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Pantaleón e as Visitadoras (Mario Vargas Llosa)

Lucas_Deschain

Biblionauta
[align=justify]O mais novo laureado com o Nobel de Literatura foi lembrado por sua “cartografia das estruturas de poder”, o que não impede que, para tanto, ele tenha usado de uma verve mais cômica em sua literatura. Pantaleón e as Visitadoras é um exemplo disso.

O romance, publicado em 1973, conta a história de Pantaleón Pantoja, um oficial do exército peruano que, devido a sua conduta impecável e vida regrada, é designado para uma tarefa nada convencional: aliciar prostitutas para aplacar a virilidade das forças armadas, já que essa enfrentava duras críticas e muitas reclamações por conta de soldados abusando de mulheres nas proximidades dos quartéis.
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Pantaleón e as Visitadoras

Trama
-Fim dos anos 1950 , Peru;
-Província Amazônica de Lorena, cidade Iquito, Soldados abusam sexualmente das cholas;
-Pantaleón Pantoja, exemplo militar, pragmático, convocado para resolver o problema dos estupros;
-Há mando do exército cria o grupo de visitadoras (rede de prostituição para militares)
-Moralismo religioso, repressão sexual;
-Grupo “A Arca” de cunho messiânico cristão, adeptos nas aldeias e cidades amazônicas – realiza sacrifícios animais e humanos;
-Repressão sexual fora e dentro dos quartéis;

Linguagem
-Corte dos diálogos, A x B, A x B;
-Uso de circulares como discurso;
- Programas de rádio, cartas de ouvintes;
-Uso da escrita de jornal, com colunas, editorial, reportagem, etc;

Personagens
Pantaleon Pantoja – Conservador – linhagem militar, esclarecido;
Pochita – Típica burguesa dona de casa, sem autonomia, segue padrões sociais;
Dona Leonor – Mãe de Pantoja, se torna religiosa da a arca, típica mulher que segue padrões sociais, possuem pouco acervo cultural;
-Chupe Chupe, Chupeta, prostitutas – trabalhadores, semi-analfabetos, sincretismo cultural, vivem para sobreviver dia-a-dia;

Geografia
-Iquito - Quente, pobre, isolada; Região amazônica; poucos locais de cultura [duas bibliotecas, sendo uma religiosa], cinema;
-Moralismo aparente.
-Mídia – corrupta, sensaconalista – rádio;
-Policiais- corruptos, propina funcionamento dos puteros, coação a imprensa.


Desfecho
- Descoberto papel das visitadoras
-Morte prostituta “a brasileira”
-Serviço fecha apesar de ser bem sucedido;
-O messianismo perde seu líder, contudo o número de adeptos tende a aumentar pelas causas de pobreza, isolacionismo [sendo luminoso é um produto?]
-Falta de um acervo cultural na cidade, amparo do Estado.

Conclusão
-O serviço humanizou a prostituição, criou melhorou a “qualidade de vida”, contudo mostrou a faceta do homem que vive imerso em uma repressão do sexo cultural, uma dicotomia de civilizações e espaços.
-Pobreza leva a maior parte a servir ao exército;
-A boa administração gera bons resultados – administração ideal no serviço público;
-União dos trabalhadores para conseguir melhores resultados de produção, políticos e outros;
-A falta de cultura e bens básicos leva a messianismos [políticos e religiosos];
-A informação sensacionalista não cria senso crítico;
 
Conclusão
-O serviço humanizou a prostituição, criou melhorou a “qualidade de vida”, contudo mostrou a faceta do homem que vive imerso em uma repressão do sexo cultural, uma dicotomia de civilizações e espaços.

Não entendi, tu que concluiu isso ou o Llosa? Não acho que a prostituição foi humanizada, pelo contrário, ela se tornou burocrática, inumana, como se se tratassem de máquinas e não de seres humanos.
 
Não entendi, tu que concluiu isso ou o Llosa? Não acho que a prostituição foi humanizada, pelo contrário, ela se tornou burocrática, inumana, como se se tratassem de máquinas e não de seres humanos.


De um lado se tornou cartesiana, de outro teve uma melhoria , na segurança social, etc; No desfecho ele diz que as "visitadoras" acabaram arrumando um prostíbulo próprio ,etc. Vargas Llosa não defende a liberdade sexual "plena", deve existir para ele algum "valor" que não seja moralista nem religioso, ao mesmo tempo que deve ter um controle minimo sobre a disposição das pessoas, mas isso me pareceu meio vazio e contraditório. Este meu final realmente ficou muito ruim, é apenas um fichamento pessoal, na verdade eu tentei extrair alguma coisa do livro, que achei sinceramente bem raso. Ainda que seja muito bom.
 
Não sei, mas quando o li prestei mais atenção na sátira que o Llosa acaba fazendo ao retratar a disciplina militar meio freak do Pantaleón. O Llosa teve de servir o exército, fugiu da caserna e, ao que tudo indica, inclusive ele, se tratou de uma experiência traumática. O exército, o alistamente e a rigidez da disciplina militar são elemento importante de sua obra, vide A cidade e os cachorros (lançada aqui também com o título Batismo de fogo): se trata de um sujeito que não consegue se enquadrar àquela vida e se torna uma pessoa pior - na visão de mundo, moral e atitudes - na medida em que vai permanecendo mais longamente no exército.

Acho que Pantaleón e as visitadoras tem sua expressão mais forte na sátira mesmo, afinal aqueles esquemas e planificações do protagonista são exageros típicos da satirização, arroubos tresloucados que visam pôr em relevo o absurdo a que podem levar as obsessões com a disciplina, a rigidez, a exatidão etc. típicas da vida militar.

Não consigo pensar em Pantaleón e as visitadoras do ponto de vista das prostitutas, acho que elas desempenham um papel secunário no romance, apesar de serem peças-chave de todo o desenrolar da trama. E também senti falta de um aprofundamento em relação aos movimentos sociais como aquele messiânico que aparece na história. No fim, parece que ambos - as visitadoras e o movimento messiânico - são atropelados pelas expensas e pela atuação da máquina militar.
 
Esse messianismo de certo modo foi "re-tomado" pelo marxismo , sendero-luminoso, Llosa acredito que nesta época já havia superado o marxismo-leninismo e a revolução cubana.

De certo modo existe essa "crítica" ao exército, mas o exército é rígido como deve ser, é uma escolha, Pantaleón Pantoja escolheu este caminho, ele poderia ser talvez um contador ou catedrático de matemática, ele escolheu este caminho, em nenhum parte faz-me crer que apenas por seus antepassados, ou por uma pressão social tão forte, é uma escolha pessoal, seu estoicismo é particular.
 
Esse messianismo de certo modo foi "re-tomado" pelo marxismo , sendero-luminoso, Llosa acredito que nesta época já havia superado o marxismo-leninismo e a revolução cubana.

Como assim "superado"?

De certo modo existe essa "crítica" ao exército, mas o exército é rígido como deve ser, é uma escolha, Pantaleón Pantoja escolheu este caminho, ele poderia ser talvez um contador ou catedrático de matemática, ele escolheu este caminho, em nenhum parte faz-me crer que apenas por seus antepassados, ou por uma pressão social tão forte, é uma escolha pessoal, seu estoicismo é particular.

É, pode ser, mas ele não inicia sua campanha de organização do serviço de visitadoras por convicção pessoal, é escolhido por superiores e toda a planificação é desencadeada por uma ordem.
 
Como assim "superado"?



É, pode ser, mas ele não inicia sua campanha de organização do serviço de visitadoras por convicção pessoal, é escolhido por superiores e toda a planificação é desencadeada por uma ordem.

Me perdoe o superado, dei minha visão política particular. Digo que ele rompeu com os escritores latino-americanos do período que em sua maior parte[ao menos os emigrados] eram de esquerda, ligado a Rev. Cubana,etc;

Agora a ordem, o homem é feito de ordens, ou por acaso você age de outro modo há não alguma ordem pré determinada, nada impede nada ao homem posterior a tomada de consciência hameletiana, há a destruição de imageans fixas metafísicas culturais por Voltaire e posterior pela moral e valores qualquer com Doistoieviski;
 
O que quero expressar que o Exército em si como uma ordem dito mecânica não há problema, ninguém reclama de um serviço "racional" quando é feito em seu proveito [comprar um livro barato feito em um mecanismo de ordens racionais], contudo fica-se esta imagem de repressão, quase fascismo, a modernidade não aceita qualquer valor ou hierarquia, tudo é turvo, nada é válido há não ser que isso atinge nossa sobrevivência básica. Eu não vi nenhuma repressão do exército, ainda que eu seja um pacifista , o papel de um exército moderno é uma conquista da civilização.
 

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