LEIA A RESENHA DO LUCAS AQUI!
E aí galera? Vamos discutir? Um resumo básico pra começar:
Começando do começo, o Auerbach vai bem no X da questão: Montaigne é, antes de mais nada, um leigo; mas, por ser um leigo com uma ânsia de conhecimento profunda, muito mais profunda que a de um especialista qualquer, o seu relato e o seu pensamento não deve ser em hipótese nenhuma descartado. Numa sociedade como a nossa, de uma tendência ao conhecimento e à sabedoria pedante, um cara como Montaigne é um constante tapa na cara...
A segunda coisa que eu observei foi o estilo do Montaigne, constantemente se utilizando de exemplos de suas leituras, dando às vezes a entender que a única razão de ser de seus ensaios é a de correlacionar o que ele leu com o que ele está pensando... Um diário? Algo assim, os ensaios do Montaigne têm indubitavelmente esse caráter pessoal, esse caráter de fortaleza própria, de terreno exclusivo: mas são como que apontamentos de alguém que em determinada parte de sua vida decidiu se reclusar da sociedade e aguardar, enfrentar a morte, aproveitando o fato de que ela estava cada vez mais próxima para analisá-la cada vez mais de perto.
Se a morte, então, é o sentido principal dos Ensaios, aquele ponto crucial em que tudo parece convergir, poderemos também supor que no fundo o que Montaigne pretendia era desmistificar esse dogma essencial e simplesmente que é a morte, em si? O caráter de desconstrutor de dogmas dos ensaios é notório; Montaigne refuta aquelas verdades irrefutáveis, mas, ao que me consta, quando ele encontra aquelas verdades essenciais à sua própria natureza, ele como que entra num estágio de resignação, como se Montaigne não conseguisse refutar ao próprio Montaigne ou àquilo que lhe faz parte da essência de ser humano.
Enfim... Algumas reflexões que fiz lendo alguns ensaios iniciais. Estou bem no comecinho, e muita coisa há ainda de ser pensada...:sarcasm:
E aí galera? Vamos discutir? Um resumo básico pra começar:
Da edição da Companhia da Sopa das Letras disse:Personagem de vida curiosa, Michel Eyquem, Seigneur de Montaigne (1533-1592), é considerado o inventor do gênero ensaio. Herdeiro de uma fortuna deixada pelo avô, um comerciante de peixes abastado, foi alfabetizado em latim e prefeito de Bordeaux. A certa altura, retirou-se para ler, meditar e escrever sobre praticamente tudo.
Esta edição oferece ao leitor brasileiro a possibilidade de ter uma visão abrangente do pensamento de Montaigne, sem que precise recorrer aos três volumes de suas obras completas. Selecionados para a edição internacional da Penguin por M. A. Screech, especialista no Renascimento, os ensaios desta edição passam por temas como o medo, a covardia, a preparação para a morte, a educação dos filhos, a embriaguez, a ociosidade.
De particular interesse para nossos leitores é o ensaio “Sobre os canibais”, que foi inspirado no encontro que Montaigne teve, em Ruão, em 1562, com os índios da tribo Tupinambá, levados para serem exibidos na corte francesa. Além disso, trata-se da primeira edição brasileira que utiliza a monumental reedição dos ensaios lançada pela Bibliothèque de la Plêiade, que, por sua vez, se valeu da edição póstuma dos ensaios de 1595.
O crítico Eric Auerbach, que assina o prefácio do livro, afirma que a modernidade de Montaigne se deve ao fato de ser o primeiro autor a não se preocupar com um público determinado. Esta nova e fluente tradução permite que o leitor brasileiro descubra o pensamento rico (e vivo) de Montaigne.
Começando do começo, o Auerbach vai bem no X da questão: Montaigne é, antes de mais nada, um leigo; mas, por ser um leigo com uma ânsia de conhecimento profunda, muito mais profunda que a de um especialista qualquer, o seu relato e o seu pensamento não deve ser em hipótese nenhuma descartado. Numa sociedade como a nossa, de uma tendência ao conhecimento e à sabedoria pedante, um cara como Montaigne é um constante tapa na cara...
A segunda coisa que eu observei foi o estilo do Montaigne, constantemente se utilizando de exemplos de suas leituras, dando às vezes a entender que a única razão de ser de seus ensaios é a de correlacionar o que ele leu com o que ele está pensando... Um diário? Algo assim, os ensaios do Montaigne têm indubitavelmente esse caráter pessoal, esse caráter de fortaleza própria, de terreno exclusivo: mas são como que apontamentos de alguém que em determinada parte de sua vida decidiu se reclusar da sociedade e aguardar, enfrentar a morte, aproveitando o fato de que ela estava cada vez mais próxima para analisá-la cada vez mais de perto.
Se a morte, então, é o sentido principal dos Ensaios, aquele ponto crucial em que tudo parece convergir, poderemos também supor que no fundo o que Montaigne pretendia era desmistificar esse dogma essencial e simplesmente que é a morte, em si? O caráter de desconstrutor de dogmas dos ensaios é notório; Montaigne refuta aquelas verdades irrefutáveis, mas, ao que me consta, quando ele encontra aquelas verdades essenciais à sua própria natureza, ele como que entra num estágio de resignação, como se Montaigne não conseguisse refutar ao próprio Montaigne ou àquilo que lhe faz parte da essência de ser humano.
Enfim... Algumas reflexões que fiz lendo alguns ensaios iniciais. Estou bem no comecinho, e muita coisa há ainda de ser pensada...:sarcasm: