Haran Alkarin, se eu entendi certo, o excerto citado de Feynman não só não me contra-argumenta, como ele te contra-argumenta. Ele está, essencialmente, defendendo que não há mal algum em manter coisas como "desconhecidas", "misteriosas", se você não pretende envolver isso num experimento, ou se isso não é o alvo específico.
Começando a viajar na maionese a partir disso...
Se eu quiser fazer o experimento, uma análise estatística, do tipo "qual signo do zodíaco tem maior índice de suicídios?", eu realmente preciso provar que a força gravitacional de mercúrio alinhado com o abajur vai impedir descarga de serotonina? Ou eu posso apenas contar quantos suicídios houve em cada signo, independente de a astrologia existir?
Você não precisa medir e provar "o que é alma" se você não estiver interessado em provar especificamente o que é a alma. Se ela é apenas um pré-requisito para uma outra teoria (como reencarnação), meramente arbitre que ela existe e verifique se a teoria se sustenta assim.
Você não precisa provar que foi, ou que não foi, Deus o criador do Big Bang, para provar que o Big Bang aconteceu. Se o seu desejo for, especificamente, obter a informação "foi Deus?", aí sim, justifica entrar na questão cientificamente. Mas não é necessário provar isso para exercer a ciência em outras teorias que meramente interseccionam o tema.
Sinceramente não entendi como você interpretou que ele me contra-argumenta ou te apoia. Em última instância, você tem que envolver as idéias em um experimento, elas tem que ser úteis experimentalmente - tanto a mecânica clássica quanto a quântica fazem uso de idéias, ou de grandezas, não acessíveis experimentalmente, mas elas em si são úteis para descrever fenômenos empíricos. Não há nada de desconhecido ou misterioso, na mecânica clássica (útil para descrever fenômenos), com o fato dela usar a idéia de 'posição exata' e não termos acesso experimental a isso (não podemos medir a posição exata diretamente, experimentalmente). Mas tais idéias, mesmo que não acessíveis experimentalmente, têm que ter importância na teoria, essa por sua vez acessível. Não é algo como
"Deus criou o Big Bang, opa, o Big Bang existiu, logo minha teoria é válida porque é comprovada empiricamente, embora Deus, parte da teoria, não". Pois Deus ali é elemento secundário, podia ser qualquer coisa que tivesse criado o mundo, poderia ser 'incriado', etc. Sua teoria terá pretensões científicas, mas não será uma boa teoria científica.
Você pode contar quantos suicídios tiveram tal signo, se a princípio tu quer apenas saber... quantos suicídios tiveram tal signo. Se você quer explicar a reencarnação, pode fazer uso do conceito de alma, mas daí tu tem que provar que a reencarnação existe, ou é útil para descrever fenômenos empíricos. Se você quiser provar que o Big Bang aconteceu, tem que mostrar que sua existência é útil para descrever dados empíricos (o que já foi feito). Se você quiser saber o que 'criou' o Big Bang (e que algo o criou, isso não é realmente uma necessidade científica), tem que lançar a hipótese X e também embasar-se em dados empíricos. Até lá a hipótese não é científica, seja X = Deus ou não. Não entendi bem o propósito dessas conjecturas, em especial as duas últimas.
entendi, vc chama de empiria o simples funcionamento mecanico do corpo. bem, neste ponto, claro, a ciencia leva vantagem, embora a conciencia tambem tenha sua influencia nisto. Vide o que a ciencia adimitiu sobre a fé ou o efeito placebo.
O que a ciência admitiu é que o efeito placebo ocorre. Mas ela não faz a hipótese da consciência para isso - o que ela afirma é que processos cerebrais ligados a crença de que se vai melhorar (crença empiricamente constatável - é só perguntar ao paciente) é benéfica. Afirmar, além disso, que há consciência ou alma, seria cientificamente supérfulo.
até porque vc esta ligando alma a fantasma e ate mesmo alma imortal quando ate mesmo a pisquê é um conceito de alma.
Psicologia tem muito de filosófico, para não dizer místico - há muitas psicologias, apenas partes dela são científicas. Daí eu precisaria saber exatamente de que psiquê estamos falando, que conceito é esse.
sobre a parte em negrito... ai q ta... não pode ser a mesma coisa? afinal, não me respondeu(nem nenhum cientista fisico pode fazer), o que é a conciencia?
Depende do que estamos falando. Se tu quiser definir alma = consciência, pode fazê-lo, são só palavras, mas não vejo utilidade. Na discussão, para mim era claro que alma é algo imaterial que interage com a matéria, ou ao menos que serve para explicá-la ou descrevê-la de alguma maneria (o comportamento da matéria mudaria se a alma existir ou não) - consciência é apenas o conhecimento de um objeto, seja do próprio corpo, dos outros corpos ou até
possivelmente de coisas não materiais, conhecimento esse que de nada serve para descrever racionalmente a empiria esses objetos - serve simplesmente par afirmar que tal empiria existe, qualquer que seja ela. São conceitos filosóficos muito diferentes.
e claro q é um de seus misterios, a ciencia se propem a explicar TUDO, mesmo adimitindo a possibilidade de isto nao ser feito, e que ainda nao o faz.
é um dos preceitos de sua busca.
Aí é questão de filosofia da ciência. Se ela se propõe a explicar tudo, ela almeja tomar o espaço da filosofia, por exemplo? Para mim, e muitos filósofos e cientistas, ela almeja apenas descrever fenômenos da experiência sensível, empírica, somente isso. Saiu daí não é ciência (explicar, por exemplo, as idéias platônicas, a coisa-em-si kantiana, a experiência empírica enquanto tal, etc).
eu acho(e aqui é achismo meu) inclusive que um dia a ciencia vai chegar mais perto desta resposta, quanto mais ela caminhar para o dominio da mente sobre o corpo. e vai encontrar muita coisa q estava dito em outros lugares.
é uma crença minha, baseado em fatos q ja vivi e experimentei e que pra mim não vão de encontro a ciencia.
Não é preciso o conceito de alma para explicar um resfriado, mas é de se maravilhar muito uma recuperação "milagrosa" que vai de contra toda a medicina.
Sim, mas essa recuperação milagrosa não é mais explicada cientificamente e filosoficamente pela hipótese alma, e nem mesmo pela hipótese consciência.
E nem mesmo sua certeza de sua propia conciencia é prova de algo, é tambem um ato de fé.
Vc sonha com uma rosa. Prove isto. Prove q ela era vermelha.
(Novamente estamos no campo da filosofia). Não é fé, a menos que tu amplie o conceito. O fato de eu ter sonhado algo (ou acreditar ter sonhado, o que é uma impressão da memória), ou sentir dor, ou ver um objeto, são todos SENSAÇÕES (ou 'sentimentos', dependendo da definição). Não são crenças sem razão suficiente, pois as sensações são elas próprias razões suficientes (assim como a experiência é razão suficiente dos conceitos científicos, você não deve provar que uma experiência é aquela que foi dada aos seus sentidos, o fato dela ter sido dada aos seus sentidos já é em si a prova suficiente). E a experiência nada mais é do que sensações dadas aos cinco sentidos (mediadas ou não por aparato experimental). Se tu definir que uma sensação é fé, não restará nada a não ser fé.