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Os malefícios da dublagem, by Pablo Vilaça.

Maria Pretinha

Usuário
Ele é um chato arrogante, mas é pertinente.

Na última sexta-feira, O Planeta dos Macacos: A Origem chegou aos cinemas brasileiros com umanúncio preocupante feito pela Fox: o filme seria lançado com mais cópias dubladas do que legendadas em nossas salas. Reparem que estamos falando de um longa com classificação indicativa "12 anos" e que, portanto, esta decisão nada tem a ver com o conceito de torná-lo "acessível" aos espectadores mais jovens. Não, a ideia era atender a um público adulto que rechaça legendas - não por problemas físicos (falarei disto adiante), mas por simples preguiça de ler. Sim, os defensores da dublagem usam argumentos dos mais diversos (que contestarei abaixo), mas, no fundo, a questão é uma só: preferem a comodidade de assistir a um filme que não os obrigue a praticar o que aprenderam na alfabetização. Afinal, se já fugiram das bibliotecas, por que deveriam ser encurralados por letras nas salas de cinema?

Obviamente que os dublófilos não assumem isto, mas, pessoalmente, jamais encontrei alguém que tivesse o hábito da leitura e reclamasse de legendas. Assim, perceber que são estes espectadores medíocres e preguiçosos que estão sendo levados em consideração pelas distribuidoras, passando a moldar a experiência cinematográfica de todos aqueles que de fato amam esta Arte, é algo que me revolta absurdamente. Especialmente quando observo que, em sua defesa, apresentam os mais estapafúrdios argumentos - e antes de explicar por que a dublagem é nociva aos filmes, irei me deter nas "defesas" apresentadas por este contingente pró-mutilação.

1) E quem não sabe ler? Não tem direito de ir ao cinema?

Além de estúpido, este é um argumento repleto de cinismo, usando a população analfabeta do país como desculpa para defender sua própria preguiça de ler. Aqui a questão é simples: seja por questões culturais, sociais ou simplesmente econômicas (quem não sabe ler geralmente não tem o melhor dos salários), arrisco-me a dizer que menos de 0,01% daqueles que vão às salas de cinema são analfabetos. Justificar a necessidade de dublagem em filmes exibidos nas telonas através do argumento da "acessibilidade" é uma besteira - e mesmo que um grupo significativo de iletrados tivesse o hábito de conferir os lançamentos da semana, isto não justificaria a desproporcionalidade crescente entre cópias dubladas e legendadas.O fato é que pessoas sem educação formal têm acesso aos filmes normalmente pela TV aberta - onde 100% das produções são dubladas. Assim, é justo dizer que esta parcela da população já está sendo mais do que atendida - especialmente considerando que praticamente todos os lançamentos em DVD já vêm com a opção da dublagem (e a palavra-chave aqui é "opção"). Considerando que estas são as formas economicamente mais acessíveis de se assistir a filmes de todas as épocas, gêneros e países, é incontestável que a população analfabeta (seja este analfabetismo real ou funcional) não está sendo excluída do acesso à Sétima Arte - e eu, como amante do Cinema, jamais defenderia que isto ocorresse.

2) E os deficientes visuais? Não podem ir ao cinema?

Claro que podem. Mas, novamente, não creio ser justo que uma minoria absoluta seja responsável por moldar a maneira com que a maioria irá experimentar os filmes. Além disso, há duas questões complexas relacionadas ao tema: em primeiro lugar, há o fato óbvio de que Cinema é uma mídia visual. Há ótimos projetos de áudio-descrição em vigor, mas estes envolvem salas específicas em sessões específicas - exatamente como deveriam ser. Sim, ainda têm pouco alcance, apoio e divulgação, mas a saída não é a dublagem - ao contrário, já que esta não resolve a questão fundamental de explicar ao espectador cego o que está ocorrendo na tela. Neste sentido, aliás, a simples dublagem é um obstáculo para os deficientes visuais, já que as distribuidoras podem alegar que já atendem a esta comunidade através do áudio em português, deixando de investir na produção de trilhas de áudio-descrição.

Há, também, o fato de que a experiência de ir ao Cinema é única justamente em função do mergulho sensorial oferecido pela sala - e, neste, o mais importante reside justamente no tamanho da tela e da imagem. Ora, para o deficiente visual, este é um fator nulo por definição, o que torna curiosa a insistência daqueles que os usam como desculpa para a dublagem. Por outro lado, os mesmos que defendem ferrenhamente o acesso dos deficientes visuais acabam ignorando sem dó alguma uma outra parcela importante da população: os deficientes auditivos. Na última semana, não por coincidência, recebemos email de uma leitora surda que reclamava justamente da oferta cada vez menor de cópias legendadas que permitiam sua ida às salas de exibição - sendo que, pela própria natureza do Cinema, faz infinitamente mais sentido facilitar o acesso dos deficientes auditivos aos filmes em tela grande do que o dos deficientes visuais. Sim, seria ótimo se todos pudessem ser atendidos - mas, repito, a solução para os deficientes visuais reside não na dublagem, mas na audio-descrição.

3) Pobrezinhos dos dubladores! Você quer tomar o ganha-pão da categoria? Além disso, temos os melhores dubladores do mundo!

Jamais questionei a competência de nossos dubladores - ao contrário: em várias ocasiões, afirmei que temos, sim, alguns dos melhores profissionais do ramo. Além disso, em vários textos elogiei os trabalhos de figuras como Guilherme Briggs e Garcia Junior, chegando até mesmo a publicar um textodefendendo a reserva de mercado para os profissionais do ramo, que vêm perdendo papéis para "celebridades" de maneira vergonhosa. Porém, por mais que reconheça o talento destes profissionais, há algo que, por melhor que sejam, eles jamais conseguirão contornar: o fato de que a dublagem, por natureza, distorce, deforma e prejudica a obra de arte original - especialmente tratando-se de longas envolvendo atores de carne-e-osso (explicarei as razões a seguir).

Além disso, não se preocupem com os dubladores: o que não falta a eles é trabalho. Séries de tevê, animações (para cinema e televisão) e praticamente todas as produções lançadas em home video contam com suas versões dubladas - e jamais me coloquei contra a opção de que estas trilhas em português façam parte dos discos. Aliás, o que ocorre é justamente o contrário: como um número cada vez maior de projetos vem recebendo versões dubladas, o que ocorre é uma verdadeira enxurrada de trabalhos, obrigando os estúdios de dublagem a se desdobrarem para atender a demanda - o que resulta em uma qualidade cada vez mais duvidosa das trilhas em português.Aliás, aproveito para reafirmar o cinismo daqueles que defendem a dublagem usando a desculpa do "mercado de trabalho dos dubladores": por que não se manifestam com relação aos salários dos professores? Ou dos médicos da rede pública? Ou dos garis? Vocês realmente acham que convencem alguém com este falso altruísmo? Menos hipocrisia, por favor.

4) As legendas "atrapalham" o filme.

Deixei este "argumento" por último por considerá-lo o mais estúpido de todos. Em primeiro lugar, o óbvio: então as legendas atrapalham a apreciação do filme, mas ouvir uma voz completamente diferente da original e em absoluta falta de sincronia com os movimentos labiais é algo que não incomoda? Mesmo? Há quem realmente seja capaz de alegar que a legenda seja uma distração maior do que a dublagem, do que ouvir, sei lá, o Bruce Willis falando com sotaque paulista e dizendo "Pombas!"? Sinceramente, eu poderia encerrar por aqui, mas irei além: só se atrapalha com a legenda quem não tem o hábito da leitura. (Antes que alguém cite os deficientes visuais: ler item 2.) Meu filho Luca, que tem apenas oito anos de idade, já vem assistindo a filmes legendados há pelo menos um ano - e com cada vez mais naturalidade e facilidade. Assistiu a Harry Potter 7.2 nada menos do que quatro vezes nos cinemas e, em todas as ocasiões, em sua versão legendada - por opção. Também conferiu desta maneiraO Planeta dos Macacos e uma infinidade de outros títulos em DVD e blu-ray - de Quanto Mais Quente Melhor a Banzé no Oeste, passando por Assassinato por Morte, Star Trek ea série Alien. E riu, sentiu medo e aproveitou cada filme ao máximo, sem se importar com as legendas.

Aos oito anos de idade.

Ora, sou um pai coruja como qualquer outro, mas jamais me atreveria a dizer que Luca tem superpoderes que o tornam mais apto a ler legendas do que espectadores com 15, 20, 30 ou 40 anos de idade.

O mesmo vale para mim: não apenas leio as legendas como faço anotações durante os filmes - e qualquer um que leia meus textos será obrigado a reconhecer que, concordando ou não com o que escrevi, sou suficientemente capaz de absorver o que está na tela a ponto de citar exemplos específicos de movimentos de câmera, cortes, detalhes de fotografia, gestos de atores e assim por diante. E, sim, leio as legendas mesmo quando domino a língua original (se estiver assistindo a um filme brasileiro com legendas em português, não consigo evitar acompanhá-las).

Assim, quando ouço/leio alguém dizer que as legendas "atrapalham" a compreensão do filme ou a plena "apreciação das imagens", imediatamente faço uma anotação mental e coloco a pessoa na prateleira daquelas que simplesmente não têm o hábito da leitura e que, por preguiça intelectual, querem obrigar todo o resto da população a abandonar as letras. Quer defender a dublagem? Ao menos use uma desculpa que não denuncie algo triste sobre seus hábitos culturais.

Repito: oito anos de idade.

No entanto, não sou simplesmente contra a dublagem; sou também entusiasmadamente a favor da manutenção da língua original nas produções de cada país. E por algumas razões fundamentais:

1) A qualidade técnica:

Faça um teste: ao assistir a um filme dublado que traga parte do áudio original (numa canção ou através de personagens que conversam numa língua diferente daquela usada pelo protagonista), feche os olhos e preste atenção no som. Percebeu a diferença? Claro que sim. Aliás, você teria percebido mesmo ao manter os olhos abertos, já que a disparidade é gigante.

Isto se deve a uma questão técnica tão importante para o Cinema que a Academia criou uma categoria especial para premiá-la no Oscar: a da mixagem de som (ou Melhor Som).

Cada filme envolve, em sua pós-produção, um trabalho árduo e extremamente detalhista de combinação das diversas trilhas que trazem os vários elementos sonoros da produção: os diálogos, os ruídos, as trilhas incidentais e instrumentais e até mesmo o som ambiente, do silêncio, de cada set. Esta mixagem requer um estudo delicadissimo do nível preciso de cada faixa em cada segundo de projeção - um trabalho que, nas versões dubladas, tem seu equilíbrio arruinado quando os estúdios brasileiros atiram uma destas faixas fora para substituí-la pela versão em português.

Não acredita? Então coloque um DVD no seu player e repasse cenas inteiras em suas versões originais e brasileiras; se não perceber a diferença gritante da mixagem em cada uma delas, consulte urgentemente um otorrino.

2) A suspensão da descrença:

Já é suficientemente difícil, para o espectador, aceitar Ryan Reynolds como um patrulheiro espacial que, graças a um anel presenteado por um alienígena moribundo, torna-se capaz de viajar pelo universo e de criar objetos a partir de energia verde enquanto veste um collant digital. No entanto, somos capazes de comprar estes absurdos na maior parte do tempo graças a um contrato psicológico que firmamos com cada filme: o da suspensão da descrença. Basicamente, nos dispomos a aceitar os absurdos atirados em nossa direção a fim de que sejamos capazes de mergulhar na história - mas pedimos, em troca, que as produções mantenham seus artifícios intactos para que nada nos traga de volta à realidade durante a experiência.E é por isso, por exemplo, que somos imediatamente atirados para fora da narrativa quando vemos oboom (microfone) no alto da tela, já que este é o equivalente de receber um tapa no rosto e ouvir um grito de "Isto é só um filme, idiota!". (A propósito: em 99% das vezes que isto acontece, o erro é do projecionista; reclame com o gerente da sala para que a janela de projeção seja ajustada corretamente e o boom fique fora de quadro.)

Agora imaginem ouvir Bill Murray abrindo a boca apenas para ouvirmos a voz de Wesley Snipes. Que é a mesma de Will Smith. Que é idêntica à de Kevin Spacey. Que também sai da garganta de Samuel L. Jackson. Que a divide com Danny Glover, Alfred Molina, Ed Harris e Denzel Washington. (No caso, todos dublados por Márcio Simões.) Ou o que dizer da experiência de ouvir Bruce Willis se comunicando com a mesma voz durante anos apenas para, subitamente, descobri-lo com um som completamente diferente a partir de 2006, quando seu dublador oficial (Newton da Matta) faleceu?

Mais: confesso ter mais facilidade em aceitar Schwarzenegger matando 270 pessoas com um único tiro do que ouvi-lo soltando um "Seu filho da mãe!", um "Ora, bolas!" ou mesmo um "Mermão" carioquíssimo enquanto pratica seu genocídio particular. Isto para não mencionar o fato óbvio de que as palavras que saem de sua boca são completamente destoantes de seus movimentos labiais, ressaltando de maneira inegável a irrealidade do que está ocorrendo na tela. Aliás, este é um "detalhe" (e coloco entre aspas por ser tudo, menos um "detalhe") tão importante que os animadores dedicam centenas de horas de trabalho cuidadoso à ilustração de cada fonema empregado pelos dubladores de seus personagens - justamente para que, mesmo acompanhando as aventuras de um panda ninja, não questionemos por que seus lábios não seguem os sons emitidos por sua boca.

E a dublagem em outra língua diferente da original simplesmente mata este esforço e dificulta exponencialmente a tão importante suspensão da descrença.

3) O trabalho do ator:

Atuar é criar um personagem. Isto envolve um profundo trabalho de composição e estudo envolvendo meses de pesquisas, ensaios, laboratórios e tentativas para que o intérprete descubra não só a psicologia de seu personagem, mas também a maneira com que este se move, gesticula e... fala. Ouçam, por exemplo, o registro rígido, duro, da voz de Meryl Streep em Dúvida e comparem-no à leveza de sua expressão vocal em Mamma Mia! ou ao pedantismo escutado em O Diabo Veste Prada. Tentem dissociar o professor Snape da dicção venenosa, estudada, calculada, empregada por Alan Rickman na série Harry Potter. Percebam como Sean Penn, em Milk, exibe uma afetação milimetricamente estudada em seus diálogos, ocultando-a quando seu personagem quer passar uma imagem mais séria para a mídia e o eleitorado. Assista ao clímax de Coração Satânico e tente ignorar a rouquidão desesperada de Mickey Rourke.

Agora ouça as versões dubladas e perceba a disparidade provocada pela diferença entre os meses dedicados pelos atores originais aos seus personagens e as poucas horas (se muito!) que os dubladores brasileiros tiveram para gravar seus diálogos.

Se ainda assim você mantiver que a dublagem não deturpa a obra, então não precisa de um otorrino, mas de um psiquiatra.

Aceitar a dublagem é aceitar pegar todo o trabalho de composição de um ator, selecionar uma parte fundamental deste e atirá-la fora, substituindo-a por um elemento criado sem estudo, sem cuidado e com pressa. É dizer que não há problema em se alterar as cores de Lição de Anatomia, de Rembrandt, ou de O Grito, de Munch, desde que os "desenhos" sejam mantidos na íntegra. Ora, nenhuma forma de arte seria submetida a uma deturpação destas - e perceber que algo assim é visto com naturalidade no Cinema é uma prova inconteste da persistente falta de prestígio e respeito que a Sétima Arte enfrenta desde seus primórdios.

É por esta razão, também, que considero as dublagens de animações como algo um pouco mais fácil de aceitar: afinal, ali estamos substituindo todo o trabalho de um ator pelo de outro. Sim, na maior parte das vezes o cuidado na composição não é o mesmo (Luciano Huck gravou todo o seu péssimo trabalho em Enrolados em apenas 4 ou 5 horas), mas ao menos não temos um resultado digno do monstro de Frankenstein. (Sim, ainda há a questão dos movimentos labiais, mas considerando toda a artificialidade da própria técnica, que foge do realismo, é um problema menor.) Já aceitar a dublagem em produções com atores de carne-e-osso (live action) é, por todas as razões descritas acima, algo que considero inadmissível em alguém que realmente ama Cinema.

E aí mantenho o que já escrevi neste blog e no twitter tantas vezes: você pode até gostar de ver filmes, mas se defende a dublagem - sinto muito -, não pode afirmar que ama a Sétima Arte. Uma coisa éprecisar do áudio alternativo (como no caso de crianças pequenas ou de indivíduos com problemas visuais); outra é dizer que o prefere. Se prefere, má notícia: você não apenas não ama o Cinema como ainda o prejudica.Ir ao cinema para ver um filme em tela grande é um gesto de amor ao Cinema. E perceber que as distribuidoras brasileiras querem afastar este público das salas é algo deprimente - e pior: contando, em seu crime contra a Sétima Arte, com a complacência do público. A ideia é simples: "lancemos muitas cópias dubladas; eles podem até não gostar, mas pagarão o ingresso assim mesmo". A saída? Quando a cópia for dublada, boicote o filme. Busque a versão legendada ou espere pelo DVD/Blu-ray. Acredite: conferir a cópia dublada é o mesmo que comer carne estragada apenas para dizer que foi a um churrasco.
Diga "não" à dublagem nos cinemas. A Sétima Arte merece seu apoio.

fonte

Minha opinião pessoal: a opção da dublagem deve existir quando possível. O ideal seriam duas cópias, uma legendada e outra dublada. Quando houver a possibilidade de compra de apenas uma cópia, que ela seja legendada.

Mundo ideal onde todas as pessoas são iguais a mim: ninguém consideraria a dublagem como uma alternativa válida de experiência cinematográfica.

E vocês, que acham?
 
O que me incomoda é quando vou comprar um DVD e não vem com opção de áudio original (alguns lançamentos são realmente uma tristeza). Acho mó sacanagem comprar o produto pela metade (possuindo imagem mas sem ter a faixa de áudio do idioma nativo como ocorre em alguns DVDs de animes).

Eu sempre fico com original mas sou mais exigente com o que é vendido em DVD porque cinema se trata em grande medida de um trabalho em massa, uma experiência coletiva construída para nivelar um monte de gente por igual. Mas enfim, acho que todo cinema podia ter headphone com áudio dublado e botão de volume para quem não pode ler legenda (existem vários graus de cegueira e poucos cinemas adaptados para isso).
 
Eu nem considero a opção de assistir dublado, semana passada fui no cinema assistir Super 8 e só tinha dublado, não assisti.
 
Olha, assistir até vai... mas só ter a opção dublado é um saco.
Desenhos e coisinhas bobas vai... mas ir pra cinema e ver filme dublado num da não.

(Outra coisa q fico fula da vida é só ter a opção 3D... SÓ 3D!)
 
O Vilaça sintetizou tudo o que eu penso sobre dublagem. Concordo totalmente, não é uma questão de se acostumar ao original e achar estranho o dublado, é questão de uma completa deturpação da experiência do filme, série, anime. Sim, até animes. Não digo essas animações da Disney e afins, aí fica até engraçado, mas filme com gente de carne e osso não rola.
 
Eu não assisto dublado, a não ser que seja desenho, mesmo assim prefeiro legendas. Quando tinha filho na fase de filmes tipo Os Pequenos Espiões ainda via, porque aqui na minha cidade só chegava dublado. Nisso inclui os três primeiros Harry Potter. Mas depois dessa fase nunca mais. Eu só assisto 1 programa na HBO2, Mulher de Fases :)
 
Foi como comentei em algum lugar para algumas pessoas do fórum, entretanto pessoalmente:

Filmes com atores e séries: legendado > dublado

Filmes em animação e animes: legendado < dublado

E isso principalmente pelo terceiro e final argumento do Vilaça: ver o trabalho original do ator, sem filtros. A dublagem brasileira é conhecidamente a melhor do mundo - e quem assiste qualquer coisa dublada em outras línguas pode confirmar -, mas não é tão completa e complexa quanto a atuação de um ator que, geralmente, está preparadíssimo para o papel.

Ao assistir séries ou filmes atuados dublado, e se contentar com isso, tendo o legendado como opção tu se torna conivente com a mediocridade e com a incompletude. É o mesmo que se conformar com um ballet de marionetes e ventriloquismo em detrimento das bailarinas que passaram a vida se preparando praquilo, ou com as sombras da Caverna de Platão ao invés da realidade mais completa/xa que se reflete nas pedras da gruta.

Quando o assunto é animes e animações a coisa muda e certamente asssitir dublado é a melhor opção by far. É incrível o fato dos japoneses serem péssimos dubladores das próprias animações e que, quando as mesmas vem pro Brasil, nós fazemos um trabalho élfico nelas. Por exemplo: comecei a assistir Death Note em japonês e não aguentei nem 10 episódios; reassisti-os em português e *BOOOM* na minha face com a qualidade elevando-se a níveis nunca antes imaginados.
 
As distribuidoras estão dublando porque acham q vai expandir o publico (com os preguiçosos). O problema é que a aposta das distribuidoras pode 'dar certo': mais filmes dublados aumentariam a base de clientes, trazendo pessoas que não veriam os filmes legendados. Exibir dublado é tb um diferencial anti-pirataria (assim como o 3D), porque os camelôs só possuem uma versão legendada (e às vezes mal-legendada).
Já os cinéfilos são um grupo menos numeroso (mas que vê mais filmes) e a aposta é que esses não deixarão de ver o filme, vão se virar para ir na sessão legendada. Por ex, Apes foi o lider de bilheteria no Brasil (como era de se esperar, porque era a maior estreia da semana). A questão é: qual o percentual da renda veio das salas dubladas? Só a Fox sabe. E temo que ela veja vantagem nos dublados.
Outro dado: o publico no Brasil tem aumentado significativamente (~20% ao ano) de 2008 até o 1o semestre de 2011. Isso indica um aumento na base de clientes (não acho que os cinéfilos estejam indo a 20% mais filmes). Em paralelo, temos um aumento nos lançamentos dublados. O Brasil tem a 'nova classe C'. Com o aumento da renda, aumentam os gastos com lazer. Esse publico está acostumado com a tv. O argumento do Pablo é 'preguiça de ler'. O caso é que eles provavelmente não têm costume de ver filmes não-dublados. Se a principal fonte de lazer é a tv, este público espera algo semelhante do cinema, só com a tela maior (e 3D).
 
Eu prefiro não assistir um filme do que ver a versão dublada. Não vale a pena! Pra mim nem parece um filme de verdade.
Abro exceção para as animações. Daí fica tolerável. Mas com dubladores profissionais, não artistas de TV.
 
Eu sempre prefiro legendado, como esse cara disse a qualidade do áudio é diferente sim, basta fazer um teste no seu DVD, logo quando começa (no caso da Universal, quando está passando a Terra, ou da Fox, aquela musiquinha), sem ninguém falar nada, e você altera o idioma há uma queda quando passa para português, sem falar quando está mesmo na dublagem, aí é que degringola de vez, mesmo animações prefiro legendado. respondendo a dúvida desse cara, conheço um cara que prefere dublado, mas ele gosta de ler.
 
Houve época em que eu era mais radical: não assistia nada dublado. Hoje em dia, vejo animações dubladas (quase) sem problemas, mas sempre fico com curiosidade de escutar o áudio original, já que, entre outras coisas, a mixagem do som costuma ser superior.

Quanto a animes, como consigo entender boa parte do que é falado em japonês, fica difícil para mim escutá-los em qualquer outra língua. As referências culturais acabam sendo destruídas na dublagem. Não assisti muitos seriados de tv nipônicos, mas lembro que Crayon Shin-chan, por exemplo, perdia totalmente a graça em português.

Além disso, há a questão do motivo fundamental em se ver um filme legendado: é o desejo de se assistir uma obra na sua forma original, com todas as qualidades e, por que não, os defeitos que fazem parte dela. Por isso, importo-me não só com o áudio original, mas também com a relação de aspecto correta, abomino colorizações, cortes de censores e tenho sérias ressalvas quantos aos filmes que não foram planejados com o 3D em mente e foram convertidos depois. Muitas vezes, até mesmo revisões das obras feitas pelos próprios realizadores são largamente desnecessárias (Star Wars, O Exorcista, ET).



Por ex, Apes foi o lider de bilheteria no Brasil (como era de se esperar, porque era a maior estreia da semana). A questão é: qual o percentual da renda veio das salas dubladas? Só a Fox sabe. E temo que ela veja vantagem nos dublados.

Bel, Planeta dos Macacos: A Origem estreou com mais cópias dubladas que legendadas (258 cópias dubladas contra 237 legendadas), repetindo o que a Fox já fez com X-Men: Primeira Classe (255 dub x 230 leg).
A mudança de comportamento do público pode ser vista nitidamente na franquia X-Men. O primeiro longa [2000] começou com nenhuma cópia dublada; Em X-Men 3 [2006] foram 96 cópias dubladas contra 399 legendadas. No filme mais recente, as versões em português são maioria (255) em comparação com as com legendas (230).

Zero Hora

É desanimador, mas me parece que o mercado está mesmo mudando, com a entrada desse público que não está acostumado com legendas ou tem preguiça de ler. Acho que nem mais pode ser chamado de "aposta", Bel.

É possível perceber isso vendo outras franquias famosas de outras distribuidoras, como Piratas do Caribe, da Disney, ou Homem-Aranha, da Sony:
A trilogia “Piratas do Caribe” estreou em 2003 com 302 cópias no país (nenhuma delas dublada). Em 2006 o segundo filme teve 479 cópias (28% delas dubladas). O terceiro e último filme teve, neste ano [2007], 679 cópias em cartaz, 46% delas eram em português.

Com “Homem-Aranha” não foi diferente. O primeiro filme teve 507 cópias em 2002, nenhuma dublada. A segunda parte da saga de Peter teve 49% das 652 cópias dubladas [2004]. E encerrou a trilogia neste ano [2007] com 48% das suas 697 cópias em versão dublada.

ohaYO!

Outras informações dessa matéria de 2007:
Em cidades do interior de São Paulo e nos extremos da capital como Zona Leste e Zona Sul, os filmes dublados tem conseguido um desempenho melhor nas bilheterias do que as cópias legendadas.

“Duro de Matar 4.0”, por exemplo, estreou no Shopping Interlagos (Zona Sul) somente com cópias dubladas. Segundo dados divulgados pelo Filme B, no cinema de Interlagos, a única cópia legendada de “Harry Potter e A Ordem da Fênix” recebeu 448 espectadores em um fim de semana, enquanto as quatro cópias dubladas venderam 5,9 mil ingressos (1,4 mil por cópia).

No cinema do Shopping Penha (Zona Leste), em São Paulo, a versão falada em português de “Homem-Aranha 3” fez quase 80% do público do período, e a cópia legendada, 20%. Ainda na Zona Leste, só que no complexo do Shopping Aricanduva, “Harry Potter e A Ordem da Fênix” fez, com cinco cópias dubladas, 9,9 mil espectadores (1,9 por cópia), enquanto a cópia legendada atraiu 1,2 mil pessoas.

Mas os dados não demonstram um bom desempenho somente na capital paulista. No cinema do Castanheira Shopping, em Belém (PA), a versão legendada de “Homem-Aranha 3” atraiu 14.130 espectadores, enquanto a versão dublada teve público 50% superior (21.139). No período, o complexo estava exibindo duas cópias legendadas e uma dublada.

O mesmo ocorreu com “Piratas do Caribe 3”. Também em Belém, as duas cópias legendadas venderam 12.463 ingressos, enquanto a única cópia dublada teve público de 14.324.

ohaYO!
Como consta naquela pesquisa que postei no tópico Dez regras para salvar os cinemas, mesmo entre os espectadores habituais ("Heavy" - vão ao cinema pelo menos uma vez a cada 15 dias), há um empate entre os que preferem filmes dublados (46%) e legendados (47%). Aliás, para quem quiser ler, a pesquisa quantitativa está aqui. Há também números sobre preferências no DVD e na TV por assinatura, mas o quadro não me parece muito animador. :tsc:
 
É, cópias dubladas estão dominando os grandes lançamentos, sinal que não é mesmo só uma 'aposta' das distriuidoras e que elas com certeza estão ganhando com isso.
 
O artigo está perfeito.

No quarto ponto eu só não considero tão ridiculo pois acontece comigo sim.
Ler as legendas para as linguas que eu não entendo nada (o que não inclui apenas portugues, japones e ingles), as vezes eu sinto que perdi algum detalhe. E muitas vezes dou um rewind.
Mas de fato, a dublagem incomoda MUITO mais. O som original do filme defasado de 0,1 segundo já me incomoda horrores, imagina uma total falta de sincronia do som com a boca.
E eu incluo isso as animações. Eu assistia animações dubladas, mas comecei a não fazer mais isso. Dublagem de séries de fato podem não ter boa qualidade, o que ocorre em série até live action cujas atuações nem sempre são de alto nivel. Mas em longa metragem eu sinto uma diferença grande hoje em dia.

No terceiro ponto ele só esqueceu de citar a maior aberração recente. Que é o fato dos estudios de dublagem estarem trazendo famosos com talento ZERO pra atuação pra tomar o trabalho dos dubladores profissionais. Isso sim que deveria mobilizar e fazer os dubladores espernearem. Os trabalhos arduos das séries eles fazem. Mas o filé mignon de uma grande produção os caras mandam pra Lucianos Hucks da vida fazerem.



Houve época em que eu era mais radical: não assistia nada dublado. Hoje em dia, vejo animações dubladas (quase) sem problemas, mas sempre fico com curiosidade de escutar o áudio original, já que, entre outras coisas, a mixagem do som costuma ser superior.

Quanto a animes, como consigo entender boa parte do que é falado em japonês, fica difícil para mim escutá-los em qualquer outra língua. As referências culturais acabam sendo destruídas na dublagem. Não assisti muitos seriados de tv nipônicos, mas lembro que Crayon Shin-chan, por exemplo, perdia totalmente a graça em português.
Esse é um ponto importantissimo. A perda do significado de muitas falas devido a tradução.
Apesar que isso também vale para a legenda em proporção diferente.
A dublagem precisa ajeitar a quantidade de palavras na frase pra tentar sincronizar com a boca. Enquanto que a legenda tem a regrinha de caracteres por tempo.
Na legenda às vezes dá pra colocar entre parenteses alguma explicação de um trocadilho impossivel de traduzir.
 
Que as pessoas tem preguiça de ler isso é verdade, mas se tem algo que desaprovo é a dublagem mal-feita. Primeiro, a voz não condiz com o personagem, que nem o dublador do Harry Potter, de onde tiraram aquela voz? Segundo, o dublador não consegue exprimir emoção conforme a cena, salvo alguns casos raros. Terceiro, é muito melhor ouvir a voz do ator, quarto, existe as famosas diferenças entre a dublagem e o áudio original, como entendo um pouco de inglês fica visível isso, e é até ridículo ás vezes.
 
Tava procurando algum cinema aqui por perto pra assistir Detona Ralph legendado, ai fui olhar no Central Plaza e pra minha surpresa dos 15 filmes em cartaz, só dois são legendados. O filme em questão tá passando em quatro salas, todas dubladas. Na verdade, dentre as centenas de salas aqui de São Paulo, só duas estão passando o filme legendado e são super fora de mão pra mim, mais um filme que não vou assistir no cinema pela falta de cópias legendadas.

A Viagem, que tem classificação 16 anos e nenhum apelo infantil também, só tá passando dublado no central plaza.
 
Eu relatei isso no topico do filme. E no do Brave também.
Animação hoje em dia é praticamente impossível assistir dublado. Normalmente abrem 1 ou 2 horários por dia (sempre depois das 21h) e ficam em cartaz no máximo 2 semanas (normalmente 1). Mas muitas vezes nem sequer abrem.

É triste.

E Detona Ralph o voice acting da Sarah Silverman eu considerei soberbo. Mais do que isso, os personagens são moldados a persona dos dubladores originais, muito dificil aceitar outra voz.
 

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