pessoal. Por hora, já desviamos demais o assunto do tópico. :D
 
Pelo que você falou, de que você é um "cavaleiro", e tem que escolher "virtudes cavalheirescas" (coragem, castidade, etc) não foi o que pareceu. Nem por sua perspectiva épica (você é um senhor de terras, ao contrário das Crônicas de Arthur onde a maior parte dos heróis principais é de soldados que se tornam pequenos senhores de bandos de guerreiros). É claro que eu reparei que você é um guerreiro bretão, e tudo, mas mesmo assim. Além do mais, eu sempre achei que a história do Bernard Cornwell se combinava perfeitamente com o D&D... É só cortar umas classes (todos os conjuradores plenos, paladinos e monges), colocar a classe sacerdote, e algumas classes de prestígio (Druida, Iniciado de Mitra, Líder Guerreiro, Cavaleiro).
 
Fiquei tão empolgado com Pendragon que comecei a reler meu Rei do Inverno.
Pelo que você falou, de que você é um "cavaleiro", e tem que escolher "virtudes cavalheirescas" (coragem, castidade, etc) não foi o que pareceu.
Mas o Rei do Inverno está cheio de demonstrações de virtudes dos nobres companheiros de Arthur - a honra e senso de justiça de Arthur é a causa de diversos conflitos, assim como a coragem de Tristan, lealdade de Derfel, etc. Basta trocar a palavra "cavaleiros" por guerreiros. Essas "virtudes" refletem o idealismo de Arthur e seus seguidores. Assim como os vícios lembram que no final, são apenas humanos.

Nem por sua perspectiva épica (você é um senhor de terras, ao contrário das Crônicas de Arthur onde a maior parte dos heróis principais é de soldados que se tornam pequenos senhores de bandos de guerreiros)
Mas ha várias passagens nos livros sobre Arthur trabalhando em suas terras, levantando muros e torres, indo a encontros diplomáticos com outros nobres, ouvindo os conselheiros e servos, passagens de temporadas e noticias do que aconteceu a sul, norte, leste, oeste, o inverno quando eles ficam dentro de casa (é exatamente no inverno que Pendragon faz as rolagens de administração, para ilustrar que os nobres estão em casa), etc.

Além do mais, esse 1/3 de "estratégia de tabuleiro" de Pendragon é perfeito para ilustrar a estrutura feudal (ainda que embrionária na época em questão) do período medieval. Ouso dizer que Pendragon é o jogo mais genuinamente medieval que já vi, não só por ser histórico (ou fictício-histórico) mas por dar importancia, em termos de jogo, ao sistema feudal e suas particularidades - ainda que ilustradas por mecânicas simples e rapidas - e principalmente por ilustrar a ambientação com uma riqueza de detalhes incrível:

- Uma parte enorme do livro lida com a vida no perído da Idade das Trevas, e mais especificamente nessa região - habitada por Bretões, Saxões, Jutes, Anglios, Pictos, Irlandeses, etc. Na parte de religião, ha uma aprte enorme só para esclarecer as diferenças entre o cristianismo romano e o cristianismo "celta" ( Só pra você ter uma idéia );

- A magia dos druidas é totalmente sutíl (nada de bolas de fogo explosivas ou "magic missiles"), tendo mais a ver com influência sobre os outros (psico-somatização e auto-sugestão) e curas erbalísticas e presságios .

- O folclore regional - muito ligado à religião, é ilustrado. Formorians, the Fae, etc. E fica o autor deixa claro que tudo isso pode ser fato ou apenas crenças e superstições.

- Os utensílios e armamentos do período são bem caracterizados - nada de armaduras reluzantes e espadões de 2 mãos aqui! O máximo que existia no período eram proteções de couro e cotas-de-escamas, assim como elmos de ferro, e espadas simples de 1 mão que mais pareciam gládius romanos mais alongados, do que as espadas medievais de hilt cruciforme que vemos na ficção.

- O combate é letal. 1 golpe bem colocado e bau-bau. Seja quem for que tomou (mesmo Arthur).

Posso dizer, Elda, que não existe uma ambientação que melhor caracteriza os livros de Bernard Cornwell do que Pendragon. E o interessante é que o autor dá essa versão histórica como defaut/padrão, mas oferece várias outras versões disso, baseadas em vários autores, que podem ser mais ou menos históricas como o grupo desejar (como o Arthur em armadura de placas brilhante em torneios de justas e com uma excalibur igual a uma espada de 2 mãos da baixa Idade média. :lol:).

Quem curte as lendas de Arthur, seja de Bernard Cornwell como eu, ou de qualquer outro autor, deve a si mesmo uma lida em Pendragon. Acreditem, eu mesmo sempre achei esse papo de "Rei Arthur" meio tosco. Elda, é fácil de achar na net (se é que me entendes :mrgreen: ). Se puder, consiga. Vale a pena. Aliás, nos ultimos tempos tenho percebdo que até mesmo jogos cujo tema não me atraem, mas são muito bem feitos e ilustram muito bem o tema que se propoem, acabam despertando minha curiosidade.
 
Progress quest é maior barato! ( claro, depois que você passa da surpresa inicial de não jogar e só ficar olhando :lol: )

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Voltando ao tópico... O quê vocês acham que ultrapassa os limites do "RPG Tradicional" ? Tipo, o que é imprescindível e insubstituível ao hobbie?
 

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