Primeiro: Qual o destino dos genes que não são escolhidos ?
Se eles forem guardados para esperarem pela próxima chance, então é cruel escolher quem deve ou não nascer. É um apologia aos tempos de Esparta, onde os deficientes eram mortos antes de completar 1 ano.
Maaaasss... se esses embriões forem ser descartados, então escolher entre esse feto e outro não é cruel, mas sim louvável, já que está salvando uma vida.
Você quer saber o destino dos genes ou dos embriões?
Os embriões são "descartados". Não é que sejam jogados no "lixo", mas são eliminados. E isso sempre acontece em tratamentos para infertilidade (o que não é o caso aqui, porque aparentemente ambos os pais são fertéis e estão usando o método só para garantir que seus filhos nascam com o mesmo defeito genético). Mas é daí que vem o lance das células tronco: esses embriões podem ser usados para gerá-las, mas a Igreja e o Bush não gostam dessa coisa de ficar descartando "projetos de gente" para gerar outros tipos de células que poderiam ser a salvação de milhares de pessoas, sendo que no fim das contas esses embriões seriam descartados de qualquer forma mesmo. Mas essa é outra história.
E eu não entendi esse seu raciocínio aí relacionado com Esparta.
Goba, posso ter te interpretado errado, mas me deu a impressão que você entendeu que os pais da reportagem estão utilizando o método para selecionar os embriões "saudáveis", quando na verdade, eles estão selecionando os "defeituosos" e descartando os "saudáveis".
Na minha cabeça é:
"Filho querido, eu e sua mãe, antes mesmo de você nascer, decidimos se você ia ser pequenino ou não, apenas para fazer de você normal entre nossos amigos. Não nos odeie por ceifarmos qualquer sonho seu de ser normal, e fazer coisas normais. Eu não tive de ser selecionado como normal, mas eu pude fazer isso por você, escolhi tirar isso de você."
seria melhor ter dado um nome inglório para o filho...
A coisa retrocede um pouco no tempo: na maioria absoluta dos casos de tratamento de infertilidade e inseminação artificial há descarte (por uma série de razões). Você fertiliza mais óculos do que implanta ou do que acabam nascendo.. Na verdade vocês estão se afirmando contra esses tratamentos de infertilidade em geral.
Sim, já é assim há muito tempo. Resolveram implicar agora.
Mas então, eu tinha essa opinião de que só depois de "tantas semanas" um embrião deixava de ser um punhado de células para se tornar um ser vivo....mas a Mari (Nénar) teve umas conversas comigo a respeito que me fez pensar bastante a respeito disso. Para ela, a partir do momendo que um espematozóide encontra o óvulo, já é algo com
potencial (e olha que ela nem é religiosa). Ao utilizar métodos que impedem que esse "ser humando em potencial", você estaria impedindo o desenvolvimento de um ser, não importa como. Por isso ela acha determinados métodos anticoncepcionais meio escrotos, como o DIU, que no fim das contas impedem que embriões em desenvolvimento colem na parede do útero, ou a pílula do dia seguinte, etc.
O caso é que nesses tratamentos de fertilidade, isso de fertilizar mais embriões do que o necessário é feito há muito tempo, justamente porque uma parte deles não se desenvolve como deveria.
Eu acho que o problema maior aqui é o fato de estarem usando este método não para um tratamento de infertilidade, e sim para selecionar a característica "tal" no futuro bebê, seja ela um defeito ou uma habilidade específica. O fato de usarem para selecionar os bebês com falhas torna o assunto um pouco mais pesado (ou no mínimo mais
bizarro). Ou seja, utilizar este método em último caso, quando os pais apresentam problemas de fertilidade é uma coisa, mas utilizar desse jeito é meio escroto, na minha opinião...
No fim, pra mim isso se parece com algo do tipo aqueles pais que têm filhos siameses e só podem escolher um deles para "salvar". Uma comparação meio forçada, eu sei, porque é diferente ter que escolher entre duas crianças já desenvolvidas e às quais vcê já se afeiçoou, e ter que escolher entre vários punhados de células qual o que você quer que se desenvolva...mas eu acho que deverá ficar uma sensação estranha para a criança que nasceu, se ela entender o que aconteceu de fato.
E, depois, pensando nas coisas que o Deriel falou, eu lembro também que esse mundo é bastante cruel e faz com que muita gente deseje nuna ter nascido. Aquela história de "eu não pedi pra nascer", bem comum na adolescência, principalmente. Imagina isso na cabeça de uma pessoa deficiente, que vai sofrer ainda mais das "crueldades" da sociedade, sabendo que ela foi "escolhida" pra nascer justamente por ser deficiente....enfim, é complicado.