Melian
Período composto por insubordinação.
Entra pra dentro.
Sai pra fora.
Corte a corda e dê corda
Esquece e recorda.
Corta as asas e voa...
Porque o mundo é o seu viveiro.
Tira a roupa e não se molha.
Porque já tem outra no chuveiro.
Ah! Já tem outra no seu lugar.
Já tem outra no seu lar.
Já tem outra.
Vai embora!
Vai!
O quê você ainda faz aqui?
Esperar pra quê?
Ela não vai sair do banheiro.
Ela não vai sair da sua cama.
Ela não vai largar seu travesseiro.
Ela não vai deixá-lo para você.
Ela vai se deleitar.
Não quer ouvir os detalhes?
Eles querem se mostrar para você.
Olhe para eles.
Olhe nos olhos deles.
Ela está de camisola.
De camisola, com alcinhas caídas no ombro.
Ele tirou as alcinhas com a boca.
(Nossa, que boca!)
Ela está sorrindo.
Os olhos dele brilham quando ela sorri.
Veja.
Cadê você?
Você está lá, a um passo de abrir a porta.
Saia já daí, ela já está sem a camisola.
Ela já está na cama.
Ele já está dentro dela.
Ela não vai deixá-lo sair de lá. Jamais.
Você está com a mão na maçaneta.
Não vai girá-la.
Não vai.
Sua força acabou.
Sua força nunca existiu.
Você quer deixar de existir.
Quer se jogar escada abaixo.
Não vai se jogar.
É medrosa.
O champanhe já lambuzou o corpo dela.
E ela quer mais.
E ele tem mais.
E eles se dão mais.
Você volta para perto da porta.
Não coloca a mão na maçaneta.
Ameaça bater à porta.
(Suas ameaças são risíveis!)
Não vai bater.
Não abre.
Não pula.
Não bate.
Você volta para perto das escadas.
Desce os degraus.
Ainda olha para a porta.
E chora a lágrima da covardia.
Sai do prédio.
Senta no meio-fio.
Olha para um lado.
Olha para o outro.
Não vai se levantar.
Tem costela de Adão.
Tem rosto de Deus.
Tem astúcia de serpente.
Mas tem medo de voar.
Escuta um barulho.
Deve ser uma explosão.
Você não vai se levantar.
Nada te interessa.
Um casal morreu.
Você sorri.
Você quer chorar.
Não vai chorar.
Sente uma gota de arrep(io)en(ten)dimento.
Alguém, como uma ave, passa por você.
(o vôo de Eva, a primeira e a última.)
Você não olha para ela,
Mas não deixa de ouvir o som de suas asas.
Sai pra fora.
Corte a corda e dê corda
Esquece e recorda.
Corta as asas e voa...
Porque o mundo é o seu viveiro.
Tira a roupa e não se molha.
Porque já tem outra no chuveiro.
Ah! Já tem outra no seu lugar.
Já tem outra no seu lar.
Já tem outra.
Vai embora!
Vai!
O quê você ainda faz aqui?
Esperar pra quê?
Ela não vai sair do banheiro.
Ela não vai sair da sua cama.
Ela não vai largar seu travesseiro.
Ela não vai deixá-lo para você.
Ela vai se deleitar.
Não quer ouvir os detalhes?
Eles querem se mostrar para você.
Olhe para eles.
Olhe nos olhos deles.
Ela está de camisola.
De camisola, com alcinhas caídas no ombro.
Ele tirou as alcinhas com a boca.
(Nossa, que boca!)
Ela está sorrindo.
Os olhos dele brilham quando ela sorri.
Veja.
Cadê você?
Você está lá, a um passo de abrir a porta.
Saia já daí, ela já está sem a camisola.
Ela já está na cama.
Ele já está dentro dela.
Ela não vai deixá-lo sair de lá. Jamais.
Você está com a mão na maçaneta.
Não vai girá-la.
Não vai.
Sua força acabou.
Sua força nunca existiu.
Você quer deixar de existir.
Quer se jogar escada abaixo.
Não vai se jogar.
É medrosa.
O champanhe já lambuzou o corpo dela.
E ela quer mais.
E ele tem mais.
E eles se dão mais.
Você volta para perto da porta.
Não coloca a mão na maçaneta.
Ameaça bater à porta.
(Suas ameaças são risíveis!)
Não vai bater.
Não abre.
Não pula.
Não bate.
Você volta para perto das escadas.
Desce os degraus.
Ainda olha para a porta.
E chora a lágrima da covardia.
Sai do prédio.
Senta no meio-fio.
Olha para um lado.
Olha para o outro.
Não vai se levantar.
Tem costela de Adão.
Tem rosto de Deus.
Tem astúcia de serpente.
Mas tem medo de voar.
Escuta um barulho.
Deve ser uma explosão.
Você não vai se levantar.
Nada te interessa.
Um casal morreu.
Você sorri.
Você quer chorar.
Não vai chorar.
Sente uma gota de arrep(io)en(ten)dimento.
Alguém, como uma ave, passa por você.
(o vôo de Eva, a primeira e a última.)
Você não olha para ela,
Mas não deixa de ouvir o som de suas asas.