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Otelo (William Shakespeare)

Bilbo Bolseiro

Bread and butter
Li o livro ontem, e pensei em abrir um tópico sobre ele, pra discutirmos.

Pra quem ainda não conhece, a peça conta a estória de Otelo, um general mouro a serviço do governo de Veneza, que se apaixona por Desdêmona, filha de um senador veneziano, e eles se casam. Mas um serviçal de Otelo, Iago, enraivecido por ter sido preterido por outro para um cargo de tenente, resolve se vingar destruindo a relação de seu senhor.

Eu gostei, é um bom ensaio sobre o ciúme, de como ele pode contaminar e levar à loucura uma pessoa desconfiada e intransigente.
 
Daniel, muito bom o livro :sim:! Como li já faz muito tempo não me lembro de detalhes do enredo, mas com relação ao ciúme acho que não é sem propóstito que o personagem do Machado de Assis em outro bom livro sobre o ciúme se chama Bento Santiago. Outro bons ensaios sobre o tema estão nos livros do Proust (na parte que trata dos ciúmes de Swan e depois de Marcel) e no livro do Robert Burton (Anatomy of Melancholy).
 
Na verdade não é apenas o desejo de vingança contra a injustiça da qual ele acredita ter sido vítima que move Iago, em determinados momentos ele diz que comete esses atos malignos pelo puro prazer de fazer mal e prejudicar as pessoas.
É muito provável que o Machado conhecesse sim essa obra do Shakespeare, talvez tenha sofrido uma influência indireta, inconsciente, hehe
Muito obrigado pelas dicas, quando puder vou conferir elas ;)
 
Confesso que fiquei um pouco decepcionado com a tradução do Onestaldo de Pennafort da tragédia... Em determinadas parte ele transforma o verso shakespeariano em prosa, o que me desagradou bastante. É claro que Onestaldo tem seus rasgos de genialidade imbatível, bastando observar seu histórico como tradutor praticamente imbatível do "Romeu e Julieta" do Shakespeare. E no próprio Otelo ele tem saídas geniais, como a despedida de Otelo para com a sua vida, que é uma das coisas mais belas que já se verteu em língua portuguesa:

Dei-te um beijo ao matar-te e ora desejo
ao me matar, morrer dando-te um beijo.


Além da introdução do Onestaldo, que é um primor.

Mas que eu fiquei, de fato, decepcionado quando vi muitas falas em verso vertidas em prosa... Isso eu fiquei. A tradução do Carlos Alberto Nunes, uma grande tradução, mas não excepcional, é mais fiel e segue à risca seu projeto. Aliás, como é bom saber que existe um Carlos Alberto Nunes que verteu o Bardo Teatral inteiro e com honestidade para nossa língua! Quero ver se confiro também as traduções do Péricles Eugênio da Silva Ramos, baseado no trabalho excelente (em todos os aspectos, principalmente no de material de estudo como Notas, Apêndices e Introdução) que ele fez com o Hamlet. Outra tradução seria a da Barbara Heliodora, que me parece ser uma tradutora também comprometida em verter Shakespeare com as formas originais...
 
Eu sempre comento sobre a Barbara porque ela é especialista em Shakespeare. Eu acho que isso faz diferença sim, é um extra, porque dá mais segurança na hora da escolha de alguns termos, dá mais fluidez e homogeneidade para o texto.

(não que eu ache que só especialistas em shakespeare podem traduzi-lo ou fazer traduções boas. só acho que esse tipo de coisa enriquece a tradução.)

no mais, fica a dica >> http://www.letras.puc-rio.br/shakespeare/pdfs/traducoes_publicadas_por_decada.pdf
 
Eu estava vendo a atuação do Laurence Olivier num filme de 1965 e a coisa que mais me impressionou foi o fato do Otelo dele ter ficado um belo de um exibido. A gesticulação das mãos, a primeira cena, quando ele aparece com uma rosa e fica brincando com a rosa e com um olhar de superioridade e até mesmo um certo desdém em relação ao Iago, e quando escuta o Brabâncio blasfemar contra ele, com uma calma de "ih, pode falar a vontade, titio"...

Aí eu pensei: o Otelo é considerado um "honourable murderer"; mas até que ponto isso é verdade? A linguagem do Otelo é por vezes considerada como um discurso épico, ou seja, um discurso que não precisa convencer; mas até que ponto o Otelo é tão honrável assim? O verso mais intrigante da peça inteira é o "Chaos is come again", pois nele o Otelo cogita a ideia de fazer o que ele irá fazer logo depois, que são os seus acessos de ciúme repentinos e coléricos: e será, realmente, que o Iago é um vilão tão psicótico e ruim assim, uma verdadeira encarnação da maldade? Será que o acesso de cólera que o Otelo tem é ciúme ou é a possibilidade de ver sua estatura de um soldado valoroso ser abalada e, por isso, seu ego inflado ser posto em cheque? Em outras palavras: o que transforma Otelo é o amor que ele tem por Desdêmona ou o sentimento de posse que ele tem por uma propriedade sua?
 
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Queria participar (mandei e-mail pra Casa Dirce perguntando os detalhes e tal; vamos ver se me respondem). No ano passado, quando vi uma aula inaugural, on-line, com o professor João Cezar na página do Programa de Pós-Graduação em Letras da PUC-Minas, senti aquela saudade de estudar, sabe? (E nem tô falando de estudar em instituição, não; tô falando de voltar a ler coisa teórica, ver coisas disponíveis na internet, e coisa e tal). Sempre aprendo quando leio o que ele escreve, vejo suas palestras nas internerdz, e tudo o mais.​
 
Comecei a reler Otelo, por causa do curso, e a introdução da minha edição (da Penguin) tá um completo deleite. Esta edição tem tradução, introdução e notas do Lawrence Flores Pereira (que dispensa apresentações), e, embora tenha sido comprada há algum tempo, não havia surgido uma oportunidade para que eu pudesse apreciá-la, devidamente. Tô lendo a introdução com calma, anotando alguns trechos no caderno, dando risadas de canto de boca em outros, enfim, que delícia!​
 
Hoje foi o primeiro dia do curso "Somos todos Otelo?" 🥰

Ainda estou atordoada (no bom sentido). O professor João Cezar já começou quebrando tudo, propondo-nos uma outra possibilidade de ler a peça. Ele já começa mostrando (no texto de Shakespeare!) que o ciumento era Iago, não Otelo. Este, conforme o texto, e pela boca do próprio Iago, era alguém de "âmago constante", não irascível. :o
 

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