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Os erros de Einstein

Morfindel Werwulf Rúnarmo

Geofísico entende de terremoto
Físicos profissionais e jornalistas de ciência são procurados com espantosa regularidade por indivíduos que afirmam ter descoberto furos na teoria da relatividade ou na mecânica quântica e que juram de pés juntos serem capazes de desmascarar as fraudes de Einstein e outros ícones da ciência.

São em geral físicos amadores – homens na maioria dos casos – que não têm vínculo com qualquer universidade ou centro de pesquisa. Ao abordar cientistas e jornalistas, eles buscam um atalho para apresentar as ideias que eles não encontram espaço para divulgar nos fóruns comumente usados pelos pesquisadores para apresentar suas ideias – as revistas e congressos científicos.

Um exemplo típico dessa fauna é o autor do cartaz retratado na foto abaixo. Por ocasião de um simpósio internacional no Rio de Janeiro, ele confeccionou um cartaz e passou o dia ao lado dele na frente do Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas (CBPF), onde o evento era realizado.

erros_einstein.jpg

“Preciso de ajuda e estou sendo discriminado”,
dizia a introdução do cartaz, endereçado aos cientistas do CBPF e ao ministro da Ciência.
“Fiz uma importante descoberta científica e tecnológica, e não me deixam mostrá-la. Ninguém acredita em mim. Descobri a maior fraude científica da história do conhecimento moderno. Preciso ser ouvido, avaliado e ajudado por estudiosos. Toda fraude um dia vem à tona e a de Einstein chegou ao fim.”

O texto seguia com mais detalhes dos “erros primários” de Einstein, numa caligrafia cada vez menor à medida que diminuía o espaço disponível no cartaz. O autor elencou as promissoras perspectivas de aplicação do seu achado na exploração espacial e concluiu com um apelo dramático:
“Inteligências do Rio, onde estão vocês? Preciso de ajuda”.
Cientistas amadores que contestam resultados estabelecidos pela ciência são mais comuns do que se poderia imaginar: essa é a constatação a que se chega após a leitura do livro Physics on the Fringe: Smoke Rings, Circlons and Alternative Theories of Everything, recém-lançado e ainda sem edição em português [‘Física na margem: anéis de fumaça, círclons e teorias alternativas de tudo]. Escrito pela física e jornalista australiana Margaret Wertheim, o livro reúne relatos de teóricos amadores que desafiaram alguns dos mais sólidos pilares da ciência nos últimos séculos.

Por mais de quinze anos, a autora colecionou histórias desses cientistas que atuam à margem do circuito formal da ciência. As mais de cem teorias alternativas acumuladas por ela ocupam duas prateleiras de sua biblioteca e se apresentam numa grande variedade de formatos – de artigos de poucas páginas a obras que se estendem por mais de um volume. Physics on the Fringe é uma narrativa povoada de “portões harmônicos”, “transações energéticas”, “partículas virgens” e outras entidades idealizadas para substituir os conceitos propostos pela física estabelecida.

Wertheim faz um apanhado histórico dos físicos marginais e mostra que sua existência está longe de ser um fenômeno contemporâneo. No século XIX, o matemático britânico Augustus de Morgan compilou dezenas de relatos do tipo no volume A Budget of Paradoxes. Naquele momento histórico, naturalmente, o objeto de contestação era outro: a moda era dizer que Newton e sua teoria da gravidade é que estavam errados.

A autora faz um apanhado abrangente das teorias alternativas atuais e mostra que hoje elas encontram abrigo institucional na Aliança da Filosofia Natural, uma entidade que reúne membros que têm em comum o fato de terem
“estudado exaustivamente a ciência estabelecida e concluído que teorias como a relatividade, o Big-Bang e a tectônica de placas têm falhas fundamentais que precisam ser retificadas”.
O livro não cai na tentação fácil de tratar com desdém o trabalho dos cientistas amadores. Wertheim trata seus personagens com o mesmo respeito que os livros de divulgação científica costumam reservar aos cientistas reconhecidos – a começar por Jim Carter, físico amador que a autora encontrou pessoalmente em diversas ocasiões e cuja teoria dos círclons ocupa lugar central em sua obra.

Physics on the Fringe se encerra com um relato da participação de Wertheim em uma conferência sobre a teoria de supercordas que reuniu alguns dos físicos mais conhecidos do planeta. Perturbada com as dimensões ocultas e outros artifícios teóricos pouco intuitivos a que os físicos recorreram em suas apresentações, ela concluiu:
“A conferência de cosmologia de cordas foi de longe o evento de física mais surreal a que já fui, mais bizarro do que qualquer evento da Aliança da Filosofia Natural”.

Com uma escrita sensível e bem-humorada, Wertheim oferece ao leitor uma reflexão fascinante sobre os rumos da física e sobre o espaço ocupado pelos párias deixados de fora de sua narrativa predominante.

Fonte
 
Ah, complicado issaê, hein. Teorias bem estabelecidas tem seus 'erros' sim, ou de uma maneira mais justa, limites de aplicação. Segundo a Mecânica Newtoniana, por exemplo, não existe velocidade limite para propagação de um partícula no universo. A princípio, segundo Newton, poderíamos acelerar uma partícula indefinidamente. Aí estudamos Relatividade e vemos que as coisas não funcionam bem assim.

Isso significa que Newton está errado? Que devemos rechaçar a Mecânica Newtoniana?

Não. Isso significa que agora sabemos que, em certas condições, i.e. altas velocidades, esse jeito de entender as coisas não é aplicável. No entanto, para realizarmos cálculos que envolvem, por exemplo, a construção de uma casa, podemos usar mecânica clássica tranquilamente, afinal não esperamos que nossas casas viajem a uma velocidade de 0.1 c.

Essa falta de entendimento quanto aos limites de aplicação de uma teoria é um erro frequente feito por esses físicos contestadores. Muitas vezes falta a essa galera uma análise mais criteriosa das ideias e paradigmas correntes na física. Assim como uma análise mais criteriosa das próprias ideias - grande parte do que eu já vi dessas teorias alternativas mistura conceitos, confunde definições e complica ainda mais o fenômeno que, em tese, deveria explicar.
 
Exatamente.

E não só esses cientistas amadores contestadores. Pior que eles são os charlatões que se usam de axiomas ou definições de uma teoria física para aplicar em uma área completamente não correlacionada a fim de "justificar" uma teoria que ele próprio criou e a usa pra enganar as outras pessoas, se aproveitando da inocência e desconhecimento destas.

Einstein disse uma vez que a criatividade é mais importante que o conhecimento. E de certa forma é, mas só dá pra levar ao pé da letra se você for um gênio como ele foi e partir do zero, do ab initio. Criatividade aplicada em teorias já fundamentadas, sem conhecimento de toda a sua construção, muito provavelmente só vai levar a besteiras. Como aquela brincadeirinha onde se prova que 1=2 mas passando por cima de axiomas importantes da matemática que deveriam estar fundamentando toda aquela conta.
 
É importante separar as coisas.

O contestador anônimo é importante e deve-se evitar o sufocamento do pensamento científico que prejudica a ciência em prol de erros historicos quando a classe oficial de cientistas também enxotava um cientista autêntico que fosse anônimo ou não alinhado com o status vigente alegando que estava sendo neutra quando se sabia que não era bem assim. Por isso é preciso separar o contestador anônimo legítimo do ilegítimo porque a universidade e a pesquisa foram criadas menores dentro de um sistema maior (a sociedade) de onde sempre fluiu informação original e verdadeira misturada a informação falsa que precisa ser filtrada.


Cheguei a visitar faculdades públicas em que por causa de um pesquisador condenado e punido pela justiça devido a comportamento de perseguição vários pesquisadores neutros acabavam com medo e pesadamente influenciados a não manifestar sua opinião admitindo aos alunos que o faziam por causa de medo da reação do louco. Para quem trabalha no serviço público um colega sabotador pode transformar a vida de todos em um inferno e destruir o trabalho sério de muitas vidas ao mesmo tempo (funcionários já fazem isso, imagina Phds!). Infelizmente a conseqüência imediata nesses casos é que se as pessoas são tratadas como bobas elas começam a agir como bobas e as disputas se instalam.

Por causa disso uma banca neutra pode fingir ser neutra por razões de influência (um fruto podre na cesta pode imobilizar um câmpus inteiro) como proteger privilégios e porque a ciência sempre foi movida por rupturas em que um coitado pode ser ameaçado por um grupo de críticos profissionais engajados. Sem esses combates de informação as coisas não vão para frente. Para casos complicados a justiça comum é o caminho mais neutro para proteger o conhecimento dos oportunistas por possui o poder de nomear avaliadores realmente neutros em uma questão.

De maneira que a contestação e o contestador anônimo devem ser vistos como naturais porque é da natureza do homem, da sociedade e da ciencia contestarem ou serem contestadores. A contestação legítima é desejada e deve ser preservada mas antes precisa ser separada da ilegítima porque é preciso tomar posse da legitimidade antes de se contestar.
 
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