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Osatori Heian – Yotshisune (“Yume: A Lenda da Energia Interior”)

[align=justify]Conta a Lenda que Osatori Heian, um jovem rapaz de uma pequena vila agricultora à sudoeste de Kitami, próximo à floresta de pinheiros e o rio Taiyo, sempre tivera o grande sonho de tornar-se um monge e, para isso, estudara durante toda a sua infância e início da adolescência até que, aos 14 anos, o destino concedeu-lhe a tão desejada realização desse sonho.

Osatori ingressara para o Templo Asa, situado ao centro da floresta de pinheiros de Taiyo, vizinha à cadeia de montanhas Hikaru. Lá ele iniciara sua tão sonhada vida como monge. O estilo de vida destes havia sido atrativo na sua infância por mostrar uma convivência diferente da que ele possuía em sua vila: harmonia com a natureza, caridade para com os semelhantes, além de uma constante troca de experiências e consequente absorção de sabedoria mundana e espiritual.

Tudo cegamente renovador quanto a mais suave brisa que soprava na Primavera, até o dia em que, com seus já 22 anos de idade, percebera terem sido aqueles oito últimos anos de sua convivência com os monges um engano.

Na cadeia de montanhas Hikaru habitava um grupo de seres conhecidos como Tengus, "Espíritos da Montanha e do Ar", entes sobrenaturais dotados de habilidades fantásticas como uma força cinco vezes maior que a de um humano, além de poderes controladores do elemento natural AR. Seres de aparência estranha, com rostos vermelhos, longos narizes, olhos completamente brancos, geralmente portadores de uma feição hostilmente apavorante, altura de mais de 2 metros com um corpo esguio e vestidos com as mesmas roupas de Yamabuse (Monges das Montanhas) utilizadas pelos habitantes do Templo Asa, além de calçarem Getas (sandálias de madeira) e carregarem, sempre em mãos, leques de penas mágicas, suas mais aterradoras armas. Diziam possuir uma maldade suprema e odiar a presença de humanos em seus domínios, as montanhas de Hikaru, principalmente ao Monte Ten-Iwa, chegando a matar qualquer um que se aproximasse deste, talvez por ser um lugar sagrado para eles. Ninguém sabia ao certo a verdade.

Um dia, em uma de suas muitas caminhadas, Osatori e um amigo monge despencaram de uma das montanhas de Hikaru, sendo que Osatori perdera a consciência, vindo a acordar dias depois, em uma caverna, para a surpresa dele, acompanhado pelo que aparentava ser um Tengu. Aparentava, pois este tinha uma estatura mais baixa (cerca de 1,5 metros), cabeça e asas de corvo. Inicialmente, o monge ficara um pouco apavorado e tentara levantar-se, não conseguindo devido à perna quebrada e aos muitos machucados da queda. A estranha criatura nada fizera em relação à sua reação de medo. Sua única ação foi levantar-se, deixar um leque de penas brancas envoltas por uma energia prateada ao lado de onde o humano estava deitado e encaminhar-se para a saída da caverna. Controlando seu medo, Osatori questionara o que lhe acontecera ao estranho, mas sem ter um retorno, apenas vendo a curiosa figura abrir as longas asas negras e pular da plataforma de pedra, alçando vôo, desaparecendo nas densas nuvens do horizonte.

O monge, então, confuso, iniciou uma série de auto-questões enquanto permanecia deitado esperando por uma resposta, agora divina. Mas nem mesmo esta chegou e ele, já desesperado, caiu em prantos até olhar para o lado e prestar atenção no leque que o estranho ser lhe havia deixado. Esticou, com um pouco de dificuldade, seu braço e o alcançou. Ao segurá-lo, uma forte ventania formou-se dentro da caverna, envolvendo-o em um dinâmico campo aéreo, fazendo seu corpo elevar-se do chão e, milagrosamente, alçar vôo para o exterior.

Osatori não conseguia acreditar em seus sentidos e, enquanto afastava-se, descendentemente, a uma velocidade inacreditável das altas montanhas, percebera estar saindo do interior de uma das muitas cavernas encrustradas na superfície do Monte Ten-Iwa, visão que ele tinha certeza não ter sido nunca antes tida por nenhum outro humano.

Ao aproximar-se do solo, a velocidade foi amenizando e seu corpo, intuitivamente, prostrando-se ereto, pronto para "pousar". Assim o fizera, sentindo e vendo o vento ao seu redor sumindo vagarosamente. Agora se encontrava de pé e não mais sentia estar com nenhuma sequela da queda. Olhara para o leque em sua mão direita e via nele uma energia branca circundando-o, mas que desapareceu logo em seguida. Olhara, agora, ao seu redor e percebera encontrar-se aos pés do Monte Ten-Iwa, com toda a majestosidade de sua natureza rochosa, com pedras tão firmemente sólidas que aparentavam não poderem ser destruídas nem mesmo pela mais bem trabalhada arma.

Ficara a admirá-lo por alguns minutos, deixando a energia universal agir em seu espírito, trazendo-lhe naturalmente as respostas para as perguntas que fizera anteriormente, quando, subitamente, fora interrompido por um longo assobio vindo do alto de uma das montanhas, seguido por outros provenientes de montanhas diferentes, sendo sua visão também preenchida pelo surgir de várias criaturas. Logo os reconheceu como sendo os tão falados Tengus, todos observando em sua direção, mas não para ele e, sim, para um grupo de humanos que se aproximava. Um grupo não desconhecido para Osatori, pois estas eram pessoas de seu convívio anterior, Asa Yamabuse, os Monges do Templo Asa.

Encarando seu antigo grupo, Osatori Heian aguardava sua aproximação já abrindo o leque em sua mão direita, este emanando a mesma energia branca de antes e provocando o soprar de uma fria brisa que conferia ao humano uma feição gélida como a ira provocada por uma injustiça cometida, fazendo suas vestimentas esvoaçarem como o bater de asas de uma ave em plena luta por sua sobrevivência.

À chegada dos monges, os mesmos pararam assustados ao ver aquele que antes pertencera a eles com a imagem desfigurada pela ira. Nem sequer tiveram coragem de pronunciar uma única palavra, pois, apesar de não possuírem um espírito capaz de dignidade, tinham reconhecido, naquele instante, haverem errado e perdido essa batalha. Fracassaram com Osatori ao tentarem continuar enganando-o com falsos e superficiais ensinamentos, tentando controlá-lo durante todos esses anos para se aproveitarem de sua bondade que atraía mais seguidores para sua desonrosa causa, proporcionando-lhes cada vez mais popularidade e riqueza. E mais grave de tudo, fracassaram consigo mesmos ao não conseguirem elevar seus espíritos a altura da honra e dignidade humanas.

O silêncio era apenas quebrado pela brisa fria que emanava do leque de Osatori, agora ganhando mais força e tornando-se uma admirável ventania que forçara os indignos monges a se deitarem de bruços no chão para se proteger. Todo o arredor foi tomado por tal descomunal demonstração de poder que até os próprios Tengus foram obrigados a se proteger. Após longos segundos que mais pareceram horas, a ventania cessou e todos os presentes deixaram suas posições de proteção, buscando focalizar a direção na qual estava ex-monge. Lá ainda permanecia uma névoa em lenta dissipação. Todos, monges e Tengus, aguardavam, estáticos, o desaparecer da névoa que, ao chegar, proporcionou-lhes não mais a visão do antes conhecido Osatori Heian, mas a de um Tengu mais alto que os outros, usando vestimentas completamente brancas, além de cabelos também brancos que mais lembravam as penas de seu leque, ainda mais reluzentes. Sua voz, agora sussurrante como o próprio vento, ouviu-se:

? Não me olhem assim assustados! Eu já sabia que não mais pertencia ao mundo humano, pois o vento me falara quando de minha contemplação ao Monte Ten-Iwa. Meu espírito ainda estava confuso com a queda, mas minhas dúvidas desfaleceram quando olhei para o monte e ouvi a voz do ar, conseguindo mesmo comunicar-me com ela. Com vocês, humanos, não tenho mais porque conviver. Suas almas ainda encontram-se corrompidas por seus próprios prazeres, não proporcionando espaço para a ação da dignidade em suas vidas. O ódio que mantive durante todos esses anos e, particularmente, nesses últimos momentos de minha vida humana, não mais guardo, uma vez que entendi o processo de construção e destruição universal. Todos erram e têm esse direito, assim como também têm o direito de reconhecer seus próprios erros e evitar cometê-los novamente. À partir deste momento ficarei com meus pupilos, os quais ajudar-me-ão a continuar impedindo a entrada de seres inferiores em nosso Monte Sagrado, independente de vida ou morte. Mas, quando o dia em que a permissão nos for dada, então teremos mesmo o grande prazer de recepcionar aqueles merecedores de adentrar nosso Templo. Agora vão embora antes que causem uma nova impaciência ao vento. Vão levando minhas palavras guardadas em seus corações para que, quem sabe algum dia, elas consigam o milagre da transformação em vossos espíritos.

Com essas últimas palavras todos os pseudo-monges retiraram-se deixando para trás os Tengus e seu mais novo Mestre: Yotshisune, o Ten-Iwa Tengu, como passou a ser conhecido.

.....

Três milênios decorreram e a palavra de proteção ao Monte Sagrado foi cumprida com sucesso por Yotshisune com a ajuda de seu Karasu-Tengu, Mamoru (o Tengu que o salvou da queda), e de seus Daitengus, muitas vezes forçados a matar, mas sabendo arcar com as consequências. Porém, o momento tão esperado é finalmente chegado e os Tengus devem agir diferentemente. A época em que a Ordem Universal clama por ajuda e novos visitantes surgem para quebrar sua sagrada paz e iniciar uma nova era...[/align]
 
Não creio que enrolei tanto para começar a ler Silvinha, mas enfim as férias me concederam o milagre de ler seus escritos, e posso dizer que foram momentos bem agradáveis. Sua história é rica, tanto em elementos como em significado. Sua escrita não é muito fácil (não que isso seja um defeito e não que a minha própria seja) mas, uma vez lido, tudo fica bem fácil e agradável de visualizar. Gostei mesmo, seus contos tem uma beleza particular. E fiquei com vontade de jogar em uma mesa do seu universo ç_ç
 

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