Lucas, apesar de tudos esses defeitos, eu acho que o Rubens entende muito de cinema, e até simpatizo com ele , mas a impressão que ele me passa (posso estar errado), é a de uma pessoa extremamente saudosista. Me dá impressão (mais uma vez, posso estar enganado ) de que para ele o "bom cinema" era o de antigamente, os "clássicos". Ele me parece meio entristecido com o cinema de hoje em dia. Tudo isto eu falo por intuição, veja bem. Mas, pensando nisto, abri aqui o site do Rubens, neste momento mesmo, e parece-me que bate com o que eu estava falando. Veja:
"
A pior festa dos Oscars de todos os tempos foi o que me fez ficar assim.
Quase cheguei a ficar bodeado com o cinema. Para evitar isso,
usei uma espécie de contra veneno, filmes que não tem nada a ver com Oscar;
filmezinhos B da minha época de criança, ou um pouco antes, que nunca consegui assistir. E até hoje corria atrás. Não sei se hoje é assim, mas na época, para os adolescentes, era traumático que todos os filmes bons fossem proibidos até 14 ou 18 anos. Felizmente, em Santos, havia jeito de falsificar carteirinha e o porteiro deixava entrar (menos um baixinho do cine Atlântico, que a gente tinha que evitar porque esse era chato e não tinha nada mais humilhante do que voltar à bilheteria para trocar o ingresso). Muitos desses filmes hoje seriam censura livre, não passavam de policiais B, e eu não desconfiava que um dia passariam a ser chamados de filme noir, negro, dando um retrato pessimista sobre a sociedade americana do pós-guerra, com mulheres fatais, detetives corruptos, tramas mal-explicadas e crimes hediondos. Tudo em luminoso e expressionista preto e branco. Esse gênero, que só foi batizado na França anos mais tarde (os realizadores não sabiam que estavam fazendo um gênero novo; para eles, era filme de rotina e baixo orçamento), acabou caindo nas graças do público de DVD e, até hoje, eles continuam a ser lançados nos EUA.
Poucas distribuidoras lá têm se dedicado aos filmes clássicos, que continuarão a existir em DVD, já que em Blue Ray só estarão disponíveis quando forem restaurados. Mas a mais interessante é a Sony Columbia, que tardiamente começou a lançar seus clássicos (a Columbia era o mais pobre dos grandes estúdios, famoso por ter apenas uma estrela, Rita Hayworth, e um diretor, Frank Capra, mas o padrão médio de realização era muito bom). Fiquei contente ao descobrir dois pequenos boxes com quatro filmes cada, chamados Bad Girls of Film Noir, que trazem justamente esses filmes dos anos 50, que nunca saíram nem em vídeo, nem passam na tevê. Eu sempre ouvia falar e morria de curiosidade para conhecer. No volume 1, Evelyn Keyes (a irmã mais nova de Scarlett O´Hara) faz uma traficante de joias que pode provocar uma epidemia de sarampo em Nova York, em The Killer that Stalked New York, do pouco famoso Earl McCoy. Rodado em locações, lembra um pouco Pânico nas Ruas, de Kazan, que estreou seis meses antes.
Mas é daquele filme compacto, rápido, eficiente, que hoje em dia não sabem mais fazer.
Rubens Ewald Filho - Contraveneno
Parece que bate com a minha intuição, não é?
Eu mesmo tenho ido ultimamente em busca de filmes clássicos. Bons roteiros, boas atuações, arte dramática em seu estado mais puro. A coisa toda era mais teatral. Mas tudo isso é uma questão de gosto, concorda?
Avatar não ganhou porque se você tira a tecnologia,não sobra nada alem de umapelicula semelhante a O Grilo Feliz e Lineage.
Arnie, não sei se foi só por causa disso. Continuo afirmando que rola muita politicagem nisso tudo. O Oscar não é uma premiação famosa exatamente por sua isenção e imparcialidade, muito longe disso. Leia isto Arnie, uma citação do Rubens Ewald Filho:
"
Em Avatar, os americanos perdem a guerra e por isso foi surpreendente o sucesso do filme, mas justifica também porque não ganhou o Oscar." Rubens Ewald Filho